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Articles - Year2003 - Volume18 - Issue 1

RESUMO

Os autores descrevem a associação de mastopexia e inclusão de prótese de silicone em 17 pacientes.
A principal indicação reside nas hipomastias com ptoses pequenas ou moderadas, com pele de boa textura.
Descreveram a técnica cirúrgica dando ênfase às vias de acesso. Fizeram uma revisão sobre as vantagens e desvantagens dessa associação e concluíram que, apesar da possibilidade de retoque na cicatriz da mastopexia periareolar, os resultados em geral são muito gratificantes.

Palavras-chave: Hipomastia; ptose mamária; prótese mamária; mastopexia periareolar

ABSTRACT

The authors describe the association of mastopexy and inclusion of silicone implants in 17 patients. The major indication is for hypoplastic breasts with slight or moderate ptoses, and adequate skin texture. The authors describe the surgical technique emphasizing access routes. They review the advantages and disadvantages of the association and conclude that although periareolar mastopexy scar retouching may be necessary, results are generally gratifying.

Keywords: Hypoplastic breasts; breast ptosis; breast implants; periareolar mastopexy


INTRODUÇÃO

A inclusão de prótese mamária em geral mostra bom resultado, independente da via de acesso, plano de dissecção e das características da prótese. No entanto, quando existe ptose, além da hipomastia, os resultados tornam-se menos previsíveis.

É muito comum a associação de hipomastia e ptose mamária, especialmente nas hipomastias por involução gravídica, após mastoplastia redutora e também nas mamas denominadas por Rees(1) de tuberosas. Para esses casos, a mastoplastia de aumento com prótese de silicone não traz isoladamente resultado estético favorável e pode, ao contrário, acentuar a ptose, enquanto a mastopexia isolada possibilita o posicionamento adequado do complexo aréolo-papilar, porém mantém o cone mamário relativamente pequeno.

Gonçalves-Ulloa(2), em 1960, mencionou pela primeira vez o uso de material aloplástico associado a mastopexia. Ao contrário, Goulian e Conway(3), em 1969, recomendaram a mastopexia num primeiro tempo e depois a inclusão do implante de silicone para os casos de hipomastia associada a ptose.

O objetivo deste trabalho é exclusivamente mostrar as vantagens e desvantagens da mastopexia associada à inclusão de prótese de silicone para a hipomastia associada à ptose discreta.


CASUÍSTICA

No período de novembro de 1998 a agosto de 2000, 17 pacientes foram submetidas a mastopexia e inclusão de implante mamário de silicone gel para correção de hipomastia associada a ptose mamária, o período médio de avaliação foi de 14 meses, com variação de 7 a 26 meses. A idade das pacientes variou de 18 a 51 anos, com média de 35 anos.

As causas mais freqüentes do pequeno volume mamário associado a ptose foram: involução pós-gravídica com flacidez cutânea, seqüela de mastoplastia redutora e mama tuberosa.

A conduta cirúrgica empregada foi basicamente uma mastopexia associada à inclusão de prótese de silicone, em tempo único, utilizando como via de acesso a região já desepitelizada pela mastopexia (Figs. 1 e 2).


Fig.1 - Decorticação, inclusão da prótese e sutura em bolsa periareolar.



Fig. 2 - Inclusão da prótese através de incisão vertical.



A técnica mais utilizada foi a mastopexia periareolar em 10 casos (58,8%) e mastopexia através de cicatriz vertical ou em âncora em 7 casos (41,2%). Nos casos de cicatriz em âncora, a técnica utilizada foi semelhante à descrita por Peixoto(4), porém sem a ressecção de glândula.

Na técnica periareolar marcamos um círculo ao redor da aréola, que deve ter diâmetro maior que 3 cm, e em seguida é feita a decorticação periareolar. O descolamento do tecido glandular do hemisfério inferior é seguido por inclusão da prótese em plano retromuscular ou retroglandular, conforme a maior ou menor cobertura da prótese. A pexia do tecido glandular é realizada com fio absorvível (vicryl 3.0) e o reposicionamento do complexo, por meio da ressecção do excesso de pele periareolar. Feita a drenagem a vácuo com saída na porção lateral do sulco inframamário, segue-se o fechamento através de sutura em bolsa com fio absorvível (vicryl 2.0) para melhor acomodar o excesso de pele.

A mastopexia com cicatriz vertical ou em âncora fica reservada para os casos em que a flacidez cutânea não permite acomodação periareolar razoável.


RESULTADOS

Os resultados foram considerados satisfatórios em 14 casos (Figs. 3 a 12), sendo que em dois destes o resultado ficara abaixo das expectativas, em virtude do alargamento do diâmetro do complexo aréolo-papilar, e por isso as pacientes foram submetidas a correção cirúrgica, culminando num elevado grau de satisfação, tanto da paciente quanto do cirurgião. Porém, em 3 casos de mastopexia periareolar, a ptose residual foi responsável pela insatisfação das pacientes. Os resultados estão resumidos na tabela.


Figs. 3 e 4 - 35 anos, prótese de 180 ml, retroglandular.



Fig. 5 e 6 - 30 anos, prótese de 200 ml, retroglandular.



Fig. 7 e 8 - 37 anos, prótese de 240 ml, retroglandular.



Fig. 9 - Alargamento do CAP e correção após 8 meses da inclusão da prótese.



Fig. 10 e 11 - 30 anos, prótese de 220 ml, retroglandular.



