INTRODUÇÃO
As queimaduras têm sido consideradas um grave problema de saúde pública no Brasil
e trazem consigo traumas físicos e psicológicos, em boa parte, irreversíveis. O conhecimento
de dados epidemiológicos é de grande importância para fornecer subsídios aos programas
de prevenção e tratamento das queimaduras, bem como ajuda a definir um paralelo entre
as experiências de centros nacionais e internacionais1,2.
As queimaduras, em suas mais diversas apresentações, representam um fator agravante
na saúde pública no Brasil. Provocam danos diversos nos pacientes, entre eles físicos
e psicológicos, que em muitos casos, podem ser irreversíveis ou de difícil reparo.
Dessa maneira, o conhecimento dos principais dados epidemiológicos dos pacientes acometidos
é de suma importância para a prevenção e na instituição do melhor tratamento clínico
a esses indivíduos, além de ajudar a definir um paralelo entre as experiências de
outros centros especializados1,2.
No Brasil, estima-se que ocorram por volta de 1.000.000 de acidentes com queimaduras
por ano. Algumas pesquisas apontam que, entre os casos de queimaduras notificados
no país, a maior parte são em crianças, sendo mais comum em meninos com até dois anos
de idade3,4.
Os dados estatísticos sobre as lesões por queimaduras, no Brasil, são escassos. Contudo,
estes são importantes para que se possa compreender a magnitude do problema e para
identificar as populações mais atingidas e as circunstâncias nas quais as queimaduras
ocorrem, de forma que seja possível implementar programas de prevenção5.
Como acontece em outras áreas, os dados estatísticos sobre lesões por queimaduras
são difíceis de serem obtidos no Brasil, para a correta avaliação da relevância do
problema5.
Dessa forma, o objetivo geral deste estudo foi realizar um levantamento de dados sobre
as internações realizadas no Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo
Mineiro (HC-UFTM), decorrentes de queimadura, nos últimos 5 anos. Objetiva-se compreender
e avaliar a demanda desse tipo de atendimento no serviço de cirurgia plástica do hospital,
bem como caracterizar a epidemiologia de queimaduras do Triângulo Sul.
OBJETIVOS
Objetiva-se, especificamente, realizar um levantamento sobre o perfil epidemiológico
das queimaduras, bem como os principais mecanismos envolvidos, tratamentos e desfechos
nos pacientes atendidos pelo serviço de cirurgia plástica do Hospital de Clínicas
da UFTM.
MÉTODOS
Trata-se de um estudo retrospectivo, transversal, dos pacientes internados com queimadura,
no Hospital de Clínicas da UFTM, de janeiro de 2015 a dezembro de 2019. Os dados foram
obtidos após a aprovação da pesquisa pelo comitê de ética em pesquisa do Hospital
de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, sob o número 3.532.691.
Após obtenção dos dados, os mesmos foram duplamente checados, sendo avaliados dados
epidemiológicos, como: gênero, idade, profundidade das queimaduras, localização, etiologia,
data da ocorrência das queimaduras, tipos de tratamento realizados (curativos, desbridamentos,
enxertos, fasciotomias, etc.), utilização de anestésicos opioides durante a internação,
tempo de internação hospitalar, o CID registrado no atendimento, desfecho (alta hospitalar
ou óbito) e extensão das áreas queimadas (SCQ%). Para avaliação dessas, foram utilizadas
as descrições das áreas queimadas e as tabelas de “Lund-Browder”, para adultos e para crianças. Foram descartadas, para uniformização dos dados,
as descrições das superfícies corporais queimadas dos prontuários, pois estas não
constavam na maioria dos prontuários avaliados. Os indivíduos participantes da pesquisa
foram divididos em 3 grupos, sendo o “grupo 1” constituído por pacientes de 0-18 anos,
o “grupo 2” com pacientes de 19-59 anos e o “grupo 3”, constituído por indivíduos
com mais de 60 anos de idade.
