INTRODUÇÃO
A prevalência de sobrepeso e obesidade está aumentando globalmente. Mais de uma em
cada 10 pessoas em todo o mundo é obesa e acredita-se que 2,2 bilhões estão com
excesso de peso, provocando milhões de mortes por ano1,2. O Brasil ocupa a
quinta posição no ranking mundial desta moléstia, com cerca de 60 milhões de pessoa
acima do peso e 22 milhões de obesos, o que corresponde a 17% da sua população3.
A obesidade leva ao aumento da mortalidade em função do risco de outras doenças, como
diabete melito tipo 2 (DM2), hipertensão arterial sistêmica (HAS), dislipidemia,
apneia do sono, doenças cardiovasculares e certos tipos de cânceres, além do
inegável desconforto e baixa qualidade de vida dos paciente pela deformidade
corporal4. A cirurgia bariátrica
proporciona, além da perda de peso sustentada, benefícios adicionais às pessoas com
comorbidades associadas à obesidade e reduz o risco relativo de morte destes
pacientes5,6. Consequentemente, a demanda pelo tratamento
cirúrgico desta doença aumentou significativamente nos últimos anos.
A redução ponderal conseguida após a cirurgia bariátrica é da ordem de 40% a 60% do
peso inicial e pode resultar em deformidades em diversos segmentos corporais3. Consequentemente, alguns pacientes apresentam
excedentes cutâneos que podem causar prejuízos na movimentação, no uso de
vestimentas, quadros de dermatites de repetição e alterações de postura, problemas
psicológicos, de autoimagem e de qualidade de vida em decorrência do fato3.
Desta necessidade de remodelar o contorno corporal, entra em cena a cirurgia do
contorno corporal. Ela é definida como uma cirurgia reconstrutiva e funcional e
dados da literatura apontam que mais de 70% dos pacientes com perda maciça de peso
buscam este tipo de procedimento para melhorar sua qualidade de vida7,8.
OBJETIVO
Este estudo tem como objetivo apresentar a rotina de planejamento, marcação e método
de execução e resultados do serviço de cirurgia plástica do Hospital Daher Lago Sul
nos casos de cirurgia do contorno corporal pós-bariátrica, descrevendo o princípio
dos dois andares.
MÉTODOS
Trata-se de um estudo observacional longitudinal retrospectivo desenvolvido no
serviço de Cirurgia Plástica do Hospital Daher Lago Sul, Brasília - Distrito
Federal, no período de março de 2015 a abril de 2017.
Este projeto de pesquisa seguiu os trâmites legais determinados pela Resolução 196/96
do Conselho Nacional de Saúde no que se refere à pesquisa envolvendo seres humanos
e
de acordo com os princípios da Declaração de Helsinque.
A amostra do estudo foi do tipo intencional e baseada em pacientes pós-bariátricos,
submetidos às intervenções cirúrgicas reparadoras do andar inferior e/ou
superior.
Os critérios de inclusão no estudo foram:
1. Pacientes ex-obesos com estabilidade ponderal por um período mínimo de 6
meses e com índice de massa corporal (IMC) entre 18,5 e 29,9kg/m2;
2. Presença de deformidades do contorno corporal oriundas do emagrecimento em
andar inferior e/ou superior do corpo;
3. Pacientes classificados como ASA 1 ou ASA 2 de acordo com American
Society of Anestesiology.
Já os critérios de exclusão foram:
1. Estabilidade ponderal por um período menor do que 6 meses;
2. IMC > 29,9kg/m2;
3. Pacientes classificados como ASA maior ou igual a 3.
As variáveis avaliadas foram gênero, idade, perda ponderal pós-cirurgia bariátrica,
duração da cirurgia, tempo entre o primeiro e o segundo ato cirúrgico, complicações
cirúrgicas pós-operatórias, peso da peça cirúrgica, IMC e tempo de internação
hospitalar.
