INTRODUÇÃO
Em 1955, Sir Harold Guillies, pai da Cirurgia Plástica moderna, afirmou que a
fotografia estava entre um dos principais avanços da Cirurgia Plástica na época1.
Desde então, a importância da padronização fotográfica tem sido alvo de inúmeras
publicações no âmbito internacional2-5 e nacional6-11. No entanto, o processo de ensino e aprendizagem fotográfico durante
a residência médica não tem sido normatizado na literatura nacional revisada por
pares.
OBJETIVO
O objetivo do presente estudo foi delinear o programa de treinamento formal em
documentação fotográfica bidimensional padronizada adotado em uma residência médica
de Cirurgia Plástica.
MÉTODOS
Trata-se de um estudo descritivo sobre os componentes do programa de treinamento em
documentação fotográfica adotado em um Serviço Credenciado pela Sociedade Brasileira
de Cirurgia Plástica (SBCP). A estruturação (participação ativa dos residentes
em
formação) e os tópicos abordados durante o treinamento foram delineados:
estruturação de um estúdio fotográfico (tipos de equipamentos e distribuição dos
mesmos), diferenças entre as câmeras e as objetivas, princípios fotográficos
(exposição [abertura, velocidade e ISO] e profundidade de campo), iluminação,
situações fotográficas em cirurgia plástica (documentação pré-operatória,
intraoperatória, pós-operatória e pediátrica), vistas fotográficas padronizadas,
gerenciamento do banco de dados fotográfico, tipos de imagens, fotogrametria
computadorizada, questões éticas e médico-legais (incluindo o consentimento
fotográfico).
Este estudo seguiu os padrões éticos da Declaração de Helsinki de 1964 e suas
respectivas emendas, e foi aprovado pelo Comitê de Ética local (003/2017).
RESULTADOS
Programa de treinamento em documentação fotográfica
Em 2007, quando o protocolo fotográfico institucional foi modificado, um programa
de treinamento formal em documentação fotográfica bidimensional padronizada foi
implementado para formalizar e estimular esse componente no processo de formação
em Cirurgia Plástica. O protocolo fotográfico foi padronizado com o intuito de
manter um banco de imagens médicas completo para fins de documentação
longitudinal (períodos pré e pós-operatório recentes e tardios) de todos os
pacientes (processo diagnóstico, evolutivo e resultados terapêuticos),
planejamentos pré-operatórios, base de referência visual no intraoperatório,
questões éticas e médico-legais, educação médica (incluindo o treinamento de
novos cirurgiões plásticos) e pesquisas científicas (apresentações e artigos
científicos).
Como o paciente deve ser a única (ou principal) variável modificável em
fotografias realizadas em períodos distintos, temos focado nossos esforços na
padronização criteriosa da documentação fotográfica; a meta é apresentar o
paciente de forma exata e precisa (incluindo resultados satisfatórios e
insatisfatórios), em vez de produzir uma forma favorável como é feito, por
exemplo, em fotografia publicitária. Assim, todos os pacientes têm sido
sistematicamente fotografados nos períodos pré- operatório, intraoperatório e
pós-operatório por uma equipe composta pelo fotógrafo profissional contratado
pela Instituição, cirurgiões plásticos/preceptores e residentes em Cirurgia
Plástica.
Além da documentação fotográfica padrão (pré-operatório e pós-operatórios [1ª e
2ª semanas, 1º, 3º, 6º, 9º, 12º mês de pós-operatório e então a cada três/seis
meses]), todos os achados clínicos adicionais e as complicações também são
sistematicamente fotografados. A data da realização das fotos é devidamente
incluída (horário, dia, mês e ano) na fotografia e no prontuário de cada
paciente como uma forma de acompanhar a documentação e também facilitar a busca
ativa de fotografias específicas.
Independentemente da documentação profissional, os cirurgiões
plásticos/preceptores também fazem rotineiramente as próprias fotografias; tal
postura serve como um estímulo adicional para os residentes em formação. Os
residentes participam ativamente de toda a sistematização fotográfica
Institucional e adquirem habilidades relacionadas à documentação fotográfica
por
meio do programa de treinamento que tem sido distribuído nos três anos de
formação, existindo uma transição natural das tarefas de acordo com o ano de
formação/aquisição de habilidades fotográficas:
Residentes do primeiro ano (R1s): o fotógrafo
profissional institucional fica responsável pelo processo inicial do
ensino-aprendizagem dos princípios teóricos e práticos da fotografia (detalhados
na sequência) para os residentes que acabaram de iniciar a formação. Na medida
em que as habilidades são adquiridas e devidamente certificadas, os R1s passam
a
fotografar os pacientes ambulatoriais sob supervisão dos “residentes mais
experimentados” e cirurgiões/preceptores. Em todas situações particulares que
necessitem retirada da roupa ou exista exposição de órgãos sexuais, o fotógrafo
profissional não participa da documentação fotográfica e os R1s são
sistematicamente orientados pelos residentes dos demais anos e
cirurgiões/preceptores.
Residentes do segundo ano (R2s): participam da
documentação fotográfica dos pacientes até que os R1s adquiram as habilidades
necessárias e passem então a fotografar.
