INTRODUÇÃO
O culto à beleza e a busca por estar em perfeita harmonia com o corpo tem elevado
o número de pacientes em consultórios médicos à procura de um cirurgião plástico a
fim de atingir o objetivo esperado. Estudos comprovam que nos últimos 25 anos uma
das cirurgias plásticas que mais cresceu no Brasil (ficando atrás apenas dos EUA)
e no mundo foi a cirurgia de inclusão de próteses mamárias, uma vez que as mamas representam
o órgão da feminilidade. No México, a cirurgia plástica, tanto estética quanto reconstrutiva,
ficou em primeiro lugar nos anos de 2012 e 20131,2.
Nos EUA a média é de dois milhões de mulheres americanas que optam pela cirurgia de
mamoplastia de aumento. A maioria prefere próteses mais naturais, mas há quem prefira
as salinas; esse número ainda não é maior, pois algumas mulheres alegam que as próteses
podem apresentar algumas desvantagens como, por exemplo, contraturas, migração do
silicone causando condições sistêmicas como lúpus, fibromialgia e, em alguns casos,
necessidade de reoperação, mas sabe-se que estudos vêm sendo desenvolvidos para aumentar
a segurança das próteses3.
A cirurgia plástica pode ser tanto reparadora como estética, incluindo os procedimentos
cirúrgicos e também não cirúrgicos para remodelar as estruturas normais do corpo,
com o objetivo de melhorar a aparência e autoestima do paciente. Alguns fatores contribuem
para a procura da mamoplastia de aumento, como a idade, genética, gravidez, alterações
no peso, insatisfação com o tamanho das mamas, entre outros4.
As cirurgias de próteses de mamas começaram a surgir nos anos 1960, por volta de 1962.
A ciência médica vive em constante descoberta, a cada momento um novo método, uma
nova cura, um novo diagnóstico vem à tona. Na área da estética médica não é diferente,
junto com o surgimento das cirurgias plásticas vários desafios e técnicas iam surgindo
como os altos índices de contratura capsular e ruptura, parcialmente melhorados com
os revestimentos texturizados e de poliuretano5.
Segundo dados da International Society of Aesthetic Plastic Surgeons (ISAPS), em 2011
foram realizados 905.124 procedimentos cirúrgicos estéticos, sendo a lipoaspiração
(remoção da gordura localizada) um dos mais procurados, ocupando o primeiro lugar
do ranking, seguido da mamoplastia de aumento (inserção de prótese para aumento da
mama), que aparece em segundo lugar, e em terceiro lugar vem a abdominoplastia (remoção
do excesso de gordura e de flacidez do abdômen). Um estudo relatou que, em 2011, foram
realizadas 211.108 cirurgias de lipoaspiração, 148.962 cirurgias de mamoplastia e
95.004 de abdominoplastia4 (Tabela 1).
Tabela 1 - Ranking das cirurgias plásticas mais procuradas pelos brasileiros.
Tipos de Cirurgias |
Quantidade |
% |
Lipoaspiração |
211.108 |
46% |
Mamoplastia |
148.962 |
33% |
Abdominoplastia |
95.004 |
21% |
TOTAL |
455.074 |
100% |
Tabela 1 - Ranking das cirurgias plásticas mais procuradas pelos brasileiros.
Os altos índices de procedimentos cirúrgicos registrados refletem a insatisfação com
a imagem e a consequente busca pela perfeição, a qual muitas pessoas buscam por quererem
se enquadrar no mundo “fictício” de beleza imposta pela mídia, trazendo inúmeras consequências,
inclusive psicológicas, como ansiedade, depressão e baixa autoestima por conta dessa
insatisfação com o corpo.
OBJETIVO
O objetivo é relatar a evolução das próteses de silicone mamária, os tipos existentes
e comparar os métodos de incisão para colocação das mesmas.
MÉTODOS
O presente estudo apresenta uma metodologia de estudo do tipo revisão bibliográfica
narrativa, na qual foram feitas comparações entre artigos científicos voltados para
área de cirurgia plástica com foco em mamoplastia de aumento, não sendo necessária
submissão ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), visto que o estudo não envolveu seres
humanos.
