INTRODUÇÃO
Atualmente tem-se observado um número crescente de profissionais de outras especialidades
praticando técnicas anteriormente exclusivas dos cirurgiões plásticos. Auxiliados
pelas mídias tecnológicas, acabam se tornando uma espécie de “referência” às pessoas
leigas, que desconhecem os riscos de realizar procedimentos invasivos sem o devido
respaldo técnico. Por outro lado, o cirurgião plástico que respeita os padrões éticos
fazendo as suas ações de publicidade médica dentro das normativas legais adotadas
pelos conselhos regulatórios1 acaba perdendo credibilidade e sofrendo as consequências, quando não consegue acompanhar
o crescimento dos serviços realizados pela internet, mídias sociais e aplicativos
para celular2.
Nesse ambiente criado pelo surgimento de novas tecnologias digitais em saúde, muitos
paradigmas estão sendo rompidos e a abertura para obter novos conhecimentos permite
ao cirurgião plástico se tornar familiar, versátil e confortável com mídias sociais,
usando-as para futuras ações comerciais e crescimento da prática profissional3. Entretanto, pouco exploradas são as informações referentes à utilização de aplicativos
médicos no acompanhamento dos pacientes.
OBJETIVO
O presente artigo propõe-se a analisar a utilização de aplicativos digitais móveis,
por pacientes e profissionais, visando entender a importância e o reconhecimento desse
tipo de tecnologia no sentido de proporcionar maior qualidade e segurança nos atendimentos
médicos, especificamente para atendimentos eletivos da especialidade cirurgia plástica.
MÉTODOS
Trata-se de uma pesquisa descritiva, analítica e retrospectiva que abrangeu duas análises:
(1º) das conversas realizadas através de um aplicativo móvel de mensagens instantâneas
no canal de comunicação destinado ao acompanhamento de pacientes submetidos a cirurgias
em uma clínica privada do autor, nos meses de janeiro a março de 2019; (2º) da utilização
de tecnologias digitais em cirurgia plástica, através da análise das respostas de
um questionário de pesquisa enviado aos profissionais.
1º Análise:
No período analisado, 61 pacientes de ambos os sexos, com idade entre 18 e 60 anos,
realizaram conversas por meio do aplicativo durante 3 meses consecutivos.
No dia em que agendaram a cirurgia, os pacientes receberam as solicitações de exames
pré-operatórios e um material impresso, contendo orientações para a realização do
procedimento e sobre os cuidados pós-operatórios; bem como o respectivo termo de consentimento
informado para a cirurgia. Além disso, eles tomaram conhecimento dos principais meios
de contato com a equipe médica, incluindo-se o número de telefone celular disponível
para atendimento ininterrupto, por chamada de voz, mensagens de texto ou por aplicativo
de mensagens instantâneas (WhatsApp®).
Os pacientes depois de serem submetidos a procedimentos cirúrgicos, como rotina, receberam
chamadas telefônicas e/ou mensagens ao final do dia em que obtiveram a alta hospitalar
e, posteriormente, conforme a necessidade imposta pelo caso. Os questionamentos básicos
estabelecidos pela equipe assistente envolviam análises subjetivas do estado geral,
tais como: dor, desconforto, dificuldade respiratória, inchaço e aspecto na região
operada. Salientando-se também aos pacientes a possibilidade de contato subsequente,
através de chamadas telefônicas ou por aplicativo de mensagens pelo celular. Na ocorrência
de qualquer manifestação clínica ou cirúrgica que exigisse a participação médica,
o profissional responsável era comunicado para tomar as devidas providências e determinar
a conduta adequada.
As variáveis analisadas nas conversas realizadas através do aplicativo móvel de mensagens
instantâneas no canal de comunicação destinado ao acompanhamento de pacientes, foram:
• Informações sobre a recuperação após cirurgia;
• Motivos do contato através do aplicativo de mensagens;
• Tempo médio decorrido entre a realização da cirurgia e o envio de mensagens pela paciente.
• Posteriormente ao levantamento das conversas foi realizada pesquisa de satisfação,
cuja finalidade foi avaliar o atendimento da equipe, bem como o uso do aplicativo
móvel na recuperação pós-operatória do paciente.