Foi criado um banco de dados com as informações obtidas dos prontuários dos pacientes
no GraphPad Prism 8.0.2.263®, para análise estatística. Os resultados foram expressos em número, porcentagem,
média e desvio padrão, calculado entre os indivíduos de um mesmo grupo, bem como a
mediana, aplicada exclusivamente ao tempo de hospitalização. A análise estatística
foi realizada usando One-way ANOVA®, seguida pelo teste de Brown-Forsythe e Welch’s. A distribuição entre indivíduos
do mesmo grupo foi realizada pelo Wilcoxon Signed Rank Test. As diferenças entre os indivíduos foram consideradas significativas quando p<0,05.
RESULTADOS
No período analisado, foram identificadas 144 internações, no HC-UFTM, com código
internacional de doenças (CID) relacionado a queimaduras. Destes, 6 pacientes foram
internados para outra especialidade, com o CID erroneamente relacionado, e foram excluídos
do estudo. Assim, este estudo é composto por 138 pacientes, que estiveram sob os cuidados
diretos da disciplina de cirurgia plástica. O grupo 1 (G1), tinha 39 pacientes; o
grupo 2 (G2), 89 participantes, dos quais 5 foram a óbito; e o grupo 3 (G3), 10 participantes,
sendo que 4 vieram a óbito.
Nossa amostra foi composta por 89 pacientes do gênero masculino (64,50%) e 49 pacientes
do gênero feminino (35,50%). A idade dos participantes teve uma média geral de 32,63
anos, [0,09-79,09 anos]. Analisando-se os pacientes entre 0-18 anos, a idade média
foi de 6,7 anos, com um desvio padrão (DP) de 5,46, enquanto que entre 19 anos e 59
anos a idade média foi de 37,15 anos, com DP de 11,85, e para os pacientes acima de
60 anos, a média foi de 69,45, com DP de 4,75 (Figura 1). Não houve diferença significante entre os 3 grupos analisados, com p=0.9157, 0.8870 e 0.5114, respectivamente. Houve grande variedade de CID-10, com os
quais os pacientes foram referidos, na alta hospitalar. Foram descritos 34 CID-10,
e destes, o T21.2, “queimadura de segundo grau do tronco”, o mais prevalente (8,69%).
Quanto ao mecanismo do trauma, o mais comum foi por escaldadura (englobando todos
os líquidos ferventes, como água e óleo), com 24 casos (17,39%), seguida pela queimadura
térmica, com 19 casos (13,76%), pelo álcool, com 12 casos (8,69%), queimaduras elétricas
com 8 casos (5,79%), tentativa de autoextermínio com 5 casos (3,62%), explosões com
4 casos (2,89%), incêndio em ambiente fechado (1,44%), gasolina (1,44%), queimaduras
por fogo (1,44%) e queimaduras químicas (1,44%). Em 58 prontuários (42,02%) não houve
a descrição pormenorizada do agente causal, o que consideramos um viés importante,
desse item, neste estudo (Tabela 1).
Tabela 1 - Mecanismos das queimaduras.
Mecanismo |
G1 |
G2 |
G3 |
Total |
Álcool |
5 |
7 |
- |
12 |
Autoextermínio |
- |
4 |
1 |
5 |
Elétrica |
1 |
6 |
1 |
8 |
Escaldadura |
16 |
8 |
- |
24 |
Explosão |
1 |
3 |
- |
4 |
Fogo |
1 |
1 |
- |
2 |
Gasolina |
1 |
1 |
- |
2 |
Incêndio ambiente fechado |
1 |
1 |
- |
2 |
Química |
1 |
1 |
- |
2 |
Térmica |
2 |
15 |
2 |
19 |
Não descrito |
10 |
42 |
6 |
58 |
Total |
39 |
89 |
10 |
138 |
Tabela 1 - Mecanismos das queimaduras.