Desenvolvimento
O estudo visa avaliar diversas técnicas de procedimentos utilizadas para colocação
de próteses de mama, ressaltando suas vantagens e desvantagens, a evolução das mesmas
e os tipos de próteses existentes. O tema abordado por esse artigo tem uma grande
importância no âmbito populacional, pois o mesmo será uma fonte esclarecedora para
muitas dúvidas de pessoas que temem em fazer a cirurgia ou aquelas que não se sentem
confortáveis em questionar ao médico. Também poderá ajudar na escolha de qual procedimento
e o tipo e perfil de próteses a escolher.
Insatisfação com a aparência, atitude defensiva e sensibilidade afetiva são os motivos
citados por Sante (2008) na busca da modificação corporal e facial. Aquino (2009,
p. 10), referindo-se ao conceito de cirurgia plástica estética, salienta que a intervenção
“responde ao imediatismo da modernidade, trazendo resultados em curto prazo”. O corpo
humano e a busca pela beleza e perfeição se tornaram um capital físico, econômico,
simbólico e social e um estilo de vida a qual se almeja, afinal, pessoas sadias que
se submetem a uma cirurgia estão em busca de mudar o seu viver, e muitas vezes a tomada
dessa decisão está relacionada à autoestima e à autoconfiança4.
Na maioria dos casos, a prótese de silicone é colocada em cima do músculo, por baixo
da glândula mamária. Em casos de pacientes que são muito magras, de reconstrução de
mama ou de pacientes que não têm mama (agenesia de mama), a prótese deve ser colocada
por baixo do músculo. A inserção da prótese pode ser feita pela via axilar, pela aréola
ou através do sulco inframamário (a dobra da mama), que é a localização mais comum4.
Fases das próteses
1ª fase: Envoltórios grossos de próteses com patch de dácron.
As primeiras próteses que surgiram eram compostas por um envoltório grosso com patch
de dácron que apresentavam resultados pouco naturais, e a mesma passou apresentar
algumas complicações, como reações inflamatórias tipo corpo estranho e suas inevitáveis
consequências1.
Mediante os grandes problemas advindos desse tipo de prótese, as empresas fabricantes
resolveram, então, modificar a espessura do envoltório, fazendo-o bastante fino, o
que acabou por marcar como a pior fase dos avanços das próteses, pois o fino revestimento
iria determinar rupturas, em longo prazo, pelo fato do gel atuar como solvente desse
revestimento1.
2ª fase: Envoltórios finos, sem patch.
A segunda fase da evolução das próteses foi marcada por um envoltório fino, sem patch.
O grande problema é que o silicone gel da prótese com o passar do tempo vai dissolvendo
o seu próprio envoltório, tornando o revestimento mais fino ou mesmo dissolvendo-o
por completo, deixando o produto viscoso dentro da cápsula fibrosa orgânica, ocasionando,
em certos casos, a migração do gel para a glândula e tecidos vizinhos, formando grânulo,
mais inflamação da pele com rash cutâneo, urticária, dor crônica, calcificações, migração
para os linfonodos, migração no trajeto de nervos periféricos, ou mesmo infiltração
do tórax simulando tumores, que chegam a exigir toracotomias exploratórias. Existem
casos de pacientes com envoltórios nas próteses rotos ou dissolvidos que não apresentam
nenhum sintoma1.
3ª fase: Envoltórios de duplo lúmen.
Os fabricantes de próteses perceberam que a evolução para próteses com envoltório
fino não foi tão eficiente como se esperava, então continuaram a progredir confeccionando
próteses de duplo lúmen (internamente silicone gel com um segundo envoltório líquido
aquoso), porém a nova prótese não mostrou ser prática, o que resultou em uma péssima
aquisição no mercado, tendo sido logo retiradas1.
4ª fase: Primeiras próteses infláveis.
Com o insucesso das próteses com envoltórios de duplo lúmen, as indústrias de próteses
passaram a embasar seus estudos em próteses infláveis, porém as mesmas apresentavam
válvulas pouco seguras e com a recomendação dos fabricantes para que tais próteses
fossem preenchidas com soluções macromoleculares (dextran)1.
As próteses infláveis também não tiveram boa aceitação do mercado, uma vez que apresentavam
um esvaziamento proveniente da má qualidade da válvula (baixo nível de segurança),
e como em qualquer tipo de prótese não existe uma barreira de impermeabilidade, com
o meio orgânico, as trocas com os dois meios se desenvolviam, ocasionando um significativo
aumento do número de contraturas capsulares orgânicas1.
5ª fase: Envoltórios de revestimento texturizado.
