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Calvície Feminina: Classificação Proposta
Female baldness: proposal classification
Original Article -
Year2006 -
Volume21 -
Issue
4
Fernando Teixeira Basto Júnior
RESUMO
O autor apresenta uma nova sugestão para classificar a calvície feminina, de forma mais didática e abrangente, possibilitando enquadrar as variações de casos clínicos encontrados na prática diária.
Palavras-chave:
Alopecia, classificação. Cabelo, transplante. Feminino
ABSTRACT
The author shows a new suggestion to classify the female baldness. The proposal of this work is to present a simple, including and complete classification, making possible to diagnosis all types of female baldness.
Keywords:
Alopecia, classification. Hair, transplantation. Female
INTRODUÇÃO
A calvície feminina (CF) pode surgir em qualquer fase da vida, sendo mais comum após os 40 anos de idade, próximo à menopausa. Nesta fase, ocorre um afinamento, enfraquecimento e queda dos fios, levando à rarefação capilar, podendo atingir graus mais avançados com o aparecimento da pele glabra do couro cabeludo. É de origem genética (alopecia androgenética) e pode estar associada às doenças endócrinas, onde há predominância da testosterona1-3.
Na mulher, a testosterona é produzida nos ovários e nas glândulas supra-renais. A matriz do bulbo capilar contém uma enzima, a 5-alfa-redutase, que transforma o hormônio testosterona em dehidrotestosterona (DHT) e este penetra no folículo, transformando seu metabolismo, enfraquecendo-o e, conseqüentemente, acelerando a queda dos cabelos3.
A testosterona livre na mulher é em torno de 1% e qualquer alteração que eleve a concentração deste hormônio na corrente sanguínea provoca distúrbios na pele e no pêlo. O excesso de testosterona na mulher pode causar queda de cabelo, acne, seborréia, distúrbios menstruais, hirsutismo, virilismo, hipertrofia muscular e hipertrofia do clitóris.
Após a menopausa, os níveis de estrógenos diminuem, instalando-se o período androgênico. No entanto, os andrógenos só levarão à calvície feminina se elas apresentarem forte predisposição genética. Na mesma linha de raciocínio, os anovulatórios podem levar à queda dos cabelos, com afinamento dos fios e o aparecimento da calvície androgenética feminina3.
DIAGNÓSTICO
Para se fazer o diagnóstico de calvície androgenética feminina, é necessária uma boa anamnese, além de exames clínicos e laboratoriais, destacando-se, entre eles, o perfil hormonal da paciente.
Este tipo de alopecia é encontrada mais freqüentemente em mulheres com ovários policísticos e hiperplasia adrenal congênita. Clinicamente, apresenta inicialmente um afinamento progressivo dos fios na região parietal, podendo evoluir para estágios mais avançados com o aparecimento de pele glabra, assemelhando-se às alopecias padrão masculino3,4.
CLASSIFICAÇÃO (REVISÃO DA LITERATURA)
Na literatura, são encontrados quatro tipos de classificação. São elas:
a)Classificação clássica de Ludwig - É a mais utilizada e conhecida; é simples e dividida em apenas três graus5;
b)Classificação atualizada de Ludwig - É uma evolução da clássica, acrescentando alguns graus, mas ainda não abrangendo todos os tipos de CF encontrada na clínica diária5;
c)Classificação de Hamilton - Classifica em nove graus; apresenta-se muito complexa e também não abrange todos os tipos de CF encontrados na prática2;
d)Classificação de Olsen - Classificação simples e em três graus6.
CLASSIFICAÇÃO PROPOSTA
Propomos uma nova classificação, mais abrangente e didática, atendendo a todos os casos de CF encontrados em nossa prática diária. Composta de seis graus, varia de uma simples rarefação capilar até uma calvície feminina grave fronto-parieto-occipital, conforme ilustra o Quadro 17-9.
CONCLUSÃO
A proposta do presente estudo tem como objetivo apresentar uma classificação em seis graus, mais simples, abrangente e didática, facilitando o diagnóstico clínico e priorizando, dessa forma, uma denominação pré-operatória mais objetiva para todos os tipos de calvície feminina encontrados na clínica diária.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Cotterill PC, Unger WP. Hair transplantation in females. J Dermatol Surg Oncol. 1992;18(6):477-81.
2. Norwood OT. Incidence of female androgenetic alopecia (female pattern alopecia). Dermatol Surg. 2001;27(1):53-4.
3. Sabatovich O, Vilarejo Kede MP. Dermatologia estética feminina. 2004;7:181-4.
4. Uebel CO. Female pattern baldness and secondary alopecias. Hair restoration: micrografts and flaps. São Paulo:OESP Gráfica, 2001;12:156-77.
5. Ludwig E. Classification of the types of androgenetic alopecia (common baldness) occurring in the female sex. Br J Dermatol. 1977;97(3):247-54.
6. Olsen EA. Hair disorders. In: Freedberg IM, ed. Fitzpatrick's dermatology in general medicine. 5th ed. New York:McGraw-Hill;1999.p.729-51.
7. Basto F. Calvície feminina, nova classificação. 2º Congresso Brasileiro de Cirurgia de Restauração Capilar; São Paulo;2006.
8. Basto F. Female baldness, a new classification proposed. European Hair Restoration Congress; Zurich;2006.
9. Basto F. Calvície feminina. 43o Congresso Brasileiro de Cirurgia Plástica; Recife;2006.
Membro Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP); Membro Fundador da Associação Brasileira de Restauração Capilar (ABCRC); Membro da International Society Aesthetic Plastic Surgery (ISAPS); Membro da International Society of Hair Restoration Surgery (ISHRS); Membro da European Society of Hair Restoration Surgery (ESHRS).
Correspondência para:
Fernando Teixeira Basto Júnior
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E-mail: fbasto@fernandobasto.com.br
Trabalho apresentado no Segundo Congresso Brasileiro de Cirurgia da Restauração Capilar, realizado em São Paulo, em abril de 2006; no European Hair Restoration Congress, realizado em Zurich/Suíça, em junho de 2006; no 43o Congresso Brasileiro de Cirurgia Plástica, realizado em Recife, em novembro de 2006.
Artigo recebido: 29/10/2006
Artigo aprovado: 10/12/2006
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