INTRODUÇÃO
A estrutura óssea e a tendência genética de deposição de tecido adiposo irão definir
as características do formato corporal, sendo mais acinturadas as que possuem quadril
mais largo e maior deposição de gordura na região glúteo-trocantérica.
Os padrões estéticos do contorno corporal feminino costumam variar ao longo do tempo,
acompanhando tendências culturais e fatores regionais, os quais podem ser corroborados
por meio de esculturas, pinturas, revistas e mais recentemente pelas mídias sociais1. A medida da relação cintura/quadril próximo a 0,7 tem sido considerada boa para
a forma do corpo feminino.
Nos dias de hoje, os glúteos e as mamas são as principais regiões de destaque, principalmente
na América Latina, onde existe forte apelo midiático pelo glúteo ideal, o que explica
o aumento da busca por procedimentos de gluteoplastia no Brasil nos últimos anos1,2. Segundo estatísticas da The International Society of Plastic Surgery (ISAPS), em 2013 se faziam pouco menos de 10 mil procedimentos de gluteoplastia com
enxerto de gordura ao ano3. Este procedimento foi aumentando no decorrer dos anos, e em 2018 já chegava próximo
aos 25 mil procedimentos ao ano4.
O desejo de um contorno corporal com a cintura pequena, contrastando com a região
glútea mais volumosa, tem feito muitas mulheres procurarem esse tipo de padrão de
beleza5. A lipoaspiração é fundamental para conseguir reduzir a cintura e ainda fornece a
gordura para modelar os glúteos. A lipoenxertia glútea consiste em aspirar a gordura
de diferentes regiões do corpo e inseri-la nos glúteos. Trata-se de um procedimento
que tem como vantagem utilizar um produto biológico autólogo, seguro e de resultados
previsíveis6.
Comparado a outros procedimentos para dar volume aos glúteos, como implante de silicone
e injeção de materiais aloplásticos permanentes, como o polimetilmetacrilato, a lipoenxertia
mostra menor incidência de complicações7,8. Mas a lipoenxertia glútea também pode apresentar graves complicações na tentativa
de injetar grandes volumes pela possibilidade de causar embolia gordurosa e, inclusive,
óbito9,10. Para evitá-las, a The Aesthetic Surgery Education and Research Foundation (ASERF) enfatiza alguns cuidados que devem ser respeitados como: evitar injetar a
gordura dentro do músculo; usar cânulas mais calibrosas ao injetar, como a de 4mm
com apenas um furo; direcionar a cânula para os tecidos mais superficiais e injetar
a gordura com a cânula em movimento11.
Seguindo estas orientações, a lipoenxertia glútea torna-se um importante procedimento
no tratamento do contorno corporal, com baixa incidência de complicações, conforme
evidenciado em um estudo de metanálise, realizado em 2016 por Alexandra CondéGreen
e colaboradores, englobando 4.105 pacientes de 19 artigos selecionados, o qual encontrou
uma incidência de 6,7% de complicações menores e 0,32% de complicações maiores12.
A cirurgia composta de aumento glúteo, utilizando lipoenxertia e implantes glúteos
de silicone, como proposto por Aslani & Del Vecchio13, é uma opção que pode melhorar os resultados da gluteoplastia e diminuir as complicações,
mas ainda faltam estudos para melhores conclusões.
OBJETIVO
Este artigo tem como objetivo geral avaliar os resultados da lipoenxertia glútea e
objetivos específicos de determinar a incidência de complicações, o volume médio de
gordura enxertada em cada glúteo, o padrão anatômico dos glúteos, criando uma classificação
para facilitar o ensino e aprendizagem de quais as áreas a serem enxertadas de acordo
com a anatomia de cada glúteo e o grau de satisfação das pacientes.
MÉTODOS
Trata-se de um estudo prospectivo, realizado de janeiro de 2018 a fevereiro de 2020,
com seguimento mínimo de 6 meses de pós-operatório. Os pacientes foram operados de
janeiro de 2018 a agosto de 2019 e as avaliações ocorreram de julho de 2018 a fevereiro
de 2020. As variáveis avaliadas foram idade, sexo, classificação anatômica dos glúteos,
áreas do glúteo que foram lipoenxertadas, volumes de gordura utilizados, satisfação
da paciente e complicações.
