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35ª Jornada Sul Brasileira de Cirurgia Plástica - Year2019 - Volume34 - (Suppl.1)

http://www.dx.doi.org/10.5935/2177-1235.2019RBCP0076

ABSTRACT

Introduction: the biggest complaint of patients regarding the FUE technique, is the need for hair shaving. Some different forms were proposed to perform the extraction of the units without complete shaving.
Method: Patients undergoing FUE hair transplant surgery at the Graf Guimarães clinic from the year 2015 to 2019, who did not wish to shave the hair, underwent the technique, in a logical evolution of improvement.
Results: All patients submitted to the FUE technique without shaving were satisfied with the immediate postoperative result and, to the surgeon was possible to improve the technique in a natural way.
Conclusions: Through tireless training, it is possible to perform the technique in a constant evolution, with better and better results.

Keywords: Alopecia; Hair follicle; Transplantation; Hair diseases; Graft survival

RESUMO

Introdução: a maior queixa dos pacientes em relação à técnica FUE, é a necessidade da raspagem dos cabelos. Algumas formas diferentes foram propostas para realizar a extração das unidades sem a raspagem completa.

Método: Os pacientes submetidos a cirurgia de transplante capilar FUE na clínica Graf Guimarães, entre os anos 2015 e 2019, que não desejavam a raspagem dos fios foram submetidos à técnica, em uma evolução lógica de aprimoramento.

Resultados: Todos os pacientes submetidos à técnica FUE sem raspagem ficaram satisfeitos com o resultado pós-operatório imediato e, ao cirurgião, foi possível o aprimoramento de maneira natural.

Conclusão: por meio de treinamento incansável, é possível realizar a técnica em evolução constante, com resultados cada vez melhores.

Palavras-chave: Alopecia; Folículo piloso; Transplantes; Doenças do cabelo; Sobrevivência de enxerto


INTRODUÇÃO

Os cabelos crescem naturalmente agrupados em um, dois, três e até quatro fios. A esse grupo dá-se o nome de unidade folicular. Esses folículos compartilham estruturas menores que também são responsáveis pelo crescimento saudável do pelo, a saber, glândula sebácea e músculo eretor do pelo. A técnica de transplante capilar FUE (follicular unit extraction) consiste na extração das unidades foliculares individualmente por meio do uso de punches – cilindros ocos que medem entre 0,7 mm e 1 mm de diâmetro. Classicamente, tal técnica necessita a raspagem completa dos fios para que o punch possa se encaixar perfeitamente em cada unidade folicular, seguindo a sua direção e angulação para uma extração de qualidade, que inclui todos os bulbos capilares. A técnica apresenta diversas vantagens em relação à técnica FUT (folicular unit transplant), sendo a principal delas o fato de não gerar uma cicatriz linear no couro cabeludo. No entanto, a maior queixa dos pacientes em relação à técnica FUE, principalmente pacientes do sexo feminino, é a necessidade da raspagem dos cabelos. Para abolir tal desconforto, algumas formas diferentes foram propostas para realizar a extração das unidades sem a raspagem completa.

OBJETIVO

O presente estudo propõe uma sequência evolutiva para treinamento e aperfeiçoamento do cirurgião na técnica FUE sem raspagem.

MÉTODO

Os pacientes submetidos à cirurgia de transplante capilar FUE na clínica Graf Guimarães, em Curitiba, PR, entre os anos 2015 e 2019, que não desejavam a raspagem dos fios foram submetidos à técnica de diversas maneiras, em uma evolução lógica de aprimoramento. A presença de cabelos compridos na área doadora do transplante dificulta enormemente a retirada das unidades, pois o cirurgião necessita modificar diversas vezes o posicionamento dos fios para que eles não atrapalhem o campo cirúrgico e, consequentemente, a extração. Para manter a qualidade dos enxertos extraídos é necessário um período de adaptação do cirurgião a esse novo campo cirúrgico. Os primeiros casos foram submetidos à raspagem parcial da área doadora, formando pequenas faixas de áreas raspadas de cerca de 0,5 a 1 cm, alternadas com faixas de cabelos compridos também com cerca de 0,5 a 1 cm, de maneira que, após o término do procedimento, as áreas de raspagem ficavam invisíveis com os cabelos soltos (Figuras 1 e 2).

Figura 1 - Área doadora evidenciando as faixas de raspagem dos cabelos, antes da extração.
Figura 2 - Área doadora evidenciando as faixas de raspagem dos cabelos, após a extração.

Após a realização dessa técnica, em alguns pacientes, evoluiu-se para a realização da raspagem de múltiplas pequenas áreas, com cerca de 0,5 cm de diâmetro entre os cabelos longos, das quais seria possível a extração de cerca de três a cinco unidades foliculares de cada área. É necessário o preparo da área doadora com contagem do número de áreas raspadas, proporcionalmente ao número planejado para extração (Figuras 3 e 4).

Figura 3 - Pequenas áreas de raspagem espalhadas pela área doadora, antes da extração.
Figura 4 - Pequenas áreas de raspagem espalhadas pela área doadora, após a extração.

