INTRODUÇÃO
A cicatrização, sendo um processo dinâmico e multifatorial dividido em três fases
– inflamatória, proliferativa e remodeladora –, é um dos mais importantes mecanismos
de defesa do corpo humano, ao evitar a perda sanguínea e garantir a reparação tecidual.
Porém, como é um processo dinâmico, diversos fatores conhecidos e desconhecidos podem
afetá-lo positivamente, resultando em uma recuperação do tecido lesado mais adequada.
Assim, quando o local é a pele, almeja-se um retorno ao estado mais próximo possível
do anterior, o qual, a depender do mecanismo e tipo de trauma, não é alcançado1. A despeito de todos os esforços do mecanismo celular de recuperação, muitos casos
não atingem o aspecto estético ou funcional desejado2.
A partir da classificação das cicatrizes foi possível a elaboração de protocolos para
seu tratamento, os quais diferenciam-se em terapêuticas leves ou mais invasivas, a
depender da gravidade do caso. Desse modo, por serem consideradas mais graves, as
cicatrizes classificadas como queloides demandam estratégias terapêuticas diferenciadas3, 4.
Os queloides, primeiramente descritos e denominados por Alibert, em 18065, foram apresentados como um crescimento de forma semelhante à projeção de galhos,
ou às pinças de um caranguejo, que a partir do grego khele derivou-se a palavra em inglês keloid, sendo traduzida para o português como queloide.
Considerado um tumor benigno, ele é caracterizado pela ampliação dos limites da lesão
inicial com curso de atividade prolongado, além de possuir fisiopatologia ímpar e
múltiplos fatores genéticos e celulares específicos, sendo muitas de suas variáveis
ainda não totalmente compreendidas6. Ao nível histológico, há inflamação crônica da derme reticular, com aumento do número
de fibroblastos e colágeno, especificamente do tipo I, eosinofílicos e hialinizados.
Até o momento, sabe-se que há um maior desenvolvimento e crescimento de queloides
durante a puberdade, além de haver um aumento durante a gestação e uma diminuição
após a menopausa7. Entre os fatores promotores do seu surgimento, pode-se destacar os genéticos, o
local da lesão inicial e a etnia8.
Embora ainda não totalmente elucidada, há diversas constatações que sugerem a influência
genética como fator de predisposição à formação de queloides. Como exemplo, algumas
famílias possuem múltiplos membros afetados, além de ser mais frequente a prevalência
em gêmeos. Ao avaliar tais famílias, percebe-se possíveis padrões de heterogeneidade
autossômica dominante, mas também foram descritos casos sugerindo herança recessiva
ou ligada ao cromossomo X6.
Já a etnia, além de se associar ao componente genético, possui especial destaque quando
avaliada junto aos fototipos de pacientes segundo a escala de Fitzpatrick9. Por ser mais frequente em negros, hispânicos e orientais, pode-se traçar uma possível
relação com a atividade dos melanócitos durante o processo de cicatrização.
Ademais, o local do queloide pode afetar diretamente a sua taxa de recorrência. Com
base na literatura atual, revisões sistemáticas e metanálises têm demonstrado altas
taxas de recorrência na região do tronco, sendo até três vezes maiores que na região
da cabeça e pescoço, incluindo orelhas, ou mesmo quando comparadas aos membros. Acredita-se,
portanto, que a variação de forças de tensão da pele nas diferentes regiões do corpo,
possivelmente, gere essas diferenças estatisticamente significativas10.
Apesar da sua não letalidade, o queloide causa prejuízo na qualidade de vida mental
e emocional, segundo demonstrado em estudos recentes, o que é recuperado após o tratamento11.
Para o seu tratamento, é importante ressaltar que a excisão exclusiva, sem associação
com um método adjuvante, possui altas taxas de recorrência, próximas a 50%, havendo
aumento a cada nova tentativa, especialmente nos quatro primeiros anos12.
Vários estudos vêm tentando demonstrar a grande importância da associação de terapias,
porém ainda sem um resultado definitivo para este problema. Novas tecnologias estão
sendo associadas aos tratamentos clássicos, mas também sem apresentarem máxima eficácia13, 14.
