INTRODUÇÃO
O conceito de qualidade de vida (QV), pelo percorrer da história, passou por significativas
mudanças e ainda hoje pode ser visto sob diferentes óticas. De acordo com a definição
preconizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), QV é a percepção de um indivíduo
acerca de suas necessidades satisfeitas e oportunidades alcançadas para obter felicidade
e autorrealização, com dependência de seu estado de saúde físico ou das condições
sociais e econômicas1.
Dentro do contexto profissional da classe médica, a QV ganhou notoriedade significativa
nos últimos anos devido à ampla evidência de elevados índices de suicídios, ansiedade
e burnout. Como resposta a tais dados, inúmeras mudanças nas perspectivas e condições trabalhistas
foram promovidas, como restrição de horas de serviço e mecanismos de ação em caso
de trabalhadores em exaustão física e/ou emocional2.
Especificamente, estudos indicam que a especialidade cirúrgica ainda apresenta-se
com índices de QV semelhantes ou inferiores aos resultados de médicos da área clínica.
Sanchez et al. sugerem em estudo que estas variações podem ser devido aos desafios
técnicos impostos pela falta de recursos hospitalares, horas de trabalho imprevisíveis
e altas expectativas a respeito dos resultados cirúrgicos. Tais fatores apresentam
correlação positiva com o desenvolvimento de ansiedade, depressão e síndrome de burnout, culminando com sensação de exaustão emocional, despersonalização e falta de realização
pessoal3,4.
Em parte, as relações negativas da QV apresentadas pelos cirurgiões estão enraizadas
no desenvolvimento e perpetuação de certos hábitos, já iniciados durante o período
de formação do cirurgião-aprendiz. Estudos indicam que as inconsistências no sono,
na ingestão alimentar e no tempo disponível para realização de projetos de cunho pessoal
– como atividade física e encontros sociais – são fatores comumente apresentados por
residentes, sendo relatados inclusive como motivos de desistência da especialização4,5.
Com relação aos cirurgiões plásticos, os índices de QV se assemelham aos dos cirurgiões
em geral. Tal fato associa-se à persistência dos fatores pontuados, adicionados de
perspectivas com o sofrimento íntimo do paciente e sensação de maior responsabilidade
pessoal pelos resultados cirúrgicos6.
Independentemente, os mesmos estudos apontam que a QV do cirurgião pode ser influenciada
positivamente por diversos fatores de vida pessoal e de satisfação trabalhista – estes
incluem matrimônio e criação de filhos, renda mensal acima de 30 mil reais, tempo
de trabalho superior a 10 anos e realização de mais de quatro cirurgias por semana.
Nota-se que tais variáveis se relacionam normalmente ao avanço do tempo e estabilização
da carreira profissional, o que posiciona o cirurgião em formação no grupo de risco
para desenvolvimento da síndrome de burnout, distúrbios mentais e menores escores de QV3,6,7.
Ao nos contextualizarmos no panorama atual da disseminação global do vírus SARS-CoV-2,
declarado como pandemia pela OMS em março de 2020, as taxas de ansiedade e índices
de QV sofreram significativas interferências ambientais. Além da possibilidade de
adoecimento, algumas das ações impostas para controle de contágio e combate ao novo
agente terminaram por interferir no cotidiano e na atuação de cirurgiões plásticos.
Estas incluem, mas não se limitam a, postergar cirurgias eletivas não essenciais e
restringir atendimentos em consultório, essenciais para o trabalho do cirurgião8,9.
Simultaneamente, encontra-se que profissionais da saúde são diretamente afetados pelos
efeitos psicossociais da pandemia de COVID-19. Neste aspecto, as dificuldades cotidianas
das especialidades médicas são intensificadas por carências no ambiente hospitalar,
por crise financeira e isolamento social. Tais fatores foram previamente descritos
como predisponentes para o aumento da incidência de abuso de álcool e substâncias
psicoativas como forma de alívio momentâneo do estresse e sobrecarga de serviço10,11.
Neste contexto, o estudo proposto justifica-se pela escassez literária de dados da
qualidade de vida de cirurgiões plásticos brasileiros, aliada ao momento histórico
em que vivemos. Pretendemos avaliar as nuances em qualidade de vida durante a consolidação
da carreira profissional e frente ao cenário atual.
OBJETIVO
Avaliar qualidade de vida do cirurgião plástico por meio da aplicação do questionário
WHOQOL-bref. Estabelecer o perfil de qualidade de vida dos participantes da pesquisa.
Relacionar os achados da pesquisa com os fatores considerados: fatores socioeconômicos
e demográficos.
MÉTODO
Trata-se de um estudo transversal, de seleção completa, não comparado, não experimental,
contemporâneo. Realizado cálculo amostral considerando a população total de cirurgiões
plásticos (n=7079) com necessidade de 365 respondedores para intervalo de confiança
de 95%.
O estudo foi realizado em ambiente virtual por via de Google Forms®, enviados ao endereço
eletrônico dos participantes com autorização e através de mailing da SBCP, preservando a confidencialidade dos dados.
Na análise estatística serão usados testes paramétricos e não paramétricos de acordo
com as orientações do manual, com resultados considerados como significantes quando
p<0,05.
RESULTADOS
Após avaliação estatística dos formulários preenchidos via Google Forms®, com questionário
contendo uma seção sociodemográfica e outra com as questões do WHOQOL-bref, obtivemos
168 respostas, sumarizadas abaixo.
Aspectos sociodemográficos
Participaram deste projeto 168 cirurgiões plásticos, dos quais 127 (75,59%) homens
e 41 (24,4%) mulheres; 45% dos participantes são maiores de 50 anos, 31,5% entre 40
e 49 anos e 23% entre 30 e 39 anos; com predomínio pela etnia branca (87,9%), seguido
por pardo (8,5%), amarelo (2,4%), não declarado (0,6%) e preto (0,6%).
Quanto ao estado civil, tivemos predomínio de casados (68,5%), seguido por união estável
(12,1%), divorciados (10,3%), solteiros (7,9%) e viúvos (1,2%).
Com relação ao número de filhos, houve maior proporção de pelo menos 2 filhos (43,6%).
Sem filhos compuseram 26,7% da amostra, 1 filho 21,2%, 3 filhos 7,3% e mais de 3 filhos
2,2%.
A distribuição geográfica se deu principalmente na Região Sudeste, com 56,4%, Sul
com 19,4%, Nordeste com 13,9%, Centro-Oeste 6,1% e Norte 4,2%.
Os profissionais em questão são 51,2% Membros Titulares da Sociedade Brasileira de
Cirurgia Plástica e 48,2%, Membros Associados da Sociedade Brasileira de Cirurgia
Plástica.
Sobre o nível de escolaridade, obtivemos que 67,9% são especialistas, 14,5% mestre,
6,1% doutor, 3,6% doutorando, 3,6% livre-docente, 3% mestrando, 0,6% pós-doutor e
0,6% pós-doutorando.
Desses profissionais, 46,7% atuam na cirurgia plástica há mais de 20 anos, 24,2% atuam
entre 11 e 20 anos, 15,8% atuam há menos de 5 anos e 13,3% atuam entre 6 e 10 anos.
Ao avaliar a jornada de trabalho semanal, obteve-se 24,9% entre 41 e 50 horas semanais,
23% entre 31 e 40 horas semanais, 31,8% entre 51 e 60 horas semanais, 18,2% mais de
60 horas semanais e 12,1% menos de 30 horas semanais.
No quesito renda mensal média: 34,5% ganham acima de 50 mil reais, 21,2% entre 31
e 40 mil reais, 18,8% entre 20 e 30 mil, 17% menos de 20 mil, 8,5% entre 41 e 50 mil.