A satisfação do paciente em relação ao resultado cirúrgico foi abordada durante as
consultas de acompanhamento do pós-operatório. Os pacientes responderam se estavam
satisfeitos ou insatisfeitos com o procedimento realizado.
Foi realizada análise comparativa das imagens fotográficas do pré-operatório e com
pelo menos 2 meses de pós-operatório por um cirurgião plástico membro associado da
Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e que não participou dos atos
cirúrgicos, podendo os resultados serem classificados como ótimo, bom, regular e
ruim.
Técnica cirúrgica
Como rotina, optamos por dividir os procedimentos em 2 etapas, realizados em atos
operatórios distintos: andar inferior (abdome, dorso inferior, nádegas e coxas)
e andar superior (dorso superior, mamas e braços). A ordem de realização dos
procedimentos é variável de acordo com as queixas do paciente, porém sempre
direcionada para se associar as cirurgias nos dois grupos, sendo de escolha do
paciente iniciar pelo andar inferior ou superior.
As marcações são realizadas com o paciente sempre em posição ortostática,
inicialmente, e em seguida completada em decúbito dorsal, ventral e sentado.
Adotamos de rotina a anestesia geral e a assepsia e antissepsia é sempre de 360
graus, permitindo mudar o decúbito na mesa, segundo a exigência do tempo
operatório e realizada de uma só vez, encurtando o tempo cirúrgico. Procedemos
ainda o enfaixamento das pernas para evitar trombose venosa.
Antibioticoprofilaxia com 1g de cefazolina é feita de rotina, sendo repicada
caso a cirurgia ultrapasse 4 horas.
A equipe cirúrgica é composta por pelo menos 5 membros, incluindo-se o cirurgião
principal, pelo menos 3 cirurgiões auxiliares e um instrumentador.
Andar inferior:
Utiliza-se solução de infiltração composta de soro fisiológico e adrenalina
(1:500.000) com 2 ampolas de lidocaína 2%.
Inicia-se com o paciente em decúbito ventral, para se executar a incisão do tipo
“asa de gaivota” (ou com incisão dorsal voltada para cima, se houver grandes
dobras bem definidas do dorso) e conforme delimitado na marcação prévia.
Promove-se inicialmente a lipoescultura de dorso e/ou flancos. Segue-se o
descolamento do retalho dermogorduroso suprafascial, sendo que a ressecção do
tecido dermogorduroso é marcada com pinça de marcação de retalho em excesso,
conferindo a marcação prévia do pinch test. Pinch
test realizado sem apresentar deformação da genitália conforme
descrito por Roxo9,10. A síntese é feita em dois planos com
fios nylon.
Mudado o paciente para decúbito dorsal, iniciamos a lipoaspiração do abdome
anterior, sendo toda a gordura aspirada acondicionada para as lipoenxertias
indicadas e refinamento do resultado final. Em seguida, procede-se à
abdominoplastia.
Em seguida, o paciente é colocado em decúbito dorsal, posição na qual será
realizada a abdominoplastia, seja da forma “clássica” ou em “âncora” (a depender
dos excedentes teciduais e das cicatrizes existentes). Procede-se a incisão
baixa em abdome inferior e tomamos cuidados especiais quanto ao descolamento,
que deverá ser muito restrito nas áreas laterais, principalmente nos casos em
que houve lipoaspiração, como descrito por Saldanha11. A plicatura dos músculos reto abdominais com fios de
nylon, a umbilicoplastia por meio da técnica do minicírculo de pele12, a tração caudal do retalho abdominal, a
ressecção dos tecidos dermogordurosos excedentes e a aproximação dos planos por
meio de pontos de adesão de Baroudi13.
Drenos a vácuo são utilizados de rotina e são exteriorizados por mínimas
incisões nas pregas inguinais. A síntese é feita por planos anatômicos com fios
nylon.
