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Editorial - Year2021 - Volume36 - Issue 1

http://www.dx.doi.org/10.5935/2177-1235.2021RBCP0001

Com a necessidade de agilizar a disseminação de dados de pesquisa em momentos críticos à saúde mundial, a publicação de achados científicos sem a avaliação crítica por pares ganhou espaço. O uso das informações divulgadas, principalmente pela imprensa leiga, tem sido feito de maneira pouco crítica, com interpretações muitas vezes inadequadas e potencialmente perigosas. Um artigo submetido em um repositório de pré-publicação ou preprint pode ser inclusive um artigo inacabado, ainda em fase de coleta de dados e interpretações de resultados1,2. Muitos repositórios aceitam deliberadamente os estudos e há a necessidade de um mínimo crivo por parte de entidades científicas, inclusive para auxiliar na interpretação do que se deseja divulgar3.

A divulgação acelerada de dados sensíveis pode ser realmente eficaz, mas é altamente dependente de atitudes éticas e diligentes. É inverossímil acreditar que a totalidade da população atue desta maneira desejável, infelizmente. A natureza humana assim o é; não fosse este um fato real poderíamos nos abster, sob este prisma, de comissões de ética em pesquisa, verificações antiplágio, revisão por pares ou até mesmo de comissões científicas editoriais.

A realidade, bem diferente, requer análise crítica de entes científicos não envolvidos em um estudo, para que o mesmo possa ter a credibilidade esperada. A informação obtida e a sua interpretação dependem de inúmeros fatores de viés. Muitos destes sequer são percebidos ou tem a intencionalidade por parte de quem executa a pesquisa. Como é comum para quem escreve, ao relermos nossos textos muitas vezes passamos por um automatismo que abre brechas para a perpetuação de erros de ortografia, interpretação e de processos científicos, que podem ocorrer pela simples desatenção. Em um passo seguinte, o desejo de se obter informações favoráveis, pode levar a uma interpretação enviesada das informações. Por fim, é inegável a existência de interpretações propositalmente desviadas da norma científica, que devem ser coibidas formalmente.

Não reduzimos a importância dos repositórios de pré-publicações (preprints), mas isso deve ser realmente considerado sob rigoroso criticismo, ao mesmo passo que autores devem estar cientes e informar claramente aos leitores sobre os riscos envolvidos na interpretação das informações3.

Como uma revista científica pode auxiliar na aceleração da divulgação de informações revisadas por pares? A resposta já existe: processos de submissão e revisão amigáveis, comissão de revisores ativa com metas de prazos rigidamente respeitadas, publicações em tempo real na internet, artigos aprovados já disponibilizados de imediato (os chamados artigos ahead of print). A Revista Brasileira de Cirurgia Plástica (RBCP) tem dedicado máximo empenho na obtenção destes critérios, de forma a oferecer a informação atual, de qualidade e cientificamente embasada.

REFERÊNCIAS

1. Sheldon T. Preprints could promote confusion and distortion. Nature. 2018;559:445. DOI: https://doi.org/10.1038/d41586-018-05789-4

2. Pessanha PG. Observatório de evidências científicas COVID-19. Notícias rápidas ou notícias falsas? As vantagens e as armadilhas da publicação rápida através de servidores de preprints durante uma pandemia [Internet]. Brasília (DF): Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT); 2021 Mar;10. Disponível em: http://evidenciascovid19.ibict.br/index.php/2020/08/14/o-que-sao-preprints-de-pesquisas-e-qual-a-sua-confiabilidade/

3. Kwon D. How swamped preprint servers are blocking bad coronavirus research. Nature. 2020 Mai;581:130-1. DOI: https://doi.org/10.1038/d41586-020-01394-6











Editor Chefe.

 

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