Quando questionados sobre áreas de atuação, 72,1% atuam com cirurgia plástica estética,
24,9% com cirurgia plástica reparadora e 3% com cirurgia geral.
O vínculo empregatício dos respondedores inclui: 38,2% autônomos, 21,2%, autônomos
e vinculados ao sistema público de saúde, 18,2% são autônomos e estão vinculados a
convênios de saúde, 10,3% trabalham apenas em universidades públicas, 7,3% são autônomos,
vinculados a serviço público e convênios de saúde e 4,8% atuam apenas em universidades
privadas.
Sobre o número de cirurgias semanais realizadas por esses profissionais, 38,3% realizam
entre 3 e 5 procedimentos, 38,8% realizam menos de 3 procedimentos, 16,4% realizam
entre 5 e 10 procedimentos e 6,1% realizam mais de 10 procedimentos.
Quando questionados se utilizam de assessoria de marketing médico, 65,5% responderam
não e 34,5% responderam sim. Questionados quanto à importância da assessoria, 29,7%
responderam média, 20% responderam muito, 18,8% responderam muito pouca, 17% responderam
pouca e 14,5% responderam indispensável.
Foi perguntado aos profissionais se os mesmos atuaram ou atuam no atendimento de COVID-19
e 79,4% responderam que não e 20,6% que sim. 57,6% responderam que não contraíram
COVID-19 e 42,4% responderam que sim.
Ao serem questionados quando a esgotamento físico durante a pandemia da SARS-CoV-2,
37% responderam médio, 25,4% pouco, 20% muito pouco, 15,2% muito e 2,4% completamente.
Quanto ao esgotamento mental durante a pandemia da SARS-CoV-2, 29,7% responderam muito,
29,1% médio, 21,8% pouco, 14,5% muito pouco e 4,8% completamente.
Sobre alterações de relações interpessoais durante a pandemia do SARS-CoV-2, 42,4%
responderam muito, 26,1% meio, 17,6% pouco, 9,1% completamente e 4,8% muito pouco.
Quanto a alterações negativas na relação com o trabalho durante a pandemia do SARS-CoV-2,
46,1% responderam muito, 32,1% responderam médio, 15,2% pouco, 3,6% muito pouco e
3% completamente.
Quanto à alteração negativa na produção cirúrgica durante a pandemia do SARS-CoV-2:
48,5% responderam muito, 23% médio, 12,7% completamente, 11,5% pouco e 4,2% muito
pouco, sendo que 78,5% tiveram redução no número de procedimentos cirúrgicos, ambulatoriais
e consultas e 21,5% tiveram aumento no número de procedimentos cirúrgicos, ambulatoriais
e consultas.
Ao serem questionados quanto à necessidade de buscar novas fontes de renda durante
a pandemia do SARS-CoV-2, 27,3% responderam muito, 25,4% médio, 23% pouco, 15,8% muito
pouco e 8,5% extremamente.
Ao serem indagados quanto ao início ou aumento no consumo de substâncias psicoativas
durante a pandemia do SARS-CoV-2, 76,4% responderam não e 23,6% que sim. Destas, as
substâncias mais relatadas foram álcool (32%), ansiolíticos (48,14%) e antidepressivos
(7,1%).
Avaliação de qualidade de vida – WHOQOL-bref
Ao escalonar as respostas do questionário WHOQOL-bref para base percentual, 23 das
26 variáveis obtiveram escores favoráveis acima de 50%, sendo os maiores a qualidade
do sono (90%), do transporte (83,33%) e do ambiente do lar (81,52%).
Exceções se deram nas facetas de dor e desconforto (26,82%), dependência de medicação
ou tratamentos (26,67%) e sentimentos negativos (32,73%). Sendo variáveis de caráter
negativo na avaliação da qualidade de vida, devem ser avaliadas de forma invertida,
tornando-se, portanto, respostas favoráveis à qualidade geral de vida. As demais respostas
encontram-se ilustradas na Figura 1.
Figura 1 - Sumário de resultados por faceta traduzido para base percentual.
Figura 1 - Sumário de resultados por faceta traduzido para base percentual.
Tabelas com valores obtidos por cada questão, incluindo desvio padrão, coeficiente
de variação e valores mínimo, máximo e de amplitude estão disponíveis nos anexos.
A Tabela 1 sumariza os valores obtidos por cada questão e a Tabela 2 sumariza os dados por domínio dentro das facetas do WHOQOL.
Tabela 1 - Sumário estatístico WHOQOL-bref por questão.
Questão |
Média |
Desvio padrão |
Coeficiente de variação |
Valor mínimo |
Valor máximo |
Amplitude |
Q1 |
3,84 |
0,91 |
23,79 |
1 |
5 |
4 |
Q2 |
3,49 |
0,99 |
28,40 |
1 |
5 |
4 |
Q3 |
2,07 |
0,90 |
43,47 |
1 |
4 |
3 |
Q4 |
2,07 |
0,98 |
47,23 |
1 |
5 |
4 |
Q5 |
3,27 |
0,87 |
26,43 |
1 |
5 |
4 |
Q6 |
4,10 |
0,81 |
19,71 |
1 |
5 |
4 |
Q7 |
3,90 |
0,71 |
18,28 |
2 |
5 |
3 |
Q8 |
3,60 |
0,90 |
24,88 |
1 |
5 |
4 |
Q9 |
3,72 |
0,85 |
22,71 |
1 |
5 |
4 |
Q10 |
3,62 |
0,81 |
22,26 |
1 |
5 |
4 |
Q11 |
3,88 |
0,88 |
22,64 |
1 |
5 |
4 |
Q12 |
3,78 |
1,00 |
26,54 |
1 |
5 |
4 |
Q13 |
3,98 |
0,80 |
20,09 |
1 |
5 |
4 |
Q14 |
3,16 |
0,91 |
28,85 |
1 |
5 |
4 |
Q15 |
4,60 |
0,74 |
16,07 |
1 |
5 |
4 |
Q16 |
3,34 |
1,09 |
32,65 |
1 |
5 |
4 |
Q17 |
3,82 |
0,87 |
22,73 |
2 |
5 |
3 |
Q18 |
3,90 |
0,84 |
21,59 |
1 |
5 |
4 |
Q19 |
3,77 |
0,84 |
22,24 |
1 |
5 |
4 |
Q20 |
3,56 |
0,98 |
27,48 |
1 |
5 |
4 |
Q21 |
3,45 |
1,08 |
31,44 |
1 |
5 |
4 |
Q22 |
3,47 |
0,95 |
27,32 |
1 |
5 |
4 |
Q23 |
4,26 |
0,82 |
19,20 |
2 |
5 |
3 |
Q24 |
4,19 |
0,84 |
20,01 |
1 |
5 |
4 |
Q25 |
4,33 |
0,73 |
16,78 |
1 |
5 |
4 |
Q26 |
2,31 |
0,85 |
36,93 |
1 |
5 |
4 |
Tabela 1 - Sumário estatístico WHOQOL-bref por questão.
Tabela 2 - Sumário estatístico WHOQOL-bref por domínio.
Domínio |
Média |
Desvio padrão |
Coeficiente de variação |
Valor mínimo |
Valor máximo |
Amplitude |
Físico |
15,52 |
1,53 |
9,86 |
9,14 |
17,71 |
8,57 |
Psicológico |
15,08 |
2,14 |
14,17 |
7,33 |
18,00 |
10,67 |
Relações Sociais |
13,96 |
3,94 |
28,21 |
4,00 |
20,00 |
16,00 |
Meio Ambiente |
15,51 |
3,21 |
20,67 |
4,50 |
20,00 |
15,50 |
Autoavaliação da qualidade de vida |
14,65 |
3,67 |
25,05 |
4,00 |
20,00 |
16,00 |
Total |
15,17 |
2,55 |
16,83 |
6,31 |
18,62 |
12,31 |
Tabela 2 - Sumário estatístico WHOQOL-bref por domínio.