Residentes do terceiro ano (R3s): realizam a
documentação fotográfica no centro cirúrgico (pré- operatório, intraoperatório
e
pós-operatório).
Durante e após a realização de todas as fotografias, o fotografo profissional, os
cirurgiões/preceptores e os residentes “mais experimentados” são responsáveis
pela revisão das fotografias realizadas pelos residentes “menos experimentados”
com a finalidade de fornecer um feedback construtivo para a
manutenção da qualidade das fotografias.
Ademais, durante esse processo, todos os residentes são estimulados a praticar os
conhecimentos e habilidades relacionados à documentação fotográfica (por
exemplo: fotografar fora do ambiente hospitalar) com o intuito de expandir e
refinar a documentação fotográfica bem como fortalecer o processo de
feedback construtivo (os residentes são estimulados a tirar
todas as dúvidas com o fotógrafo profissional, cirurgiões/preceptores e
residentes mais “experimentados”).
Componentes do programa de treinamento
Durante o processo de treinamento, os tópicos/temas (detalhados na sequência) têm
sido distribuídos em aulas teóricas (apresentação dos conceitos) e práticas
(exercícios para a aplicação dos conceitos). O residente em formação tem sido
estimulado a aprender todas essas nuances da documentação fotográfica, buscando
o controle total sobre a qualidade final da fotografia.
Estúdio fotográfico2,4,5,12,13
Os residentes têm seu treinamento em uma sala de paredes brancas equipada com
cortinas em todas as janelas, cadeira giratória (360º) para o paciente, colocada
a 30-90 cm do fundo azul, pontos criteriosamente marcados para facilitar as
diferentes vistas fotográficas, câmera digital (Nikon® D50),
objetivas (AF Nikkor® 105 mm), conjunto de flashes (Nikon®
SB-21 / AS-14 e Nikon® SB-26) e kit tocha de flash Atek®
160 Plus. Além de aprenderem a manusear todos esses equipamentos, os residentes
adquirem conhecimentos sobre as diferenças entre eles e os existentes no mercado
fotográfico.
Câmeras fotográficas2,4,12,13
Todas as câmeras fotográficas atuais funcionam como as “câmeras escuras”: no
lugar do orifício possuem uma objetiva e um diafragma por onde passa a luz e
na
face oposta um material sensível à luz, o sensor digital. A distinção entre as
câmeras está na sofisticação e eficiência com que realizam o trabalho (fazer
com
que a luz controlada atinja o sensor e produza uma imagem). Existem as câmeras
com visor direto, as câmeras reflex (monoreflex ou bireflex), as câmeras grande
formato (“câmeras de estúdio”) e as câmeras monitor (“câmeras digitais
compactas”).
Quaisquer falhas na compreensão e aplicação dos conceitos fotográficos ou caso os
residentes optem pelo controle automático do processo fotográfico, ele ou ela
estarão permitindo que o sistema dite os resultados, em vez de possuírem o
comando global sobre a elaboração das próprias fotografias padronizadas. Assim,
as câmeras reflex monobjetivas digitais (câmeras DSLR [digital
single-lens reflex]) são o foco do treinamento, pois permitem um
maior controle sobre os resultados fotográficos, incluindo a troca de objetivas.
Nessas câmeras DSLR, a imagem mostrada no visor LCD (Liquid Crystal
Display) é exatamente a que irá sair na foto (ou no monitor do
computador); o visor LCD permite a confirmação imediata sobre a qualidade da
imagem: imagens de baixa qualidade podem ser refotografadas. É relevante que
os
residentes conheçam os principais componentes/funções: o obturador, o controle
de velocidade do obturador, o visor, o disparador, os encaixes para as
objetivas, o flash e os cabos.
Objetivas2-5,12,13-15
A objetiva é o componente chave da fotografia, pois a definição e a nitidez da
imagem projetada pela objetiva são os fatores determinantes da qualidade
fotográfica. As objetivas funcionam como uma espécie de “funil” para os raios
de
luz, orientando-os de forma convergente. Possuem dois tipos de regulagem: o foco
[controlado pelo anel de focagem da objetiva; o residente deve dominar o uso
do
foco manual] e a abertura do diafragma.
A luminosidade de uma objetiva depende de diversos fatores: diâmetro da objetiva,
qualidade e quantidade das lentes e distância focal da objetiva (distância
[milímetros; mm] entre o centro ótico da objetiva e o plano focal quando o
assunto [paciente] está em foco). O sensor receberá mais luz quanto maior for
o
diâmetro, e receberá menos luz quanto maior for a distância focal e o número
de
lentes.
De acordo com a distância focal, existem diferentes tipos de objetivas: normais,
grande-angulares e teleobjetivas (Figura 1). As objetivas normais abrangem, à semelhança dos olhos humanos, um
ângulo de 45º-50º do cenário (por exemplo, a objetiva 50 mm abrange
aproximadamente 46º do cenário). As objetivas grande-angulares possuem distância
focal menor e ângulo abrangido maior, se comparadas às objetivas normais; com
essas objetivas (grande-angulares), pacientes mais próximos ou mais distantes
parecem respectivamente maiores ou menores do que realmente são.