Os critérios de inclusão para o estudo foram pacientes com idade entre 18 e 60 anos,
submetidas a lipoaspiração e enxertia de gordura em glúteos.
Os critérios de exclusão para o estudo foram pacientes que se recusaram a participar
do estudo e pacientes que não puderam ser acompanhadas até o sexto mês.
O planejamento da região a ser lipoenxertada foi programado de acordo com tipo anatômico
do glúteo da paciente (Quadro 1 e Figuras 1 a 7), sendo sempre realizada a lipoaspiração nos flancos. Outras áreas foram lipoaspiradas
de acordo com a necessidade. A divisão das áreas glúteas para receber enxerto foi
feita conforme a Figura 2 e citadas no Quadro 1.
Quadro 1 - Correlação entre a classificação anatômica dos glúteos e as áreas a serem lipoenxertadas.
Tipo de formato de glúteo |
Característica anatômica do glúteo na vista posterior da silhueta corporal |
Áreas a serem lipoenxertadas |
Trapezoide |
Dois pontos de destaque na projeção lateral, um na porção superior e outro na inferior
do glúteo, sem depressão no meio.
|
Área 1- central Área 2- lateral Área 3- superior
|
Em forma de 8 |
Dois pontos de destaque na projeção lateral, um na porção superior e outro na inferior
do glúteo, com depressão no meio.
|
Área 1- central Área 2- lateral |
Redondo |
Somente um ponto de destaque na projeção lateral, que fica no meio do glúteo. |
Área 1- central Área 3- superior |
Triangular |
Somente um ponto de destaque na projeção lateral, que fica na porção superior do glúteo. |
Área 4- inferolateral |
Quadro 1 - Correlação entre a classificação anatômica dos glúteos e as áreas a serem lipoenxertadas.
Figura 1 - Classificação dos padrões de formatos dos glúteos.
Figura 1 - Classificação dos padrões de formatos dos glúteos.
Figura 2 - Áreas de lipoenxertia no glúteo.
Figura 2 - Áreas de lipoenxertia no glúteo.
Figura 3 - A: Caso representativo do glúteo trapezoide, pré-operatório. B: Pósoperatório com 6 meses após a lipoenxertia nas áreas central, lateral e superior.
Figura 3 - A: Caso representativo do glúteo trapezoide, pré-operatório. B: Pósoperatório com 6 meses após a lipoenxertia nas áreas central, lateral e superior.
Figura 4 - A: Caso representativo do glúteo em forma de 8, pré-operatório. B: Pós-operatório com 6 meses após a lipoenxertia nas áreas central e lateral.
Figura 4 - A: Caso representativo do glúteo em forma de 8, pré-operatório. B: Pós-operatório com 6 meses após a lipoenxertia nas áreas central e lateral.
Figura 5 - A: Caso representativo do glúteo redondo, pré-operatório. B: Pósoperatório com 6 meses após a lipoenxertia nas áreas central e superior.
Figura 5 - A: Caso representativo do glúteo redondo, pré-operatório. B: Pósoperatório com 6 meses após a lipoenxertia nas áreas central e superior.
Figura 6 - A: Caso representativo do glúteo triangular, pré-operatório. B: Pósoperatório com 6 meses após a lipoenxertia na área inferolateral.
Figura 6 - A: Caso representativo do glúteo triangular, pré-operatório. B: Pósoperatório com 6 meses após a lipoenxertia na área inferolateral.
Figura 7 - Destaque para a acentuação da curva entre o dorso e o glúteo através da lipoaspiração
da região acima do glúteo, associada a lipoenxertia nas áreas central e superior do
mesmo. A: Pré-operatório. B: Pós-operatório com 6 meses.
Figura 7 - Destaque para a acentuação da curva entre o dorso e o glúteo através da lipoaspiração
da região acima do glúteo, associada a lipoenxertia nas áreas central e superior do
mesmo. A: Pré-operatório. B: Pós-operatório com 6 meses.
As cirurgias foram realizadas em hospital particular, em pacientes do primeiro autor.
A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa, com certificado de apresentação
de apreciação ética número 48417821.6.0000.0018 e parecer número 4.877.284. Três pacientes
não aceitaram participar do estudo e 146 aceitaram e assinaram o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido.