Análise comparativa
A análise comparativa se deu pelo teste do Qui-quadrado para Independência, associando
covariáveis do teste sociodemográfico e do WHOQOL-bref. Abaixo, seguem sumarizadas
as associações de significância estatística. As tabelas com todas as associações encontram-se
nas Tabelas 3
4
5
6
7
8
9.
Tabela 3 - Relação da covariável “Sexo” de respondentes do WHOQOL-bref para formulário exploratório
e características sociodemográficas.
|
Feminino N=40 |
Masculino N=125 |
p-valor |
N |
% |
N |
% |
Importância dada ao marketing |
Muito pouco |
8 |
(20,0) |
23 |
(18,4) |
0,034 |
Pouco |
6 |
(15,0) |
22 |
(17,6) |
Médio |
16 |
(40,0) |
33 |
(26,4) |
Muito |
10 |
(25,0) |
23 |
(18,4) |
Completamente |
0 |
(0,0) |
24 |
(19,2) |
Atuação direta no atendimento de pacientes com COVID-19 |
Não |
27 |
(67,5) |
104 |
(83,2) |
0,056 |
Sim |
13 |
(32,5) |
21 |
(16,8) |
Esgotamento mental durante pandemia SARS-CoV-2 |
Muito pouco |
1 |
(2,5) |
23 |
(18,4) |
0,004 |
Pouco |
5 |
(12,5) |
31 |
(24,8) |
Médio |
14 |
(35,0) |
34 |
(27,2) |
Muito |
15 |
(37,5) |
34 |
(27,2) |
Completamente |
5 |
(12,5) |
3 |
(2,4) |
Renda média |
<20mil |
13 |
(32,5) |
15 |
(12,0) |
0,011 |
20-30 mil |
8 |
(20,0) |
23 |
(18,4) |
31-40 mil |
10 |
(25,0) |
25 |
(20,0) |
41-50 mil |
2 |
(5,0) |
12 |
(9,6) |
>50 mil |
7 |
(17,5) |
50 |
(40,0) |
Tabela 3 - Relação da covariável “Sexo” de respondentes do WHOQOL-bref para formulário exploratório
e características sociodemográficas.
Tabela 4 - Relação da covariável “Região de Residência” de respondentes do WHOQOL-bref para formulário
exploratório e características sociodemográficas.
|
Centro-Oeste N=10 |
Nordeste N=23 |
Norte N=7 |
Sudeste N=93 |
Sul N=32 |
p-valor |
N |
% |
N |
% |
N |
% |
N |
% |
N |
% |
Faz uso de assessoria de marketing? |
Não |
5 |
(50,0) |
12 |
(52,2) |
4 |
(57,1) |
71 |
(76,3) |
16 |
(50,0) |
0,023 |
Sim |
5 |
(50,0) |
11 |
(48,8) |
3 |
(43,9) |
22 |
(34,7) |
16 |
(50,0) |
Etnia |
Amarelo |
0 |
(0,0) |
0 |
(0,0) |
0 |
(0,0) |
3 |
(3,2) |
1 |
(3,1) |
0,038 |
Branco |
10 |
(100) |
17 |
(73,9) |
4 |
(57,1) |
83 |
(89,2) |
31 |
(96,9) |
Pardo |
0 |
(0,0) |
6 |
(26,1) |
3 |
(42,9) |
5 |
(5,4) |
0 |
(0,0) |
Preto |
0 |
(0,0) |
0 |
(0,0) |
0 |
(0,0) |
2 |
(2,2) |
0 |
(0,0) |
Filhos |
0 |
4 |
(40,0) |
3 |
(13,0) |
2 |
(28,6) |
28 |
(30,1) |
7 |
(21,9) |
0,036 |
1 |
3 |
(30,0) |
3 |
(13,0) |
1 |
(14,3) |
16 |
(17,2) |
12 |
(37,5) |
2 |
2 |
(20,0) |
13 |
(56,5) |
2 |
(28,6) |
43 |
(46,2) |
12 |
(37,5) |
3 ou mais |
1 |
(10,0) |
4 |
(17,5) |
2 |
(28,6) |
5 |
(6,5) |
1 |
(3,1) |
Tabela 4 - Relação da covariável “Região de Residência” de respondentes do WHOQOL-bref para formulário
exploratório e características sociodemográficas.
Tabela 5 - Relação da covariável “Filhos” de respondentes do WHOQOL-bref para formulário exploratório
e características sociodemográficas.
|
Sem filhos N=44 |
1 filho N=35 |
2 filhos N=72 |
3 ou mais N=14 |
p-valor |
N |
% |
N |
% |
N |
% |
N |
% |
Esgotamento mental durante pandemia SARS-CoV-2 |
Muito pouco |
6 |
(13,6) |
2 |
(5,7) |
14 |
(19,4) |
2 |
(14,3) |
0,026 |
Pouco |
7 |
(15,9) |
11 |
(31,4) |
17 |
(23,6) |
1 |
(7,1) |
Médio |
16 |
(36,4) |
10 |
(28,6) |
14 |
(19,4) |
8 |
(57,2) |
Muito |
15 |
(34,1) |
7 |
(20,0) |
25 |
(34,7) |
2 |
(14,3) |
Completamente |
0 |
(0,0) |
5 |
(14,3) |
2 |
(2,8) |
1 |
(7,1) |
Estado Civil |
Casado |
17 |
(38,6) |
26 |
(74,3) |
58 |
(80,6) |
12 |
(85,7) |
<0,001 |
Divorciado |
4 |
(9,1) |
3 |
(8,6) |
8 |
(11,1) |
2 |
(14,3) |
Solteiro |
12 |
(27,3) |
1 |
(2,9) |
0 |
(0,0) |
0 |
(0,0) |
União estável |
11 |
(25,0) |
4 |
(11,4) |
5 |
(6,9) |
0 |
(0,0) |
Viúvo |
0 |
(0,0) |
1 |
(2,9) |
1 |
(1,4) |
0 |
(0,0) |
Região de residência |
Centro-Oeste |
4 |
(9,1) |
3 |
(8,6) |
2 |
(2,8) |
1 |
(7,1) |
0,036 |
Nordeste |
3 |
(6,8) |
3 |
(8,6) |
13 |
(18,1) |
4 |
(28,6) |
Norte |
2 |
(4,5) |
1 |
(2,9) |
2 |
(2,8) |
2 |
(14,3) |
Sudeste |
28 |
(63,6) |
16 |
(45,7) |
43 |
(59,7) |
6 |
(42,9) |
Sul |
7 |
(15,9) |
12 |
(34,3) |
12 |
(16,7) |
1 |
(7,1) |
Tempo de formado |
<5 anos |
19 |
(43,2) |
3 |
(8,6) |
2 |
(2,8) |
2 |
(14,3) |
<0,001 |
11-20 anos |
6 |
(13,6) |
7 |
(20,0) |
24 |
(33,3) |
3 |
(21,4) |
6-10 anos |
7 |
(15,9) |
7 |
(20,0) |
7 |
(9,7) |
1 |
(7,1) |
>20 anos |
12 |
(43,2) |
18 |
(51,4) |
39 |
(54,2) |
8 |
(57,2) |
Renda média |
<20 mil |
15 |
(34,1) |
5 |
(14,3) |
8 |
(11,1) |
0 |
(0,0) |
0,006 |
20-30 mil |
7 |
(15,9) |
10 |
(28,6) |
10 |
(13,9) |
4 |
(28,6) |
31-40 mil |
7 |
(15,9) |
7 |
(20,0) |
20 |
(27,8) |
1 |
(7,1) |
41-50 mil |
2 |
(4,5) |
4 |
(11,4) |
5 |
(6,9) |
3 |
(21,4) |
>50 mil |
13 |
(29,5) |
9 |
(25,7) |
29 |
(40,3) |
6 |
(42,9) |
Tabela 5 - Relação da covariável “Filhos” de respondentes do WHOQOL-bref para formulário exploratório
e características sociodemográficas.
