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Original Article - Year 2008 - Volume 23 - Issue 1
Primary Approach of Cutaneous Melanoma
Abordagem Primária do Melanoma Cutâneo
ABSTRACT
The authors show their experience in the treatment of primary cutaneous melanoma. They report the initial cares of this disease, the importance of multidisciplinary setting and the main treatments and complications. The authors followed 48 patients with cutaneous melanoma in different thickness, which leads to specific conducts to each one, and the follow up of 3 years.
Keywords: Melanoma. Skin neoplasms. Neoplasm staging. Neoplasm invasiveness.
RESUMO
Os autores mostram sua experiência no tratamento primário do melanoma cutâneo. Relatam os cuidados iniciais na abordagem desta afecção, a importância de se estabelecer uma integração multidisciplinar, e os principais tratamentos e complicações. Os autores acompanharam 48 pacientes portadores de melanoma cutâneo em diferentes espessuras e que necessitaram de condutas específicas para cada classificação e estadiamento, em um seguimento de três anos.
Palavras-chave: Melanoma. Neoplasias cutâneas. Estadiamento de neoplasias. Invasividade neoplásica.
O câncer de pele é a neoplasia maligna de maior incidência em todo mundo. Estas neoplasias podem ser divididas entre as melanomas e as não-melanomas (carcinomas basocelular e espinocelular). As não-melanomas são de menor morbidade e geralmente cursam de forma satisfatória. Os melanomas, apesar de serem os de menor incidência entre as neoplasias cutâneas, são os que apresentam maior letalidade e índice de metastização1.
É considerado melanoma cutâneo primário toda e qualquer lesão que, após a confirmação diagnóstica histopatológica, não apresenta evidências clínicas e histológicas de lesões metastáticas2. Sua abordagem inicial é de fundamental importância, pois é a partir dela que se determina toda a conduta e propedêutica futura3.
É sempre uma afecção de abordagem multidisciplinar. Necessita profissionais interessados e treinados no diagnóstico e tratamento do melanoma: um dermatologista com conhecimento e prática em dermatoscopia, um cirurgião plástico e/ou oncológico para a ressecção primária, reconstrução local e para uma possível abordagem linfonodal, um dermatopatologista experiente para estudo histológico, um oncologista para controle posterior, bem como profissionais de outras especialidades para tratamentos de lesões mais específicas.
MÉTODO
Durante o período de janeiro de 2004 a fevereiro de 2007, foram tratados e avaliados 48 pacientes portadores de melanoma cutâneo primário. Destes, 26 eram do sexo feminino e 22 do sexo masculino. A idade variou entre 16 e 94 anos de idade, com média de 55,4 anos. De acordo com a classificação de Fitzpatrick, 16 pacientes foram classificados como sendo dos subtipos I e II, 20 dos subtipos III e IV, e 12 dos subtipos acima de V.
De acordo com a classificação de Breslow, os pacientes foram distribuídos em 17 casos in situ, 20 casos com até 1 mm de espessura, seis casos entre 1 e 4 mm de espessura e cinco casos com Breslow superior a 4 mm (Tabela 1). A localização das lesões também foi variável, com maior prevalência em tronco, seguido por membros e, por fim, a região cérvico-facial (Tabela 2).
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RESULTADOS
Todos os casos foram submetidos à ampliação cirúrgica de acordo com a espessura e a localização de cada uma das lesões (Figuras 1 a 3). Os casos com o Breslow acima de 1,0mm foram submetidos ao estudo do linfonodo sentinela.
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Figura 1 - A: Paciente de 73 anos, portador de melanoma "in situ" em região nasal esquerda.
B: Margem de segurança de 0,5 a 1,0 cm.
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Figura 2 - A: Paciente de 38 anos, portadora de melanoma de 6,4mm de espessura em região perianal esquerda (já ressecado).
B: Margem de segurança de 2,0cm.
C: Área de ampliação de margens.
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Figura 3 - A: Paciente de 67 anos, portador de melanoma de 1,6mm em hemiface esquerda (já ressecado).
B: Margem de segurança entre 1,0 e 2,0 cm.
Ocorreu recidiva local em apenas um dos casos de melanomas inferiores a 1 mm de espessura. Entre os casos com melanomas de espessura superior a 1 mm (11 casos), verificou-se recidiva em cinco pacientes, com três óbitos. A utilização do alfa-interferon, em quatro casos, e da vacina autóloga, em um único caso, seguiu condutas oncológicas específicas. Todos os pacientes vivos encontram-se em acompanhamento oncológico.
DISCUSSÃO
Condutas na lesão primária
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CONCLUSÃO
Conclui-se que o melanoma cutâneo primário necessita de abordagem protocolizada e multidisciplinar, visto que a partir dessa caracterização seguir-se-á condutas específicas para o tratamento ideal de cada lesão.
Trata-se da neoplasia cutânea com maior índice de evolução desfavorável, porém passível de cura, na maioria dos casos, desde que seguidos critérios diagnósticos e terapêuticos já bem determinados, sendo importante o conhecimento dos mesmos por parte do médico ou equipe responsável pelo paciente12.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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12. Mansson-Brahme E, Carstensen J, Erhardt K, Lagerlof B, Ringborg U, Rutqvist LE. Melanoma cutâneo: abordagem da lesão primária. Projeto Diretrizes. Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina.
I. Membro Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica; Coordenador do Serviço de Cirurgia Plástica do Hospital Socor - BH.
II. Professor Adjunto de Cirurgia Plástica da UFMG; Membro Especialista da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
III. Membro Especialista da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica; Membro do Serviço de Cirurgia Plástica do Hospital Socor - BH.
IV. Membro Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica; Membro do Serviço de Cirurgia Plástica do HC-UFMG.
Correspondência para:
Luiz Eduardo Toledo Avelar
Av. Contorno, 4852 sala 801 - Bairro Funcionários
Belo Horizonte - MG - CEP: 30110-032
Tel.: 0xx31 3284-2141
Trabalho realizado no Serviço de Cirurgia Plástica do Hospital Socor, Belo Horizonte, MG.
Artigo recebido: 03/01/2008
Artigo aprovado: 14/03/2008