As indústrias passaram então a desenvolver próteses com uma camada de revestimento
com maior capacidade de resistência à ação do gel, a fim de evitar os mesmos problemas
causados nas fases anteriores. Começaram a surgir nessa fase as primeiras próteses
texturizadas, com preenchimento gelatinoso tradicional e posteriormente com tratamento
específico desse gel (coesivo) e mesmo outros preenchimentos que não foram bem aceitos
pelos cirurgiões de diversas partes do mundo, tipo óleo de mamona, etc1.
6ª fase: Envoltórios com sobreposição de poliuretano.
Apesar dos avanços já conquistados pelas indústrias, era necessário deixar as próteses
mais resistentes para evitar futuras complicações, dando ao consumidor mais segurança
e proteção ao organismo. Mediante isso, começaram estudos que buscassem um produto
capaz de revestir o silicone em si (o qual ficaria superposto à capa protetora de
silicone), que teria como finalidade minimizar o efeito da contratura capsular. O
produto eleito foi o poliuretano, que até hoje reveste uma boa parte das próteses
existentes no mercado1.
7ª fase: Próteses salinas infláveis.
As próteses infláveis recusadas no mercado na 4a fase voltaram a ganhar espaço, contudo, dessa vez o preenchimento recomendado passou,
então, a ser a solução salina, por ser isotônica ao invés das soluções macromoleculares
(dextran). Junto com os avanços das próteses texturizadas e de poliuretano, os estudiosos
procuraram investir em tipos da válvula mais seguras, objetivando ganhar o mercado
com próteses infláveis1.
Como mencionado anteriormente, o revestimento de silicone da prótese inflável, como
o de qualquer outro tipo de prótese, não é absolutamente impermeável, podendo ocorrer
o fenômeno do bleeding (transudação da prótese). Este fenômeno está diretamente ligado
a dois fatores primordiais: a pressão intraprótese e a isotonia do líquido que a preenche1.
O fenômeno da osmose explica a necessidade do líquido de preenchimento ser isotônico,
pois, assim, não haverá troca hidroeletrolítica entre os dois meios. Outro fator que
contribui para o esvaziamento da prótese inflável é a pressão interna ocasionada pelo
excesso de líquido de preenchimento; se há pressão interna maior do que a do meio
em que se encontra a prótese, sem dúvida este meio hiperbárico tenderá a procurar
o equilíbrio, ocasionando o fenômeno do bleeding. Daí, a prótese irá se desinflar1.
Métodos de incisão utilizados para mamoplastia de aumento
Existem diferentes tipos de incisões que podem ser realizadas na mamoplastia de aumento.
A escolha do método de implementação da prótese mamária é de suma importância, pois
vai depender do volume que se deseja, das condições anatômicas do paciente, características
da pele, tamanho da aréola, e quantidade de tecido mamário e gorduroso das mamas,
por exemplo. E deve ser levado em conta que cada método apresenta vantagens e desvantagens
distintas.
Os principais tipos de incisões realizadas para a mamoplastia de aumento são a do
sulco inframamário, a periareolar e a transaxilar. A escolha de qual incisão será
realizada no procedimento deve levar em consideração o desejo da paciente e a análise
técnica do cirurgião, sendo a decisão tomada em conjunto.
Incisão no sulco inframamário
A incisão sulco inframamário é um dos métodos mais utilizados pelos cirurgiões, pois
esse tipo de incisão gera um acesso bastante direto à região da mama, permitindo uma
visualização adequada da área de dissecção. Esse tipo de incisão afeta pouco o tecido
mamário, apresenta como vantagem a não alteração ao funcionamento das mamas, não acarretando
problemas em futuras amamentações. O tamanho da incisão deve ser o suficiente para
introduzir o implante sem lesionar os tecidos2,6.
A cicatriz fica localizada no sulco inframamário, levando a um resultado discreto
e disfarçado em algumas vezes e também pode deixar cicatrizes hipertróficas (alargadas),
porém visíveis, talvez podendo considerar uma desvantagem desse procedimento.
O tamanho da incisão varia de acordo com o tamanho da prótese de silicone escolhida
pelo paciente, podendo alcançar em média 5. Uma das vantagens desse tipo de incisão
é a melhor visualização e acesso direto do médico ao local a ser implantado as próteses
e não afetar a glândula mamária e a aréola7. É realizado 1cm acima do sulco, e com uma longitude de 4-7 cm; essa incisão oferece
bons resultados e deixa cicatrizes pouco visíveis7.