Tabela 6 - Relação da covariável “Tempo de atuação” de respondentes do WHOQOL-bref para formulário
exploratório e características sociodemográficas.
|
<5 anos N=26 |
6-10 anos N=22 |
11-20 anos N=40 |
>20 anos N=77 |
p-valor |
N |
% |
N |
% |
N |
% |
N |
% |
Faz uso de assessoria de marketing? |
Não |
11 |
(42,3) |
13 |
(59,1) |
21 |
(52,5) |
63 |
(81,8) |
<0,001 |
Sim |
15 |
(57,7) |
9 |
(40,9) |
19 |
(47,5) |
14 |
(18,2) |
Importância dada ao Marketing |
Muito pouco |
2 |
(7,7) |
3 |
(13,6) |
7 |
(17,5) |
19 |
(24,7) |
0,004 |
Pouco |
1 |
(3,8) |
1 |
(4,5) |
5 |
(12,5) |
21 |
(27,3) |
Médio |
9 |
(34,6) |
6 |
(27,3) |
10 |
(25,0) |
24 |
(31,2) |
Muito |
7 |
(26,9) |
6 |
(27,3) |
11 |
(27,5) |
9 |
(11,7) |
Completamente |
7 |
(26,9) |
6 |
(27,3) |
7 |
(17,5) |
4 |
(5,2) |
Diminuição de volume cirúrgico durante pandemia SARS-CoV-2 |
Muito pouco |
3 |
(11,5) |
1 |
(4,5) |
2 |
(5,0) |
1 |
(11,5) |
0,028 |
Pouco |
7 |
(26,9) |
3 |
(13,6) |
4 |
(10,0) |
5 |
(26,9) |
Médio |
8 |
(30,8) |
3 |
(13,6) |
9 |
(22,5) |
18 |
(30,8) |
Muito |
5 |
(19,2) |
10 |
(45,5) |
19 |
(47,5) |
46 |
(19,2) |
Completamente |
3 |
(11,5) |
5 |
(22,7) |
6 |
(15,0) |
7 |
(11,5) |
Filhos |
0 |
19 |
(73,0) |
7 |
(31,8) |
6 |
(15,0) |
12 |
(15,6) |
<0,001 |
1 |
3 |
(11,6) |
7 |
(31,8) |
7 |
(17,5) |
18 |
(23,4) |
2 |
2 |
(7,7) |
7 |
(31,8) |
24 |
(60,0) |
39 |
(50,6) |
3 ou mais |
2 |
(7,7) |
1 |
(4,6) |
3 |
(7,5) |
8 |
(10,4) |
Renda média |
<20 mil |
8 |
(30,8) |
12 |
(15,6) |
4 |
(10,0) |
7 |
(31,8) |
0,076 |
20-30 mil |
4 |
(15,4) |
17 |
(22,0) |
6 |
(15,0) |
4 |
(18,1) |
31-40 mil |
1 |
(3,8) |
16 |
(20,8) |
12 |
(30,0) |
6 |
(27,3) |
41-50 mil |
0 |
(0,0) |
6 |
(7,8) |
7 |
(17,5) |
1 |
(4,5) |
>50 mil |
13 |
(50,0) |
26 |
(33,8) |
11 |
(27,5) |
4 |
(18,1) |
Tabela 6 - Relação da covariável “Tempo de atuação” de respondentes do WHOQOL-bref para formulário
exploratório e características sociodemográficas.
Tabela 7 - Relação da covariável “Infecção por COVID-19 (Q4)” de respondentes do WHOQOL-bref
para formulário exploratório.
|
Não N=95 |
Sim N=70 |
p-valor |
N |
% |
N |
% |
Alteração da relação com o trabalho durante a pandemia SARS-CoV-2 |
Muito pouco |
1 |
(1,1) |
5 |
(7,1) |
0,018 |
Pouco |
15 |
(15,8) |
10 |
(14,3) |
Médio |
34 |
(35,8) |
19 |
(27,1) |
Muito |
45 |
(47,4) |
31 |
(44,3) |
Completamente |
0 |
(0,0) |
5 |
(7,1) |
Diminuição de volume cirúrgico durante pandemia SARS-CoV-2 |
Muito pouco |
2 |
(2,1) |
5 |
(7,1) |
0,006 |
Pouco |
15 |
(15,8) |
4 |
(5,7) |
Médio |
21 |
(22,1) |
17 |
(24,3) |
Muito |
51 |
(53,7) |
29 |
(41,4) |
Completamente |
6 |
(6,3) |
15 |
(21,4) |
Tabela 7 - Relação da covariável “Infecção por COVID-19 (Q4)” de respondentes do WHOQOL-bref
para formulário exploratório.
Tabela 8 - Relação da covariável “Jornada de trabalho” de respondentes do WHOQOL-bref para formulário
exploratório.
|
<30 horas N=20 |
31-40 horas N=38 |
41-50 horas N=41 |
51-60 horas N=36 |
>60 horas N=30 |
p-valor |
N |
% |
N |
% |
N |
% |
N |
% |
N |
% |
Importância dada ao marketing |
Muito pouco |
5 |
(25,0) |
10 |
(26,3) |
6 |
(14,6) |
6 |
(16,7) |
4 |
(13,3) |
0,047 |
Pouco |
3 |
(15,0) |
3 |
(7,9) |
9 |
(22,0) |
8 |
(22,2) |
5 |
(16,7) |
Médio |
6 |
(30,0) |
15 |
(39,5) |
11 |
(26,8) |
8 |
(22,2) |
9 |
(30,0) |
Muito |
2 |
(10,0) |
8 |
(21,1) |
9 |
(22,0) |
12 |
(33,3) |
2 |
(6,7) |
Completamente |
4 |
(20,0) |
2 |
(5,3) |
6 |
(14,6) |
2 |
(5,6) |
10 |
(33,3) |
Tabela 8 - Relação da covariável “Jornada de trabalho” de respondentes do WHOQOL-bref para formulário
exploratório.
Tabela 9 - Relação da covariável “Renda média” de respondentes do WHOQOL-bref para formulário
exploratório e características sociodemográficas.