Pesquisa de satisfação:
a) Atendimento da equipe assistente: (1) péssimo; (2) regular; (3) bom; (4) ótimo.
b) Uso do aplicativo móvel na recuperação pós-operatória: (1) extremamente útil; (2)
muito útil; (3) indiferente; (4) desnecessário.
2º Análise
Foram enviados links de acesso à plataforma Google Forms para 273 profissionais da especialidade da região Sul do Brasil, nos meses de julho
e agosto de 2019. No questionário constavam quatro perguntas abordando:
• Quais os meios de comunicação mais utilizados para contato dos pacientes?
• Quais os principais problemas enfrentados no dia a dia do consultório?
• Quais atitudes consideram importantes para melhorar o rendimento do consultório ou
clínica?
• Quais os meios de comunicação utilizados atualmente para a divulgação profissional?
Os dados obtidos na pesquisa com pacientes (1) e profissionais (2) foram computados
no programa SPSS Statistics para Windows (versão 16.0). Foi realizada análise descritiva
das variáveis incluídas no estudo, para as variáveis categóricas foram calculadas
as frequências absolutas (N) e as frequências relativas (%). Os resultados foram apresentados
em forma de gráficos.
A análise seguiu os princípios de Helsinque (2000) e da resolução nº 466/2012 do Conselho
Nacional de Saúde que trata dos aspectos éticos e legais da pesquisa envolvendo seres
humanos no Brasil4.
RESULTADOS
1º Análise:
Na amostra obtida para a realização do estudo (n=61), registrou-se a média de 7,4
conversas pelo aplicativo de mensagens/paciente/mês (mínimo: 1; máximo: 18). Dentre
as mensagens recebidas no período analisado, o principal motivo que levou os pacientes
a utilizarem o aplicativo de mensagens ANTES da cirurgia (n=84), referiu-se ao esclarecimento
de dúvidas 29 (34,5%) e, logo em seguida, foi o agendamento de consultas 28 (33,3%),
outros motivos estão descritos na Figura 1.
Figura 1 - Motivos da utilização espontânea do aplicativo de mensagens pelos pacientes, ANTES
da cirurgia (n=84).
Figura 1 - Motivos da utilização espontânea do aplicativo de mensagens pelos pacientes, ANTES
da cirurgia (n=84).
Levando-se em consideração a média mensal de 122 conversas no pós-operatório, 86 (70,5%)
foram iniciadas pelos pacientes e 36 (29,5%) pela equipe assistente; cuja finalidade
destas era obter informações sobre a recuperação após a cirurgia, além das recebidas
através de contato telefônico. Entre as mensagens em cada conversa estabelecida, em
média, foram recebidas 26 imagens e 13 áudios por pacientes a cada mês.
Constatou-se que os principais motivos de conversas através do aplicativo de mensagens,
APÓS a cirurgia foram: agendar consulta de retorno 21 (17,2%), esclarecimentos referentes
a dor 13 (10,6%) e sobre os medicamentos 12 (9,8%). Outros motivos estão listados
na Figura 2.
Figura 2 - Principais motivos de contato através do aplicativo de mensagens, APÓS a cirurgia.
Análise da média mensal (n=122). Nota¹: Diversos (desconforto respiratório, atividade
física, febre, alimentação, cicatrização, dreno, retirada de pontos, disfunção intestinal,
uso de cremes, prurido e posição para dormir). Ocorrência de cada motivo = 3 (2,4%)
dos casos.
Figura 2 - Principais motivos de contato através do aplicativo de mensagens, APÓS a cirurgia.
Análise da média mensal (n=122). Nota¹: Diversos (desconforto respiratório, atividade
física, febre, alimentação, cicatrização, dreno, retirada de pontos, disfunção intestinal,
uso de cremes, prurido e posição para dormir). Ocorrência de cada motivo = 3 (2,4%)
dos casos.
Em 59 (16,1%) do total de 366 conversas por mensagem realizadas no período pós-operatório,
foi solicitado o envio de imagens para auxiliar o esclarecimento da dúvida ou preocupação
inicial. Deste modo, foi possível realizar a orientação adequada sem a necessidade
de deslocamento até a clínica. No período analisado, houve 2 casos onde a mensagem
enviada pelo paciente através aplicativo resultou em encaminhamento imediato para
atendimento em nível hospitalar, com o diagnóstico prévio de hematoma, auxiliado pela
análise das imagens enviadas pelos pacientes
Em relação ao tempo médio decorrido entre a realização da cirurgia e o envio de mensagens
pela paciente, constatou-se que, na média mensal, 57 (46,7%) das conversas foram iniciadas
antes do 15° dia pós-operatório, com maior prevalência no 5° dia de recuperação após
a intervenção cirúrgica.