Entre os tratamentos clássicos, pode-se destacar a infiltração intralesional de medicamentos,
como corticosteroides e 5-fluoracil, além das várias modalidades de radioterapia (RT)
adjuvante: RT convencional, RT com feixe de elétrons, RT em dose única e RX convencional15, 16.
A radioterapia interfere na formação de queloides ao inibir a liberação de histamina
pelos mastócitos, diminuindo a proliferação de fibroblastos e inibindo o TGF-Beta1,
o que suprime a produção de colágeno17. Já a radioterapia externa após a excisão cirúrgica de queloides, proposta nos anos
196018, mostrava que isoladamente poderia amenizar os sintomas, porém falhava em resolver
a lesão quando não era associada a uma excisão cirúrgica. Além disso, demonstrou-se
que o atraso na realização da radioterapia após excisão resultava em mais altas taxas
de recorrência.
Entretanto, devido ao seu potencial carcinogênico, a radioterapia com adjuvante no
tratamento de queloides desperta grande preocupação. Em 2009, uma revisão da literatura
encontrou 5 casos descritos que relataram essa ocorrência. Contudo, não era possível
definir se haviam sido utilizadas doses adequadas nos casos relatados, assim como
se houve proteção eficaz ao redor dos tecidos adjacentes19. Sendo assim, a conclusão é de que o risco de carcinogênese não impede a realização
do procedimento, desde que sejam tomadas medidas de cuidados aos tecidos circundantes,
o que inclui proteção à tireoide e às glândulas mamárias, especialmente em crianças
e adolescentes19.
Posteriormente, a possibilidade de tratamento com as formas de radioterapia interna
ou intersticial, conhecida como braquiterapia, foi introduzida20. Nesta modalidade, há uma grande capacidade de focalizar a radiação sobre a área
alvo, requerendo uma dose menor e sendo mais eficiente, com menos radionecrose local
e efeitos adversos sobre os tecidos saudáveis próximos ao queloide. Entretanto, ainda
assim há maior custo hospitalar devido à prolongada internação e ao uso de materiais
específicos e pouco disponíveis19.
Trabalho realizado no Brasil destacou a importância da RT com feixe de elétrons; sendo,
por isso, mantida esta possibilidade de tratamento na atual rotina de abordagem dessas
lesões em nossa instituição21, 22.
A cicatriz queloideana ainda permanece sendo um desafio médico, tanto pela difícil
definição dos fatores fisiológicos que influenciam sua formação quanto pela necessidade
de associação de terapias que, em alguns casos, não resultam em cura nem evitam o
surgimento de novas lesões e recidivas.
OBJETIVO
Sendo assim, o objetivo deste trabalho é apresentar uma análise retrospectiva dos
pacientes submetidos a radioterapia pós-operatória no Hospital das Clínicas da Faculdade
de Medicina de Botucatu em um período de quatro anos para traçar o perfil epidemiológico
deles.
MÉTODO
Protocolo de tratamento com radioterapia pós-operatória
Os pacientes são encaminhados ao setor de Radioterapia para avaliação clínica e agendamento
da primeira sessão de radioterapia com fotoelétrons utilizando o aparelho acelerador
linear Clinac 2100-C (Varian-USA), com energia de 4 milhões de elétron-volts (Mev).
São programados esquemas de 32Gray divididos em 16 sessões, 5 dias por semana. Ao
término das 16 sessões, os pacientes são reavaliados para necessidade de doses de
reforço (“boost”) de 8Gray em 4 sessões.
A radioterapia foi indicada para todos os pacientes encaminhados que haviam sido submetidos
a alguma terapia prévia sem sucesso para tratamento de queloides ou com recidivas,
e que iriam ser submetidos a cirurgia de ressecção de queloides.
A primeira sessão é sempre agendada nas primeiras 24 a 48 horas após a cirurgia de
ressecção dos queloides, tanto em adultos quanto crianças.
Análise de prontuários
Análise retrospectiva de prontuários para avaliação do perfil dos pacientes que foram
submetidos a radioterapia pós-operatória para tratamento de queloides no Hospital
das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HC-FMB) no período de janeiro de
2015 a janeiro de 2019, cujos dados do prontuário permitiram a inclusão no estudo.