|
< 20 mil N=28 |
20-30 mil N=31 |
31-40 mil N=35 |
41-50 mil N=14 |
> 50 mil N=57 |
p-valor |
N |
% |
N |
% |
N |
% |
N |
% |
N |
% |
Faz uso de Assessoria de marketing? |
Não |
25 |
(89,3) |
23 |
(74,2) |
24 |
(68,6) |
8 |
(57,1) |
28 |
(49,1) |
0,004 |
Sim |
3 |
(10,7) |
8 |
(25,8) |
11 |
(31,4) |
6 |
(42,9) |
29 |
(50,9) |
Atuação direta no atendimento de pacientes com COVID-19 |
Não |
17 |
(60,7) |
24 |
(77,4) |
30 |
(85,7) |
9 |
(64,3) |
51 |
(89,5) |
0,015 |
Sim |
11 |
(39,3) |
7 |
(22,6) |
5 |
(14,3) |
5 |
(35,7) |
6 |
(10,5) |
Notou alterações de resposta durante a pandemia SARS-CoV-2? |
Muito pouco |
3 |
(10,7) |
8 |
(25,8) |
3 |
(8,6) |
5 |
(35,7) |
14 |
(24,6) |
0,015 |
Pouco |
2 |
(7,1) |
2 |
(6,5) |
3 |
(8,6) |
4 |
(28,6) |
11 |
(19,3) |
Médio |
13 |
(46,4) |
14 |
(45,2) |
8 |
(22,9) |
3 |
(21,4) |
18 |
(31,6) |
Muito |
9 |
(32,1) |
5 |
(16,1) |
18 |
(51,4) |
1 |
(7,1) |
12 |
(21,1) |
Completamente |
1 |
(3,6) |
2 |
(6,5) |
3 |
(8,6) |
1 |
(7,1) |
2 |
(3,5) |
Esgotamento mental durante pandemia SARS-CoV-2 |
Muito pouco |
2 |
(7,1) |
2 |
(6,5) |
1 |
(2,9) |
3 |
(21,4) |
16 |
(28,1) |
0,047 |
Pouco |
4 |
(14,3) |
9 |
(29,0) |
9 |
(25,7) |
5 |
(35,7) |
9 |
(15,8) |
Médio |
9 |
(32,1) |
12 |
(38,7) |
10 |
(28,6) |
3 |
(21,4) |
14 |
(24,6) |
Muito |
10 |
(35,7) |
6 |
(19,4) |
14 |
(40,0) |
2 |
(14,3) |
17 |
(29,8) |
Completamente |
3 |
(10,7) |
2 |
(6,5) |
1 |
(2,9) |
1 |
(7,1) |
1 |
(1,8) |
Alteração de relações interpessoais durante a pandemia SARS-CoV-2 |
Muito pouco |
1 |
(3,6) |
0 |
(0,0) |
3 |
(8,6) |
1 |
(7,1) |
3 |
(5,3) |
0,016 |
Pouco |
1 |
(3,6) |
9 |
(29,0) |
2 |
(5,7) |
5 |
(35,7) |
12 |
(21,1) |
Médio |
11 |
(39,3) |
2 |
(6,5) |
8 |
(22,9) |
2 |
(14,3) |
20 |
(35,1) |
Muito |
11 |
(39,3) |
15 |
(48,4) |
20 |
(57,1) |
5 |
(35,7) |
19 |
(33,3) |
Completamente |
4 |
(14,3) |
5 |
16,1) |
2 |
(5,7) |
1 |
(7,1) |
3 |
(5,3) |
Alteração da relação com o trabalho durante a pandemia SARS-CoV-2 |
Muito pouco |
0 |
(0,0) |
0 |
(0,0) |
0 |
(0,0) |
1 |
(7,1) |
5 |
(8,8) |
0,056 |
Pouco |
2 |
(7,1) |
5 |
(16,1) |
3 |
(8,6) |
3 |
(21,4) |
12 |
(21,1) |
Médio |
5 |
(17,9) |
15 |
(48,4) |
13 |
(37,1) |
4 |
(28,6) |
16 |
(28,1) |
Muito |
19 |
(67,9) |
10 |
(32,3) |
17 |
(48,6) |
6 |
(42,9) |
24 |
(42,1) |
Completamente |
2 |
(7,1) |
1 |
(3,2) |
2 |
(5,7) |
0 |
(0,0) |
0 |
(0,0) |
Diminuição de volume cirúrgico durante pandemia SARS-CoV-2 |
Muito pouco |
0 |
(0,0) |
0 |
(0,0) |
1 |
(2,9) |
1 |
(7,1) |
5 |
(8,8) |
0,007 |
Pouco |
2 |
(7,1) |
4 |
(12,9) |
2 |
(5,7) |
0 |
(0,0) |
11 |
(19,3) |
Médio |
3 |
(10,7) |
6 |
(19,4) |
8 |
(22,9) |
4 |
(28,6) |
17 |
(29,8) |
Muito |
13 |
(46,4) |
17 |
(54,8) |
20 |
(57,1) |
8 |
(57,1) |
22 |
(38,6) |
Completamente |
10 |
(35,7) |
4 |
(12,9) |
4 |
(11,4) |
1 |
(7,1) |
2 |
(3,5) |
Gostaria de responder como/quais atividades foram alteradas? |
Não |
4 |
(14,8) |
4 |
(14,3) |
6 |
(17,1) |
7 |
(50,0) |
14 |
(24,6) |
0,062 |
Sim |
23 |
(85,2) |
24 |
(85,7) |
29 |
(82,9) |
7 |
(50,0) |
43 |
(75,4) |
Precisou de novas formas de renda durante a pandemia SARS-CoV-2? |
Muito pouco |
1 |
(3,6) |
5 |
(16,1) |
8 |
(22,9) |
4 |
(28,6) |
27 |
(47,4) |
<0,001 |
Pouco |
3 |
(10,7) |
11 |
(35,5) |
11 |
(31,4) |
3 |
(21,4) |
10 |
(17,5) |
Médio |
7 |
(25,0) |
7 |
(22,6) |
10 |
(28,6) |
5 |
(35,7) |
13 |
(22,8) |
Muito |
8 |
(28,6) |
4 |
(12,9) |
6 |
(17,1) |
2 |
(14,3) |
6 |
(10,5) |
Completamente |
9 |
(32,1) |
4 |
(12,9) |
0 |
(0,0) |
0 |
(0,0) |
1 |
(1,8) |
Aumento de consumo de substâncias psicoativas durante a pandemia SARS-CoV-2? |
Não |
20 |
(71,4) |
19 |
(61,3) |
29 |
(82,9) |
14 |
(100,0) |
44 |
(77,2) |
0,051 |
Sim |
8 |
(28,6) |
12 |
(38,7) |
6 |
(17,1) |
0 |
(0,0) |
13 |
(22,8) |
Filhos |
Sem filhos |
15 |
(53,6) |
7 |
(22,6) |
7 |
(20,0) |
3 |
(21,4) |
13 |
(22,8) |
0,006 |
1 |
5 |
(17,9) |
10 |
(32,3) |
7 |
(20,0) |
4 |
(28,6) |
9 |
(15,8) |
2 |
8 |
(28,6) |
10 |
(32,3) |
20 |
(57,1) |
5 |
(35,7) |
29 |
(50,9) |
3 |
0 |
(0,0) |
2 |
(6,5) |
1 |
(2,9) |
0 |
(0,0) |
6 |
(10,5) |
>3 |
0 |
(0,0) |
2 |
(6,5) |
0 |
(0,0) |
0 |
(0,0) |
0 |
(0,0) |
Sexo |
Feminino |
13 |
(46,4) |
8 |
(25,8) |
10 |
(28,6) |
2 |
(14,3) |
13 |
(22,8) |
0,011 |
Masculino |
15 |
(53,6) |
23 |
(74,2) |
25 |
(71,4) |
12 |
(85,7) |
7 |
(12,3) |
Tempo de formado |
>20 anos |
12 |
(42,9) |
17 |
(54,8) |
16 |
(45,7) |
6 |
(42,9) |
26 |
(45,6) |
0,076 |
11-20 anos |
4 |
(14,3) |
6 |
(19,4) |
12 |
(34,3) |
7 |
(50,0) |
11 |
(19,3) |
6-10 anos |
4 |
(14,3) |
4 |
(12,9) |
6 |
(17,1) |
1 |
(7,1) |
7 |
(12,3) |
<5 anos |
8 |
(28,6) |
4 |
(12,9) |
1 |
(2,9) |
0 |
(0,0) |
13 |
(22,8) |
Jornada de trabalho |
<30h |
6 |
(21,4) |
5 |
(16,1) |
2 |
(5,7) |
1 |
(7,1) |
6 |
(10,5) |
0,075 |
31-40h |
10 |
(35,7) |
9 |
(29,0) |
9 |
(25,7) |
3 |
(21,4) |
7 |
(12,3) |
41-50h |
8 |
(28,6) |
4 |
(12,9) |
13 |
(37,1) |
4 |
(28,6) |
12 |
(21,1) |
51-60h |
1 |
(3,6) |
7 |
(22,6) |
8 |
(22,9) |
3 |
(21,4) |
17 |
(29,8) |
>60h |
3 |
(10,7) |
6 |
(19,4) |
3 |
(8,6) |
3 |
(2161,4) |
15 |
(26,3) |
Tabela 9 - Relação da covariável “Renda média” de respondentes do WHOQOL-bref para formulário
exploratório e características sociodemográficas.
