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Skull, Face and Neck - Year2010 - Volume25 - (3 Suppl.1)

INTRODUÇÃO

As mandibulectomias são frequentemente realizadas nas ressecções de tumores de cirurgia de cabeça e pescoço. Estes procedimentos determinam uma morbidade significativa e a sua reconstrução é importante no intuito de diminuir este índice. Este grupo de pacientes costuma apresentar complicações significativas no período pós-operatório, que costumam ser agravadas por vários fatores, como estado nutricional, amplitude da ressecção e por radioterapia prévia. Os autores apresentam a casuística de casos operados e reconstruídos no ano de 2009.


OBJETIVO

Principal: Caracterização da população de pacientes submetidos a mandibulectomias. Secundário: Identificar variáveis e grupos de risco para complicações.


MATERIAL E MÉTODOS

Realizou-se um estudo retrospectivo dos casos consecutivos operados no ano de 2009. Foram incluídos pacientes submetidos a mandibulectomias parciais ou totais, envolvendo arco central ou não, com reconstrução imediata ou não. Utilizou-se teste t de Student, para análise de variáveis contínuas, e qui-quadrado e teste de Fischer, para variáveis categóricas. Foram consideradas significativas diferenças com P<0,05 e intervalo de confiança de 95%.


RESULTADOS

Foram incluídos 85 pacientes, todos operados em 2009, sendo 78,8% do sexo masculino. A idade média dos pacientes foi de 57,40 ± 15,31 anos. A dor foi o principal sintoma inicial: 80,8%. Tabagistas ativos: 61,5%; ex-tabagistas: 11,5%; etilistas: 59,6%. IMC pré-operatório: 23,06 ± 5,39 kg/m2. Avaliação de risco cirúrgico (ASA): I em 11,5%; II em 76,9% e III em 11,5%. A sobrevida dos pacientes em um ano foi: geral, 84,6%; homens, 82,9%; mulheres, 90,9%. O principal diagnóstico foi o carcinoma epidermoide, com 88,5% dos casos. Os sítios primários mais frequentes foram: assoalho da boca em 32,7%; gengiva em 21,2%; língua em 15,4%; trígono retromolar em 13,5% e mandíbula em 7,7%. Pacientes submetidos à radioterapia: pré-operatória em 13,5%; pós-operatória em 65,4%. O tamanho médio da falha mandibular foi de 8,77 ± 3,36 cm. Houve ressecção do arco central em 51,9% dos casos. A cirurgia para recidiva tumoral foi realizada em 15,4% dos casos. Os pacientes com ressecção de arco central apresentaram, também, tumores de volumes maiores: 61,89 ± 89,45 cm3 contra 36,92 ± 44,83 cm3 (P=0,215). As reconstruções mandibulares foram imediatas em 63,5% dos casos. Destas, 34,6% foram microcirúrgicas. Das reconstruções microcirúrgicas, 72,2% foram imediatas. Utilizou-se ilha de pele em 44,4% dos procedimentos. Em 77,8% das reconstruções microcirúrgicas, havia ressecção de arco central mandibular. Nas recidivas tumorais, o número de reconstruções imediatas diminuiu para 33,3%, mas todos os casos foram microcirúrgicos. Houve complicações em 38,5% dos casos. A frequência foi a seguinte: fístula em 21,2%; necrose 13,5%; deiscência em 13,5%; infecção em 11,5%; sangramento em 9,6%; extrusão em 1,9%/óbito em 1,9%. Os pacientes com arco central tiveram significativamente mais complicações: 51,85% contra 24,00% (P=0,037). Aqueles submetidos a microcirurgia assim também se apresentaram: 61,11% contra 36,00% (P=0,016). A utilização de ilha de pele não aumentou as complicações (P=0,131). Nas recidivas tumorais, 25% dos casos complicaram no pós-operatório, principalmente com: fístula em 12,5%; deiscência em 12,5% e sangramento em 12,5%. As reintervenções ocorreram em 35,5% das complicações e o índice de sucesso em manter os retalhos livres foi de 77,8%. O tempo médio de internação dos pacientes foi de 13,29 ± 8,63 dias. Os pacientes submetidos a microcirurgia tiveram aumento significativo desta variável: 16,11 ± 4,94 contra 11,79 ± 9,80 (P=0,04). Os pacientes com complicações pós-operatórias também tiveram o mesmo comportamento: 17,85 ± 8,49 contra 10,44 ± 7,53 (P=0,002). Dentre os pacientes com complicações, aqueles com maior período de internação foram os com fístulas: 22,36 ± 7,72 contra 10,85 ± 7,17 (P=0,0001). Este valor aumentou ainda mais em pacientes com fístula submetidos a microcirurgia: 23,25 ± 2,63 contra 21,86 ± 9,75 (P=0,0001).


Figura 1


Figura 2



CONCLUSÃO

Os pacientes submetidos a mandibulectomias são um grupo com morbidade e mortalidade considerável. O subgrupo com ressecção de arco central e submetido a microcirurgia merece atenção especial pelo risco de complicações. A fístula é a complicação mais frequente e novos protocolos devem ser gerados com o intuito de controlar e diminuir sua incidência.

 

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