INTRODUÇÃO
Pacientes em idade avançada frequentemente apresentam queixas de obstrução ao fluxo
de ar localizado primariamente na margem nasal. Narinas com suporte inadequado da
parede nasal lateral e da asa nasal secundária à fragilidade das cartilagens
laterais inferiores podem colapsar durante a inspiração moderada ou profunda. Essa
alteração é conhecida como insuficiência da válvula nasal externa. Outras
alterações, como a posição mais cefálica das cartilagens alares, podem também
contribuir com a falta de suporte para a narina e asa nasal. Existem diferentes
métodos para corrigir essa deformidade, incluindo redução da projeção nasal, que
cria uma narina de formato mais oval, além de técnicas de sutura e/ou colocação de
alar rim grafts ou alar spreader grafts. O uso
do lateral crural strut graft (LCSG) também parece ser uma boa
alternativa para correção dessa deformidade.
OBJETIVO
Relato de caso de paciente apresentando insuficiência de válvula nasal externa
submetido à correção com enxerto de apoio crural lateral.
MÉTODO
Relato de caso de rinoplastia primária em paciente com insuficiência de válvula
externa com repercussão clínica. Utilização do lateral crural strut graft.
Procedimento realizado pelo residente do 3º ano de cirurgia plástica com
orientação do preceptor. O prontuário e registros fotográficos do paciente foram
verificados. Uma revisão bibliográfica sobre correção de insuficiência de válvula
nasal externa foi realizada em CAPES, Scielo e PubMed dispondo-se dos termos
“external valve insufficiency” e “lateral crural strut
graft”, além da literatura especializada atual.
RESULTADOS
Paciente de 55 anos apresentando queixa de obstrução nasal durante inspiração em
narina direita. Ao exame, apresentava insuficiência de válvula externa direita à
inspiração moderada (Figura 1). Foi realizada
rinoplastia por meio da abordagem aberta, sob anestesia geral, seguindo os passos
já
descritos em outros estudos, com retirada de cartilagem septal para a confecção dos
enxertos. Realizada a colocação bilateral do lateral crural strut
graft por meio da liberação da liberação da mucosa vestibular da
superfície inferior da cartilagem alar do dômus até a junção entre a crura lateral
e
as cartilagens acessórias, criação de um pocket na parede nasal
lateral, caudal à extensão da crura lateral da alar, posicionamento do enxerto na
superfície posterior das cartilagens alares até o dômus e fixação com pontos (Figura 2). Melhora significativa da insuficiência
de válvula externa aos 6 meses de pós-operatório, mesmo com a inspiração profunda
(Figura 3).
Figura 1 - Pré-operatório. A: Frontal; B: Perfil direito; C: Oblíqua inferior em
repouso; D: Oblíqua inferior em inspiração.
Figura 1 - Pré-operatório. A: Frontal; B: Perfil direito; C: Oblíqua inferior em
repouso; D: Oblíqua inferior em inspiração.
Figura 2 - A: Esquema de colocação do lateral crural strut graft; B:
Transoperatório com o enxerto fixado bilateralmente.
Figura 2 - A: Esquema de colocação do lateral crural strut graft; B:
Transoperatório com o enxerto fixado bilateralmente.
Figura 3 - Pós-operatório. A: Frontal; B: Perfil direito; C: Oblíqua inferior em
inspiração.
Figura 3 - Pós-operatório. A: Frontal; B: Perfil direito; C: Oblíqua inferior em
inspiração.
DISCUSSÃO
A indicação para o uso do lateral crural strut graft, descrito por
Gunter em 1977, é para a correção da ponta nasal quadrada, mau posicionamento da
crura lateral, retração da margem alar, colapso da margem alar, concavidade da crura
lateral ou mesmo para melhora do contorno da ponta. A descrição original orientava
a
colocação do enxerto inteiramente abaixo de toda a extensão da cartilagem alar. Hoje
se sugere a colocação da porção lateral do enxerto em um pocket
caudal às cartilagens acessórias da cruz lateral. O enxerto de cartilagem autóloga
deve medir aproximadamente 4 mm de largura por 18-25 mm de comprimento, sendo a
cartilagem septal a preferida. Pode ser utilizado tanto por abordagem aberta, como
por fechada. Estudos publicados já demonstraram que tais enxertos são efetivos em
corrigir a insuficiência de válvula externa em longo prazo. Assim como a paciente
em
questão, geralmente os pacientes tratados com essa técnica apresentam uma melhora
significativa dos sintomas.
CONCLUSÃO
O uso do lateral crural strut graft para correção da insuficiência
de válvula externa é uma técnica simples, segura, confiável e efetiva. Os pacientes,
quando têm essa alteração corrigida, apresentam uma importante melhora da respiração
e de sua qualidade de vida.
REFERÊNCIAS
1. Gunter JP, Friedman RM. Lateral crural strut graft: Technique and
clinical applications in rhinoplasty. Plast Reconstr Surg. 1997; 99:943-52. DOI:
https://doi.org/10.1097/00006534-199704000-00001
2. Gunter JP, Landecker A, Cochran CS. Frequently used grafts in
rhinoplasty: Nomenclature and analysis. Plast Reconstr Surg. 2006;
118:14e-29e.
3. Pochat VD, Alonso N, Figueredo A, Ribeiro EB, Mendes RR, Meneses JV.
The role of septal cartilage in rhinoplasty: cadaveric analysis and assessment
of graft selection. Aesthet Surg J. 2011; 31:891-6. DOI: https://doi.org/10.1177/1090820X11424149
4. Daniel RK. Mastering Rhinoplasty. 2 ed. Heidelberg: Springer;
2010.
5. Daniel RK, Palhazi P, Gerbault O, Kosins AM. Rhinoplasty: the
lateral crura--alar ring. Aesthet Surg J. 2014; 34(4):526-37. DOI: https://doi.org/10.1177/1090820X14528464
6. Rohrich RJ, Raniere J Jr, Ha RY. The alar contour graft: correction
and prevention of alar rim deformities in rhinoplasty. Plast Reconstr Surg.
2002; 109:2495-505. DOI: https://doi.org/10.1097/00006534-200206000-00050
1. Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto
Alegre, Porto Alegre, RS, Brasil.
2. Universidade Federal de Ciências da Saúde de
Porto Alegre, Porto Alegre, RS, Brasil.
Endereço Autor: Leonardo Milanesi Possamai Av.
Independência, 75 - Independência, Porto Alegre, RS, Brasil CEP 90035-072
E-mail: leonardopossamai@hotmail.com