INTRODUÇÃO
Data do final do século XIX a primeira descrição da tentativa de reparação da área
da mastectomia com retalho miocutâneo de grande dorsal, realizada por Tanzini, em
19061. Após 19812, a agressividade do tratamento de tumores mamários foi sendo reduzida, preservando
músculos, pele, às vezes o complexo areolopapilar (CAP), e parte da glândula. Era
reconstruída após quadrantectomia e radioterapia no intraoperatório, ou posteriormente.
Depois de 1991, as mastectomias preservadoras de pele, e às vezes CAP, em casos de
ausência de metástase ganglionar que não exigiam radioterapia, recebiam reparação
imediata e mudanças nas incisões3. Com a melhoria dos implantes, se tornaram opção do arsenal de táticas. Possibilitam
menor tempo cirúrgico, recuperação rápida, menor custo hospitalar e aceitação pelas
pacientes.
Em uma mama recebendo implante e a contralateral corrigida com os próprios tecidos,
a simetria não é adequada. E há descrição de incidência de 7,3% de carcinoma ductal
oculto e 4,6% de carcinoma lobular “in situ” nesta mama4 e risco cumulativo de surgimento de 0,5 a 1% a cada ano de vida5. Em presença de BRCA1/2 e história familiar de câncer de mama6, pode-se indicar mastectomia subcutânea contralateral (redutora de riscos), reparando-a
com implante. A permanência dessa mama, redução de riscos7 e melhores simetria e estética é decisão da paciente8,9.
A reparação pós-mastectomia tem intercorrências, sob qualquer conduta, ocorrendo mesmo
em mãos experientes (34,64%)10. A retirada dos tecidos próximos ao CAP, por necessidade ou prevenção, reduz a vascularização
periareolar, com eventual necrose.
Se a cobertura de pele e subcutâneo for de espessura menor que 1,5/2,0cm, a inclusão
do implante no plano supramuscular não é ideal. Preconiza-se alojá-lo sob o músculo
peitoral e serrátil anterior, mas a projeção da mama reconstruída se reduz pela pressão
muscular. E pode ocorrer deslocamento do implante em direção cranial, causando desconforto
durante contração muscular, ou deslocamento lateroinferior.
E o esvaziamento da mama causa redução da sensibilidade.
OBJETIVO
O objetivo é descrever tática como tentativa de reduzir incidência de necrose areolar,
melhorar projeção das mamas com implantes submusculares, analisar subjetivamente a
recuperação da sensibilidade tátil da mama, e objetivamente a dolorosa, e facilitar
simetrização.
MÉTODO
Trata-se de estudo retrospectivo de casos com análise de prontuários.
Foram excluídos os referentes a mastectomia unilateral com inclusão de expansores
e posterior reparação, reconstruções tardias, reconstruções imediatas ou tardias com
retalhos, reparações secundárias, reparações em mastectomias higiênicas.
Paciente de pé, marcam-se as linhas mamárias que formam o quadrilátero onde se locará
a base do implante (Figura 1A)11. A mastectomia é realizada com incisão transversal, do bordo lateral da aréola até
a região axilar, aproveitando-a para detectar e retirar o gânglio sentinela, ou esvaziamento
axilar (Figura 1B).
Figura 1 - A: Marcação do quadrilátero onde se locará o implante entre as linhas mamárias verticais
e horizontais HHBL-HLBL-VMBL-VLBL, o meridiano e o ponto A. B: Incisão lateral para exploração do gânglio sentinela e mastectomia preservadora de
pele concluída. C: Músculo peitoral divulsionado na direção das fibras e descolado.
Figura 1 - A: Marcação do quadrilátero onde se locará o implante entre as linhas mamárias verticais
e horizontais HHBL-HLBL-VMBL-VLBL, o meridiano e o ponto A. B: Incisão lateral para exploração do gânglio sentinela e mastectomia preservadora de
pele concluída. C: Músculo peitoral divulsionado na direção das fibras e descolado.
No descolamento do tecido glandular, a espessura de pele e subcutâneo deve ser homogênea
e decrescente, da base da mama até a papila, sem prejuízos do tratamento oncológico.
Se há ptose mamária, encurvase a incisão com concavidade caudal.