Abordamos em seguida a região crural, com incisões em t, na região inguinal até a
prega subglútea, podendo se estender até as laterais da coxa nos casos de
tamanho de grandes culotes, somadas à incisão vertical e na face interna das
coxas, que se estende o quanto necessário em direção à articulação do joelho,
seguida de descolamento suprafascial, ressecção do excedente dermogorduroso
(determinado pela manobra do “pinch-test” e confirmada com as
pinças de marcação de retirada de retalho). Síntese por planos com fios nylon.
Muita especial atenção para não deformar a genitália, quando da tração cranial
dos retalhos e sua ancoragem. Esta deformidade tem que ser conferida com as
coxas em adução e em abdução.
Andar superior:
Utiliza-se solução de infiltração em todas as áreas a serem operadas, composta de
soro fisiológico (1:300.000) com 2 ampolas de lidocaína a 2% sem
vasoconstrictor.
Com o paciente em decúbito ventral, inicia-se, nos casos indicados, a
torsoplastia. Realiza-se a manobra do “pinch test” e a
ressecção dos excedentes teciduais do dorso alto, buscando-se, quando possível,
colocar as cicatrizes na topografia do sutiã (nos casos de pacientes do sexo
feminino). Devemos nos lembrar de que as cicatrizes dorsais no andar inferior
tendem a subir e as de dorso superior tendem a baixar, em pós-operatório de
médio prazo.
As incisões de 360 graus, nem sempre têm que cruzar a coluna vertebral. Nesta
topografia, principalmente na dorsal inferior, o fechamento deve ser de
pouquíssima tensão, evitando deiscências.
Procede-se à mudança do paciente para decúbito dorsal e as marcações das mamas
(realizadas seguindo a técnica de Pitanguy). Estas mamoplastias geralmente têm
indicação para implante de silicone associadas, que colocamos sempre retro
glandular, respeitando-se o princípio da “pele justa”. Utilizam-se
rotineiramente implantes de silicone redondos e texturizados em posição
retroglandular e a ascensão das placas areolopapilares é realizada por meio da
técnica de Pitanguy clássica, com adaptações para ascensão do retalho, quando
necessário, de skoog, Silveira Neto ou mesmo, em certos casos,
o plug flap areolado10.
Segue-se a braquioplastia, iniciando-se pela lipoaspiração dos retalhos na
porção suprafascial, a incisão na face medial dos braços, incisão anterior na
topografia do sulco braquial, com descolamento suprafascial e ressecção do
excedente dermogorduroso (verificado pela pinça de marcação de ressecção).
Síntese por planos com fios nylon.
A incisão da braquioplastia pode ser continua com a incisão do sulco submamário,
com o objetivo de se fazer bilateralmente a tração do dorso superior. Nestas
circunstâncias, quando bem indicado, podemos assim evitar a incisão dorsal de
360 graus.
Cuidados pré e pós-operatórios
Pré- operatório
Todos os pacientes realizaram exames laboratoriais (incluindo sorologias para
HIV, hepatite B e hepatite C), avaliação cardiológica e anestesiológica antes do
procedimento, além da necessidade da liberação prévia do cirurgião bariátrico
para a execução da cirurgia reparadora.
Exames de imagem da parede abdominal (tomografia computadorizada ou ecografia)
foram realizados em todos os casos para o diagnóstico de eventuais alterações.
Nas mulheres submetidas à cirurgia do andar superior, em virtude da abordagem
das mamas, foi solicitada ainda ecografia mamária e mamografia ou completo
protocolo de prevenção de câncer mamário.
Pós-operatório
A cefazolina 1g, endovenosa, é mantido de 8 em 8 horas durante o tempo que o
paciente mantém-se internado. Após a alta hospitalar, é prescrita cefadroxila,
500mg, via oral de 12 em 12 horas por 7 dias.
Todos os pacientes são estimulados fortemente a deambular precocemente, e são
instruídos mesmo antes da cirurgia a dobrarem as pernas e a fazerem
insistentemente a movimentação de flexão e extensão dos pés. É prescrita ainda
enoxaparina, 40mg, subcutânea, iniciada de 10 a 12 horas após a cirurgia e
mantida por mais 6 dias, sendo aplicada uma dose a cada 24 horas.