Posteriormente à análise das mensagens, os 57 dos 61 pacientes responderam à pesquisa
de satisfação sobre o atendimento e o uso do aplicativo móvel. A totalidade dos entrevistados
consideraram “ótimo” o atendimento da equipe assistente ANTES da cirurgia; bem como
o atendimento APÓS a cirurgia. Ademais, os pacientes consideraram útil ter um meio
de comunicação através de aplicativo de celular diretamente com a clínica (Figura 3), contribuindo na sua recuperação pós-operatória, considerando-o como um diferencial
no atendimento.
Figura 3 - Importância da comunicação direta com a clínica através do aplicativo de celular (n=57).
Figura 3 - Importância da comunicação direta com a clínica através do aplicativo de celular (n=57).
2º Análise
Do total de 273 questionários enviados aos profissionais, 48 (21,8%) foram respondidos
de maneira completa, com isso fornecendo um índice de confiabilidade de 90% para a
amostra. Nas respostas obtidas, constatou-se 38 (49,3%) referências da utilização
de aplicativo de troca de mensagens (WhatsApp®), 27 (35%) do uso do telefone convencional e somente 2 (2,6%) do uso de um aplicativo
próprio da clínica ou consultório como um dos principais meios de comunicação para
facilitar o contato dos pacientes (Figura 4).
Figura 4 - Principais meios de comunicação utilizados pelos profissionais para contato dos pacientes.
Baseado no número total de referências (n=77).
Figura 4 - Principais meios de comunicação utilizados pelos profissionais para contato dos pacientes.
Baseado no número total de referências (n=77).
Segundo os profissionais, o principal problema que aparece no dia a dia do consultório
ocorre devido ao não comparecimento/cancelamentos em consultas 22 (27%); em segundo
lugar foi apontado a concorrência de profissionais não-especialistas 17 (21%); e redução
dos preços praticados para procedimentos estéticos foi apontado como o terceiro problema
a ser enfrentado 16 (20%). Os demais problemas são apresentados na Figura 5.
Figura 5 - Principais problemas enfrentados pelos cirurgiões plásticos no dia a dia do consultório.
Baseado no número total de referências (n=81).
Figura 5 - Principais problemas enfrentados pelos cirurgiões plásticos no dia a dia do consultório.
Baseado no número total de referências (n=81).
Quando os profissionais foram indagados sobre as atitudes que considerariam importantes
para melhorar o rendimento do consultório ou clínica, a utilização das mídias sociais
e encontrar medidas para reduzir o índice de cancelamentos de consultas e cirurgias
receberam maior destaque, de maneira equivalente, representando 20 (24%) das respostas.
Outras atitudes estão elencadas na Figura 6.
Figura 6 - Atitudes consideradas importantes pelos Cirurgiões Plásticos para melhorar o rendimento
do consultório ou clínica. Baseado no número total de referências (n=82). Nota²: Diversos
(oferecer agendamento on-line; poder publicar fotos "antes e depois"; Leis e Fiscalização
mais rigorosas para não especialistas).
Figura 6 - Atitudes consideradas importantes pelos Cirurgiões Plásticos para melhorar o rendimento
do consultório ou clínica. Baseado no número total de referências (n=82). Nota²: Diversos
(oferecer agendamento on-line; poder publicar fotos "antes e depois"; Leis e Fiscalização
mais rigorosas para não especialistas).
Relativo aos meios de comunicação utilizados para divulgação profissional, o Instagram® foi a rede social mais apontada 27 (35%), seguido do Facebook® 22 (29%). Ademais, verificou-se que 12 (16%) pesquisados não fazem divulgação. Outros
meios utilizados podem ser visualizados na Figura 7.
Figura 7 - Meios de comunicação mais utilizados pelos cirurgiões plásticos para divulgação profissional.
Baseado no número total de referências (n=77).
Figura 7 - Meios de comunicação mais utilizados pelos cirurgiões plásticos para divulgação profissional.