Após procedimentos oncológicos, não havendo esvaziamento ganglionar, o músculo grande
peitoral é divulsionado obliquamente na direção das fibras, na metade de sua largura
(Figura 1C), descolando-o suavemente com o dedo indicador. Na direção caudal e medial inferior
utiliza-se bisturi elétrico, ultrapassando o sulco submamário (HLBL) em 2 centímetros;
elevando junto à aponeurose anterior do músculo reto abdominal, realizando nela três
incisões verticais, afrouxando sua constrição.
Para cima, descola-se até 1,5cm abaixo da linha mamária horizontal superior e paramedial
até a linha mamária vertical medial a 1,5cm da linha medioexternal11, de modo semelhante ao que é utilizado em aumento mamário por alguns autores12,13,14. Lateralmente, descola-se todo o músculo peitoral, até encontrar a aponeurose do
músculo serrátil anterior. Adiante, ela é descolada incluindo fibras musculares, somada
ao tecido celular subcutâneo frouxo sobre a delicada aponeurose, em conjunto até a
linha axilar anterior (VLBL)11, suficiente para obter o contorno lateral e inferior da loja e acomodar o implante
(Figura 2A).
Figura 2 - A: Loja onde se locará o implante com a região lateral composta pelo tecido celular
subcutâneo e algumas fibras do músculo serrátil vista por transiluminação. B: Implante posicionado e fechamento suave do músculo peitoral maior no polo lateral/superior.
C: Esquema cedido por Leandro Debs12 ligeiramente modificado, do implante posicionado
na sua loja.
Figura 2 - A: Loja onde se locará o implante com a região lateral composta pelo tecido celular
subcutâneo e algumas fibras do músculo serrátil vista por transiluminação. B: Implante posicionado e fechamento suave do músculo peitoral maior no polo lateral/superior.
C: Esquema cedido por Leandro Debs12 ligeiramente modificado, do implante posicionado
na sua loja.
Este é alojado entre as duas vertentes do músculo peitoral. No seu contorno o implante
é coberto pelo músculo e no centro fica livre para se projetar e obter melhor proporção
base/altura15 (Figura 2B). Pontos de tração suave com fios absorvíveis são dados entre as vertentes divulsionadas
na metade superolateral, sobre o implante, para prevenir retração destas durante a
cicatrização (Figuras 2B e 2C).
Se o músculo pequeno peitoral tem boa extensão e volume, o peitoral maior é descolado
para medial a partir do seu bordo lateral, e o menor para lateral até a linha axilar
anterior (VLBL), reforçando a parte superolateral da loja (Figuras 3A e 3B). Após a introdução do implante, o bordo lateral do grande peitoral é suturado ao
bordo medial do pequeno.
Figura 3 - A: Possibilidade de fazer a loja rebatendo o músculo grande peitoral para medial. B: E o pequeno peitoral para lateral.
Figura 3 - A: Possibilidade de fazer a loja rebatendo o músculo grande peitoral para medial. B: E o pequeno peitoral para lateral.
A pele e tecido subcutâneo da lateral do tórax, que são descolados da mama durante
a mastectomia, são fixados a ele com pontos separados de fios absorvíveis16,17.
Haverá três opções para o fechamento final da pele, determinadas pela quantidade excedente
no pré-operatório.
Primeira: Sem ptose inicial (AM de 0 a 2cm) é realizada sutura subdérmica e pele.
Se a ptose é pequena (AM de 3/4cm)11, a parte inferior do retalho é desepitelizada e suturada ao bordo lateral do músculo
peitoral, reforçando a cobertura superolateral do implante.
Segunda: Com ptose média (AM de 4/5cm) e necessidade de relocação ou redução do diâmetro
areolar, além do procedimento descrito na primeira opção, marca-se o excedente na
região periareolar, desepidermiza-se e reposiciona-se a aréola.
Terceira: Com ptose grande (AM maior que 5cm)11, marca-se fuso transversal por pega bidigital, em torno e medialmente à aréola. O
diâmetro desta é demarcado, e a área desepidermizada, como o novo sítio areolar (Figuras 4A, 4B, 4C e 4D).
Figura 4 - A: Marcação do fuso de desepidermização periareolar por pega bidigital. B: Desepidermização da área mantendo o complexo areolopapilar (CAP) vascularizado. C: Marcação do novo sítio areolar. D: Suturas concluídas.