Macacão cirúrgico é utilizado desde o primeiro dia de pós-operatório e mantido
por pelo menos 30 dias. Evitamos o uso de sutiã cirúrgico isolado
pós-mamoplastia com implante de silicone com prevenção da mobilização cranial
dos implantes.
Os pacientes são liberados para banhos com água corrente no primeiro dia de pós-
operatório. As feridas operatórias devem ser lavadas com sabonete bactericida e
aplicado álcool 70% sobre as mesmas até que estejam completamente cicatrizadas.
Os drenos são mantidos até que o débito seja menor que 60ml/24 horas.
Paciente é orientado a não se expor ao sol até que toda equimose seja absorvida.
Após este período, são liberados para qualquer atividade física, inclusive para
exposição ao sol.
Além disso, é prescrita uma dieta rica em proteínas.
Após a alta hospitalar, o paciente retorna semanalmente no consultório até que
todos os pontos externos sejam retirados e todas as feridas tenham cicatrizado.
São feitas revisões ambulatoriais aos 30, 90, 180 e 365 dias pós-cirurgia para
reavaliação e registros fotográficos.
Análise estatística
Os resultados obtidos foram organizados em planilhas do Microsoft Excel 2008 e
analisados no programa Epi Info, versão 3.5.1. Foi feita análise descritiva dos
dados, apresentando-se as frequências.
RESULTADOS
Foram analisados 13 pacientes, sendo 10 mulheres e 3 homens. Sete pacientes foram
submetidos apenas à cirurgia do andar inferior e os outros 6 à cirurgia do andar
inferior e superior (em tempos distintos).
A faixa etária variou de 30 a 59 anos, com média de 44 anos. A perda ponderal que
os
pacientes obtiveram após a cirurgia bariátrica variou de 26 a 122 quilogramas (kg),
com média de 66,11kg. No momento em que foram submetidos a cirurgia pós-bariátrica,
a média do IMC dos pacientes foi de 26,15kg/m2.
O tempo médio do ato operatório nas cirurgias do andar inferior foi de 4 horas e 54
minutos. Já o tempo operatório médio das cirurgias do andar superior foi de 4 horas
e 5 minutos. O tempo decorrido entre a cirurgia do andar inferior e a do andar
superior variou de 6 a 10 meses, com média de 8 meses.
Caso os procedimentos de cada parte do corpo abordada fossem realizados em tempos
cirúrgicos separados e por uma equipe única teríamos o seguinte tempo
aproximado:
4. Abdominoplastia: 4 horas
5. Mamoplastia: 3 horas e 20 minutos
6. Braquioplastia: 3 horas (1 hora e 30 minutos de cada lado)
7. Cruroplastia: 3 horas (1 hora e 30 minutos de cada lado)
O total de horas de todos esses procedimentos somados seria de 13 horas e 20 minutos.
Logo, houve uma economia de horas de sala (custos e segurança) de aproximadamente
9
horas. Além da diminuição do isolamento social do paciente com os atos operatórios
repetidos.
Dos casos observados, 8 pacientes (61,53%) foram submetidos à abdominoplastia com
incisão em 360º, sendo que em 1 caso a incisão dorsal acompanha a prega dorsal, em
3
pacientes (23,07%) foi realizada incisão convencional e apenas 1 paciente (7,69%)
foi submetido à abdominoplastia em âncora. Da amostra submetida à cirurgia do andar
superior, em 4 pacientes (66,67%) foi necessária a realização de ressecção cutânea
em dorso alto.
Em relação ao andar inferior, o peso das peças cirúrgicas do abdome e dorso variou
de
1,30 a 3,16kg, com média de 2,37kg. O peso das peças cirúrgicas de ambas as coxas
somadas variou de 0,240 a 0,504kg, com média de 0,374kg. No tratamento do andar
superior, o peso das peças cirúrgicas referentes à braquioplastia variou de 0,280
a
0,882kg, com média de 0,554kg.