Foram incluídos todos os pacientes, tanto do sexo feminino quanto masculino, adultos
e crianças, que foram submetidos ao protocolo de tratamento do serviço de Radioterapia
do HC-FMB UNESP.
Foram excluídos os pacientes cujos prontuários não possuíssem os dados confirmatórios
de tratamento de cicatriz queloideana com cirurgia, realizado no mesmo hospital ou
em serviço externo, e radioterapia.
Por se caracterizar como um estudo transversal, foi possível aplicar parcialmente
a iniciativa STROBE (Strengthening the Reporting of Observational Studies in Epidemiology)23 para guiar a revisão.
Variáveis pesquisadas – Dados epidemiológicos
Durante a análise de prontuários, buscou-se determinar as variáveis a seguir: idade,
sexo, grau de escolaridade, cidade de origem, raça, causa da cicatriz, tratamentos
prévios, local do queloide, tempo de tratamento, dose e número de aplicações da radioterapia.
Coleta de dados
A metodologia de coleta dos dados utilizou formulário desenvolvido especialmente para
esse estudo (Anexo I), preenchido pelo pesquisador no Departamento de Cirurgia Plástica
durante a avaliação do prontuário médico dos pacientes inclusos no estudo. A coleta
dos dados foi realizada após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa.
Análise dos dados dos prontuários
Esses dados foram tabulados com o uso do software Microsoft Excel® para realização de análise estatística descritiva.
Para as variáveis qualitativas, foi realizado o teste não-paramétrico do Qui-quadrado
de Pearson; enquanto, para as variáveis quantitativas, foram utilizadas a análise
de variância para comparar as diferentes médias e os desvios-padrão relativos ao ano
de atendimento e teste t de Student para comparar as médias e desvios-padrão de acordo
com o sexo do paciente.
Também foi utilizado o estimador de Kaplan-Meier para estudo do tempo de tratamento
e sua conclusão segundo várias variáveis (sexo, especialidade que fez o encaminhamento
para radioterapia, cidade de origem, escolaridade, tratamentos prévios, raça, etiologia
do queloide e localização).
O software utilizado para análise estatística foi SAS versão 9.2. O intervalo de confiança foi
de 95%, considerando o valor de p estatisticamente significativo quando menor que 0,05.
Avaliação do CEP
O trabalho está de acordo com as recomendações do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP)
do HC-FMB UNESP, sendo aprovado sob o parecer número 4.399.507.
RESULTADOS
Após análise de prontuários, identificamos 27 pessoas tratadas no ano de 2015, 43
em 2016, 21 em 2017 e 40 em 2018, totalizando 131 pacientes. Alguns deles tiveram
mais de uma lesão irradiada, com um total final de 269 cicatrizes queloideanas tratadas.
A duração do tratamento variou de 1 a 92 dias após a primeira irradiação, com média
de 51 dias. O número de sessões ficou entre 1 e 25, com média de 17. A Tabela 1 demonstra a média e o desvio-padrão para as variáveis idade, dose, número de aplicações
e tempo de tratamento em dias de acordo com os anos avaliados, sendo que em 2018 e
2017 houve um maior número de sessões do que nos anos anteriores.
Tabela 1 - Média e desvio-padrão referentes às variáveis idade, dose, número de aplicações e
tempo de tratamento de acordo com os anos.
|
Ano |
p |
2015 |
2016 |
2017 |
2018 |
Idade (em anos) |
31,5 |
29,2 |
33,5 |
31,9 |
0,17 |
12,9 |
10,7 |
11,8 |
10,9 |
Doses |
3164,0 |
3394,7 |
3668,2 |
3994,8 |
<0,001 |
991,1 |
834,6 |
835,4 |
574,0 |
Número de aplicações |
15,7 |
17,0 |
18,5 |
19,9 |
<0,001 |
5,0 |
4,2 |
4,3 |
2,9 |
Tempo (em dias) |
36,1 |
37,4 |
46,1 |
56,2 |
<0,001 |
19,6 |
17,7 |
16,2 |
17,7 |
Tabela 1 - Média e desvio-padrão referentes às variáveis idade, dose, número de aplicações e
tempo de tratamento de acordo com os anos.