Esse tipo de incisão permite ao paciente juntamente com seu médico escolher se vão
colocar o implante retroglandular (atrás da glândula mamária somente ou atrás da fáscia)
ou o retromuscular (atrás do músculo). Cada método tem suas vantagens e desvantagens,
e a decisão deve ser tomada em conjunto com seu cirurgião6.
Incisão periareolar
Essa técnica é mais comum em mulheres que possuem mamas pequenas e aréolas grandes,
visto que essa cirurgia permite a diminuição do mesma, o que caracteriza uma vantagem
dessa incisão. Na via periareolar, apesar de resultar em cicatriz bem disfarçada,
seu posicionamento do implante fica visível, no meio da unidade mamária, e apresenta
como vantagem também um bom controle de homeostases e excelente acesso à mama, além
disso, se caracteriza por dividir a glândula, o que se traduz por fibrose pós-operatória7,8.
A incisão periareolar é realizada na área inferior da aréola, localizada na transição
do tecido areolar para a pele. Algumas desvantagens devem ser levadas em conta, como
a lesão de parte da glândula mamária e dos ductos lactíferos, com eventual prejuízo
à amamentação (a questão da implementação da prótese de mama e a amamentação tem sido
tema de muitos estudos, os quais muitos alegam não ter nenhuma interferência). Além
disto, a técnica só pode ser utilizada caso a aréola apresente um tamanho que permita
a introdução do implante escolhido7,9.
Outra desvantagem está relacionada ao risco de contaminação por lesão aos ductos lactíferos.
Esse tipo de incisão ainda pode causar alterações na sensibilidade da aréola, e tornar-se
visível caso tenha uma pigmentação diferente da região ou apresente alargamento9.
Incisão transaxilar
A mamoplastia de aumento por via axilar não é muito utilizada. A técnica foi descrita
em 1973 por Hoehler e recebe críticas quanto à pobre visualização do campo cirúrgico,
em particular na área próxima ao sulco submamário, o que se traduz por maior dificuldade
em simetria e mal posicionamento do implante. Além de maior risco de hematoma, traz
mais complicações para a paciente, com maior possibilidade de deslocamento da prótese
e até riscos de infecções.
Por outro lado, possui como vantagens cicatrizes inconspícuas, localizadas fora da
unidade estética da mama, e a não violação da glândula mamária, mantendo sua unidade
inalterada. A cicatriz fica posicionada em uma prega natural na região axilar, além
de manutenção do parênquima mamário e ductos lactíferos inviolados10.
Este tipo de incisão tem como desvantagem uma maior dificuldade para colocação de
próteses com volume maior e para o posicionamento do implante na mama. Ela também
se torna difícil de ser reutilizada, exigindo uma nova incisão para casos em que tratamentos
sejam necessários no local ou que haja uma troca da prótese. Nesse tipo de incisão
é mais frequente a assimetria de sulcos inframamários (e de base/região inferior das
mamas)10.
Tipos de próteses mamárias: formatos e projeções (Figura 1)
Figura 1 - Tipos de próteses.
Figura 1 - Tipos de próteses.
No ano de 1993, os implantes anatômicos foram popularizados por numerosos cirurgiões,
mas muito pouca literatura compara as indicações precisas, vantagens e desvantagens
entre implantes redondos e implantes anatômicos11.
Na cirurgia da inclusão dos implantes mamários, uma das maiores dificuldades está
em planejar o volume adequado à anatomia mamária, ao biotipo e aos desejos da paciente12.
Um ponto tão quão importante quanto a escolha do volume da prótese é o tipo de prótese
de que se deve colocar. Indubitavelmente, antes de fazer uma cirurgia é preciso entender
e aprender a respeitar o seu biótipo e entender que cada um possui o seu, para conseguir
um resultado harmonioso e natural12.
Muitos cirurgiões têm suas “fórmulas” ou protocolos no que concerne à escolha do volume
e do tipo de implante, à localização, à posição do sulco e à incisão, amplamente divulgadas
na literatura médica e utilizadas na prática clínica. A disponibilização, pelos fabricantes,
de implantes com várias formas e projeções, permitiu um leque de opções, mas também
há fatores adicionais que devemos considerar no planejamento de uma mamoplastia de
aumento11,12.
