INTRODUÇÃO
O fibro-histiocitoma maligno (FHM) é considerado um raro tumor cutâneo1. A primeira descrição de FHM foi em 1964, por
O’Brien e Stout2. O local mais frequente
acometido são as extremidades (49%) seguidas pelo retroperitônio (16%)3. Os sítios mais comuns de apresentação estão
no quadril e na região femoral e a idade mais provável é entre 50 e 70 anos4. Não existem diretrizes (protocolos) de
tratamento padrão para FHM.
O principal método de tratamento é a cirurgia, entretanto, as taxas de recidiva são
elevadas, em cerca de 40% dos casos, com recidivas locais e/ou metástases a
distância5. Sabe-se hoje que as amputações
de membros não estão associadas à diminuição significativa da mortalidade, porém,
a
cirurgia compartimento é mandatória. Faz-se a ressecção a partir das bordas, e
o
tumor permanece “não visto e não tocado” até sua completa excisão6.
OBJETIVO
Relato de caso de afecção rara.
MÉTODO
Relato de caso de tumor de partes moles (FHM) de grandes dimensões (15,5 x 11,5 x
10cm), tratado por meio de cirurgia. Paciente do sexo masculino, 45 anos,
agricultor, proveniente do município de Alta Paraíso, interior do Estado de
Rondônia, com história de cinco meses de surgimento de lesão nodular em ombro
esquerdo, de crescimento progressivo, rápido, com grande aumento de volume,
ulceração central e sangramentos ao toque (hemorragia a pequenos traumas).
Nega tratamentos prévios. Refere perda ponderal durante o período, porém não
quantificada. Submetido a uma tomografia computadorizada com contraste venoso,
que
identificou massa de grande volume, acometendo pele, subcutâneo do terço proximal
do
braço esquerdo e ombro, e músculo deltoide, sem invasão óssea.
A ressecção completa foi obtida com margens de segurança de 3cm (Figuras 1, 2 e 3) e o resultado do laudo anatomopatológico
demonstrou um fibro-histiocitoma de grandes dimensões, maligno, com margens livres,
indiferenciado, com alto grau mitótico. As dimensões do tumor eram de 14 x 16
x 15cm
(Figura 4).
Figura 1 - Pré-operatório.
Figura 1 - Pré-operatório.
Figura 2 - Pré-operatório.
Figura 2 - Pré-operatório.
Figura 3 - Pré-operatório.
Figura 3 - Pré-operatório.
Figura 4 - Massa tumoral de aproximadamente 14 x 16 x 15cm.
Figura 4 - Massa tumoral de aproximadamente 14 x 16 x 15cm.
Optou-se por reconstrução em segundo tempo após confirmação das margens livres da
ressecção. A reparação escolhida foi retalho musculocutâneo do grande dorsal para
cobertura da região acrômio-clavicular e enxertia de pele nas áreas remanescentes
(Figuras 5, 6, 7 e 8). Paciente recebeu alta para acompanhamento ambulatorial.
Figura 5 - Pré-operatório da reconstrução com retalho de músculo grande dorsal e
enxertos.
Figura 5 - Pré-operatório da reconstrução com retalho de músculo grande dorsal e
enxertos.
Figura 6 - Pré-operatório da reconstrução com retalho de músculo grande dorsal e
enxertos.
Figura 6 - Pré-operatório da reconstrução com retalho de músculo grande dorsal e
enxertos.
Figura 7 - Pós-operatório final.
Figura 7 - Pós-operatório final.
Figura 8 - Pós-operatório final.
Figura 8 - Pós-operatório final.
RESULTADOS
A lesão foi identificada como um fibro-histiocitoma maligno, subtipo histológico
pleomórfico, com ulceração presente, e invasão de tecido celular subcutâneo e
muscular estriado. Tumoração de característica pouco diferenciada, de alto grau.
A
lesão foi totalmente ressecada por meio de cirurgia, demonstrando margens livres
no
anatomopatológico.
DISCUSSÃO
O FHM é um tumor maligno raro, derivado do tecido mesenquimal de todo o corpo7. FHM é o sarcoma de tecidos moles mais comum.
Geralmente, ocorre no final da idade adulta, com leve predomínio no sexo
masculino5. Os FHMs tipicamente surgem
como massas de crescimento rápido nos tecidos moles das extremidades e ossos em
pacientes com idade entre 50 e 70 anos8.
FHM tem sido reconhecido desde 1964. É sarcoma pouco conhecido, com alto grau de
pleomorfismo, tem a capacidade de produzir colágeno, não apresentando outras
características definidas9. A histogênese
desse tumor ainda permanece controversa4. Sua
origem citológica está localizada em uma célula mesenquimal, que pode ser dividida
em duas linhagens de células: histiocítico e fibroblástico1.
Segundo a nova classificação da Organização Mundial da Saúde (OMS), o FHM é dividido
em cinco subtipos: miofibrossarcoma, histiocitoma fibroso angiomatoide, sarcoma
indiferenciado pleomórfico com células gigantes, sarcoma pleomórfico indiferenciado
com inflamação proeminente e sarcoma pleomórfico indiferenciado de alto grau10. Metástases a distância ocorrem em até 40%
dos casos, os sítios mais frequentes são pulmão (80-90%), ossos e fígado11. O tratamento é essencialmente cirúrgico e
consiste na ressecção completa do tumor, devido ao seu potencial maligno12. Terapia adjuvante é de pouco ou nenhum
benefício3.
CONCLUSÃO
Por tratar-se de tumor com patogênese e tratamento poucos conhecidos, e sugerindo
que
a melhor forma de tratamento é a cirurgia, pudemos constatar que o resultado
apresentado neste caso foi semelhante aos relatos encontrados na literatura, ainda
que seja um caso com período de evolução curto.
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1. Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, São
Paulo, SP, Brasil.
2. Hospital de Base Ary Pinheiro, Porto Velho, RO,
Brasil.
3. Universidade Federal de Rondônia, Porto Velho,
RO, Brasil.
Endereço Autor: Tiago Costa do Amaral
Av. Gov. Jorge Teixeira, nº 3766 - Industrial
Porto Velho, RO, Brasil CEP
78905-160
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