O tempo de internação em todos os casos não se estendeu após 24 horas e todos os
indivíduos receberam alta hospitalar no dia seguinte à cirurgia.
Em relação às complicações cirúrgicas pós-operatórias, foram observados 4 casos de
pequena deiscência em coxas, 3 casos de pequena deiscência em abdome e 2 casos de
deiscência em mamas, todos tratados de forma conservadora com curativos seriados.
Observamos 4 casos de seromas (2 casos em mamas e 2 em coxas) que foram tratados com
punções e drenagens linfáticas e 1 caso de tromboembolismo pulmonar tratado
clinicamente. Não foram observadas complicações cirúrgicas como hematoma, necrose
do
retalho e/ou infecção (Tabela 1).
Tabela 1 - Complicações observadas em pacientes submetidos à cirurgia.
Complicações |
Total |
% |
Deiscência mamas |
2 |
33,33 |
Deiscência coxas |
4 |
30,76 |
Deiscência abdome |
3 |
23,07 |
Seroma mamas |
2 |
33,33 |
Seroma coxas |
2 |
15,38 |
Tromboembolismo |
1 |
5,26 |
Pulmonar |
|
|
Tabela 1 - Complicações observadas em pacientes submetidos à cirurgia.
Em relação à satisfação das pacientes, 92,30% relataram estar muito satisfeitas com
o
resultado final obtido e sem queixas com relação ao tamanho e posicionamento das
cicatrizes. Todos os pacientes que foram submetidos à abordagem dos dois andares
disseram estar satisfeitos com a cirurgia (Tabela 2).
Tabela 2 - Satisfação dos pacientes após a cirurgia pós-bariátrica.
|
Satisfeitos |
Insatisfeitos |
2 Andares (Inferior e Superior) |
6 |
0 |
1 Andar (Inferior) |
6 |
1 |
Tabela 2 - Satisfação dos pacientes após a cirurgia pós-bariátrica.
Quanto à análise dos resultados pelo avaliador externo, foram utilizados 4 conceitos:
ótimo, bom, regular e ruim. Dos 6 casos submetidos ao tratamento do andar inferior
e
superior, 2 foram classificados como ótimos, 3 bons e 1 regular. Já em relação aos
7
casos submetidos somente ao tratamento do andar inferior, 5 foram classificados
ótimos e 2 bons. No total, pela visão do avaliador externo, 53,84% dos casos
apresentaram um resultado cirúrgico considerado ótimo, 38,46% bom e 7,69% regular.
Nenhum resultado foi classificado como ruim (Tabela 3).
Tabela 3 - Análise dos resultados cirúrgicos pelo avaliador externo.
|
Inferior + superior |
Inferior |
Total |
Ótimo |
2 (33,33%) |
5 (71,42%) |
7 (53,84%) |
Bom |
3 (50%) |
2 (28,57%) |
5 (38,46%) |
Regular |
1 (16,67%) |
0 (0%) |
1 (7,69%) |
Ruim |
0 (0%) |
0 (0%) |
0 (0%) |
Tabela 3 - Análise dos resultados cirúrgicos pelo avaliador externo.
Ilustraremos os casos por meio das figuras a seguir.
Pacientes submetidos à cirurgia do andar inferior e superior (Figuras 1 a 6).
Figura 1 - Paciente de 30 anos. A, B e C:
Figuras referentes ao pré-operatório; D, E e
F: Figuras referentes ao pós-operatório de 1 ano e 7
meses.
Figura 1 - Paciente de 30 anos. A, B e C:
Figuras referentes ao pré-operatório; D, E e
F: Figuras referentes ao pós-operatório de 1 ano e 7
meses.
Figura 2 - Paciente de 40 anos. A, B e C: Figuras
referentes ao pré-operatório; D, E e F:
Figuras referentes ao pós-operatório de 1 ano e 7 meses.
Figura 2 - Paciente de 40 anos. A, B e C: Figuras
referentes ao pré-operatório; D, E e F:
Figuras referentes ao pós-operatório de 1 ano e 7 meses.
