ISSN Online: 2177-1235 | ISSN Print: 1983-5175
Restauração Umbilical na Abdominoplastia: Uma Simples Técnica Retangular
Umbilical Restoration in Abdominoplasty: A Simple Rectangular Technique
Original Article -
Year2001 -
Volume16 -
Issue
3
Luis López-TallajI, José de GervaisII
RESUMO
Os autores apresentam uma técnica simples para a restauração do umbigo na dermolipectomia abdominal. Este procedimento está representado por uma incisão cutânea retangular, ligeiramente curvilínea nos pólos superior e inferior, feita na pele do abdome, após uma incisão circular no tecido abdominal liberando o umbigo. Esta técnica deixa o umbigo com uma forma natural, circular, apresentando um resultado satisfatório. Diferentes desenhos e figuras propõem-se a explicar o procedimento cutâneo.
Palavras-chave:
Umbigo; reconstrução; restauração; dermolipectomia; retalho
ABSTRACT
The authors present a simple technique for umbilicus restoration in abdominal dermolipectomy. The procedure consists of a rectangular incision in the skin of the abdomen, slightly curved at the superior and inferior poles, after freeing the umbilicus with a circular incision in the abdominal tissue. The technique gives the umbilicus a natural, circular shape, obtaining a satisfactory result. Different drawings and pictures are shown to explain the skin procedure.
Keywords:
Umbilicus; reconstruction; restoration; dermolipectomy; flap
INTRODUÇÃO
O umbigo tem sido descrito como uma cicatriz deprimida rodeada por uma dobra de pele natural, medindo de 1,5 a 2 cm de diâmetro, que fica anatomicamente na linha média no nível das cristas ilíacas superiores(1,2). Numerosos procedimentos cirúrgicos têm sido descritos para reconstruir o umbigo numa dermolipectomia. Alguns autores têm propugnado o uso de diversos tipos de incisões cutâneas que visam a melhorar a forma do umbigo e disfarçar a cicatriz periumbilical(1,3,4,5). Outros defendem o uso de um enxerto cartilaginoso, tendo como área doadora a concha auricular para recriar a forma do umbigo(6).
A maioria dos procedimentos existentes propõe uma incisão cutânea circular do cone umbilical para liberá-lo da sua posição original. A evolução biológica de uma cicatriz circular geralmente leva à retração da incisão circular, e portanto à estenose da cavidade neo-umbilical.
Os autores propõem um simples procedimento que permite a restauração da anatomia umbilical e a ocultação da cicatriz soterrada em volta da cavidade umbilical, aparecendo só na sua borda inferior.
TÉCNICA CIRÚRGICA
A primeira metade da restauração do umbigo é representada pela incisão cutânea, a qual permite a liberação do umbigo da sua posição original. Marcando a área a ser incisada, posicionamos o dedo indicador na cavidade umbilical incisando em volta da marcação e liberando o cone do umbigo em forma circular (Fig. 1), medindo 1,5 cm de diâmetro na sua circunferência.
Fig. 1 - Após a marcação circular, posicionamos o dedo indicador na cavidade umbilical incisando em sua volta, liberando o cone em forma circular.
Após a remoção do excesso da pele abdominal, a próxima fase é o reposicionamento do neo-umbigo. Faz-se um ponto de fixação com mononylon 3-0, 5 mm embaixo da borda do umbigo para posicioná-lo na aponeurose da linha branca. Esse ponto fixa o umbigo. Um segundo ponto é feito para inseri-lo na linha xifoumbilical (Fig. 2).
Fig. 2 - Utilizamos um ponto de fixação com mononylon 3-0, 5 mm, embaixo da borda do umbigo, às 6:00 e 12:00 horas.
Após serem dados os pontos guia de aproximação entre o retalho abdominal e a área púbica, decidimos o posicionamento do umbigo sobre a pele abdominal. A posição é marcada 0,5 cm abaixo da posição projetada do umbigo sobre a pele abdominal. Esse posicionamento reduz a tensão cutânea em relação à incisão púbica.
Uma marcação cutânea é traçada na forma de um retângulo ligeiramente curvilíneo nos pólos superior e inferior sobre a pele abdominal na posição neo-umbilical (Figs. 3a e 3b). O tamanho da linha A-B não deve exceder os 2 cm, e a linha A-A'não deverá exceder 0,5 cm. A gordura subcutânea é removida com tesoura após a incisão cutânea ao redor da posição neo-umbilical.
Fig. 3a - Desenho da marcação retangular ligeiramente curvilínea nos p6ólos superior e inferior sobre a pele da parede abdominal.
Fig. 3b - Visualização do cone umbilical após a incisão retangular através da parede abdominal.
PÓS-OPERATÓRIO
No pós-operatório imediato, mantemos o curativo com gaze vaselinada sobre toda a área umbilical. Após o sétimo dia, orientamos a paciente a trocar os curativos depois do banho, utilizando um corticóide tópico suave e gaze preenchendo a cavidade umbilical. Após três semanas, colocamos uma pequena esfera para manter a forma e comprimir a cicatriz durante 3 meses, até que ela se torne plana.
COMPLICAÇÕES
Na nossa série de fevereiro de 1999 a fevereiro de 2001, tivemos quatro sofrimentos, que foram resolvidos com curativos, e três cicatrizes hipertróficas resolvidas com aplicação de triancinolona em jato.
CONCLUSÃO
O umbigo é uma cicatriz neonatal que permanece invisível por estar oculta no fundo da cavidade, sendo essencial para o contorno do abdome. Ele ajuda a definir o sulco médio abdominal, contribuindo para a curva proporcionada do abdome inferior(7). Muitas técnicas têm sido propostas para o reposicionamento do umbigo(1,3,4). Neste trabalho apresentamos mais uma técnica de fácil execução, a qual foi usada em 110 cirurgias, de fevereiro de 1999 a fevereiro de 2001, todas conservando a forma anatômica do umbigo e, dada sua importância como foco sexual(8), mantendo sua integridade nesse campo (Figs. 4 - 6).
Fig. 4 - Pós-operatório de 1 ano e 6 meses, mostrando o aspecto natural do umbigo, com cicatriz praticamente imperceptivel.
Fig. 5 - Pós-operatório de um ano, com cicatriz oculta soterrada em volta da cavidade umbilical.
Fig. 6 - Pós-operatório de 6 meses conservando uma forma anatômica.
BIBLIOGRAFIA
1. BAROUDI R. Umbilicoplasty. Clin. Plast. Surg. 1975;2:431-48.
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7. CRAIG SB, FALLER MS, PUCKETT CL. In search of the ideal female umbilicus. Plast. Reconstr. Surg. 2000;105:389-92.
8. BROWN ES. The umbilicus as sexual focus. Int. J. Psychoanal. 1997;78:577-8.
I. Membro aspirante da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
II. Membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Chefe do Serviço de Cirurgia Plástica e da Mão da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro.
Endereço para correspondência:
Luis López Tallaj
R. Santa Luzia 206-11a Enf.
Rio de Janeiro - RJ - 20020-020
Fone: (21) 220-1778
e-mail: lopeztallaj@email.com
Trabalho realizado no Serviço de Cirurgia Plástica e da Mão da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro.
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