Covariável sexo
Ao filtrar as respostas pelo sexo do respondedor, temos que homens dão maior importância
ao marketing médico, com 18,4% e 19,2% considerando muita e completa importâncias
vs. 25% no grupo feminino (p=0,034). Com relação à atuação no atendimento de pacientes com SARS-CoV-2,32,5% das
mulheres relataram atendimento vs. 16,8% dos homens (p=0,056).
Ao mesmo tempo, mulheres relataram maior esgotamento mental geral durante a pandemia
SARS-CoV-2, com 37,5% e 12,5% referindo esgotamento de muita e completa intensidade
vs. 27,2% e 2,4% no grupo masculino, respectivamente. Homens relataram também 18,4%
esgotamento de muito baixa intensidade vs. 2,5% das mulheres (p=0,004).
Por fim, ao associar sexo e renda, obtivemos que as respondedoras do sexo feminino
apresentaram menor renda mensal relatada: 32,5% referem renda Inferior a 20 mil reais/mês
e 17,5% renda acima de 50 mil reais/mês. Comparativamente, 12% dos homens referem
renda inferior a 20 mil reais/mês e 40% renda acima de 50 mil reais/mês (p=0,011).
Covariável região de residência
Ao avaliar região de residência, foi observado que entre 34,7% e 50% utilizam assessoria
de marketing médico. Destes, os de maior proporcionalidade são do Centro-Oeste e Sul,
com 50% dos respondedores de cada região. Com relação ao valor absoluto, a maioria
se encontra no Sudeste, onde 22 (34,7%) dos respondedores relatam uso de assessoria
(p=0,023).
Com relação ao número de filhos, entre 13 e 40% não possuem filhos, sendo o maior
percentual referente ao Centro-Oeste. Entre 13 e 37,5% possuem 1 filho, sendo o maior
representante a Região Sul. Entre 20 e 56,5% possuem 2 filhos, com maior representatividade
pelo Nordeste. Entre 3,1 e 28,6% possuem 3 ou mais filhos, sendo o Norte o maior representante
(p=0,036).
Com relação à etnia relatada, 100% dos respondedores do Centro-Oeste são brancos,
vs. 96,9% do Sul, 89,2% do Sudeste, 73,9% do Nordeste e 57,1% do Norte. Ao mesmo tempo,
42,9% dos respondedores do Norte se referem pardos, além de 26,1% do Nordeste e 5,4%
do Sudeste. Obtivemos 2 respondedores do Sudeste autorrelatados como negros (p=0,038).
Covariável filhos
Ao comparar a presença de filhos com esgotamento mental durante a pandemia SARS-CoV-2,
observamos Esgotamento de muita importância de 34,1% e 34,7% para ausência de filhos
e com 2 filhos, respectivamente. Aqueles sem filhos apresentam 36,4% e 34,1% esgotamento
de média ou muita intensidade. Aqueles com 1 filho apresentam 31,4 e 28,6% pouco ou
médio esgotamento. Aqueles com 2 filhos apresentam 34,7% e 23,6% muito ou pouco esgotamento.
Aqueles com 3 ou mais filhos apresentam 57,2% esgotamento de média intensidade (p=0,026).
O estado civil é proporcional ao número de filhos. Observam-se 38,6% dos sem filhos
sendo casados, vs. 74,3%, 80,6% e 85,7% com 1 filho, 2 filhos e 3 ou mais filhos, respectivamente.
Cerca de 25% dos sem filhos referem união estável, em comparação com 0% daqueles com
3 ou mais filhos (p<0,001).
A associação entre tempo de formação e número de filhos revela que 43,2% dos que não
possuem filhos estão formados há menos de 5 anos, contra 8,6% daqueles com 1 filho
e 2,8% daqueles com 2 filhos. Aqueles formados há mais de 20 anos compõem a maioria
dos grupos, com 43,2% dos sem filhos e 57,2% dos com 3 ou mais filhos (p=0,001).
Por fim, significância foi obtida ao comparar a covariável com renda média mensal.
Até 34,1% daqueles sem filhos recebem menos de 20 mil reais/mês e 29,5% recebem mais
de 50 mil reais/mês. Ao mesmo tempo, 40,3% daqueles com 2 filhos recebem mais de 50
mil reais/mês e 11,1% menos de 20 mil reais/mês. Nenhum daqueles com 3 ou mais filhos
relatam renda inferior a 20 mil reais/mês e 42,9% referem renda acima de 50 mil reais/mês
(p=0,006).
Covariável tempo de atuação
Correlações foram encontradas entre tempo de atuação, uso e importância de assessoria
de marketing, número de filhos, renda média e diminuição de volume cirúrgico durante
a pandemia SARS-CoV-2. Similar ao tópico anterior, variável filhos é diretamente proporcional
ao tempo de atuação, com até 60% daqueles entre 11 e 20 anos de atuação possuindo
2 filhos (p<0,001).
Ao avaliar uso de assessoria, 57,7% dos com menos de 5 anos; 40,9% daqueles com menos
de 10 anos e 47,5% daqueles com menos de 20 anos utilizam assessoria de marketing,
vs. 81,8% daqueles com mais de 20 anos, que não utilizam (p=0,001). Ao mesmo tempo, 88,4% daqueles com menos de 5 anos de formação referem importância
igual ou maior a média ao marketing, vs. 83,2% daqueles com mais de 20 anos de formação, que referem importância menor ou
igual à média ao marketing (p=0,004).
Diminuição de volume cirúrgico teve impacto similar entre as faixas. Até 47,5% daqueles
com 6 a 10 anos de formação e 45,5% daqueles com 11 e 20 anos de formação relataram
impacto muito importante. Impactos de média ou menor intensidade foi avaliado em 69,2%
daqueles com mais de 20 anos de formação e daqueles com menos de 5 anos (p=0,028).
Na nossa casuística, até 50% daqueles com menos de 5 anos de atuação recebem mais
de 50 mil reais/mês e 30,8% menos de 20 mil reais/mês. Em comparação, 33,8 % daqueles
com 6 a 11 anos recebem 50 mil reais/mês e 20,8% entre 31 e 40 mil reais/mês, e 30%
daqueles com 11 a 20 anos recebem entre 31 e 40 mil reais/mês. Há tendência de crescimento
de renda até 20 anos de atuação, com tendência a declínio após (p=0,076).
Covariável infecção por COVID-19
A infecção pelo vírus COVID-19 foi relacionada a alterações na relação com trabalho
e na diminuição do volume cirúrgico durante a pandemia. Observamos que 47,4% e 35,8%
dos que não contraíram a doença encontraram alteração da relação com o trabalho de
muito e médio impacto vs. 44,3% e 27,1% dos que contraíram. Porém, alteração completa foi relatada apenas
nos que referiram infecção, totalizando 7,1% destes (p=0,018).