Figura 3 - Paciente de 51 anos. A, B e C: Figuras
referentes ao pré-operatório; D, E e F:
Figuras referentes ao pós-operatório de 1 ano e 7 meses.
Figura 3 - Paciente de 51 anos. A, B e C: Figuras
referentes ao pré-operatório; D, E e F:
Figuras referentes ao pós-operatório de 1 ano e 7 meses.
Figura 4 - Paciente de 59 anos. A, B e C: Figuras
referentes ao pré-operatório; D, E e F:
Figuras referentes ao pós-operatório de 3 anos.
Figura 4 - Paciente de 59 anos. A, B e C: Figuras
referentes ao pré-operatório; D, E e F:
Figuras referentes ao pós-operatório de 3 anos.
Figura 5 - Paciente de 39 anos. A, B e C: Figuras
referentes ao pré-operatório; D, E e F:
Figuras referentes ao pós-operatório de 1 ano.
Figura 5 - Paciente de 39 anos. A, B e C: Figuras
referentes ao pré-operatório; D, E e F:
Figuras referentes ao pós-operatório de 1 ano.
Figura 6 - Paciente de 38 anos. A, B e C: Figuras
referentes ao pré-operatório; D, E e F: Figuras referentes
ao pós-operatório de 2 anos e 4 meses.
Figura 6 - Paciente de 38 anos. A, B e C: Figuras
referentes ao pré-operatório; D, E e F: Figuras referentes
ao pós-operatório de 2 anos e 4 meses.
Pacientes submetidos à cirurgia somente do andar inferior (Figuras 7 a 13).
Figura 7 - Paciente de 46 anos. A, B e C: Figuras
referentes ao pré-operatório; D, E e F:
Figuras referentes ao pós-operatório de 3 anos.
Figura 7 - Paciente de 46 anos. A, B e C: Figuras
referentes ao pré-operatório; D, E e F:
Figuras referentes ao pós-operatório de 3 anos.
Figura 8 - Paciente de 50 anos. A, B e C: Figuras
referentes ao pré-operatório; D, E e F:
Figuras referentes ao pós-operatório de 1 ano e 6 meses.
Figura 8 - Paciente de 50 anos. A, B e C: Figuras
referentes ao pré-operatório; D, E e F:
Figuras referentes ao pós-operatório de 1 ano e 6 meses.
Figura 9 - Paciente de 39 anos. A, B e C: Figuras
referentes ao pré-operatório; D, E e F:
Figuras referentes ao pós-operatório de 1 ano.
Figura 9 - Paciente de 39 anos. A, B e C: Figuras
referentes ao pré-operatório; D, E e F:
Figuras referentes ao pós-operatório de 1 ano.
Figura 10 - Paciente de 35 anos. A, B e C: Figuras
referentes ao pré-operatório; D, E e F:
Figuras referentes ao pós-operatório de 3 meses.
Figura 10 - Paciente de 35 anos. A, B e C: Figuras
referentes ao pré-operatório; D, E e F:
Figuras referentes ao pós-operatório de 3 meses.
Figura 11 - Paciente de 51 anos. A, B e C: Figuras
referentes ao pré-operatório; D, E e F:
Figuras referentes ao pós-operatório de 1 ano.
Figura 11 - Paciente de 51 anos. A, B e C: Figuras
referentes ao pré-operatório; D, E e F:
Figuras referentes ao pós-operatório de 1 ano.
Figura 12 - Paciente de 37 anos. A, B e C: Figuras
referentes ao pré-operatório; D, E e F:
Figuras referentes ao pós-operatório de 1 ano.
Figura 12 - Paciente de 37 anos. A, B e C: Figuras
referentes ao pré-operatório; D, E e F:
Figuras referentes ao pós-operatório de 1 ano.
Figura 13 - Paciente de 38 anos. A, B e C: Figuras
referentes ao pré-operatório; D, E e F:
Figuras referentes ao pós-operatório de 1 ano.