Baseado no número total de referências (n=77).
DISCUSSÃO
Além da completa dedicação e empenho do profissional em realizar o seu trabalho com
qualidade, a classificação do resultado de um procedimento ou cirurgia estética está
sujeita à percepção do paciente, no que concerne a satisfação do tratamento como um
todo, incluindo o atendimento recebido.
Buscando aprimorar o atendimento, oferecer maior embasamento aos pacientes na preparação
para a cirurgia e também criar medidas de suporte e prevenção de complicações, foram
elaborados materiais impressos e criadas rotinas de atendimento, que estão sendo utilizadas
há mais de 12 anos na clínica privada do autor. Inicialmente o contato com o paciente
era estabelecido por ligações telefônicas e mensagens de texto (SMS). Em 2015, disponibilizou-se
o contato via aplicativo de mensagens instantâneas, para auxiliar no esclarecimento
de dúvidas e nas orientações a distância.
Analisando-se as trocas de mensagens através do aplicativo no período do estudo, registrou-se
um número médio de 86 (70,5%) conversas iniciadas pelo paciente a cada mês, revelando
que apesar deles terem recebido orientações padronizadas e abrangentes antes da cirurgia,
ainda necessitaram de apoio e assistência no período de recuperação pós-operatória.
É necessário levar em consideração que a maioria dos casos analisados corresponderam
a cirurgias mamárias e do contorno corporal, como a lipoaspiração e a abdominoplastia,
as quais naturalmente geram mais dúvidas, desconforto e insegurança para os pacientes.
De qualquer modo, fica evidente que não existindo a facilidade de comunicação digital,
estes pacientes precisariam ser atendidos em consulta presencial, comprometendo maior
tempo do profissional.
No período observado, ocorreram complicações pós-operatórias que foram precocemente
diagnosticadas, através da análise das imagens enviados pelos pacientes, e adequadamente
tratadas em ambiente hospitalar. Fato que reduziu significativamente a morbidade e
impediu a ocorrência de complicações graves, como em 2 casos de hematoma, um após
cirurgia mamária com prótese de silicone e outro após a realização de abdominoplastia
secundária, respectivamente no 2° e 3° dias após a alta hospitalar.
No ano de 2004, considerava-se a importância da tecnologia para otimizar o atendimento
ao paciente de cirurgia plástica. Sendo que o uso de informações de saúde aumentou
relativamente na década passada5. Além disso, desde a introdução das mídias sociais, de modo geral, a cirurgia plástica
as adotou, especialmente como uma ferramenta de marketing, educação e comunicação6-10.
Atualmente, a maioria das pessoas que pretende realizar uma cirurgia, utiliza a internet
para fazer a pesquisa, mesmo antes de uma consulta com o cirurgião plástico6. Estima-se que mais de 92% da população brasileira possuam ou utilizem aparelho celular.
Além do uso básico para chamadas e mensagens, estes são agora instrumentos multifuncionais
que aumentam todos os aspectos da vida, facilitando o acesso e processamento de dados11. Alguns aplicativos de celular permitem inclusive que os pacientes se envolvam em
seus próprios cuidados médicos. Segundo Noel et al, em 201712, o uso de um aplicativo impediu que 20% dos pacientes acompanhados ligassem para
o cirurgião plástico ou para um serviço de emergência, sendo que nenhuma complicação
resultou dessa decisão.
A presença da tecnologia digital como um fator essencial no desenvolvimento da comunicação
com o paciente é de relativo valor no processo de educação e decisão para a cirurgia.
A utilização de aplicativos tem revolucionado o acesso à informação e os aplicativos
relacionados à avaliação clínica cooperam para a diminuição do tempo para uma abordagem
terapêutica13. Não obstante, alguns estudos demonstram que ainda são poucos os aplicativos que
se mostram realmente úteis para o cirurgião plástico aprimorar o seu trabalho diário14-16. Por outro lado, para que um profissional desenvolva o seu próprio aplicativo, são
necessárias etapas, como por exemplo: explicar o que o “paciente” deseja; realizar
testes do que foi desenvolvido; aguardar os ajustes e correções e, depois de pronto,
gerenciar o funcionamento. Na grande maioria das vezes os resultados são: horas perdidas,
meses de espera e anos para começar a funcionar. Além do custo elevado para manter
e fazer as atualizações. Prova dessas barreiras foi que somente 2 (4,1%) dos profissionais
pesquisados investiram em um aplicativo exclusivo para a sua clínica.