Em relação à superfície corporal queimada (SCQ), 124 (89,85% da amostra) dos 138 prontuários
possuíam descrições, que possibilitaram o cálculo da SCQ. Assim, a média de área de
SQC foi de 15% [1-63% de SQC] no grupo 1, enquanto o grupo 2 apresentou uma média
de 19,17% [2-72% de SQC] e o grupo 3 teve uma média de 17% [1-27% de SQC], como mostrado
na Figura 2. Em relação à profundidade das queimaduras foram descritas nos prontuários, 60,86%
foram de 2° grau, 31,88% de 3° grau e 7,26% de 1° grau. Já quanto à utilização de
anestésicos opioides, houve utilização dessas drogas em 85 pacientes (61,59%), sendo
que não foi necessário a sua utilização em 23 indivíduos (16,67%) e, em 30 pacientes,
essa informação não foi relatada (21,74%).
Quanto ao desfecho dos casos, 126 pacientes tiveram alta hospitalar com o diagnóstico
“melhorado”, com posterior acompanhamento ambulatorial, correspondendo a 91,30% dos
pacientes, houve 9 casos de óbitos (6,52%) e 3 casos (2,18%) de evasão. Todos os pacientes
do grupo 1 (100%), 81 pacientes do grupo 2 (91,01%) e 6 pacientes do grupo 3 (60%)
receberam alta hospitalar.
Dos pacientes analisados, 9 pacientes foram a óbito com mais de 24 horas de internação,
o que corresponde à 6,52% do total da amostra. Destes, a maioria dos óbitos ocorreram
na faixa de idade entre 19 anos e 59 anos (55,55%), enquanto o restante (44,45%) foi
em pacientes idosos e não foi observada nenhuma morte nos pacientes pediátricos. Quanto
à permanência em ambiente hospitalar, a mediana geral foi de 6 dias, sendo que para
o grupo 1 foi de 3 dias, 9 dias para o grupo 2 e 12,5 dias para o grupo 3. A permanência
mais longa ocorreu no grupo 1, com 105 dias.
Quanto ao tipo de curativo realizado nos pacientes, o procedimento mais realizado
foi curativo com sulfadiazina de prata a 1%, associada à pomada fibrinolítica, com
41 casos (29,71%). O desbridamento cirúrgico foi realizado em 27 casos (19,56%). A
enxertia de pele foi o terceiro procedimento mais realizado, com 26 casos (18,84%).
Após a alta hospitalar, houve nova internação para a realização de 3 zetaplastias
(2,17%), 2 amputações (1,44%) e os demais casos (10,17%) foram tratados ambulatorialmente,
com curativo de sulfadiazina de prata a 1%. Em 25 prontuários (18,11%) não houve descrição
da conduta realizada.
Foram analisados, também, os segmentos corporais mais acometidos por queimaduras.
A face foi o local mais acometido, com 39 casos (11,07%), seguida por queimaduras
em membro superior direito (MSD) com 33 casos (9,37%) e em membro inferior esquerdo
(MSE) com 27 casos (7,67%). Os locais queimados menos acometidos foram as regiões
lombares e os joelhos, com apenas 1 caso cada (0,28%). Os demais locais acometidos
estão descritos na Tabela 2.
Tabela 2 - Locais acometidos por queimaduras.
Local |
G1 |
G2 |
G3 |
Total |
Face |
11 |
25 |
3 |
39 |
Membro superior direito |
5 |
25 |
3 |
33 |
Membro superior esquerdo |
5 |
22 |
- |
27 |
Membro inferior direito |
5 |
15 |
- |
20 |
Membro inferior esquerdo |
4 |
18 |
- |
22 |
Abdome |
2 |
13 |
- |
15 |
Tórax |
3 |
11 |
3 |
17 |
Mão esquerda |
6 |
12 |
- |
18 |
Mão direita |
4 |
12 |
- |
16 |
Vias aéreas |
- |
10 |
- |
10 |
Coxas |
5 |
10 |
- |
15 |
Tronco |
7 |
6 |
- |
13 |
Braços |
6 |
4 |
- |
10 |
Genitais |
6 |
3 |
- |
9 |
Dorso |
1 |
7 |
- |
8 |
Pescoço |
1 |
6 |
- |
7 |
Antebraço |
1 |
5 |
- |
6 |
Axilar |
4 |
1 |
1 |
6 |
Perna direita |
1 |
4 |
- |
5 |
Perna esquerda |
2 |
3 |
- |
5 |
Glúteo |
2 |
3 |
- |
5 |
Pé direito |
3 |
1 |
- |
4 |
Ombros |
1 |
3 |
- |
4 |
Cervical |
2 |
2 |
- |
4 |
Pé esquerdo |
3 |
- |
- |
3 |
Nádegas |
1 |
1 |
- |
2 |
Quadril |
- |
2 |
- |
2 |
Punhos |
1 |
1 |
- |
2 |
Lombar |
1 |
- |
- |
1 |
Joelho |
- |
1 |
- |
1 |
Malar |
1 |
- |
- |
1 |
Não descrito |
3 |
16 |
3 |
22 |
Total |
97 |
242 |
13 |
352 |
Tabela 2 - Locais acometidos por queimaduras.