Figura 1 - Representação esquemática simplificada da relação existente entre
os (Esquerda) ângulos (º) de abrangência do cenário e a (Direita)
distância focal (espaço compreendido entre o sensor e o centro ótico
da lente focada no infinito) das objetivas grande angulares, normais
e teleobjetivas representadas em milímetros (mm). À medida que a
objetiva aumenta, a distância focal aumenta e o ângulo de
abrangência diminui. Objetivas fixas possuem uma única distância
focal (por exemplo, 105mm) enquanto objetivas zoom apresentam
variação da distância focal (por exemplo, 18-55mm). Como a distância
focal normal do olho humano é de aproximadamente 50mm, objetivas
normais de 50mm proporcionam uma imagem natural, sem distorções.
Distâncias focais inferiores a 50mm podem produzir imagens com
distorções radiais e, por isso, não são recomendadas para fotografar
faces. Nota: as proporções das distâncias e tamanhos do esquema não
equivalem à realidade.
Figura 1 - Representação esquemática simplificada da relação existente entre
os (Esquerda) ângulos (º) de abrangência do cenário e a (Direita)
distância focal (espaço compreendido entre o sensor e o centro ótico
da lente focada no infinito) das objetivas grande angulares, normais
e teleobjetivas representadas em milímetros (mm). À medida que a
objetiva aumenta, a distância focal aumenta e o ângulo de
abrangência diminui. Objetivas fixas possuem uma única distância
focal (por exemplo, 105mm) enquanto objetivas zoom apresentam
variação da distância focal (por exemplo, 18-55mm). Como a distância
focal normal do olho humano é de aproximadamente 50mm, objetivas
normais de 50mm proporcionam uma imagem natural, sem distorções.
Distâncias focais inferiores a 50mm podem produzir imagens com
distorções radiais e, por isso, não são recomendadas para fotografar
faces. Nota: as proporções das distâncias e tamanhos do esquema não
equivalem à realidade.
As teleobjetivas possuem distância focal maior e ângulo abrangido menor, se
comparadas às objetivas normais; com elas, pacientes distantes parecem estar
próximos da câmera. Também existem as objetivas com zoom, que
possuem a distância focal variável. Os residentes devem dominar principalmente
o
zoom óptico, e não o zoom digital. No entanto, o uso das objetivas
zoom não é recomendado para documentação pré-operatória e
pós-operatória, pois a potencial variação pode comprometer a padronização
fotográfica.
Objetivas fixas têm sido as mais indicadas e a escolha da objetiva deve ser
realizada de acordo com a necessidade para permitir um melhor resultado final
da
padronização fotográfica. Por exemplo, objetivas com distância focal entre 90
e
105mm são recomendadas para capturar dados pertinentes da anatomia facial, pois
proporcionam uma maior profundidade de campo, garantindo que toda a face esteja
em foco. Por outro lado, as objetivas macro são convenientes para fotografias
intraoperatórias e documentação de lesões cutâneas ou cicatrizes, pois ampliam
o
assunto que está próximo da câmera.
Princípios fotográficos2,4,12,14
Exposição: a relação entre abertura do diafragma
(“quantidade de luz”), velocidade do obturador (“tempo que a quantidade de luz
atuará sobre o sensor digital”) e ISO (sensibilidade) tem sido considerada o
“tripé da exposição fotográfica”. Diferentemente do que ocorre na exposição
automática, as três funções devem ser controladas/modificadas de acordo com cada
situação particular por meio de um seletor/botão no corpo da câmera ou na
própria objetiva (velocidade).
Abertura: é definida pelo diafragma (“orifício”)
que controla a quantidade de luz que entra na objetiva. O diafragma possui
diversos valores de abertura, simbolizados por “f”. O aumento do valor de “f”
indica redução do tamanho do orifício (Figura 1). A abertura do diafragma também interfere com a profundidade de
campo.
Velocidade: indica o tempo que o obturador
(“cortina”, localizada entre a objetiva e o sensor, com função de controlar o
tempo [velocidade] de penetração da luz na câmera) ficará aberto e, portanto,
o
sensor receberá luz. Os valores da velocidade são definidos por frações (por
exemplo, 125 significa que o tempo de exposição do sensor à luz é de 1/125
segundos). Quanto menor o número, menor será a velocidade com que a luz atingirá
o sensor; velocidades inferiores a 60-30 podem requerer o uso de um tripé, para
evitar perda de qualidade fotográfica (Figura 2).
Figura 2 - Representação esquemática simplificada do diafragma (conjunto de
lâminas sobrepostas existente no interior da objetiva que
possibilita controlar a quantidade de luz que entra na câmera). Os
valores de abertura do diafragma são indicados por "f" (no esquema,
da esquerda para a direita: f/16, f/11, f/8, f/5,6, f/4, f/2,8, f/2
e f/1,4). Quanto maior o número, mais fechado o diafragma estará e,
portanto, menos luz passará através do orifício. A abertura do
diafragma também controla a profundidade de campo (extensão da
região nítida [em foco] quando se tira uma fotografia); quanto maior
a abertura do diafragma (ou seja, quanto menor o número), menor a
profundidade de campo. Em fotografias médicas, procura-se o máximo
de nitidez do assunto/paciente para que não se percam detalhes; isso
é obtido por meio da adoção de aberturas pequenas do diafragma,
preferencialmente > f8. Nota: as proporções das distâncias e
tamanhos do esquema não equivalem à realidade.