A raça dos pacientes foi de maioria branca (78,8%), seguida por pretos (10%), pardos
(3,7%) e amarelos (1,1%). Não houve distinção de raça descrita no prontuário em 6,3%
dos casos, além de não ser possível classificar os pacientes segundo a escala de Fitzpatrick
(Tabela 2).
Tabela 2 - Distribuição de frequências dos pacientes segundo raça e ano.
Ano |
Raça |
Total |
Amarela |
Branca |
Parda |
Preta |
SI |
2015 |
- |
37 |
6 |
2 |
5 |
50 |
0,0 |
74% |
12% |
4% |
10% |
100(%) |
2016 |
- |
70 |
- |
6 |
- |
76 |
0,0 |
92,1% |
0,0 |
7,9% |
0,0 |
100(%) |
2017 |
- |
39 |
3 |
15 |
9 |
66 |
0,0 |
59,1% |
4,6% |
22,7% |
13,6% |
100(%) |
2018 |
3 |
66 |
1 |
4 |
3 |
77 |
3,9% |
85,7% |
1,3% |
5,2% |
3,9% |
100(%) |
Total |
3 |
212 |
10 |
27 |
17 |
269 |
1,1% |
78,8% |
3,7% |
10% |
6,3% |
100(%) |
Tabela 2 - Distribuição de frequências dos pacientes segundo raça e ano.
Segundo o estimador de Kaplan-Meier, não houve diferença entre as raças no quesito
de completar ou não o tratamento com radioterapia (Figura 1).
Figura 1 - Estimador de Kaplan-Meier para o tempo total de tratamento segundo raça e se completou
ou não o tratamento (p=0,66).
Figura 1 - Estimador de Kaplan-Meier para o tempo total de tratamento segundo raça e se completou
ou não o tratamento (p=0,66).
Como causas da formação dos queloides, foram descritas incisão cirúrgica em 49% das
lesões, seguidas por brincos em 11%. Não houve informação adequada sobre a etiologia
da lesão em 30% dos casos. Outras causas de incidência menor que 2% foram em ordem
decrescente: traumas (ferimentos corto-contusos), acne, tumores, surgimento espontâneo,
mordedura e foliculite (Tabela 3). Segundo estimador de Kaplan-Meier (Figura 2), aqueles pacientes com cicatrizes queloidianas secundárias a acne ou de causa indeterminada
tenderam a completar mais o tratamento do que as causadas por brinco e incisão cirúrgica
(p<0,0001).
Tabela 3 - Distribuição de frequências dos pacientes segundo causa e ano.
Causa |
Ano |
Total |
2015 |
2016 |
2017 |
2018 |
Acne |
- |
1 |
2 |
2 |
5 |
0,0 |
1,3% |
3% |
2,6% |
1,9% |
Brinco |
18 |
14 |
- |
- |
32 |
36% |
18,4% |
0,0 |
0,0 |
11,9% |
Espontâneo |
- |
- |
- |
1 |
1 |
0,0 |
0,0 |
0,0 |
1,3% |
0,4% |
FCC |
2 |
4 |
- |
1 |
7 |
4,0% |
5,3% |
0,0 |
1,3% |
2,6% |
Foliculite |
0 |
1 |
1 |
- |
2 |
0,0 |
1,3% |
1,5% |
0,0 |
0,7% |
Incisão |
19 |
37 |
34 |
42 |
132 |
38% |
48,7% |
51,5% |
54,5% |
49,1% |
Mordedura |
2 |
- |
- |
- |
2 |
4% |
0,0 |
0,0 |
0,0 |
0,7% |
Queimadura |
1 |
2 |
- |
- |
3 |
2% |
2,6% |
0,0 |
0,0 |
1,1% |
SI |
6 |
17 |
27 |
31 |
81 |
12% |
22,4% |
40,9% |
40,3% |
30,1% |
Tumor |
1 |
- |
2 |
- |
3 |
2% |
0,0 |
3% |
0,0 |
1,1% |
Verruga |
1 |
- |
- |
- |
1 |
2% |
0,0 |
0,0 |
0,0 |
0,4% |
Total |
50 |
76 |
66 |
77 |
269 |
Tabela 3 - Distribuição de frequências dos pacientes segundo causa e ano.
Figura 2 - Estimador de Kaplan-Meier para o tempo total de tratamento segundo causa e se completou
ou não o tratamento (p<0,0001).