Figura 4 - A: Marcação do fuso de desepidermização periareolar por pega bidigital. B: Desepidermização da área mantendo o complexo areolopapilar (CAP) vascularizado. C: Marcação do novo sítio areolar. D: Suturas concluídas.
O fechamento das áreas desepidermizadas deve ser realizado com poucos pontos simples
separados subdérmicos com fios absorvíveis, não estrangulando a circulação, permitindo
irrigação areolar e periareolar. A derme que dobra sob si mesma protege o implante
e dá maior projeção à mama. Sutura-se a pele com pontos não absorvíveis separados,
com tração e constrição suaves.
A drenagem a vácuo da loja subcutânea é necessária até que o volume diário drenado
seja menor que 30ml/24 horas. A extremidade do dreno é colocada na região axilar e
extruído no polo medial inferior (Figura 4D). O mesmo procedimento é realizado na mama contralateral, a fim de se obter simetrização
e redução de riscos.
O curativo inicial cobre as incisões com pomada isolante e a mama é coberta com um
sutiã de esparadrapo microporado, que permanece e é retocado até a retirada dos pontos,
em torno de 12 dias (Figura 5A).
Figura 5 - A: Curativo e drenagem em pós-operatório de 24 horas. B: Sutiã mais faixa levemente compressivos utilizados por 60 dias.
Figura 5 - A: Curativo e drenagem em pós-operatório de 24 horas. B: Sutiã mais faixa levemente compressivos utilizados por 60 dias.
Sobre ela, a partir do primeiro dia, aplica-se sutiã delicado e sem costura ligeiramente
compressivo, mais faixa que comprime ligeiramente os implantes no sentido caudal,
evitando seu deslocamento para cima, até a formação da cápsula fibrosa em 2 meses
(Figura 5B).
RESULTADOS
Foram operadas 106 pacientes (212 mamas) no mesmo ato cirúrgico da mastectomia preservadora
de pele e redutora de risco contralateral, utilizando a tática descrita, de junho
de 2009 a julho de 2019. As pacientes são de clínica privada e assinaram Termo de
Consentimento Informativo e Esclarecedor.
As Figuras 6A, 6B, 6C, 6D, 6E e 6F; 7A, 7B, 7C, 7D, 7E e 7F; 8A, 8B, 8C, 8D, 8E e 8F; 9A, 9B, 9C, 9D, 9E e 9F são de pacientes operadas com bom resultado.
Figura 6 - Pré e pós-operatório de paciente sem flacidez mamária ou necessidade de relocar o
complexo areolopapilar (CAP).
Figura 6 - Pré e pós-operatório de paciente sem flacidez mamária ou necessidade de relocar o
complexo areolopapilar (CAP).
Figura 7 - Pré e pós-operatório com ligeira relocação do complexo areolopapilar (CAP).
Figura 7 - Pré e pós-operatório com ligeira relocação do complexo areolopapilar (CAP).
Figura 8 - Pré e pós-operatório com flacidez média e relocação do complexo areolopapilar (CAP)
e correção da ptose alongando medialmente à cicatriz.
Figura 8 - Pré e pós-operatório com flacidez média e relocação do complexo areolopapilar (CAP)
e correção da ptose alongando medialmente à cicatriz.
Figura 9 - Pré e pós-operatório com grande flacidez corrigida e realocação do complexo areolopapilar
(CAP).
Figura 9 - Pré e pós-operatório com grande flacidez corrigida e realocação do complexo areolopapilar
(CAP).
Três pacientes tiveram sinais inflamatórios e seroma após um mês (Tabela 1). Em duas, o líquido drenado foi submetido a três culturas. Destas, as duas primeiras
foram negativas e a terceira, em laboratório diverso, detectou S. epidermidis. A terceira paciente apresentou resultado positivo na primeira cultura. Nos três
casos, o implante foi removido e após quatro meses reoperadas. Removeu-se o tecido
fibrótico e inclusão de novo implante (Figuras 10A, 10B, 10C, 10D, 10E e 10F). Todas apresentaram contratura capsular de grau moderado tardiamente.
Tabela 1 - Complicações e resultados inadequados após os procedimentos.