De maneira similar, observamos maior intensidade na associação com diminuição de volume
cirúrgico. Entre 41,4% e 21,4% daqueles que contraíram COVID-19 apresentaram redução
de muita e completa intensidade, vs. 53,7% e 6,3% dos que não contraíram (p=0,006).
Covariável jornada de trabalho
O tempo de trabalho foi diretamente associado apenas à importância dada ao marketing.
Cerca de 33,3% daqueles com mais de 60 horas semanais referem importância de maior
intensidade, contra 20% daqueles com menos de 30 horas semanais. Ao mesmo tempo, 25%
daqueles com menos de 30 horas referem muito pouca intensidade vs. 13,3% daqueles com mais de 60 horas (p=0,047).
Covariável renda
A renda mensal foi a variável com maior número de relações significativas em nosso
estudo. Relaciona-se com sexo, filhos, jornada de trabalho, assessoria de marketing
e com a pandemia SARS-CoV-2.
O número de filhos se correlaciona significativamente com a renda. Nos respondentes
com renda inferior a 20 mil reais mensais, 53,6% referem não possuir filhos e 28,6%
referem ter 2 filhos. Naqueles com renda acima de 50 mil reais mensais, 22,8% referem
não possuir filhos, 50,9% referem ter 2 filhos e 10,5% referem ter 3 filhos (p=0,006).
Cerca de 53,6% daqueles que referem renda menor que 20 mil reais mensais referem-se
do sexo masculino e 46,4% referem-se do feminino. Daqueles de renda acima de 50 mil
reais mensais, 12,3% referem-se do sexo feminino e 82,7% masculino (p=0,011).
A jornada de trabalho semanal se correlaciona com renda de maneira significativa,
porém com valor p=0,075 nesta amostra. Aqueles com menor renda referem jornadas de menos de 30 horas
em 21,4% dos casos, de 31 a 40 horas em 35,7% e mais de 60 horas em 10,7%. Aqueles
com maior renda referem jornadas de menos de 30 horas em 10,5% dos casos, de 51 a
60 horas em 29,8% e mais de 60 horas em 26,3%.
Daqueles com renda inferior a 20 mil reais ao mês, 89,3% não fazem uso de assessoria
de marketing, em contrapartida, daqueles com renda acima de 50 mil reais ao mês 50,9%
referem uso de assessoria de marketing (p=0,004). No primeiro grupo, 32,1% referem necessidade de procurar novas formas de
renda durante a pandemia SARS-CoV-2 com a maior intensidade, enquanto no segundo,
47,4% referem a menor intensidade de necessidade de renda adicional durante a pandemia
(p<0,001).
Com relação à pandemia SARS-CoV-2, 39,3% daqueles com renda inferior a 20 mil reais/mês
tiveram atuação direta no atendimento de pacientes com COVID-19, enquanto 10,5% daqueles
com renda mensal acima de 50 mil reais participaram (p=0,015). Dentre os grupos de renda, aqueles com menos de 20 mil reais mensais relataram
alterações de respostas no questionário WHOQOL-bref de intensidade maior ou igual
à média em 82,1% dos casos, contra 56,2% daqueles com renda acima de 50 mil reais
mensais (p=0,015).
Esgotamento mental de maior intensidade foi relatado em 10,7% daqueles com a menor
renda, enquanto 1,8% daqueles com a maior renda referem a mesma intensidade. Entretanto,
ao se considerar a intensidade igual ou maior a média, os percentuais variam de 78,5%
a 55,6%. Aqueles com renda mensal acima de 40 mil reais mensais relataram a menor
intensidade em 21,4% (p=0,047).
As alterações de relações interpessoais seguem de maneira análoga ao esgotamento mental,
sendo que 14,3% daqueles de menor renda relatam alterações de maior intensidade, contra
5,3% dos de maior renda. Ainda assim, ao se observar alterações de impacto maior ou
igual à média, obtemos 92,9% dos respondentes no primeiro grupo contra 73,7% no último
(p=0,016).
As relações com trabalho também foram afetadas: 67,9% daqueles de renda inferior a
20 mil reais/mês referem alterações de muito impacto, contra 42,1% daqueles com renda
acima de 50 mil reais/mês. Alterações de impacto máximo foram relatadas no grupo de
renda inferior a 20 mil reais/mês (7,1%), de 20 a 30 mil reais/mês (3,2%) e de 30
a 40 mil reais/mês (5,7%). Alterações de mínimo impacto foram relatadas naqueles com
renda acima de 50 mil reais/mês em 8,8% dos respondentes (p=0,056).
A relação com o trabalho é proporcional ao volume cirúrgico. Aqueles com menor renda
referem redução de maior intensidade em 35,7% dos respondentes, contra 3,5% daqueles
de maior renda. Também foram 8,8% dos de renda acima de 50 mil reais/mês que referiram
diminuição de cirurgias de mínimo impacto. Ao se avaliar alterações de impacto maior
ou igual a médio, obtivemos 92,8% daqueles com menor renda e 71,9% nos de maior renda
(p=0,007).
Aumento no consumo de substâncias foi observado de maneira similar entre os grupos.
Cerca de 28,6% dos com menor renda referem aumento; 38,7% dos que recebem entre 20
e 30 mil reais/mês e 22,8% dos que recebem mais de 50 mil reais/mês (p=0,051).
DISCUSSÃO
O presente estudo visa comparar características sociodemográficas e perfil de resposta
do questionário WHOQOL-bref para caracterizar a população de cirurgiões plásticos
brasileiros e identificar maneiras de melhorar a qualidade de vida. A escolha do modelo
de pesquisa tem em mente a validação científica do questionário para aquisição de
dados objetivos em relação à qualidade de vida e à possibilidade de realizarmos estudos
futuros e comparar dados em longitudinalidade.
Até o momento da publicação, o atual estudo recebeu informações de 168 cirurgiões
plásticos, cuja maioria se declara: homens (75,59%), com mais de 50 anos (45%), de
etnia branca (87,9%), casados (68,5%), com pelo menos 2 filhos (43,6%) e que vivem
na Região Sudeste (56,4%). Inicialmente, a análise estatística estabelece como necessários
365 sujeitos para obtenção de dados suficientes para um intervalo de confiança de
95%. Sendo assim, não devemos esquecer que as análises aqui propostas refletirão,
até o momento, em dados específicos à população estudada.
Ao avaliarmos o tempo de formação, renda mensal e o número de filhos, vemos que há
certa proporcionalidade entre os dados, ou seja, o cirurgião tende a ganhar mais com
o tempo de trabalho e então a ter mais filhos. Tal associação pode se relacionar tanto
à carga horária maior do cirurgião jovem e estresse do trabalho quanto ao planejamento
familiar, sem, no presente estudo, a possibilidade de afirmar relação de causa e efeito,
algo que deve ser futuramente estudado.
Ao considerar o impacto da jornada de trabalho dos especialistas durante a pandemia
da COVID-19, este estudo avaliou 3 principais aspectos: a carga horária semanal, o
número semanal de cirurgias e a percepção individual do cirurgião plástico sobre o
quanto a atual situação sanitária impactou a própria atividade operatória.
A interpretação descritiva dos dados aponta que o perfil majoritário (mais de 50%)
dos participantes do levantamento é de especialistas que trabalham de 31h a 60h semanais
(69,7%), que executam até 5 cirurgias por semana (77,6%) e que atribuíram uma importância
de grau 4 ou mais (61,2%), segundo a escala de Likert, ao impacto negativo da pandemia
na produção cirúrgica individual.
Estudos pregressos que relacionem descritivamente tais variáveis são escassos na literatura.