Figura 2 - Representação esquemática simplificada do diafragma (conjunto de
lâminas sobrepostas existente no interior da objetiva que
possibilita controlar a quantidade de luz que entra na câmera). Os
valores de abertura do diafragma são indicados por "f" (no esquema,
da esquerda para a direita: f/16, f/11, f/8, f/5,6, f/4, f/2,8, f/2
e f/1,4). Quanto maior o número, mais fechado o diafragma estará e,
portanto, menos luz passará através do orifício. A abertura do
diafragma também controla a profundidade de campo (extensão da
região nítida [em foco] quando se tira uma fotografia); quanto maior
a abertura do diafragma (ou seja, quanto menor o número), menor a
profundidade de campo. Em fotografias médicas, procura-se o máximo
de nitidez do assunto/paciente para que não se percam detalhes; isso
é obtido por meio da adoção de aberturas pequenas do diafragma,
preferencialmente > f8. Nota: as proporções das distâncias e
tamanhos do esquema não equivalem à realidade.
ISO: é a medida da sensibilidade do sensor à luz.
Quanto maior o número ISO, maior é a sensibilidade do sensor e, portanto, maior
a captação de luz; no entanto, a imagem poderá conter “ruídos”, com redução da
qualidade fotográfica.
Profundidade de campo: definida pelas áreas aquém
(anterior; frente) e além (posterior; atrás) do paciente/assunto na qual a
nitidez é aceitável (Figura 3). É
dependente da abertura do diafragma (Figura 2) e da distância focal das objetivas (teleobjetivas [por exemplo.,
300mm] possuem menores profundidades de campo que objetivas normais [p.ex., 50
mm], mantendo-se a mesma abertura).
Figura 3 - Representação esquemática simplificada da profundidade de campo.
Uma estrutura anatômica específica (por exemplo, olhos, orelha ou
lábios) deve ser normatizada como ponto focal para cada vista (ou
pose) fotográfica. Assim, a profundidade de campo é definida pelas
áreas anterior (A) e posterior (P) do plano focal na qual a nitidez
é aceitável.
Figura 3 - Representação esquemática simplificada da profundidade de campo.
Uma estrutura anatômica específica (por exemplo, olhos, orelha ou
lábios) deve ser normatizada como ponto focal para cada vista (ou
pose) fotográfica. Assim, a profundidade de campo é definida pelas
áreas anterior (A) e posterior (P) do plano focal na qual a nitidez
é aceitável.
Iluminação2-5,12,14,15
Dominar a iluminação natural e, principalmente, a iluminação artificial é
essencial para fotografar com qualidade. Em um estúdio, a iluminação pode ser
controlada completamente (Figura 4). A luz
do flash é rotineiramente utilizada devido a sua potência. O
obturador (velocidade) deve estar sincronizado com o flash e
apenas a abertura do diafragma deve ser modificada. Os flashes
são utilizados com difusores e rebatedores (tecidos foscos) para suavizar as
sombras (homogeneizar a iluminação). O flash circular associado
a uma lente com macro deve ser aplicado especialmente na documentação de
assuntos pequenos (por exemplo, cicatrizes, lesões cutâneas, entre outras) e
cavidades (oral, túneis teciduais formados por dissecção, entre outros) para
eliminar sombras e melhorar o resultado fotográfico.
Figura 4 - Iluminação artificial: três flashes são criteriosamente
distribuídos para refletir e difundir a luz: duas tochas acopladas a
difusores são posicionadas a 1-1,5m do paciente com um ângulo de 45º
do eixo câmera paciente e uma tocha acoplada a um rebatedor
(sombrinha) é posicionada acima e posteriormente ao paciente com a
incidência da luz voltada para o teto. Os flashes devem estar
sincronizados com o obturador da câmera. Deve-se manter uma
distância de 30-60cm entre o paciente e o fundo azul (o azul fornece
um contraste suficiente, é complementar a todas as cores da pele,
permite uma maior profundidade de campo e modera as sombras sem
sobrecarregar o paciente) para evitar sombras. Como a qualidade e
quantidade de iluminação são constantes, configurações com grandes
aberturas (f > 16) e baixas velocidades (< 1/125) podem ser
facilmente alcançadas. Nota 1: aconselha-se apoio profissional para
a configuração inicial. Nota 2: as distâncias/tamanhos não equivalem
à realidade.