Os critérios de escolha de volume, plano de inclusão e local da incisão são baseados
em conceitos pré-estabelecidos, na experiência do cirurgião e no desejo da paciente11.
Implantes de forma redonda x forma anatômica
Os implantes de forma redonda causam maior projeção na porção central da mama, enquanto
os implantes denominados anatômicos produzem maior projeção no polo inferior da mama.
Baseados na forma pré-operatória da mama, os cirurgiões propõem um algoritmo para
a escolha dos implantes de forma redonda ou dos de projeção inferior (anatômicos),
de acordo com a forma final que se deseja obter (Figuras 2 to 3)12.
Figura 2 - Diagrama demonstrando que o implante redondo produz maior projeção no terço médio,
atrás da aréola.
Figura 2 - Diagrama demonstrando que o implante redondo produz maior projeção no terço médio,
atrás da aréola.
Figura 3 - Diagrama demonstrando que o implante anatômico produz maior projeção no terço inferior.
Figura 3 - Diagrama demonstrando que o implante anatômico produz maior projeção no terço inferior.
O formato de prótese redondo é o mais utilizado, uma vez que possui simetria em todas
as suas dimensões, preenchendo igualmente todos os espaços da mama, principalmente
o colo da mama, região que normalmente apresenta-se vazia.
O formato de prótese anatômico mais preenchido na sua parte central e inferior simula
o formato mais natural do seio feminino e é mais indicado para mulheres mais magras,
que não desejam um resultado muito “marcado” ou tipo “bola” e para quem não tem o
seio caído. Também muito usado em casos de reconstrução mamária após cirurgias de
câncer de mama. Este tipo de prótese preenche menos o colo da mama, comparado ao redondo,
podendo acentuar mais ainda o aspecto caído do seio. Sendo assim, mais indicado para
mulheres com seios bem proporcionados e sem nenhum tipo de flacidez12.
Outro tipo de prótese é de formato cônico, muito indicado para pacientes que têm tórax
e ombros estreitos, porque é o que possuiu a menor largura. É um implante que projeta
bastante o seio sem aumentar o volume nas laterais e sem proporcionar o aspecto artificial
arredondado causado pela prótese redonda12.
Esse tipo de prótese também permite um formato mais natural, o que tem atraído cada
vez mais a atenção e escolha de pacientes e cirurgiões. A prótese cônica ajuda a deixar
os seios com um formato menos arrendado e com a sensação de empinados. Como ela tem
o foco na projeção, não é preciso grandes volumes de prótese para buscar o tamanho
desejado. Com as próteses cônicas, consegue-se um bom formato e projeção do colo da
mama, sendo este o resultado almejado por muitas mulheres12.
As prósteses redondas se diferenciam pelas suas projeções ou diferentes perfis, que
devem ser definidos no ato da escolha das próteses: “A diferença dos perfis está na
projeção das próteses (ou quanto elas deixam os seios “mais para frente”), e na largura
da base das próteses (o quanto ela se “espalha na mama”). Para um mesmo volume, quanto
mais alto o perfil, menor a base do implante e maior sua altura”13.
Com a escolha de diferentes perfis em termos de relação diâmetro/volume, o paciente
e o cirurgião podem escolher primeiro o volume do implante desejado e selecionar o
perfil do implante que melhor corresponda ao diâmetro da base do paciente. O Dr. Flávio
Borges destacou as seguintes características para cada tipo de perfil redondo de próteses13,14:
Prótese redonda com perfil alto: indicada para mulheres que apresentam um tórax proporcional e pouco volume no colo.
Os implantes salinos do tipo perfil alto fornecem uma opção útil para aqueles pacientes
que almejam por um implante cujo resultado exceda o diâmetro natural da base da mama
em perfis padrão13.
Prótese redonda com perfil super-alto: indicada para mulheres que apresentam tórax estreito, a largura da prótese é mais
estreita e tem maior projeção. Devido à preferência por seios grandes, são os tipos
de perfil mais utilizados pelas mulheres, uma vez que permitem volumes maiores com
menor aumento da base, evitando que a prótese avance para regiões indesejadas, ou
seja, para os lados14.