Foi utilizada a técnica tumescente para obtenção da gordura, infiltrando a área a
ser lipoaspirada com solução fisiológica com adrenalina 1:500.000, com seringa de
60ml e cânula de Klein de 3mm. A aspiração foi feita com lipoaspirador Allcap®, pressão de - 600mmHg, com um frasco intermediário esterilizado para coletar a gordura,
e cânulas com três furos alinhados, de 3,5 e 4,0mm de diâmetro.
A preparação da gordura foi feita por decantação em seringas de 60ml por 10 minutos
(Figura 8). Não lavamos ou coamos a gordura.
Figura 8 - Método de preparação da gordura através da decantação.
Figura 8 - Método de preparação da gordura através da decantação.
A injeção da gordura foi via sulco interglúteo e sulco subglúteo com uso de cânula
de 4mm, com três furos alinhados, e seringa de 60ml em retroinjeção, com a cânula
em movimento, injetando 15 a 20ml por passada da cânula, no plano subcutâneo, iniciando
pela parte mais profunda e depois injetando mais superficialmente, procurando fazer
uma distribuição em leque (Figura 9). Ao final, foi realizada massagem para modelar e regularizar a superfície da pele.
Figura 9 - Marcação da técnica de injeção da gordura através do sulco interglúteo e sulco subglúteo,
com distribuição em leque.
Figura 9 - Marcação da técnica de injeção da gordura através do sulco interglúteo e sulco subglúteo,
com distribuição em leque.
Nos cuidados pós-operatórios foi feita a profilaxia antimicrobiana com cefazolina,
01g de 8/8h, por 24 horas e azitromicina, 500mg ao dia, por 5 dias. Nos procedimentos
com enxerto de gordura não associados a outras cirurgias, os pacientes foram orientados
a ficar em decúbito ventral (preferencial) por 15 dias. Nas lipoescultura combinadas
com abdominoplastias, mamoplastias e/ou nariz, foi orientado o decúbito dorsal no
pós-operatório destes pacientes. Não foi realizada massagem ou drenagem linfática
nas primeiras duas semanas nas regiões lipoenxertadas.
A avaliação do resultado foi realizada após o 6° mês de pós-operatório, seguindo a
escala de Likert de 5 pontos (1= ruim, 2= razoável, 3= bom, 4= muito bom e 5 = excelente).
RESULTADOS
Participaram do estudo 146 pacientes, porém em nove casos não foi possível acompanhar
até o sexto mês, sendo excluídos. Dos 137 pacientes no grupo de amostra final, 132
eram mulheres e 5 homens. Possuíam idades entre 18 e 54 anos (média de 34,1 anos)
e o índice de massa corporal (IMC) dos pacientes variou de 22,6 e 29,8Kg/m2 (média 27,2Kg/m2);
O padrão anatômico predominante foi o trapezoide (52,5%), seguido pelo em forma de
8 (27%), redondo (11,7%) e triangular (8,8%) (Figura 10).
Figura 10 - Frequência do tipo anatômico de formato dos glúteos.
Figura 10 - Frequência do tipo anatômico de formato dos glúteos.
O volume de gordura injetado nos glúteos variou de 240ml a 1000ml, por glúteo, com
médias de 510,8ml no glúteo direito e 580,5ml no glúteo esquerdo. No préoperatório,
somente 30,65% dos pacientes apresentavam glúteos simétricos.
Quanto às áreas doadoras (em alguns casos existia mais de uma área doadora), a cintura
(flancos e região lombar) foi utilizada em todas os 137 pacientes (100%), a lateral
das coxas (culotes) incluídas em 108 casos (78,8%) e a parte interna das coxas em
95 deles (69,3%).
As áreas lipoenxertadas (na maioria dos casos mais de uma área foi enxertada) foram:
1- central, em 133 pacientes (97%); 2- lateral, em 121 dos casos (88,3%); 3- superior,
em 63 pacientes (46%); e 4- inferolateral, em 21 casos (15,3%) (Figura 11).
Figura 11 - Gráfico da frequência das áreas glúteas lipoenxertadas.
Figura 11 - Gráfico da frequência das áreas glúteas lipoenxertadas.
Tivemos um total de 12 (8,75%) complicações menores (Figura 12) e nenhuma complicação grave. Não foi observado necrose de gordura, seroma, infecção
ou embolia gordurosa.
Figura 12 - Gráfico da incidência de complicações.