Sarac et al.12 apontam que os cirurgiões plásticos que participaram da pesquisa reportaram redução
drástica na realização de procedimentos, sendo as subespecialidades estética (ambulatorial
e cirúrgica) e redesignação de gênero as mais afetadas. Ainda, Joji et al.13, em levantamento transversal, apontaram que a totalidade da amostra, composta por
cirurgiões plásticos especializados em cosmética, referiu impacto financeiro significativo,
pela redução da atividade profissional.
Ademais, do ponto de vista inferencial, o impacto na jornada de trabalho dos cirurgiões
plásticos relacionou-se estatística e significativamente apenas com a covariável de
uso de assessoria de marketing. Verificamos que quanto maior a jornada de trabalho
semanal, maior a importância dada a assessorias de marketing médico (p=0,047). Nosso estudo também identificou que homens dão mais importância ao marketing
(p=0,034), o que corrobora dados de Sorice at al.14, que mostram que a plataforma de assessoria mais utilizada pelos cirurgiões plásticos
tem predomínio masculino.
Ainda em relação ao marketing médico, o presente estudo encontrou a presença de maior
emprego de serviços de assessoria entre a população jovem de médicos, com tempo de
atuação inferior a 20 anos. Estes resultados são semelhantes ao estudo de Araújo et
al.15, no qual, apesar de demonstrar que a maior parcela da população de médicos paranaenses
não realiza nenhuma forma de divulgação, mostra que, quando o fazem, é por meio de
sites e revistas, os participantes com tempo de atuação inferior a 5 anos eram os
mais associados com gastos para assessorias de divulgação e de marketing médico.
Por outro lado, o trabalho de Schmidt et al.16, com médicos de diferentes especialidades dentro das cinco grandes áreas (ginecologia
e obstetrícia, cirurgia geral, pediatria, clínica médica e medicina da família e da
comunidade) encontrou apenas que uma minoria de 14,9% dos participantes já consultaram
a Comissão de Divulgação de Assuntos Médicos (CODAME), porém, com falha ao mencionar
outras formas de consultoria de marketing médico. Em concordância, 62,9% dos médicos
do estudo de Schmidt et al.16 referiram já ter enfrentado dificuldades por falta de conhecimento sobre publicidade
médica, sendo que 94,5% da amostra total referiu necessidade de atualização a respeito
do assunto.
Ainda nesse estudo, percebe-se que 60% dos participantes referiram nunca terem tido
contato com publicidade médica durante a graduação, apresentando semelhança com os
resultados do estudo de Alves et al.17 sobre os conhecimentos de marketing médico entre estudantes de Medicina. Nele, 83,2%
dos acadêmicos participantes referiram que não tiveram acesso a esta temática em nenhum
momento da faculdade.
Ao considerar nossos resultados, com maior importância dada ao marketing médico relatada
por cirurgiões jovens (menos de 20 anos de atuação), podemos supor relação tanto com
a imersão das gerações jovens com as tecnologias de comunicação quanto com a carência
da abordagem de assuntos relacionados a publicidade médica e atuação individual nas
temáticas das universidades (de acordo com estudos de Schmidt et al.16 e Alves et al.17). Tais fatos, aliados ao desejo de inserção no mercado de trabalho, possivelmente
levariam à maior necessidade de auxílio externo através de assessoria de marketing.
Quanto aos resultados relacionados ao esgotamento mental, obtivemos maior intensidade
de esgotamento em cirurgiãs plásticas. Tal resultado é compatível com o estudo de
Vallée et al.18, “Prospective and observational study of COVID-19’s impact on mental health and training
of young surgeons in France”, que coletou dados demográficos e relacionados à saúde
mental de 1001 participantes (residentes e fellows em especialidades cirúrgicas) em 18 regiões da França entre 10 de abril e 7 de maio
de 2020. Este estudo identificou que mulheres tinham maior risco de desenvolver ansiedade,
depressão e insônia. Tais dados também corroboram estudos como o de Civantos et al.19, o qual contou com participação de 163 médicos (25,7% mulheres), que observou que
as cirurgiãs demonstraram maior screening para burnout quando comparadas com os cirurgiões do estudo.
Em relação à renda mensal, temos que: 34,5% dos participantes ganham mais de 50 mil
reais, 21,2% entre 31 e 40 mil reais, 18,8% entre 20 e 30 mil reais e 17% menos de
20 mil reais. É possível comparar com a distribuição de renda dos médicos brasileiros
em âmbito geral, dividida da seguinte maneira: 54,5% recebem menos de 20 mil reais
mensais (18,5% recebem 10 mil reais ou menos) e 11,4% recebem a partir de 32 mil reais
mensais20.
Nosso estudo identificou que entre os cirurgiões plásticos de todo o Brasil existe
relação de caráter proporcional entre tempo de formação e salário (p=0,076), o que é semelhante ao estudo realizado por Arruda et al.21, em que foram avaliados cirurgiões plásticos do estado de Goiás (p<0,001).
Também foi identificada relação entre salário e sexo, na qual o sexo masculino apresenta
renda maior que o feminino (p=0,011). Tal relação pode ser explicada pela demografia dos cirurgiões plásticos,
com uma menor proporção geral de mulheres, que também possuem um menor tempo médio
de atuação.
CONCLUSÃO
O presente estudo objetivou identificar fatores sociodemográficos associados à qualidade
de vida do cirurgião plástico brasileiro. Contudo, ainda não obtivemos número de respondedores
suficiente para tradução à realidade do país como um todo. Porém, a metodologia permite
o andamento da pesquisa e reavaliação temporal com relativa facilidade, com desenvolvimento
de análises longitudinais no futuro.
Desta forma, trazemos à mostra dados descritivos que permitem inferir fatores relacionados
à saúde do profissional em âmbito físico e biopsicossocial da população de respondedores.
Estes obtiveram escores positivos acima de 50% em todos os domínios do questionário
WHOQOL-bref, valor que pode ser usado e comprado a outras pesquisas que utilizem da
mesma metodologia, padronizada pela Organização Mundial de Saúde.
Observamos que a variável renda mensal obteve maior número de relações significativas,
relacionando-se com sexo masculino, maior número de filhos, maior carga de horas de
jornada de trabalho e uso de assessoria de marketing.
Com essas informações, podemos fazer um panorama da especialidade, o que permite a
autoavaliação e o autocuidado. Ao comparar as próprias respostas às dos pares, o questionário
do WHOQOL-bref poderia ser utilizado para avaliar o indivíduo e estimular a tomada
de medidas preventivas à saúde mental do mesmo.
De maneira análoga, instituições formadoras de cirurgiões plásticos poderão utilizar
da pesquisa para acompanhar o desenvolvimento de seus profissionais durante e após
a especialização. Identificando momentos que medidas de suporte e acolhimento poderão
ser tomadas para promoção à saúde dos profissionais, além de estimular programas para
o longo prazo.
Futuros trabalhos poderão aproveitar desta base de dados para avaliar a qualidade
de vida de forma longitudinal. Ao comparar qualidade de vida com momento histórico
e medidas tomadas pela SBCP, seria possível responder questões de causa e efeito,
a fim de melhorar a qualidade de vida geral do cirurgião plástico. Acreditamos também
que a análise atual seja importante para iniciar estes estudos e chamar a atenção
à qualidade de vida do profissional formado e daquele em formação.
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1. Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo, São Paulo,
SP, Brasil
2. Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Associação Brasileira de Ligas de Cirurgia
Plástica, São Paulo, SP, Brasil
Autor correspondente: Guilherme Frederico Ferro Alves Av. Dr. Enéas Carvalho de Aguiar, 255, Departamento de Cirurgia Plástica, Cerqueira
César, São Paulo, SP, Brasil. CEP: 05403-000 E-mail: guilhermeffalves@hotmail.com
Artigo submetido: 10/02/2022.
Artigo aceito: 13/09/2022.
Conflitos de interesse: não há.