Figura 2 - Estimador de Kaplan-Meier para o tempo total de tratamento segundo causa e se completou
ou não o tratamento (p<0,0001).
Várias localizações foram identificadas, sendo as mais prevalente as orelhas – incluindo
lóbulo (33%), mamas (23%) e abdome (22%). As outras localidades descritas foram, em
ordem decrescente: tórax, pescoço, região inguinal, esterno, braço, axila, mão, coxa,
perna e lábio (Tabela 4). Utilizando o estimador de Kaplan-Meier (Figura 3), observamos maior chance de completar o tratamento aqueles com lesões em pescoço,
dorso e tórax (incluindo esterno), do que aqueles com lesões em abdome e lóbulo da
orelha (p<0,0001).
Tabela 4 - Distribuição de frequências dos pacientes segundo localização e ano.
Localização |
Ano |
Total |
2015 |
2016 |
2017 |
2018 |
Abdome |
11 |
14 |
21 |
15 |
61 |
22% |
18,4% |
31,8% |
19,5% |
22,7% |
Axila |
- |
- |
- |
2 |
2 |
0,0 |
0,0 |
0,0 |
2,6% |
0,7% |
Bacia |
- |
- |
- |
2 |
2 |
0,0 |
0,0 |
0,0 |
2,6% |
0,7% |
Braço |
- |
5 |
- |
1 |
6 |
0,0 |
6,6% |
0,0 |
1,3% |
2,2% |
Coxa |
1 |
- |
- |
- |
1 |
2% |
0,0 |
0,0 |
0,0 |
0,4% |
Dorso |
1 |
- |
2 |
2 |
5 |
2% |
0,0 |
3% |
2,6% |
1,9% |
Esterno |
2 |
1 |
2 |
1 |
6 |
4% |
1,3% |
3% |
1,3% |
2,2% |
Face |
- |
- |
3 |
- |
3 |
0,0 |
0,0 |
4,5% |
0,0 |
1,1% |
Inguinal |
3 |
- |
- |
- |
3 |
6% |
0,0 |
0,0 |
0,0 |
1,1% |
Lábio |
1 |
- |
- |
- |
1 |
2% |
0,0 |
0,0 |
0,0 |
0,4% |
Lóbulo |
12 |
- |
- |
- |
12 |
24% |
0,0 |
0,0 |
0,0 |
4,5% |
Mama |
6 |
23 |
10 |
25 |
64 |
12% |
30,3% |
15,2% |
32,5% |
23,8% |
Mão |
- |
1 |
- |
- |
1 |
0,0 |
1,3% |
0,0 |
0,0 |
0,4% |
Ombro |
2 |
2 |
- |
1 |
5 |
4% |
2,6% |
0,0 |
1,3% |
1,9% |
Orelha |
10 |
24 |
20 |
22 |
76 |
20% |
31,6% |
30,3% |
28,6% |
28,3% |
Perna |
- |
1 |
- |
- |
1 |
0,0 |
1,3% |
0,0 |
0,0 |
0,4% |
Pescoço |
1 |
2 |
3 |
3 |
9 |
2% |
2,6% |
4,5% |
3,9% |
3,3% |
Punho |
- |
- |
1 |
- |
1 |
0,0 |
0,0 |
1,5% |
0,0 |
0,4% |
Tórax |
- |
3 |
4 |
3 |
10 |
0,0 |
3,9% |
6,1% |
3,9% |
3,7% |
Total |
50 |
76 |
66 |
77 |
269 |
Tabela 4 - Distribuição de frequências dos pacientes segundo localização e ano.
Figura 3 - Estimador de Kaplan-Meier para o tempo total de tratamento segundo localização e se
completou ou não o tratamento (p<0,0001).
Figura 3 - Estimador de Kaplan-Meier para o tempo total de tratamento segundo localização e se
completou ou não o tratamento (p<0,0001).
A maioria das lesões encaminhadas vieram de cirurgiões e cirurgiãs plásticos (63%),
seguidas por Dermatologia (12%), Cirurgia de Cabeça e Pescoço (3%) e Mastologia (0,4%).