Figura 12 - Gráfico da incidência de complicações.
A avaliação da satisfação obtida pelos pacientes foi descrita como excelente em 56,2%
e muito bom em 40,9% dos casos (Figura 13).
Figura 13 - Gráfico do grau de satisfação dos pacientes com o resultado.
Figura 13 - Gráfico do grau de satisfação dos pacientes com o resultado.
DISCUSSÃO
O primeiro procedimento de gluteoplastia foi publicado em 1969 por Bartels, no qual
o autor utilizou implantes mamários no glúteo com o propósito de reconstrução14. Com o avanço da lipoaspiração, surgiu uma nova alternativa para a gluteoplastia,
a lipoenxertia15,16.
As cirurgias de gluteoplastia vêm se tornando mais frequentes ao longo dos anos, devido
à sua procura por pacientes que desejam aumentar a região glútea, obtendo, dessa forma,
um melhor contorno corporal12,17. Sendo assim, a lipoenxertia glútea tornase um procedimento cada vez mais importante,
por sua grande procura e bons resultados sem o uso de materiais aloplásticos12,18.
No presente estudo, a média de idade foi de 34,1 anos e 96,35% dos pacientes foram
do sexo feminino, seguindo um padrão semelhantes ao encontrado em outros estudos2,6,19. O formato predominante do glúteo foi o trapezoide, seguido pelo em forma de 8.
O volume de gordura injetado na maioria dos pacientes foi diferente em cada glúteo,
sendo o esquerdo o que recebeu mais volume, 580,5ml em média, quando comparado com
o volume médio enxertado no lado direito, que foi de 510,8ml. Nos trabalhos pesquisados
não existiam diferenças nas injeções de gordura entre os lados dos glúteos e os volumes
lipoenxertados foram semelhantes ao estudo de Rosique et al.19, que injetaram uma média de 505ml em cada nádega, assim como no trabalho de Cansancao
et al.,6 no qual a média de volume injetado em cada lado foi de 521,1ml. Porém, uma pesquisa
realizada por este mesmo autor, com 853 cirurgiões plásticos brasileiros, mostrou
que 75,65% deles costumam injetar entre 200-399 ml por lado, e somente 16,71% deles
usavam valores de 400-599 ml18.
A infiltração da região doadora usando soro fisiológico com adrenalina, como feita
em nosso estudo, é a mais utilizada de acordo com a revisão de CondéGreen et al.12, seguida das soluções de Klein e Ringer lactato com adrenalina. No presente trabalho,
a obtenção de gordura foi realizada com cânulas de 3,5 e 4,0mm, através de aparelhos
de lipoaspiração12. A pesquisa de Cansancao et al. com os cirurgiões plásticos brasileiros teve resultado
semelhante, mostrando a preferência em usar aparelhos de lipoaspiração e a cânula
de 4 mm18.
O preparo da gordura é um ponto discutível na literatura, tendo diversas técnicas
relatadas15,20,21. Neste estudo preparamos a gordura pela técnica de decantação, que é a mais utilizadas
em diversos artigos científicos, inclusive na pesquisa com cirurgiões plásticos do
Brasil, sendo a lavagem da gordura a segunda técnica mais utilizada18. Na revisão de Condé-Green et al.12 a decantação também foi a mais utilizada, seguida pela centrifugação em segundo lugar.
As regiões doadoras dos pacientes em nosso estudo foram variadas. Em vários pacientes
houve a necessidade de mais de uma área doadora, sendo que a cintura e a região lateral
das coxas foram as mais utilizadas, em concordância com a literatura19,22.
No que tange aos planos de injeção de gordura, utilizamos exclusivamente o plano subcutâneo
que, após a força tarefa realizada pela Aesthetic Surgery Education and Research Foundation, tem sido o mais utilizado por ser o mais seguro6,11,18.
O enxerto da gordura foi feito com seringas de 60ml e cânulas de 4mm, com três furos
alinhados na ponta. De acordo com Condé-Green et al.12, apenas 15% utilizaram cânulas de 4mm, 54,5% destes procedimentos foram realizados
com seringas de 60ml e apenas três artigos relataram o uso de cânulas com três furos,
sendo estes dados parcialmente concordantes com o nosso trabalho. Injetamos 15 a 20ml
de gordura por cada passada da cânula, estando de acordo com seis artigos analisados
por Condé-Green et al.12, os quais relataram a injeção variando entre 0,3 e 20ml por cada passagem da cânula.