Figura 4 - Iluminação artificial: três flashes são criteriosamente
distribuídos para refletir e difundir a luz: duas tochas acopladas a
difusores são posicionadas a 1-1,5m do paciente com um ângulo de 45º
do eixo câmera paciente e uma tocha acoplada a um rebatedor
(sombrinha) é posicionada acima e posteriormente ao paciente com a
incidência da luz voltada para o teto. Os flashes devem estar
sincronizados com o obturador da câmera. Deve-se manter uma
distância de 30-60cm entre o paciente e o fundo azul (o azul fornece
um contraste suficiente, é complementar a todas as cores da pele,
permite uma maior profundidade de campo e modera as sombras sem
sobrecarregar o paciente) para evitar sombras. Como a qualidade e
quantidade de iluminação são constantes, configurações com grandes
aberturas (f > 16) e baixas velocidades (< 1/125) podem ser
facilmente alcançadas. Nota 1: aconselha-se apoio profissional para
a configuração inicial. Nota 2: as distâncias/tamanhos não equivalem
à realidade.
Preparo dos pacientes3,5,14,15
Todos os objetos que possam acarretar distração visual devem ser sistematicamente
removidos do campo visual antes da documentação fotográfica. A região frontal
e
as orelhas não devem estar cobertas pelos cabelos. Óculos, joias, aparelhos
auditivos e maquiagem devem ser removidos. Todas as roupas que interfiram na
visibilidade das áreas alvo devem ser retiradas. Como muitos pacientes podem
sentir-se desconfortáveis sem roupas e roupas íntimas podem produzir fotografias
inconsistentes, vestuários fotográficos descartáveis podem ser utilizados, sendo
importante manter a consistência de uso nas diferentes fotografias realizadas,
por exemplo, nos períodos pré-operatório e pós-operatórios.
Posicionamento dos pacientes e da câmera fotográfica2-5,12,14-16
O posicionamento adequado do paciente e da câmera fotográfica deve ser
padronizado de acordo com a região anatômica alvo para permitir
reprodutibilidade com qualidade constante. Por exemplo, na posição sentada, o
paciente deve estar ereto sobre o assento giratório e a cabeça deve ser
flexionada ou estendida até obter-se o plano desejado (por exemplo, plano
horizontal de Frankfurt, plano interpupilar ou linha média vertical). Marcas
previamente uniformizadas nas paredes e no chão podem orientar o posicionamento
adequado e também auxiliar a rotação exata do paciente.
O eixo formado entre a objetiva da câmara e um marco anatômico específico e a
distância entre a câmera e o paciente também devem ser normatizados, podendo
variar de acordo com a região fotografada. O eixo da objetiva deve estar na
mesma altura que o centro da área a ser fotografada (Figura 5).
Figura 5 - Representação esquemática simplificada dos posicionamentos do
paciente e da máquina fotográfica (fotógrafo). O paciente deve ser
posicionado no centro de um octógono com um raio de 30-60cm,
permitindo rotação de 360º. Para determinar a distância focal ideal
para regiões anatômicas específicas, disparos experimentais devem
ser efetuados em diferentes distâncias. Uma vez que os resultados
fotográficos desejados foram alcançados, a posição deve ser gravada
no chão e então fotografias da mesma região anatômica devem sempre
ser realizadas com auxílio dessa marca. No esquema, a distância de 1
metro (m) entre o paciente e a câmera foi padronizada para
documentar a face completa em nosso estúdio (iluminação constante;
objetiva 105mm; ISO 100; velocidade 1/125; abertura variável). Nota
1: as marcas no chão devem ser efetuadas de acordo com as condições
de cada estúdio para manter a qualidade fotográfica. Nota 2: as
proporções das distâncias e tamanhos do esquema não equivalem à
realidade.
Figura 5 - Representação esquemática simplificada dos posicionamentos do
paciente e da máquina fotográfica (fotógrafo). O paciente deve ser
posicionado no centro de um octógono com um raio de 30-60cm,
permitindo rotação de 360º. Para determinar a distância focal ideal
para regiões anatômicas específicas, disparos experimentais devem
ser efetuados em diferentes distâncias. Uma vez que os resultados
fotográficos desejados foram alcançados, a posição deve ser gravada
no chão e então fotografias da mesma região anatômica devem sempre
ser realizadas com auxílio dessa marca. No esquema, a distância de 1
metro (m) entre o paciente e a câmera foi padronizada para
documentar a face completa em nosso estúdio (iluminação constante;
objetiva 105mm; ISO 100; velocidade 1/125; abertura variável). Nota
1: as marcas no chão devem ser efetuadas de acordo com as condições
de cada estúdio para manter a qualidade fotográfica. Nota 2: as
proporções das distâncias e tamanhos do esquema não equivalem à
realidade.
Situações fotográficas2-4,16-18
Pré-operatório e pós-operatório: Na fotografia de
pré e pós-operatório os resultados só são comparáveis quando a padronização
(detalhada acima) é reproduzida consistentemente. Os mesmos equipamentos com
as
mesmas regulagens devem ser utilizados nas fotografias de pré e pós-operatórios
(Figuras 6-8). Com a uniformização, podem existir diferenças nas
comparações inter-indivíduos (principalmente, crianças versus
adultos), porém a comparação intraindivíduos é completamente factível.
Figura 6 - Fotografias bidimensionais padronizadas (Nikon® D50;
iluminação constante; objetiva 105 mm; ISO 100; velocidade 1/125;
abertura 14) pré-operatórias (Esquerda) e pós-operatórias (Direita)
de um paciente com rinofima submetido à reconstrução nasal com
retalho médio frontal. Vistas frontal e basal (Acima e Abaixo,
respectivamente).