DISCUSSÃO
Alguns estudos afirmam que os fatores de risco para queimaduras podem variar de acordo
com a localidade analisada e com os hábitos de vida, como o álcool e o fumo. O uso
de fogareiros ou fogões rudimentares, de roupas não adequadas para o perfil biofísico,
de altas temperaturas em aquecedores e fiação elétrica fora dos padrões estabelecidos,
também são fatores de risco. A queimadura por fogo foi a causa mais frequente, em
76% dos casos, segundo esses estudos. Pode-se deduzir que grande parte desses fatores
são evitáveis com medidas de prevenção6,7.
Parte da literatura mundial8-11, sobre queimaduras em crianças, engloba os menores de 7 anos. Incluímos, no grupo
1 os pacientes entre 0 e 18 anos12, e, ainda assim, nossos dados podem ser correlacionados a esses estudos, visto que
a média de idade, deste grupo, foi de 6,7 anos. Em um estudo realizado por Silva et al., em 201713, um dos grandes fatores de risco para queimaduras em menores de idade é o acesso
à cozinha, pela permissividade do núcleo familiar, por falta de esclarecimento ou
pelo não reconhecimento deste ambiente como um local não seguro. Para esses estudos,
as queimaduras representam a segunda causa mais frequente de acidentes na infância
com alto grau de morbimortalidade e de disfunções orgânicas, como o choque hipovolêmico,
a desnutrição progressiva e as infecções. Além disso, esses indivíduos apresentam
queimaduras em mais de um segmento corporal, devido às características inerentes a
essa faixa etária, como a curiosidade e o desvario pelo conhecimento, especialmente
nos indivíduos do gênero masculino8-11,14,15.
Em todas as faixas etárias, com exceção nos pacientes com idade maior que 80 anos,
há consideravelmente mais pacientes do gênero masculino, do que no feminino, em concordância
com o estudo realizado por Cruz et al., em 201216. Os dados deste estudo estão de acordo com outras pesquisas, em que existe uma distribuição
bimodal de maior prevalência na faixa etária pediátrica de 1 ano a 15 anos, compreendendo
23,5% do total de queimaduras e a faixa etária dos adultos de 20 anos a 59 anos, que
representa 55% das queimaduras, pacientes com 60 anos ou mais representavam 15% dos
casos7.
As diferenças nas taxas de mortalidade por queimadura variam entre diferentes grupos
etários e entre os gêneros. Há um aumento no número de mortes por queimadura conforme
o avanço da idade e da extensão da queimadura, bem como a presença de lesão por inalação
de monóxido de carbono e de ar aquecido. As queimaduras relacionadas ao fogo são a
sexta principal causa de morte entre crianças de 5 anos a 14 anos, e a oitava causa
de morte entre pessoas de 15 anos a 29 anos, em países de baixa e média renda6,7.
A correta obtenção de informações para levantamentos epidemiológicos é de extrema
importância, já que estas informações servirão de base para ajudar a entender os mecanismos
envolvidos, bem como a construção de programas locais de prevenção de queimaduras.
Eles auxiliam, também, no aperfeiçoamento da assistência hospitalar. Essas informações,
assim como o nível de dor do paciente e a avaliação da área de queimadura apresentam
uma tendência a serem mal calculados, inclusive por aqueles que são especialistas,
e dessa forma é um desafio a toda a equipe multiprofissional9,17-19.
