INTRODUÇÃO
Atualmente, diversas técnicas cirúrgicas estão disponíveis para realização do
contorno abdominal em homens e mulheres, com base nas variações na anatomia dos
pacientes e seus objetivos. O número dos vários procedimentos de abdominoplastia
provavelmente continuará aumentando, devido à crescente demanda por procedimentos
de
perda ponderal e por uma maior procura por resultados estéticos em variados tipos
de
pacientes1,2. Em 1980, a lipoaspiração criada por Illouz,
contribuiu com a evolução para as técnicas de abdominoplastias associadas à
lipoaspiração3. Em 1985, Farid Hakme,
descreve a técnica de miniabdominoplastia, associada à lipoaspiração4. Em 2003, Souza Pinto e Saldanha,
desenvolveram a técnica de lipoaspiração associada à abdominoplastia, então chamada
de lipoabdominoplastia5, a qual ganhou força
pela excelência em resultados e realizada mundialmente até os tempos atuais.
Com grande importância nos exames pré-operatórios de lipoabdominoplastia e
lipoaspiração, a ultrassonografia torna-se um importante método para gerar mais
segurança e evitar complicações, como, por exemplo, a aspiração de hérnias
abominais. O estudo inicia primeiramente com a avaliação de órgãos internos para
evidenciar patologias crônicas preexistentes, como hepatopatias, nefropatias
crônicas, aneurisma de aorta abdominal, litíase biliar e outros, enquanto a segunda
avaliação restringe-se a parede abdominal com o estudo de hérnias e diástases6.
A realização do ultrassom visa pesquisar hérnias ventrais, lombares e femorais, com
o
paciente em decúbito ventral e laterais direito e esquerdo. Segundo o estudo de
Marins, as hérnias adquiridas ventrais (parede anterior da linha média) são as
mais
comuns encontradas, seguidas das espiguelianas (linha semilunar), lombares (situadas
posteriormente), femorais, incisionais e inguinais. Outra região a ser estudada
com
atenção é a zona paraumbilical, sítio frequente de hérnias umbilicais e
paraumbilicais6.
OBJETIVO
Tendo em vista os avanços das técnicas em lipoabdominoplastias e o drástico aumento
no número de realizações deste procedimento cirúrgico, procuramos avaliar as
alterações ultrassonográficas em pacientes que realizaram exames pré-operatório
para
realização de lipoabdominoplastia.
MÉTODO
Trata-se de um estudo retrospectivo, transversal e consecutivo de casos, e
compreendeu 29 pacientes que foram submetidos à cirurgia de lipoabdominoplastia,
no
período de fevereiro de 2019 a abril de 2019.
Os critérios de exclusão no estudo foram: pacientes com índice de massa corporal
maior que 30, ser submetido à cirurgia plástica que não seja
lipoabdominoplastia.
Os critérios de inclusão no estudo foram: pacientes com flacidez de pele
supraumbilical e infraumbilical, com flacidez do sistema músculo-aponeurótico
do
abdome, pacientes com prole completa, pacientes com índice de massa corporal
inferior a 30 e pacientes com estabilidade emocional.
Foi realizado exame físico detalhado, assim como a realização de exame
ultrassonográfico de abdome e de parede abdominal de todos os pacientes que foram
submetidos à lipoabdominoplastia, sendo avaliado características como sexo, idade
e
alterações encontradas no exame de ultrassonografia de abdome e de parede
abdominal.
Termo de consentimento escrito foi fornecido e documentação fotográfica realizada
de
forma rotineira.
RESULTADOS
A média de idade foi de 38,1 anos (variando de 26 a 53 anos). Levando em consideração
o sexo dos pacientes estudados, 10% (3) eram masculinos e 90% (26) do sexo feminino
(Figura 1 e 2).
Figura 1 - Porcentagem de pacientes em relação ao sexo.
Figura 1 - Porcentagem de pacientes em relação ao sexo.
Figura 2 - Porcentagem de pacientes em relação ao intervalo de idade.
Figura 2 - Porcentagem de pacientes em relação ao intervalo de idade.