Figura 6 - Fotografias bidimensionais padronizadas (Nikon® D50;
iluminação constante; objetiva 105 mm; ISO 100; velocidade 1/125;
abertura 14) pré-operatórias (Esquerda) e pós-operatórias (Direita)
de um paciente com rinofima submetido à reconstrução nasal com
retalho médio frontal. Vistas frontal e basal (Acima e Abaixo,
respectivamente).
Figura 7 - Fotografias bidimensionais padronizadas (Canon® 70D; iluminação
constante; objetiva 50mm; ISO 100; velocidade 1/125; abertura 13) de
um paciente com rinofima submetido à excisão tangencial associada à
eletrocoagulação. Vistas frontal nos períodos pré-operatório
(Esquerda) e pós-operatório (Direita).
Figura 7 - Fotografias bidimensionais padronizadas (Canon® 70D; iluminação
constante; objetiva 50mm; ISO 100; velocidade 1/125; abertura 13) de
um paciente com rinofima submetido à excisão tangencial associada à
eletrocoagulação. Vistas frontal nos períodos pré-operatório
(Esquerda) e pós-operatório (Direita).
Figura 8 - Fotografias bidimensionais padronizadas do mesmo paciente (
Figura 7). Vistas perfil nos
períodos pré-operatório (Esquerda) e pós-operatório
(Direita).
Figura 8 - Fotografias bidimensionais padronizadas do mesmo paciente (
Figura 7). Vistas perfil nos
períodos pré-operatório (Esquerda) e pós-operatório
(Direita).
Intraoperatório: é relevante que quaisquer objetos
dispensáveis (mãos, instrumentos cirúrgicos, compressas, saliva, sangue, entre
outros) sejam completamente removidos da área a ser fotografada. Um fundo azul
(ou verde) deve ser utilizado, sempre que possível. Câmeras DSLR com macro,
objetiva fixa e flash circular são as mais recomendadas essa
documentação. A fonte de luz cirúrgica deve ser desligada para evitar sombras
que podem afetar o equilíbrio de cores.
Pacientes pediátricos: os pacientes que ainda não
sentam ou ficam em pé devem ser fotografados preferencialmente no colo dos pais,
tomando-se o cuidado para envolver o corpo dos pais com tecido azul, mantendo
um
fundo azul único. Uma ajuda para prender a atenção da criança com ruídos ou
movimentos para manter a cabeça na posição designada pode ser necessária.
Movimentos (ação muscular): déficits e melhoras
funcionais podem ser documentados; imagens durante o movimento (por exemplo,
mímica facial) são extremamente úteis para avaliar detalhes evidenciados pela
ação muscular. Para isso, inúmeras fotografias devem ser realizadas do mesmo
ponto de vista.
Vistas fotográficas2-5,8,15-17,19-21
Um conjunto de vistas (ou poses) fotográficas padrão (vistas frontal [ou
anteroposterior], perfil [ou lateral] bilateral e semiperfil [ou oblíqua; 45°]
bilateral) é utilizado na maioria das documentações e vistas suplementares
(incluindo closes) devem ser fotografadas de acordo com cada região anatômica
específica, tipo de deformidade e intervenção cirúrgica (Tabela 1). Marcos e limites anatômicos devem ser
criteriosamente aplicados para manter a padronização das vistas
fotográficas.
Tabela 1 - Composição geral das vistas fotográficas para regiões anatômicas,
procedimentos cirúrgicos e deformidades específicas
2-5,8,14-17,19-21.
Regiões anatômicas/Procedimentos
cirúrgicos/Deformidades específicas
|
Vistas fotográficas |
Face (completa) |
Padrão |
Face (close)* |
Padrão + B |
Ritidoplastia |
Padrão + mímica facial |
Orelhas |
Padrão + PA + P(PA) + SM(PA) |
Pálpebras |
Padrão + mímica periorbital |
Mento/cervical** |
Padrão + extensão e flexão cervical |
Mamas *** |
Padrão |
Abdome **** |
Padrão |
Mãos/dedos |
Vistas palmar, dorsal e lateral |
Fissuras labiopalatinas |
Padrão, AP' + B + intraoral |
Deformidades maxilomandibulares/oclusais |
Padrão + AP' + P' + intraoral |
Deformidades cranianas |
Padrão + SC |
Tabela 1 - Composição geral das vistas fotográficas para regiões anatômicas,
procedimentos cirúrgicos e deformidades específicas
2-5,8,14-17,19-21.
Banco fotográfico4,13,16,19,22-24
Devido à natureza das fotografias de pacientes, devemos ser extremamente zelosos
no manuseio, no armazenamento e na utilização de toda documentação fotográfica
médica. É importante que todo o processo envolvido no armazenamento fotográfico,
na renomeação (“passo chave”) dos arquivos (incluindo a criação de um banco de
dados que facilite pesquisas posteriores) e no backup (arquivos
regularmente transferidos para CD, DVD ou disco rígido externo) seja
concretizado de forma criteriosa e eficiente.
