ISSN Online: 2177-1235 | ISSN Print: 1983-5175
Avaliação por fotogrametria de resultados em pacientes submetidos à suspensão superciliar
Skull, Face and Neck -
Year2011 -
Volume26 -
(3 Suppl.1)
Paolo Rubez Rocha; André Elias Junqueira; Marcel Vinícius Aguiar Menezes; Luiz Eduardo Felipe Abla; Lydia Masako Ferreira
INTRODUÇÃO
A ptose do supercílio é fenômeno do processo de envelhecimento da face, ocorre pela ação da força de gravidade e pelo aumento da flacidez da pele. Para reparar essas alterações, nas últimas décadas, foram desenvolvidas diversas técnicas, que incluem o reposicionamento do supercílio, as quais possuem como objetivo comum o melhor e mais duradouro resultado de elevação da porção lateral do supercílio, proporcionando melhora da autoimagem corporal dos pacientes. Neste estudo, foram escolhidas duas técnicas para reposicionamento do supercílio consideradas mais simples, as quais serão elucidadas com pormenores no decorrer deste. Para realizarmos a avaliação dos resultados estéticos e da durabilidade de cada técnica empregada, utilizaremos a fotogramametria (mensuração baseada em fotografia padronizada juntamente com avaliação por software apropriado).
OBJETIVO
Avaliar a durabilidade e comparar quantitativamente o posicionamento do supercílio por meio de técnicas de elevação.
MÉTODOS
Trata-se de um ensaio clínico randomizado, comparativo e unicêntrico, previamente aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNIFESP, com o número 0220/09. Foram selecionados 30 pacientes do sexo feminino, no ambulatório do Setor de Estética e Pesquisa da Disciplina de Cirurgia Plástica do Hospital São Paulo - UNIFESP. Os pacientes deveriam ter entre 18 e 70 anos e necessitar de blefaroplastia associada à elevação da porção lateral do supercílio. Os pacientes foram divididos em 2 grupos, segundo a técnica cirúrgica utilizada, de forma randomizada pelo site www.randomization.com. Grupo 1: Blefaroplastia + suspensão de supercílio por pexia transpalpebral (técnica de Niechajev) Grupo 2: Blefaroplastia + suspensão de supercílio com fio e agulha (técnica de Graziosi). A avaliação através da fotogrametria foi realizada por um avaliador que desconhecia a que técnica cirúrgica fora submetido o paciente. Os pacientes foram submetidos à blefaroplastia superior e inferior, seguida da elevação superciliar. A suspensão por fio (Graziosi) foi feita no plano subgaleal, após descolamento rombo, ancorando a gálea do couro cabeludo ao subcutâneo do supercílio, elevando-o pela tração desse fio, no caso um náilon 3-0. Na suspensão por pexia transpalpebral (Niechajev), a distância entre a comissura lateral palpebral e a borda inferior da pálpebra é medida se a borda da pálpebra puder ser vista. Desenhos são feitos com o paciente sentado, indicando a área a ser descolada, o local de fixação das suturas e a quantia de pele da linha superior a ser ressecada. Um importante ponto é a necessidade de limitar a quantidade de tecido palpebral retirado. Foram realizadas medidas lineares entre a porção mais superior do supercílio e pontos fixos da face, para se observar elevação do mesmo. Fotos padronizadas dos pacientes presentes nos grupos 1 e 2 foram realizadas no préoperatório e no pós-operatório de 1 e 6 meses. Foram realizadas mensurações em fotografias digitais com auxílio do software gráfico Adobe Photoshop CS3 Extended®. Para a obtenção de medidas na fotogrametria digital computadorizada, foram utilizadas as medidas das distâncias entre a base da narina homolateral (ponto 1) e dois pontos de referência na porção superior da sobrancelha (2- cauda do supercílio, 3- porção central), utilizando-se somente fotografias ânteroposteriores para a análise. Após a cirurgia, as mesmas medidas foram realizadas (2', 3') e se permitiu realizar a comparação entre as medidas com 1 mês e 6 meses de pós-operatório. Os valores obtidos foram submetidos à análise estatística, com o valor de rejeição da hipótese de nulidade fixado em 0,05 ou 5%.
RESULTADOS
O estudo apresentou três intercorrências: granuloma de corpo estranho, edema palpebral e retração palpebral, distribuídas entre três pacientes. As intercorrências foram resolvidas com sucesso. O granuloma de corpo estranho e retração palpebral ocorreram na técnica de Niechajev. O edema palpebral ocorreu ao se utilizar a técnica de Graziosi. A fim de estabelecer qual técnica proporcionou maior elevação do supercílio, realizamos os testes estatísticos comparativos. Realizamos um primeiro teste estatístico que confirmou a elevação do supercílio obtido com cada uma das técnicas cirúrgicas, comparando a diferença dos valores do pós-operatório de 6 meses com a do préoperatório de cada medida (base da narina homolateral-cauda do supercílio e base da narina homolateral-porção central do supercílio) nos lados direito e esquerdo da face. A partir daí, realizamos um segundo teste, para determinarmos se houve diferença estatística entre a elevação do supercílio comparando os dois lados de uma mesma face e concluímos não haver diferença.
A partir daí, trabalhamos com duas hemifaces para cada paciente, totalizando 60 hemifaces, 30 submetidas à técnica de Graziosi e 30 à de Niechajev. O passo determinante foi o de estabelecer qual das técnicas proporcionou maior aumento do supercílio. Utilizando o teste de Mann- Whitney, obtivemos que a elevação maior foi obtida com a técnica de Niechajev. Um teste 4 foi realizado em seguida. Dentro de uma mesma técnica (Graziosi ou Niechajev) comparamos a elevação do centro e da cauda do supercílio e obtivemos que a elevação maior ocorreu na cauda.
CONCLUSÃO
A técnica de Niechajev promoveu maior suspensão do supercílio em relação à técnica de Graziosi e, dentro de uma mesma técnica houve maior elevação na cauda do supercílio do que no seu ponto central.
All scientific articles published at www.rbcp.org.br are licensed under a Creative Commons license