As áreas mais enxertada foram: área 1, central, em 97%, é a principal para aumento
global do glúteo e para dar mais projeção (Figura 7); área 2, lateral, em 88,3%, serve para modelar, preenchendo a depressão no ponto
C de Mendieta22; área 3, superior, em 46%, serve para alongar os glúteos curtos e quando se quer
uma curva mais acentuada entre o dorso e o glúteo (Figura 7); área 4, inferolateral, em 15,3%, não é muito frequente de ser enxertada, e sua
utilização geralmente ocorre nos glúteos triangulares, para melhorar o formato dos
mesmos, embora, nestes casos, a capacidade de expansão da área 4 seja mais limitada,
ocasionando uma correção, por vezes, menor do que a desejada (Figura 6).
No presente estudo foram observadas apenas complicações leves, como a assimetria,
que acometeu cinco pacientes (3,65%), a dor crônica (mais de 30 dias) em três casos
(2,2%) e bolhas de epidermólise superficial em quatro casos (2,9%). Não detectamos
nenhuma coleção de seroma, diferentemente do que encontramos nos artigos de Condé-Green
et al. e Rosique et al., nos quais sua ocorrência variou de 2,4 a 4,7%, sendo uma
das complicações mais relatadas na literatura12,19. Enfatizamos que a lipoenxertia foi feita apenas em plano subcutâneo e não houve
graves complicações como embolia gordurosa e óbito. Segundo a literatura pesquisada,
estas complicações graves se mostraram mais frequentes quando o enxerto foi realizado
no plano muscular9,12. Por isso, ressaltamos a importância do enxerto de gordura ser colocado apenas em
plano subcutâneo.
Nos casos de assimetrias, destacamos que elas já existiam no pré-operatório e não
foram completamente corrigidas com a lipoenxertia, porém obtiveram importante melhora.
Em nenhum caso houve necessidade de cirurgia complementar, uma vez que as pacientes
estavam satisfeitas com o resultado. Nos casos de formação de bolhas, estas foram
tratadas colocando-se um curativo de filme adesivo transparente semipermeável (Tegaderm®), que só foi retirado após absorção do líquido da bolha. Inicialmente, estas áreas
evoluíram com discromia, mas responderam satisfatoriamente ao tratamento prescrito
pelo dermatologista. Os dois casos de dor crônica melhoraram com tratamento fisioterápico
(mobilização e carboxiterapia) e se resolveram em até 4 meses.
Quanto à satisfação dos pacientes, em 97,1% o resultado foi considerado excelente
ou muito bom, semelhante com o trabalho de Rosique et al.19, cujo resultado excelente ou muito bom foi observado em 97% dos casos, assim como
no levantamento realizado por Condé-Green et al.12, em que, nos trabalhos nos quais isto foi avaliado, a maioria dos resultados também
foram considerados excelentes ou bons.
CONCLUSÃO
A gluteoplastia com enxerto de gordura é um procedimento que proporciona bons resultados,
considerados “excelente” ou “muito bom” em 97,1% dos casos, com baixa incidência de
complicações, sendo 8,75% de complicações menores, e é mais procurada por mulheres
na faixa dos 30 aos 40 anos. O formato trapezoide do glúteo é padrão anatômico mais
frequente, correspondendo a 52,5%, e as áreas central e lateral são as mais lipoenxertadas,
97% e 88,3%, respectivamente. A média do volume de gordura colocado em cada glúteo
está entre 500 e 600ml, sendo 580,5ml no lado esquerdo e 510,8ml no direito. Foi definida
uma classificação dos glúteos e padronização de áreas de enxerto que poderão ajudar
o ensino deste procedimento.
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1. Universidade Federal do Pará, Belém, PA, Brasil
2. Hospital Amazônia, Belém, PA, Brasil
3. Clínica Spani Vendramin, Belém, PA, Brasil
Autor correspondente: Fabiel Spani Vendramin, Rua Municipalidade, no 985, sala 2112, Umarizal, Belém, PA, Brasil, CEP: 66050-350,
E-mail: drfabiel@gmail.com
Artigo submetido: 12/04/2021.
Artigo aceito: 15/10/2021.
Conflitos de interesse: não há.