Figura 13 - Paciente de 38 anos. A, B e C: Figuras
referentes ao pré-operatório; D, E e F:
Figuras referentes ao pós-operatório de 1 ano.
DISCUSSÃO
A ressecção de panículo adiposo abdominal foi descrita pela primeira vez por Demar
e
Marx, em 1890, na França. Kelly, em 1899, foi, provavelmente, o primeiro a usar a
expressão lipectomia abdominal, onde realizava a excisão dermoadiposa transversal
incluindo o umbigo14,15.
A dermolipectomia abdominal circunferencial foi descrita, inicialmente por Somalo,
em
194016. Após décadas, Carwell e Horton
descreveram a torsoplastia, iniciando um novo período de aprimoramento à técnica,
que também proporcionava a suspensão da ptose glútea. Outros autores como
Gonzáles-Ulloa, Baroudi, Pitanguy, entre outros, descreveram suas técnicas,
associando-as à lipoaspiração e realizando mudanças na demarcação cirúrgica, a fim
de posicionar adequadamente a cicatriz posterior15,17.
Com o advento da cirurgia bariátrica, o aumento na demanda pela dermolipectomia fez
com que as técnicas cirúrgicas fossem se aperfeiçoando e se adaptando às novas
circunstâncias apresentadas no pós-cirurgia bariátrica. Atualmente, múltiplas
variações técnicas são capazes de melhorar o contorno corporal14 e indicadas caso a caso.
Após a cirurgia bariátrica, os pacientes apresentam sobras dermogordurosas
distribuídas não somente na parede anterior do abdome, mas por toda a circunferência
abdominal. De acordo com a literatura, a abdominoplastia circunferencial traz
grandes benefícios, como a melhor distribuição dos tecidos remanescentes por toda
a
circunferência do tronco, diminuição da circunferência abdominal e suspensão da
região glútea.
Outra vantagem que este procedimento proporciona é que a cicatriz pode ser ocultada
mais facilmente pelo vestuário íntimo. Porém, em pacientes que apresentam incisão
longitudinal mediana proveniente da cirurgia bariátrica convencional ou naqueles com
excessos dermogordurosos na região epigástrica, deve-se indicar a abdominoplastia
em
âncora para obtenção de resultado satisfatório18.
As cirurgias complementares, tais como mamoplastias, braquioplastias, cruroplastias,
flancoplastias e a torsoplastias, além da lipoaspiração associada, são primordiais
para a melhora do contorno corporal e obtenção de um resultado cirúrgico
satisfatório7,8.
A população deste estudo foi composta 13 pacientes, ex-obesos, submetidos à cirurgia
pós-bariátrica. Em metade do grupo foi tratado tanto o andar superior quanto o
inferior e, na outra metade, apenas o andar inferior. Nossa amostra é composta por
homens e mulheres jovens, com média de idade de 44 anos e IMC médio de 26,15kg/m²,
dados semelhantes aos encontrados na literatura1,19,20.
As complicações estão relacionadas às condições gerais do paciente e à magnitude do
procedimento, podendo ser classificadas como maiores e menores21. Em nosso estudo, as complicações mais prevalentes foram
deiscência (principalmente de coxas) e seroma, tratadas ambulatorialmente, com
curativos, drenagem ou punção. Houve um caso de tromboembolismo pulmonar, que foi
tratado clinicamente com heparina de baixo peso molecular, sem apresentar
complicações consequentes.
Vários autores associam em suas casuísticas índices maiores de complicações,
sobretudo para torsoplastias ou abdominoplastias, apresentando uma taxa de
complicação em torno de 35%15,18,22,23. Tanto a incidência de complicações maiores quanto menores no nosso
estudo estiveram compatíveis com a literatura15,18,22,23.