Passado o período de adaptação, conforme a necessidade do cirurgião, iniciou-se com o preparo da área doadora por meio do corte dos fios individualmente em cada unidade folicular. Ou seja, cada unidade folicular que seria posteriormente retirada, tinha seus fios cortados rente à pele, alternando com unidades de fios não cortados. O preparo da área deve ser realizado no dia anterior, pois demora cerca de uma hora e meia, já que são cortadas exatamente as unidades que serão extraídas no dia seguinte. Recomenda-se o corte de cerca de 30% a mais que o necessário, para que o cirurgião tenha a possibilidade de escolher as melhores unidades durante a extração (Figura 5).

Figura 5 - Área doadora evidenciando unidades foliculares cortadas individualmente.

Por último, atinge-se o nível mais alto de dificuldade, em que as unidades foliculares que serão extraídas não são cortadas ou raspadas, mas sim retiradas com seus fios longos. Tal técnica exige aparelhos e punches específicos, que se encaixam nos fios longos sem que seja necessário cortá-los (Figura 6).

Figura 6 - Punches modificados para extração de unidades foliculares com fio longo.

RESULTADOS

Todos os pacientes submetidos à técnica FUE sem raspagem ficaram satisfeitos com o resultado pós-operatório imediato, que possibilitou um retorno mais rápido às suas atividades e também muito mais discreto e natural.

Como a técnica possui uma curva de aprendizado mais lenta e, por ser mais trabalhosa que a tradicional, é também mais demorada de ser realizada. Dessa forma, é necessário inicialmente escolher casos menores, nos quais será necessária uma quantidade menor de unidades foliculares. Organizando-se dessa maneira, foi possível ao cirurgião um aprimoramento na técnica de maneira natural.

DISCUSSÃO

A técnica de extração por unidade folicular FUE foi inicialmente descrita em 2002, por Rasmann e cols.1 Desde então, a cirurgia vem sendo aprimorada ao longo dos anos2-4, mediante o aperfeiçoamento de novos punches, e de aparelhos extratores, de modo a manter a integridade e qualidade da unidade pilosa. Após a técnica FUE se consolidar como uma boa forma de tratamento da calvície, e passar a ser indicada também para megassessões, alguns cirurgiões iniciaram a busca para solucionar o problema da raspagem dos cabelos5-7.

A evolução dos aparelhos e punches permitiu, então, um passo além: a possibilidade de retirar as unidades foliculares individualmente sem cortar os fios.

A vantagem dessa última técnica sobre as outras é que não há necessidade de preparo da área doadora. No entanto, ela possui uma curva de aprendizado muito mais lenta, para que o cirurgião seja capaz de identificar com perfeição a direção e angulação da unidade, já que com o fio longo, uma mudança na direção dos fios pode dar uma falsa impressão da direção da unidade folicular abaixo da pele.

CONCLUSÃO

A técnica FUE sem raspagem dos fios apresenta uma demanda cada vez maior entre os pacientes e, dessa forma, é muito interessante que o cirurgião de calvície esteja preparado para realizá-la. Por meio de treinamento incansável, é possível realizá-la em evolução constante, com resultados cada vez melhores e um pós-operatório muito mais aceitável para o paciente.

REFERÊNCIAS

1. Rassman WR, Bernstein RM, McClellan R, Jones R, Worton E, Uyttendaele H. Follicular unit extraction: minimally invasive surgery for hair transplantation. Dermatol Surg. 2002; 28:720-8. DOI: https://doi.org/10.1097/00042728-200208000-00014

2. Harris JA. New methodology and instrumentation for follicular unit extraction: lower follicle transaction and expanded patient candidacy. Dermatol Surg. 2006; 32:56-62. DOI: https://doi.org/10.1097/00042728-200601000-00009

3. Onda M, Igawa HH, Inoue K, Tanino R. Novel technique of follicular unit hair transplantation with a powered punching device. Dermatol Surg. 2008; 34:1683-8.

4. Harris JA. Follicular unit extraction: the SAFE System. Hair Transplant Forum Internat. 2004; 14:157-63.

5. Park JH. Direct non-shaven FUE technique. Hair Transplant Forum Int. 2014; 24:103-4.

6. Park JH. Re: state-of-the-art FUE: non-shaven technique. Hair Transplant Forum Int. 2015; 25:82-3.

7. Cole JP. State of the art FUE: advanced non-shaven technique. Hair Transplant Forum Int. 2015; 25:166-9.











1. Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Paraná, PR, Brasil.
2. Clínica Graf Guimarães, Curitiba, PR, Brasil.
3. Associação Brasileira de Cirurgia da Restauração Capilar, Curitiba, PR, Brasil.
4. Sociedade Brasileira de Dermatologia, São Paulo, SP, Brasil.

Endereço Autor: Veruska Moscatto de Biagi Av Senador Souza Naves, 1025, Alto da XV, Curitiba, PR, Brasil CEP 80050-152E-mail: vebiagi@hotmail.com

 

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