Fig. 12 e 13 - 42 anos, prótese de 180 ml, retroglandular.



No tratamento das seqüelas de mastoplastia redutora, a associação de pexia e inclusão de prótese proporcionou volume e forma adequados.

O acompanhamento pós-operatório da mastopexia periareolar mostrou melhora progressiva do pregueamento periareolar e do achatamento do cone mamário nas primeiras semanas, em média 4 . No entanto, o CAP pode ter aumento do diâmetro e por vezes exigir reintervenção.

O acesso pela técnica de mastopexia com cicatriz vertical ou em âncora, apesar de a cicatriz ser maior que a convencional para inclusão de prótese, mostrou-se como técnica mais adequada para os casos com ptose mais acentuada.

A persistência da ptose pelo excesso de flacidez cutânea ocorreu nos casos em que a inclusão da prótese foi realizada por via periareolar em pacientes que recusaram a cicatriz vertical ou em âncora da mastopexia, tornando a correção no pós-operatório tardio de difícil solução (Figs. 13 e 14).


Fig. 14 e 15 - 32 anos, prótese de 180 ml, retroglandular.



O retoque do alargamento da aréola foi realizado após 8 meses em média de pós-operatório, sendo a sutura em bolsa realizada com fio inabsorvível. Até 3 meses da reintervenção o resultado tem se mantido satisfatório (Figs. 15 e 16).


Figs. 16 e 17 - Alargamento do CAP e correção após 5 meses da inclusão da prótese.



Fig. 18 - 26 anos, a corrigir.



Figs. 19 e 20 - 44 anos, prótese de 160 ml, retroglandular.



Figs. 21 e 22 - 35 anos, prótese de 18O ml, retroglandular.



DISCUSSÃO

Assim como já observado por Chem(5), o excesso de pele das ptoses moderadas requerem incisão em T invertido. Na literatura verifica-se que a presença de ptose em mamas que serão submetidas à inclusão de prótese implica a associação de algum tipo de pexia, uma vez que a inclusão de prótese isolada tende a acentuar a ptose(6,7,8,9).

Adotamos preferencialmente a técnica de mastopexia com cicatriz vertical ou em âncora ou mastopexia periareolar à semelhança de Fuente e Martin(10). Ambas permitem a correção adequada da ptose com cicatrizes verticais ou em âncora, proporcionando uma excelente via de acesso para a dissecção da loja, especialmente quando assistida por fibra óptica. Nos casos em que o pequeno volume é devido à ressecção excessiva em mastoplastia redutora realizada anteriormente, a técnica de escolha para a mastopexia deve levar em consideração a cicatriz já existente.

A mastopexia proporciona parcialmente a forma e a projeção desejadas, permitindo assim a inclusão de prótese de volume menor (entre 160 e 220 ml). A troca de fio absorvível por inabsorvível na sutura em bolsa periareolar, como descrito por Fuente e Martin(10), tem solucionado o alargamento do CAP no pós-operatório tardio.


CONCLUSÃO

As desvantagens ficam por conta do resultado definitivo ser mais tardio na mastopexia periareolar, em virtude do achatamento do cone mamário e do pregueamento cutâneo periareolar persistirem nas primeiras semanas, além da possibilidade de ptose residual e o aumento do diâmetro do complexo aréolo-papilar, sendo as duas últimas causas de reintervenção.

A implementação simultânea da mastoplastia de aumento e mastopexia é a solução racional para o problema da mama hipoplásica e ptótica, pois proporciona resultado balanceado com menor morbidade e custo, havendo um elevado grau de satisfação e um número reduzido de complicações.


BIBLIOGRAFIA

1. Rees TD, Aston SJ. The tuberous breast. Clin Plast Surg. 1976;3:339-40.

2. Gonzales-Ulloa M. Correction of hypotrophy of the breast by means of exogenous material. Plast Reconstr Surg. 1960;25(1):15-40.

3. Goulian DJr., Conway H. Correction of the moderately ptotic breast. Plast Reconstr Surg. 1969;43(5):478-80.

4. Peixoto G. Reduction mammaplasty. A personal technique. Plast Reconstr Surg. 1980;69(2):217-22.

5. Chem RC. Plástica mamária estética de aumento com a utilização de próteses. Rev Soc Bras Cir Plast. 1991;6(1/2):28-32.

6. Regnault P. The hypoplastic and ptotic breast: a combined operation with prosthetic augmentation. Plast Reconstr Surg. 1966;37(1):31-7.

7. Owaley Jr J. Simultaneous mastopexy and augmentation for correction of the small, ptotic breast. Ann Plastic Surg. 1979;2(3):195-200.

8. Becker H, van Leeuwen JB. The correction of breast ptosis with the expander mamary prosthesis. Ann Plast Surg. 1990;24(6):489-97.

9. Chekkoury IA, Rodier C, Leller P, Wilk A. Ann Chir Plast Esthetic. 1991;36(2):116-9.

10. de la Fuente A, Martin del Yerro JL. Periareolar mastopexy with mammary implants. Aesth Plast Surg. 1992;16(4):337-41.










I. Prof. Livre Docente pela FMUSP e Membro Titular da SBCP.
II. Membro Associado da SBCP.

Endereço para correspondência:
Fábio Rosa Carramaschi
R. Viradouro, 63 Cj. 112
São Paulo - SP - 04538-110
Fone: (11) 3168-3355 - Fax: (11) 3168-6583
e-mail: fc.plastic@terra.com.br

 

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