INTRODUÇÃO
O umbigo é a única cicatriz natural do corpo humano, sendo uma cicatriz retrátil
circundado por um abaulamento com aproximadamente 2cm de diâmetro, resquício
embriológico do cordão umbilical, está localizado na linha média na altura da
crista
ilíaca, e é o centro da atenção estética do abdome, por isso tem importância central
na harmonia do corpo.
Com a idade, hérnias umbilicais, pós-gestacional ou com ganho excessivo de peso, a
aparência do umbigo pode modificar, o que faz com que seja comum as pacientes,
na
maioria do gênero feminino, recorrerem à cirurgia plástica para correção estética
do
umbigo.
A cirurgia para correção do umbigo ou mesmo para substituição do mesmo, fazendo um
neoumbigo, é chamada de onfaloplastia ou umbilicoplastia, que visa restaurar a
estética da cicatriz natural existente. Pacientes que submetem a abdominoplastia
também passam por esse procedimento durante a cirurgia, e em casos que não há
satisfação ou ocorreu algum problema, pode ser necessário um reparo
pós-operatório.
Para todo cirurgião, a reconstrução do umbigo é considerada um desafio, tanto que
muitos dizem que a onfaloplastia pode ser vista como a assinatura do cirurgião.
Dar
harmonia e um resultado mais natural na cicatriz do neoumbigo é a intenção de
todos,
porém nem sempre é alcançada.
O procedimento é realizado com incisões, na maioria das vezes, imperceptíveis, feitas
na própria cicatriz umbilical existente. Existem várias técnicas utilizadas na
atualidade, sendo elas: semicircular, circular, quadrangular, linear vertical,
horizontal, elíptica nos sentidos horizontal e vertical, em cruz, em T, V, Y ou
U
invertido. As técnicas consideradas não-circulares têm descrição de melhores
resultados, porém é necessário avaliar a queixa de cada paciente em específico
para
definir a melhor técnica para cada caso.
A cicatriz umbilical tem alguns quesitos a serem seguidos para se obter um resultado
satisfatório, como o bom posicionamento, formato semelhante ao natural, profundidade
adequada, cicatriz discreta e tamanho ideal.
Algumas complicações na reconstrução umbilical são possíveis de acontecer, como
cicatrizes hipertróficas, estenose cicatricial, alargamento, pigmentação e
profundidade inadequada.
Existem casos que não se recomenda a cirurgia plástica do umbigo como a existência
de
neoplasias locais, processos inflamatórios ou infecções, assim como problemas
cardiovasculares, alterações metabólicas, problemas de coagulação e pulmonares,
ou
pacientes que estejam gestantes.
Alguns cirurgiões aconselham que nos primeiros dias o paciente use gaze em forma
esférica até 48h após o procedimento, e depois use órtese umbilical de silicone
por
alguns dias após o procedimento para manter a forma ao cicatrizar.
OBJETIVO
Relatar um caso de onfaloplastia com retalho em semicírculo, na paciente J.P.O., de
30 anos, atendida no Serviço de Cirurgia Plástica Dr. Ewaldo Bolívar, com queixa
de
“umbigo grande”. O objetivo foi a correção da queixa da paciente, reduzindo o
tamanho de seu umbigo.
MÉTODO
O método utilizado foi a correção do “umbigo grande” com retalho em semicírculo.
RESULTADOS
Paciente do gênero feminino, 30 anos, procedente de Santos-SP, procurou o serviço
de
cirurgia plástica com queixa de “umbigo grande” (Figura 1A), apresentando história prévia de herniorrafia umbilical com
cirurgia realizada no ano de 2007.
Figura 1 - A: Umbigo antes; B: Marcação cirúrgica; C: Incisão inicial para
recorte; D: Pós-operatório imediato (POI).
Figura 1 - A: Umbigo antes; B: Marcação cirúrgica; C: Incisão inicial para
recorte; D: Pós-operatório imediato (POI).
A cirurgia para correção do tamanho do umbigo foi realizada no Santos Day Hospital,
no dia três de maio de 2019, com a técnica de retalho em semicírculo (Figuras 1B e 1C), evoluindo com satisfação total da paciente.
A paciente foi avaliada no pós-operatório imediato (DPOI) (Figura 1D), e retornou ao hospital para avaliação com 4 (Figura 2A), 18 (Figura 2B), 25 (Figura 2C) e 52
dias pós-operatório (DPO) (Figura 2D). Em seu
segundo retorno, com 18 dias DPO (Figura 2B)
foi observado uma necrose na parte inferior do retalho em semicírculo, mas apesar
disso, o resultado final deixou a paciente satisfeita.
Figura 2 - A: Pós-operatório (4 DPO); B: Pós-operatório (18 DPO); C:
Pós-operatório (25 DPO); D: Pós-operatório (52 DPO).
Figura 2 - A: Pós-operatório (4 DPO); B: Pós-operatório (18 DPO); C:
Pós-operatório (25 DPO); D: Pós-operatório (52 DPO).
DISCUSSÃO
Conforme a literatura de retalhos comuns baseado no plexo subdérmico, realizou-se
o
retalho de avanço em formato semicircular com ressecção do terço central do umbigo
e
fechamento através do retalho.
O procedimento foi realizado com bisturi frio para evitar queimadura ou lesão do
plexo subdérmico; o pedículo foi mantido com espessura total da epiderme e derme
para preservar a vascularização; e, respeitou-se os princípios básicos, de modo
que
o comprimento do retalho não foi maior que 2-1, relação de comprimento total versus
base (pedículo).
CONCLUSÃO
Podemos concluir que apesar da necrose da ponta do retalho, a onfaloplastia redutora
através do retalho em semicírculo continua sendo uma alternativa plausível e de
fácil execução.
REFERÊNCIAS
1. Amud RJM. Neo-onfaloplastia sem cicatriz. Rev Bras Cir Plást.
2018;23(1):37-40.
2. Campos R, Campos BVBL. Onfaloplastia em triângulo de isósceles e com
dupla fixação na abdominoplastia. Rev Bras Cir Plást.
2019;34(1):38-44.
3. Castro DPR, Saldanha OR, Pinto EBS, Albuquerque FM, Moia SMS.
Avaliação estética da cicatriz umbilical em duas técnicas de onfaloplastia. Rev
Bras Cir Plást. 2014;29(2):248-52.
4. Cló TCT. Neo-onfaloplastia com incisão em X em 401 abdominoplastias
consecutivas. Rev Bras Cir Plást. 2013;28(3):375-80.
5. Rocha RP. Atlas de Cirurgia Estética para o Residente. 1ª ed. Santos
(SP): Revinter; 2000.
6. Rosique MJF, et al. Estudo comparativo entre técnicas de
onfaloplastia. Rev Bras Cir Plást. 2009;24(1):47-51.
1. Serviço de Cirurgia Plástica Dr. Ewaldo
Bolivar de Souza Pinto, Vila Mathias, Santos, SP, Brasil.
Endereço Autor: Rafael Cordeiro Puhl, Avenida Padre
Manoel da Nóbrega, 433, São Vicente, SP, Brasil. CEP: 11320-200. E-mail:
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