No decorrer dos últimos anos os cirurgiões plásticos têm enfrentado uma série de dificuldades
na profissão e no gerenciamento do seu consultório. Não bastasse o aumento exponencial
de profissionais não-habilitados realizando procedimentos antes considerados de competência
exclusiva de cirurgiões plásticos, o elevado índice de pacientes que não comparecem
em consultas ou cancelam procedimentos de última hora traz considerável prejuízo;
visto que é necessário manter a estrutura de atendimento sempre disponível, sem que
ocorra algum tipo de compensação financeira pela desistência do paciente.
Para o cirurgião plástico que, além da profissão na saúde, é um empresário e gestor
da sua carreira, torna-se compreensível a preferência por decisões mais fáceis e que
tragam melhor resultado imediato, conforme foi demonstrado na escolha das mídias sociais
(Instagram® e Facebook®) como meios de comunicação para as divulgações do seu trabalho. No entanto, estas
também são ferramentas usadas pelos concorrentes, que pela maior disponibilidade de
tempo e dedicação a esses aspectos, sobrepujam grande parte dos cirurgiões plásticos.
Sem contar que muitas publicações acabam não agregando valor ou produzindo um diferencial
competitivo de mercado.
A proposta de utilização de aplicativos que facilitem agendamentos abre a possibilidade
de reduzir o índice absenteísmo em consultas e cancelamento de cirurgias, os quais
frequentemente trazem prejuízos financeiros consideráveis e perda de tempo ao profissional,
que deixa à disposição toda a sua estrutura física e de pessoal para o atendimento
do paciente e este simplesmente não comparece, principalmente quando não foi estabelecida
uma compensação financeira para esse fato. Em produtos específicos dentre os recursos
digitais disponíveis no mercado, torna-se possível estabelecer regras para os agendamentos,
enviar informações de maneira proativa, controlar os exames realizados antes da cirurgia,
disponibilizar um “check-list” para o procedimento e, sobretudo, fazer um acompanhamento mais preciso da recuperação
pós-operatória. No serviço onde o estudo foi realizado, a integração da agenda, dos
protocolos de atendimento, das rotinas de solicitações de exames pré-operatórios e
das orientações pós-operatórias através de um aplicativo móvel já foi instituída,
aprimorando a assistência ao paciente e auxiliando o profissional.
A consulta médica e a realização da intervenção cirúrgica de maneira criteriosa, ética
e competente, constituem a base da medicina e são insubstituíveis na boa prática médica.
Porém, o profissional precisa estar atento para disponibilizar diferenciais de qualidade,
agregando serviços, comodidade, tranquilidade e segurança; propiciando assim novas
percepções e experiências ao paciente, que ultrapassam a capacidade técnica de praticar
excelente procedimento cirúrgico, sem complicações e com baixa morbidade.
Dentre as tecnologias digitais utilizadas pela população, o telefone celular está
se destacando como aparelho padrão, devido à sua praticidade, leveza e acessibilidade,
com inúmeras funções que um computador oferece e com uma extensa utilização por parte
da população.
Embora ainda existam restrições e alguns pacientes possam encontrar dificuldade ao
utilizar aplicativos móveis no celular, criando limitações e prejudicando o atendimento
com esses recursos, os benefícios esperados e a ampla possibilidade de criação de
novas soluções tecnológicas suportam a sua validade para auxiliar nos atendimentos
em saúde.
CONCLUSÃO
A percepção da importância da tecnologia digital na assistência durante tratamentos
médicos, bem como a necessidade de atender os requerimentos dos pacientes e de proporcionar
um acompanhamento mais abrangente de forma prática, confiável e segura dão embasamento
para validar a utilização de aplicativos móveis com recursos específicos no atendimento
em cirurgia plástica.
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Autor correspondente: Vinicius Julio Camargo, Rua Tapir, Centro, Pato Branco, PR, Brasil. CEP: 85501-032. E-mail: viniciusjcamargo@yahoo.com.br
Artigo submetido: 23/05/2020.
Artigo aceito: 19/07/2020.
Conflitos de interesse: não há.