Em 20% dos casos, não havia informação da especialidade que encaminhou o paciente
ao setor de Radioterapia.
Em relação à escolaridade, 38% completaram ou cursavam o ensino médio, enquanto 29%
completaram ou cursavam o ensino superior, 15% e 2% completaram ou cursavam o ensino
fundamental II e I, respectivamente. Ao todo, 3% dos pacientes não eram alfabetizados
e em 11% dos casos não havia essa informação (Tabela 5). Segundo o estimador de Kaplan-Meier (Figura 4), pacientes não alfabetizados completaram menos o tratamento do que aqueles com classe
fundamental e média completas (p<0,0001).
Tabela 5 - Distribuição de frequências dos pacientes segundo escolaridade e ano.
Escolaridade |
Ano |
Total |
2015 |
2016 |
2017 |
2018 |
Fundamental 1 |
1 |
1 |
3 |
1 |
6 |
2% |
1,3% |
4,6% |
1,3% |
2,2% |
Fundamental 2 |
15 |
11 |
8 |
6 |
40 |
30% |
14,5% |
12,1% |
7,8% |
14,9% |
Médio |
16 |
34 |
25 |
28 |
103 |
32% |
44,7% |
37,9% |
36,4% |
38,3% |
Não alfabetizada |
1 |
- |
2 |
6 |
9 |
2% |
0,0 |
3% |
7,8% |
3,4% |
SI |
5 |
1 |
19 |
7 |
32 |
10% |
1,3% |
28,8% |
9,1% |
11,9% |
Superior |
12 |
29 |
9 |
29 |
79 |
24% |
38,2% |
13,6% |
37,7% |
29,4% |
Total |
50 |
76 |
66 |
77 |
269 |
Tabela 5 - Distribuição de frequências dos pacientes segundo escolaridade e ano.
Figura 4 - Estimador de Kaplan-Meier para o tempo total de tratamento segundo escolaridade e
se completou ou não o tratamento (p<0,0001).
Figura 4 - Estimador de Kaplan-Meier para o tempo total de tratamento segundo escolaridade e
se completou ou não o tratamento (p<0,0001).
Houve predomínio de mulheres realizando este tratamento, correspondendo a 70% das
lesões tratadas. Além disso, observamos que as mulheres tendem a completar mais o
tratamento que os homens (Tabela 6), de forma estatisticamente significativa (p=0,04). Esta constatação é confirmada também quando se avalia o número e volume de
doses maiores nas mulheres, com valores de p de 0,03 e 0,02. A média de idade das mulheres também foi maior, sendo de 34 anos
para elas e 24 anos para eles. Utilizando o estimador de Kaplan-Meier para avaliar
a relação entre sexo e tempo de tratamento como fatores para completar ou não as sessões
de radioterapia, não houve diferença estatisticamente significativa (Figura 5).
Tabela 6 - Distribuição de frequências dos pacientes segundo sexo e se completou o tratamento.
Completou |
Sexo |
Total |
Feminino |
Masculino |
Não |
15 |
13 |
28 |
7,9% |
16,2% |
10,4% |
Sim |
174 |
67 |
241 |
92,1% |
83,8% |
89,6% |
Total |
189 |
80 |
269 |
Tabela 6 - Distribuição de frequências dos pacientes segundo sexo e se completou o tratamento.
Figura 5 - Estimador de Kaplan-Meier para o tempo total de tratamento segundo sexo e se completou
ou não o tratamento (p=0,18).
Figura 5 - Estimador de Kaplan-Meier para o tempo total de tratamento segundo sexo e se completou
ou não o tratamento (p=0,18).
Outra avaliação interessante foi o fato de as pacientes mulheres apresentarem maior
média de idade do que os homens, com um número maior de dose de radiação recebida
e por conseguinte maior número de aplicações, porém em um tempo total de tratamento
semelhante ao dos homens (Tabela 7).
Tabela 7 - Média e desvio-padrão referentes às variáveis idade, dose, número de aplicações e
tempo de tratamento de acordo com o sexo.
|
Sexo |
P |
Masculino |
Feminino |
Idade (em anos) |
24,9 |
34,2 |
<0,0001 |
10.5 |
10,7 |
Doses |
3417,5 |
3664,0 |
0,03 |
1030,8 |
759,4 |
Número de aplicações |
17,0 |
18,3 |
0,02 |
5,2 |
3,9 |
Tempo (em dias) |
43.6 |
45,2 |
0,56 |
22,3 |
18,1 |
Tabela 7 - Média e desvio-padrão referentes às variáveis idade, dose, número de aplicações e
tempo de tratamento de acordo com o sexo.