Em nosso estudo, o tempo médio do ato operatório nas cirurgias do andar inferior foi
de 4 horas e 54 minutos, e do andar superior foi de 4 horas e 5 minutos. Baroudi
definiu como tempo cirúrgico limite o período de 360 minutos. Procedimentos
cirúrgicos que ultrapassem este limite implicam em complicações importantes aos
pacientes no pós-operatório24.
A redução do tempo cirúrgico exige grande sincronização da equipe cirúrgica, pois
permite realizar procedimentos combinados por times cirúrgicos trabalhando de forma
separada em compartimentos corporais diferentes, mas em tempo simultâneo.
Caso os procedimentos de cada parte do corpo abordada fosse realizada em tempos
cirúrgicos separados e por uma equipe única, teríamos um total de 13 horas e 20
minutos (abdominoplastia: 4h; mamoplastia: 3 horas e 20 minutos; braquioplastia: 3
horas; cruroplastia: 3 horas). Logo, houve uma economia de horas de sala (custos e
segurança) de aproximadamente 9 horas. Além da diminuição do isolamento social do
paciente com os atos operatórios repetidos.
Em relação ao percentual de satisfação dos pacientes referentes à cirurgia submetida,
92,30% disseram estar satisfeitos com o resultado obtido durante o acompanhamento
do
pós- operatório. Esse percentual demonstra alto grau de satisfação apresentado,
sendo semelhante aos dados encontrados na literatura quando estudadas técnicas
similares de cirurgia plástica pós- bariátrica22. Além disso, observamos um maior percentual de satisfação no grupo de
pacientes que realizaram a abordagem dos dois andares, corroborando com literatura,
que descreve que a cirurgia do contorno corporal que aborda diversos segmentos do
corpo gera um resultado cirúrgico mais satisfatório em decorrência de uma
harmonização do corpo visto em sua totalidade7,8.
Quanto à análise dos resultados pelo avaliador externo, 53,84% dos casos apresentaram
um resultado cirúrgico considerado ótimo, 38,46% bom e 7,69% regular. Nenhum
resultado foi classificado como ruim. Logo, revelou uma taxa de 92,30% dos casos
classificados como bons ou ótimos, demonstrando alto grau de aprovação dos
resultados cirúrgicos.
CONCLUSÃO
Para que tenhamos um bom resultado funcional e estético, é importante uma rotina
pré-estabelecida e uma sistematização do procedimento e das etapas sequenciais.
Ademais, ressaltamos a necessidade de uma equipe cirúrgica bem treinada e capacitada,
composta por vários membros, todos seguindo a mesma técnica cirúrgica, para que se
possa otimizar o processo e diminuir o tempo cirúrgico, minimizando complicações
consequentes.
Os resultados satisfatórios obtidos com baixos índices de complicações, mínima
ausência do paciente de sua vida normal, melhores resultados estéticos e custos
muito mais baixos no serviço demonstram a aplicabilidade da rotina de Cirurgia
Plástica do Hospital Daher em pacientes pós-bariátricos.
COLABORAÇÕES
JCD
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Análise e/ou interpretação dos dados, aprovação final do manuscrito,
realização das operações e/ou experimentos.
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ACC
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Concepção e desenho do estudo, redação - preparação do original.
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MCC
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Análise e/ou interpretação dos dados, realização das operações e/ou
experimentos.
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BEP
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Análise e/ou interpretação dos dados, realização das operações e/ou
experimentos.
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GCS
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Concepção e desenho do estudo, redação - preparação do original.
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LDPB
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Concepção e desenho do estudo, redação - preparação do original.
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RCSD
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Concepção e desenho do estudo, redação - preparação do original.
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LMCD
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Concepção e desenho do estudo, redação - preparação do original.
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1. Hospital Daher Lago Sul, Brasília, DF,
Brasil.
Autor correspondente: José Carlos Daher, Quadra 7,
SHIS QI 7 conjunto F, Lago Sul, Brasília, DF, Brasil. CEP: 71615-660. E-mail:
daher@hospitaldaher.com.br
Artigo submetido: 02/04/2018.
Artigo aceito: 16/04/2019.
Conflitos de interesse: não há.