As queimaduras levam a alterações metabólicas, respiratórias, cardíacas, renais e
gastrointestinais que resultam em imunossupressão e podem evoluir com septicemia.
Os transtornos emocionais afetam suas relações familiares, sociais e laborais, não
só pelas inúmeras deformidades físicas, mas também pelo longo tempo de internação
hospitalar, muitas vezes requerido. Houve, em nossa casuística, uma internação com
duração de 105 dias, com diversas intercorrências, durante esta estadia hospitalar,
que não foram abordadas neste estudo por fugirem ao escopo desta pesquisa20-21.
Em um estudo realizado pela American Burn Association, em 20177, no quesito internação hospitalar, num período de dez anos, de 2008 a 2017, o tempo
médio de permanência hospitalar para mulheres diminuiu de 9,4 dias para 7,3 dias,
enquanto que para os homens diminuiu menos significativamente de 9,5 para 8,5 dias.
Em nossa casuística, a mediana de dias de internação foi de 6 dias, enquanto que a
taxa de mortalidade das mulheres diminuiu de 3,9% para 2,7% e de 3,4% para 2,6% nos
homens, no período de janeiro de 2015 a dezembro de 2019.
Em nosso estudo, verificou-se um tempo de internação hospitalar mais longo, quanto
maior a profundidade da queimadura. Um estudo retrospectivo, descritivo e transversal,
com abordagem quantitativa, encontrou resultados similares, e afirma que a mortalidade
aumenta proporcionalmente com o porte da queimadura22.
As queimaduras por escaldamento foram o agente causal mais frequente, nos prontuários
avaliados, em consonância com o descrito na literatura10. Elas estão associadas, também, à alta morbimortalidade10. As queimaduras em face e pescoço, em nosso estudo, foram as mais frequentes, em
26,35% dos casos. Elas exigem cuidado especial, em decorrência dos possíveis danos
às vias aéreas superiores, às cartilagens da orelha e aos olhos. Existe, também, a
possibilidade da ocorrência de microstomia cicatricial, de contratura cervical e de
lesão de vias áreas superiores10,23.
Um viés significante em nosso estudo foi a ausência de um impresso específico, para
pacientes com queimaduras, e o preenchimento dos dados por diferentes médicos residentes
ao longo do tempo, por vezes com dados incompletos. Houve a necessidade de padronizar
o cálculo das superfícies corporais queimadas, baseando-se nas descrições das áreas
queimadas, desconsiderando alguns cálculos das SCQ já existentes, em parte dos prontuários.
Para isso utilizou-se a tabela de “Lund-Browder”. Apesar disso, esses dados puderam contribuir para o melhor entendimento das queimaduras
na macrorregião do Triângulo do Sul, para a melhoria do atendimento prestado pelo
nosso serviço e para o diagnóstico da necessidade da instituição de um prontuário
específico para os pacientes queimados3,24,25.
CONCLUSÃO
Houve uma maior prevalência de queimaduras de segundo grau e em pacientes do gênero
masculino. O mecanismo de trauma mais relatado foi por escaldadura e a superfície
corporal queimada (SQC) teve média de 23,9%. A face e o pescoço foram os locais mais
acometidos e 61,59% dos pacientes necessitaram do uso de opioides durante a internação.
Com relação ao desfecho, 3 pacientes (2,18%) evadiram do hospital antes da finalização
do tratamento, 91,30% dos pacientes receberam alta hospitalar e 6,52% vieram a óbito,
sendo que destes, 55,55% foram do grupo 2 e 44,45% do grupo 3.
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1. Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Departamento de Cirurgia, Uberaba, MG,
Brasil.
Autor correspondente: Marco Tulio Rodrigues da Cunha, Rua Vigário Carlos, 100, 4º Piso, Sala 423, Nossa Senhora da Abadia, Uberaba, MG,
Brasil. CEP: 38025-350. E-mail: cunhamarco@hotmail.com
Artigo submetido: 17/04/2020.
Artigo aceito: 15/07/2020.
Conflitos de interesse: não há.