Prótese redonda com perfil baixo: a largura é maior (diâmetro) e a projeção (altura) menor. Indicada para pacientes
que possuem o tórax largo ou que desejam um aumento dos seios para os lados com pequena
projeção na frente, o que não é muito utilizado atualmente14.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Indubitavelmente, é possível perceber o grande avanço das indústrias frente à evolução
das próteses de mama, a busca pela compatibilidade com o tecido, a preocupação com
o não rompimento das mesmas, porém, não se chegou a algo 100% seguro, o que permite
que contratempos ocorram e possível reoperação seja feita15.
A mamoplastia de aumento, seja pela técnica periareolar ou pela técnica transaxilar,
é um procedimento seguro, de baixa morbidade e com altos índices de satisfação. A
utilização da técnica pela via transaxilar não agrega morbidade e pode ser uma excelente
alternativa para pacientes que desejam realizar a cirurgia, mas não aceitam a ideia
de ter uma cicatriz em suas mamas3.
O conteúdo das próteses modernas é formado de gel silicone coesivo, que impede o vazamento,
mantendo o formato da mama mesmo em caso de ruptura. Todos estes avanços contribuem
para um resultado mais bonito, natural e seguro13.
O implante preenchido com silicone-gel é um dos mais utilizados, principalmente quando
é feita uma cirurgia de reconstrução de mama após mastectomia. Ainda não se sabe muito
sobre a taxa de ruptura do implante e suas possíveis sequelas; o que estudos comprovam
através de testes de materiais das próteses é que, à medida que os implantes envelhecem
in vivo, os mesmos se enfraquecem e podem tender a romper15.
Algumas sequelas de ruptura das próteses incluem migração do gel acompanhada por uma
inflamação e formação de granuloma de silicone. A questão do gel do silicone livre
em relação à doença do tecido conjuntivo idiopática não é bem esclarecida. Alguns
exames de rotina podem detectar a ruptura da prótese de mama, sendo a ressonância
magnética mais visível quando comparada à mamografia ou a ultrassonografia15.
A escolha do tipo de incisão a ser feita varia de acordo com o paciente (que pode
se encaixar no perfil para aquele tipo de incisão escolhida ou não). O que leva o
paciente a pensar nessa escolha é a marca da cicatriz, e é uma variável importante
que deve ser ressaltada pelo cirurgião na consulta pré-operatória. Alguns estudos
apontaram que nos EUA e no Brasil as pessoas optam pela incisão inframamária, enquanto
na China a prevalência é pela cicatriz axilar, e a periareolar é mais realizada em
pacientes que apresentam uma aréola grande, visto que é possível fazer a redução da
mesma16.
Um estudo feito com 22 pacientes entre 22 e 55 anos, com média de idade de 33 anos,
mostra resultados positivos9, conferindo boas notas ao formato, simetria e altura das mamas, qualidade da cicatriz,
posição e tamanho das aréolas. Esses dados foram coletados a partir de um questionário.
CONCLUSÃO
É evidente o aumento da cirurgia plástica, e o avanço nas próteses tem contribuído
para isso, pois proporcionam maior segurança para os pacientes, e têm apresentado
resultados satisfatórios para a população.
É indispensável a importância dos esclarecimentos pré-operatórios clínicos que permitam
que os objetivos e as metas sejam alcançadas com os procedimentos a serem analisados7.
Baseado nos artigos pesquisados, ficou evidente que a cirurgia plástica é uma das
mais realizadas mundialmente. O Brasil fica no segundo lugar do ranking, atrás dos
EUA13.
O tipo de incisão a ser utilizada varia de acordo com a anatomia do paciente, baseado
nas vantagens e desvantagens (como tempo de recuperação e cicatriz), e a opinião do
profissional de saúde responsável pela cirurgia. Mas é uma decisão tomada em conjunto
médico-paciente12.
O volume da prótese também é um fator importante a ser discutido no consultório, pois
muitas mulheres ficam insatisfeitas com o volume mamário alcançado, levando à reoperação.
A literatura menciona que o número chega a 20% dos pacientes, mas quando discutido
antes agrega menor morbidade a pacientes e evita gastos, que só nos EUA atingiram
US$.5770,0016.
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1. Universidade Guaçuí, Anatomia Humana, Itaperuna, RJ, Brazil.
Autor correspondente: Lays Lopes Monteiro, Rua, André Luis, 22, Jardim Carioca, Campos dos Goytacazes, RJ, Brasil. CEP 28080-720,
E-mail: layslopesmonteiro@outlook.com
Artigo submetido: 28/01/2020.
Artigo aceito: 15/10/2021.
Conflitos de interesse: não há.