106 Pacientes - 212 Mamas |
Irregularidade de superfície |
25 - 23,58% |
Seromas |
3 - 2,83% |
Seroma pós-trauma |
1 - 0,94% |
Infecção S. epidermidis |
3 - 2,83% |
Hematomas |
1 - 0,94% |
Necrose areolar |
1 - 0,94% |
Deiscência de suturas |
2 - 1,88% |
Implantes altos |
2 - 1,88% |
Tumor na mama contralateral |
5 - 4,71% |
Complicações e resultados inadequados |
35,82% de pacientes e 17,91% das mamas |
Tabela 1 - Complicações e resultados inadequados após os procedimentos.
Figura 10 - A e B: Paciente com infeção por S. epidermidis. C e D: Implante removido. E e F: Após 5 meses, reimplante, sem expansão prévia.
Figura 10 - A e B: Paciente com infeção por S. epidermidis. C e D: Implante removido. E e F: Após 5 meses, reimplante, sem expansão prévia.
Uma paciente apresentou seroma tardio após três meses por trauma, drenado por uma
semana, sem vácuo, e uso de anti-inflamatórios. A resolução foi satisfatória. Um caso
de hematoma foi tratado clinicamente. Apenas uma paciente apresentou necrose areolar
parcial marginal na metade inferior, com cicatrização espontânea. Neste, a incisão
lateral contornou a aréola inferiormente até o polo medial.
Duas pacientes apresentaram deiscência de sutura da pele. Em uma o implante ficou
protegido pela área desepidermizada e a cicatrização foi espontânea. No outro houve
exposição do músculo e foi solucionado com curativo elástico18,19 (Figuras 11A, 11B e 11C e Figuras 12A, 12B, 12C, 12D, 12E e 12F).
Figura 11 - A: Área de necrose de bordos da sutura. B: Desbridamento e curativo elástico. C: Cicatriz resultante.
Figura 11 - A: Área de necrose de bordos da sutura. B: Desbridamento e curativo elástico. C: Cicatriz resultante.
Figura 12 - Pré e pós-operatório do caso da
Figura 11. O complexo areolopapilar (CAP) foi removido pela equipe de mastologia.
Figura 12 - Pré e pós-operatório do caso da
Figura 11. O complexo areolopapilar (CAP) foi removido pela equipe de mastologia.
O implante se posicionou alto no pós-operatório de 2 meses em dois casos iniciais.
Irregularidade de superfície foi o mau resultado mais frequente (25 casos).
A projeção obtida foi sempre semelhante a mamas de boa forma.
A obtenção da simetria perfeita ficou dependente da regularidade na espessura do “retalho
pós-mastectomia”, obtida mais facilmente quando ele era homogêneo bilateralmente.
DISCUSSÃO
Antes da puberdade, o tecido subcutâneo sobre os brotos mamários apresenta espessura
homogênea. O estímulo hormonal depende do nível sérico, da qualidade elástica da pele,
e do número de brotos. As mamas, ao crescerem, distendem mais ou menos a pele e reduzem
a espessura do subcutâneo, desde a periferia dela no tórax até o CAP. Essa é a causa
principal de existirem várias formas e volumes mamários baseados na extensão da base
e na projeção da mama. Preservá-lo com espessura decrescente é conveniente, permanecendo
vasos e nervos que formam rede vascular e nervosa superficial até a papila, essenciais
para reduzir deficiência circulatória e retorno da sensibilidade.
O volume mamário removido é medido e colocado em frasco graduado de 2000ml contendo
1000ml de água. O tecido acrescido colabora com a escolha do volume do implante, desconsiderando
os axilares retirados em associação com o mamário.
No pré-operatório discute-se com a paciente sobre volume conveniente e possível, baseado
na mama existente. Deve-se considerar o remanescente de pele, a extensão lateral e
vertical do tórax e do músculo peitoral maior.
A medida da ptose não é o único parâmetro que determina a extensão das cicatrizes.
O volume do implante também.
Após três casos de infeção tardia por S. epidermidis, passou-se rotineiramente a re-esterilizar a pele e lavar a loja com soro fisiológico
após a mastectomia e não ocorreram outros casos.
Duas pacientes, com 2 meses de pós-operatório apresentaram implantes altos, apesar
de bem posicionados no ato cirúrgico no início da utilização da tática. Modificou-se
a conduta usando faixa transversal nos polos mamários superiores, e incisões relaxadoras
na aponeurose do músculo reto.