Para isso, todas as imagens fotográficas armazenadas no cartão de memória da
câmera digital são transferidas para um disco rígido do computador. Os arquivos
devem então ser renomeados, garantindo que cada arquivo tenha um único nome para
evitar substituição; e os nomes dos arquivos não devem exceder 31 caracteres
de
comprimento para permitir a compatibilidade com diferentes sistemas operacionais
(PC, Mac e Unix). O intuito final do renomeamento deve ser a facilidade e
fidedignidade da acessibilidade (pesquisas e obtenção) das imagens alvo. Existem
sistemas de palavras-chave e sistemas de renomeamentos práticos publicados
previamente que podem ser aplicados de acordo com as necessidades: por exemplo,
data (ano/mês/dia) da fotografia, número do prontuário, período do seguimento
(p.ex., preop, posop3m ou posop1a) e extensão do arquivo (p.ex., jpg) -
“2018.02.01_00123_preop.jpg” ou “2018.02.01(00123)(preop).jpg”.
Formatos de imagens4,13,16,17,19,22-25
As imagens podem ser transferidas para o disco rígido do computador em uma
variedade de formatos de arquivo, existindo dois tipos de sistemas de gravação:
sem perdas e com perdas (arquivos maiores e menores, respectivamente). Nos
formatos sem perdas, tais como TIF (tagged-image format), BMP
(bitmap), PSD (Photoshop) e Macintosh’s
PIC, as imagens são salvas em sua totalidade, preservando todas as informações
originais. Por outro lado, nos formatos com perda (JPEG; Joint
Photographic Experts Group), as imagens são compactadas em arquivos
menores, eliminando algumas das informações da imagem original cada vez que o
arquivo é modificado e salvo, degradando a qualidade da imagem.
O formato JPEG é comumente utilizado, pois pode ser facilmente importado para
programas de processamento de texto, de apresentação e de manipulação de
imagens. O formato TIF tem sido o mais comumente utilizado para fins de
publicação científica. Converter JPEG em TIFF em um editor de imagem aumenta
o
tamanho do arquivo, mas não melhora a qualidade da imagem. Outro formato de
arquivo disponível é o RAW (conhecido como “negativo digital”). Ao contrário
dos
outros, no formato RAW a informação real da fotografia é completamente
transferida para o disco rígido. O formato RAW contém informações detalhadas
(por exemplo, whitebalance, mapeamento do contraste, entre
outras) e, portanto, tem o potencial de produzir melhores qualidades de imagem
devido à mínima manipulação de dados.
Como a maioria das câmeras digitais DSLR atuais oferece a opção de gravar imagens
como arquivos JPEG, arquivos RAW ou ambos, questões como o espaço de armazenagem
(tamanho do disco rígido) e desejo de processar as imagens devem ser
considerados na escolha entre os formatos.
Fotogrametria computadorizada6,7,14
Os residentes também têm aprendido sobre a fotogrametria digital bidimensional
padronizada computadorizada, uma forma de antropometria indireta. Nesta parte
do
treinamento, mensurações (lineares, angulares e áreas) são realizadas nas
fotografias bidimensionais digitais por meio de softwares
específicos (por exemplo, ImageJ, Adobe Photoshop, Mimics, entre outros). Assim,
é possível, por exemplo, comparar objetivamente medidas lineares entre pontos
anatômicos bem estabelecidos nos períodos pré-operatório e pós-operatórios. A
aquisição dessa habilidade particular aumenta o arsenal científico dos
residentes em formação, que podem então participar de projetos de pesquisa
científica que avaliem objetivamente os resultados cirúrgicos.
Questões éticas e médico-legais2,4,14-16,22,26,27
A documentação fotográfica médica é completamente vinculada a dilemas éticos e
médico-legais multidimensionais. Ao mesmo tempo que a documentação fotográfica
padronizada pode auxiliar o cirurgião em possíveis implicações médico-legais
(se
porventura houver um litígio envolvendo determinado tratamento cirúrgico, as
imagens poderão ser aplicadas como meio de prova), quaisquer usos “indevidos”
(incluindo extravio) das fotografias dos pacientes podem culminar em implicações
éticas e médico-legais. Logo, todos os envolvidos com a documentação fotográfica
médica devem meticulosamente zelar pelo respeito à completa privacidade dos
pacientes com o intuito de manter a essência dos princípios éticos e
médico-legais, nos quais a relação médico-paciente pode ser estruturada
longitudinalmente.
Para isso, antes de qualquer documentação fotográfica, todos os pacientes ou
responsáveis legais (no caso de incapaz) devem sistematicamente receber e
assinar o consentimento fotográfico. O consentimento deve ser especificamente
delineado para fotografias identificáveis e não identificáveis, deixando
explícitos todos os usos potenciais das fotografias médicas: informações
clínicas como parte do prontuário médico e para fins educativos, palestras,
exposições e publicações científicas (livros e artigos). Além dessas informações
básicas, é fundamental que os pacientes e familiares entendam elementos-chave
adicionais: o consentimento pode ser retirado em qualquer momento e, mais
importante, uma vez que as fotografias forem publicadas (periódicos, livros,
entre outros), as imagens tornam-se parte do domínio público e pode ser
impossível removê-las.