Em 43% das lesões, já havia sido tentado algum tratamento prévio sem sucesso, e em
41% das vezes isto não foi possível de determinar. Utilizando o estimador de Kaplan-Meier,
não foi observada diferença estatística para se completar o esquema de radioterapia
naqueles que realizaram ou não outros tratamentos previamente (Figura 6).
Figura 6 - Estimador de Kaplan-Meier para o tempo total de tratamento segundo tratamento prévio
e se completou ou não o tratamento (p=0,34).
Figura 6 - Estimador de Kaplan-Meier para o tempo total de tratamento segundo tratamento prévio
e se completou ou não o tratamento (p=0,34).
Segundo o estimador de Kaplan-Meier (Figura 7), os pacientes encaminhados pelas especialidades de Dermato -logia e Cirurgia de
Cabeça e Pescoço tenderam a completar mais o tratamento do que os encaminhados pela
Cirurgia Plástica (p=0,002).
Figura 7 - Estimador de Kaplan-Meier para o tempo total de tratamento segundo especialidade e
se completou ou não o tratamento (p=0,002).
Figura 7 - Estimador de Kaplan-Meier para o tempo total de tratamento segundo especialidade e
se completou ou não o tratamento (p=0,002).
DISCUSSÃO
Os queloides, por serem uma alteração benigna, podem facilmente ter seu tratamento
negligenciado por vários motivos. Assim sendo, consideramos fundamental que o médico
que conduz este tipo de tratamento, além de conhecer as técnicas disponíveis, também
saiba identificar e orientar seus pacientes sobre a evolução do tratamento e a importância
de completá-lo, especialmente pelo fato de ter altas taxas de recidiva quando não
é feito adequadamente.
A partir da análise dos prontuários, observamos alguns achados que podem orientar
nossa atenção durante os atendimentos para alcançarmos melhores resultados para os
pacientes.
Alguns estudos demonstram maior prevalência e incidência de queloides sobre a população
negra de origem africana24, porém, em nossa revisão, observamos maior predomínio de pacientes declarados brancos.
Isso pode estar relacionado ao fato histórico e social de no Brasil os negros terem
sua saúde negligenciada, não procurando os serviços de saúde para tratar condições
benignas.
Há que se considerar também a grande miscigenação da população brasileira, que faz
com que muitos pacientes declarados brancos tenham raízes africanas. A região de Botucatu
apresenta uma colonização predominante de europeus, que pode interferir também nestes
dados. Felizmente, o fator racial não se mostrou determinante para que o paciente
completasse ou não o tratamento.
A localização da cicatriz sugere ser relacionada à formação de queloides, visto que
as áreas que mais sofrem estiramento ou alongamento têm frequência maior de cicatrizes
patológicas25. Em nosso estudo, observamos maior prevalência deles em orelhas, mamas e abdome.
Outras regiões do corpo, como a face e couro cabeludo, foram menos frequentes ou ausentes.
Estes dados têm semelhança com a literatura26. Ademais, houve maior chance de completar o tratamento em casos de lesões em pescoço,
dorso e tórax, quando comparados aos casos de lesões em abdome e lóbulo da orelha.
Assim, não ficou claro se áreas expostas influenciam no engajamento a um tratamento
prolongado.
Notamos que as causas da formação de queloides foram predominantemente de incisões
cirúrgicas, com quase metade dos casos, seguida por brincos. Tais pacientes tenderam
a completar menos o tratamento se comparados àqueles com cicatrizes queloidianas secundárias
a acne ou de causa indeterminada, com significância estatística.
Outro dado interessante foi que pacientes não alfabetizados completaram menos o tratamento
do que aqueles com ensino fundamental e médio completos, o que indica uma influência
da escolarização sobre a adesão ao tratamento completo.