Analisando o intervalo de idade dos pacientes envolvidos no presente estudo, podemos
observar que no intervalo de idade entre 25 a 30 anos, participaram 17%5 dos pacientes; entre 31 a 35 anos,
28%8 pacientes; entre 36 a 40 anos, 10%3; no intervalo de 41 a 45 anos, temos 24%7 pacientes; entre
46 a 50 anos, 17%5; e, entre 51 a 55 anos,
foram estudados 4%1.
Avaliando as alterações ultrassonográficas da parede abdominal, observamos que
55%1,6 dos exames são normais; 4%1 apresentou hérnia inguinal; 17%5
com hérnia umbilical; e 24%7 apresentaram diástase do musculo reto
abdominal (Figura 3).
Figura 3 - Alterações ultrassonográficas da parede abdominal.
Figura 3 - Alterações ultrassonográficas da parede abdominal.
Levando em consideração a ultrassonografia de abdome total, podemos analisar que
62%2,4 dos pacientes apresentaram o exame sem alterações; 30%4 evidenciaram com status pós-cirúrgico de
colecistectomia; e 8%1 com colelitíase (Figura 4).
Figura 4 - Alterações ultrassonográficas de abdome total.
Figura 4 - Alterações ultrassonográficas de abdome total.
DISCUSSÃO
Referente ao presente estudo, podemos observar que a grande maioria dos pacientes
submetidos ao procedimento de lipoabdominoplastia são do sexo feminino, sendo
a
idade mais prevalente entre 31 a 35 anos. Em relação ao exame ultrassonográfico
no
pré-operatório, observamos que 45% dos pacientes estudados apresentaram alterações
no ultrassom de parede abdominal, sendo o mais frequente a diástase abdominal,
representando 24% desses resultados. Por outro lado, em relação ao exame
ultrassonográfico de abdome total, 38% dos pacientes apresentaram alterações do
exame, sendo o mais comum (30%) apresentando status pós-cirúrgico de
colecistectomia.
CONCLUSÃO
Após a realização do presente estudo, concluímos que a realização dos exames
pré-operatórios, com mais evidência no exame ultrassonográfico pode corresponder
em
maior segurança no procedimento cirúrgico de lipoabdominoplastia, evitando assim
complicações previsíveis e evitáveis, com a realização de exame de baixo custo
e de
fácil acesso.
REFERÊNCIAS
1. Swift RW, Matarasso A, Rankin M. Abdominoplasty and Abdominal
Contour Surgery: A National Plastic Surgery Survey. Plast Reconstr Surg. 2007
Jan;119(1):426-247. DOI:
https://doi.org/10.1097/01.prs.0000245333.12259.87
2. Grazer FM, Goldwyn RM. Abdominoplasty assessed by survey, with
emphasis on complications. Plast Reconstr Surg. 1977 Apr;59(4):513-7. PMID:
847027 DOI: https://doi.org/10.1097/00006534-197704000-00006
3. Illouz YG. Study of subcutaneous fat. Aesthetic Plast Surg. 1990
Summer;14(3):165-77. PMID: 2205085 DOI:
https://doi.org/10.1007/BF01578345
4. Hakme F. Technical details in the lipoaspiration associated with
liposuction. Rev Bras Cir Plást. 1985;75(5):331-7.
5. Saldanha OR, Souza Pinto EB, Matos Junior WN, Lucon RL, Magalhaes F,
Bello EML, et al. Lipoabdominoplastia - Técnica Saldanha. Rev Bras Cir Plást.
2003;18(1):37-46.
6. Marins JRB. Lipoabdominoplastia. In: Nome do autor. Ultrassonografia
na lipoabdominoplastia. Cidade: Nome da editora; 2004.
p.153-57.
1. Serviço de Cirurgia Plástica Dr. Ewaldo
Bolivar de Souza Pinto, Vila Mathias, Santos, SP, Brasil.
Endereço Autor: Igor Luciano Rocha Faillace,
Avenida Ana Costa, 120, Gonzaga, Santos, SP, Brasil. CEP 11060-002. E-mail:
igor_faillace@yahoo.com.br