Como as fotografias são parte do arquivo médico dos pacientes, o máximo de
segurança deve ser garantido; o banco de dados deve possuir senhas e acesso
limitado, a fim de evitar o acesso não autorizado. Ademais, os pacientes devem
ser fotografados somente de acordo com um protocolo institucional, devendo-se
evitar ao máximo fotografar e arquivas fotografias dos pacientes em máquinas
fotográficas ou celulares pessoais, existindo inclusive dados na literatura26 sobre a preferência dos pacientes pelas
fotografias realizadas com câmeras do hospital. Embora o celular pessoal esteja
prontamente disponível, sua aplicação no ambiente médico ainda não foi
completamente definida e existem exemplos na literatura sobre problemas com o
“simples” uso da câmera de um celular.
Finalmente, os residentes devem ser treinados no processo de consentimento
informado e no reconhecimento das preocupações dos pacientes/familiares. Os
residentes devem dominar as leis que regulamentam a prática médica (Código de
Ética Médica) e da cirurgia plástica no Brasil. Por exemplo, as fotografias dos
pacientes não podem ser aplicadas na autopromoção ou publicidade médica, mesmo
com autorização (Manual de Publicidade Médica - Resolução CFM [Conselho Federal
de Medicina] 1974/11).
DISCUSSÃO
As experiências clínico-cirúrgicas devem ser enquadradas como fatores críticos na
determinação do sucesso da educação dos residentes em cirurgia plástica28. Ademais, o domínio da documentação
fotográfica padronizada de boa qualidade destaca-se entre as incontáveis habilidades
e ferramentas que todo cirurgião plástico deve adquirir durante sua formação10.
O crescimento contínuo e os refinamentos da imagem digital, sem dúvidas, permitem
o
aumento da aplicação das fotografias médicas no âmbito acadêmico, incluindo a
avaliação do pré e pós-operatório, que se tornou o padrão de classificação dos
resultados cirúrgicos em cirurgia plástica29.
Entretanto, nós e outros4,5,14,19,29,30 continuamos presenciando em publicações e eventos científicos um
grande número de fotografias que não satisfazem quaisquer critérios de qualidade
ou
consistência pré e pós-operatória.
Essas fotografias sem padronização podem deturpar a queixa principal inicial do
paciente, distorcer as percepções dos resultados cirúrgicos e desviar a atenção
daqueles que estão visualizando a imagem2,9,29,30.
Na literatura, Dr. Paul Tessier, pai da cirurgia craniofacial moderna, teve o cuidado
de fotografar seus pacientes longitudinalmente, sendo reconhecido por seus
resultados cirúrgicos incríveis até os dias de hoje. A importância da documentação
em cirurgia plástica também é reforçada entre os princípios (“Keep and
Accurate Record”) descritos pelo Dr. Ralph Millard, um renomado
cirurgião plástico. Acreditamos que o estímulo para que essa habilidade seja
adquirida e desenvolvida nos residentes em formação é papel de todos aqueles
envolvidos no processo de treinamento. Assim, delineamos um programa de treinamento
formal em documentação fotográfica bidimensional padronizada. Além de o presente
estudo poder servir como um guia para o estabelecimento e desenvolvimento das
habilidades fotográficas durante a formação em cirurgia plástica, preceptores
e
residentes podem aplicar e expandir os conceitos fotográficos detalhados aqui.
O presente programa de treinamento foi estruturado para o desenvolvimento de algumas
habilidades fotográficas durante a formação em Cirurgia Plástica e, portanto,
não
esgota o assunto. Aspectos fotográficos adicionais devem ser acessados em artigos
particulares2-10,12-17,20,22.
CONCLUSÃO
O treinamento formal em documentação fotográfica bidimensional padronizada
complementa o arsenal de habilidades necessários aos residentes de cirurgia plástica
em formação, com o intuito de melhor prepará-los para as carreiras futuras.
COLABORAÇÕES
RF
|
Aprovação final do manuscrito; conceitualização; concepção e desenho do
estudo; metodologia; realização das operações e/ou experimentos; redação
- preparação do original; redação - revisão e edição.
|
AS
|
Aprovação final do manuscrito; coleta de dados.
|
EG
|
Aprovação final do manuscrito; coleta de dados; redação - revisão e
edição.
|
CLB
|
Aprovação final do manuscrito; coleta de dados; redação - revisão e
edição.
|
CARA
|
Aprovação final do manuscrito; coleta de dados; redação - revisão e
edição
|
CERA
|
Aprovação final do manuscrito; conceitualização; concepção e desenho do
estudo; metodologia; realização das operações e/ou experimentos; redação
- revisão e edição.
|
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1. Hospital SOBRAPAR, Instituto de Cirurgia
Plástica Craniofacial, Campinas, SP, Brasil.
2. Faculdade de Ciências Médicas, Universidade
Estadual de Campinas, Campinas, SP, Brasil.
Autor correspondente: Rafael Denadai, Av. Adolpho Lutz, 100 -
Cidade Universitária - Campinas, SP, Brasil, CEP 13083-880. E-mail:
denadai.rafael@hotmail.com
Artigo submetido: 23/5/2018.
Artigo aceito: 4/10/2018.
Conflitos de interesse: não há.