Em tumores próximos da pele em quadrantes que não sejam os laterais, necessitando
resseção, o fuso foi realizado no sentido da base da mama até a aréola. Na axila,
fez-se incisão transversal no mesmo sentido, obtendo o gânglio sentinela. A conduta
une ou não as duas incisões, com desepidermização, dependendo da ptose.
Quando houve remoção da aréola, o procedimento foi semelhante e sua reparação foi
postergada para outro tempo cirúrgico, ou tatuada. Ou refeita imediatamente com enxerto
da aréola contralateral, se havia excedentes. Esta mama sempre apresentou o ápice
mais plano do que a contralateral, necessitando enxerto de gordura posterior.
É conveniente portar volumes diferentes de implantes a fim de decidir qual será utilizado
durante a reconstrução. A mastectomia subcutânea contralateral, em geral, foi mais
conservadora de tecidos e o volume utilizado foi frequentemente menor.
A tática descrita possibilitou eliminar necrose total de aréola, mesmo que a região
periareolar apresentasse mínimo subcutâneo após a mastectomia.
As incisões transversais propiciam boas cicatrizes, e juntamente com a espessura preservada
do subcutâneo recuperam a sensibilidade mamária parcial ou total entre dois meses
e dois anos20.
Todas as 106 pacientes operadas pela tática receberam o procedimento no lado contralateral,
objetivando a simetrização. Esta é de difícil obtenção. Cinco pacientes possuíam tumor
não diagnosticado na mama contralateral.
No pós-operatório, o medo da mutilação pela perda da mama é substituído por sensação
de alívio e entusiasmo ao se obter mamas muitas vezes mais adequadas do que as anteriores
à cirurgia. Este fato facilita a aceitação de quimioterapia com a possível queda dos
cabelos. A retirada da mama contralateral também provocou sensação de alívio.
A satisfação da paciente em ter realizado a mastectomia contralateral é de 84 a 96%7,8, mas depende da qualidade do resultado obtido. Estes foram melhores em pacientes
com tumores pequenos e sem comprometimento de gânglios axilares. Pode-se então preservar
o tecido gorduroso subcutâneo mais espesso e homogêneo, e sem necessidade de remoção
das aréolas.
Quando houve gânglio sentinela positivo, prevendo possível radioterapia, realizou-se
a inclusão de expansor de pele para reparação da mama e mastectomia contralateral,
depois do término do tratamento. Mas os resultados de simetrização não alcançaram
a mesma qualidade.
Nas irregularidades de superfície provocadas pela mastectomia, fez-se necessário um
segundo tempo a fim de realizar correção com enxerto de gordura, melhorando os resultados.
É conveniente discutir antecipadamente a necessidade de segundo tempo cirúrgico.
A tática de deixar o músculo grande peitoral aberto, além de propiciar maior projeção
da mama, elimina o desconforto da pressão pela contração muscular. E, a longo prazo,
possíveis alterações costais.
A reconstrução imediata com implantes tornouse a melhor opção dos autores. Mas, as
reconstruções tardias com áreas doadoras de volume adequado são as que eles preferem.
Considerando 212 mamas operadas em 106 pacientes, a incidência total de complicações
ou resultados insatisfatórios foi de 17,91% das mamas ou 35,82% das pacientes, sendo
a mais prevalente a irregularidade de superfície.
CONCLUSÃO
A reconstrução imediata das mamas com incisão transversal e implantes em plano misto,
pós-mastectomia preservadora de pele e mastectomia contralateral redutora de riscos,
é mais uma opção possível. Permite boa projeção, redução de necroses areolares e retorno
da sensibilidade táctil/dolorosa parcial ou total, facilitando a simetrização.
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1. Faculdade Estadual de Medicina de São José do Rio Preto, Divisão de Cirurgia Plástica,
São José do Rio Preto, SP, Brasil
Autor correspondente: Antonio Roberto Bozola Avenida Brigadeiro Faria Lima, 5544, Vila São José, São José do Rio Preto, SP, Brasil
CEP: 15090-000 E-mail: ceplastica@hotmail.com
Artigo submetido: 27/08/2020.
Artigo aceito: 13/09/2022.
Conflitos de interesse: não há.