Observamos que a idade média dos pacientes ficou entre 24 e 34 anos, caracterizando
uma população jovem e economicamente ativa, ou seja, pessoas que estão inseridas no
mercado de trabalho e perderão muitos dias úteis de serviço durante o tratamento,
que tem média de 43 a 45 dias. Isto pode ter um grande impacto negativo na conclusão
do tratamento, favorecendo recidivas ao longo do tempo.
Alguns estudos demonstram predomínio de surgimento de queloides em mulheres, com possível
relação com os níveis de estrógeno27. Existem muitos relatos de piora dos sintomas durante a gravidez, por exemplo. Em
nossa análise, as mulheres procuraram mais o serviço de saúde que os homens, o que
justifica a sua grande predominância, mais de dois terços, no número total de casos;
além de as pacientes do sexo feminino tenderam a completar mais o tratamento se comparadas
aos do sexo masculino.
Ademais, as mulheres apresentaram média de idade superior à dos homens, recebendo
maiores números de dose de radiação realizadas em mais aplicações; contudo, o tempo
total de tratamento foi semelhante, o que pode sugerir que os pacientes do sexo masculino
estão comparecendo em datas fora do prazo, alongando o tempo, porém sem completá-lo
adequadamente. Estes dados vão ao encontro do que conhecemos sobre os homens procurarem
menos os serviços de saúde28, além de serem menos aderentes aos tratamentos que lhe são propostos.
Ao revisarmos a literatura médica, observamos que existem muitas formas descritas
para tratamento das cicatrizes queloideanas. Devido ao grande desafio que é o tratamento
definitivo e eficaz desta cicatriz patológica, constantemente surgem novas modalidades
terapêuticas, assim como combinações de tratamentos prévios.
A radioterapia reduz a ação dos fibroblastos nos queloides de maneira dose - dependente29. Atualmente, após sua grande evolução no século XX, ela apresenta-se em duas principais
formas: interna e externa. A braquiterapia é estudada como opção interna, enquanto
o feixe de elétrons e os raios-x são as formas mais comuns de aplicação externa. Apesar
de algumas pesquisas indicarem superioridade da braquiterapia em prevenir a recorrência
do queloide30, muitas metanálises não conseguiram confirmar isso de maneira estatisticamente significativa13.
Ao associar-se a excisão cirúrgica com a radioterapia precoce, foram encontrados resultados
superiores11.
É importante salientar que os sinais e sintomas adversos à radioterapia são similares
aos dos corticoides, envolvendo eritema, descamação e despigmentação; porém, a queixa
de dor não é frequente19. Em nossa revisão, não conseguimos identificar adequadamente essas queixas devido
ao fato de as descrições não relatarem claramente se houveram ou não tais queixas.
Como limitações deste estudo, não foi possível avaliar a atual taxa de recidiva do
HC-FMB com as terapias propostas, bem como reavaliar clinicamente os pacientes que
tiveram seus dados revisados nos prontuários.
CONCLUSÃO
A radioterapia pós-operatória sobre queloides é um tratamento consagrado na literatura
médica e uma ferramenta importante no arsenal de cirurgiões plásticos que conduzem
estas cicatrizes patológicas. O tratamento costuma ser de longa duração e deve ser
iniciado precocemente após a cirurgia, exigindo comprometimento dos pacientes para
atingir os melhores resultados.
Houve predomínio de mulheres e pacientes brancos procurando e recebendo o tratamento
completo, enquanto pessoas com baixa escolaridade não conseguiram completar adequadamente
o tratamento, podendo apresentar menores taxas de sucesso terapêutico.
Portanto, mudar o método de abordagem dos pacientes com menos escolaridade e aqueles
do sexo masculino ajudará a melhorar a adesão e os resultados a curto e longo prazo
para estes pacientes.
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1. Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu, Cirurgia Plástica,
Botucatu, SP, Brasil.
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SP, Brasil.
Autor correspondente: Balduino Ferreira de Menezes-Neto Unesp - Pronto Socorro Rua Doutor Adolfo Pardini Filho, 1028, Chácara Recreio Vista
Alegre, Botucatu, SP, Brasil. CEP: 18608-760 E-mail: balduinofmneto@gmail.com
Artigo submetido: 23/01/2022.
Artigo aceito: 13/09/2022.
Conflitos de interesse: não há.