INTRODUÇÃO
A cirurgia íntima tem tido sua procura aumentada, majoritariamente com o conceito
de
ninfoplastia. Ainda há controvérsias na literatura sobre as indicações1 e até aspectos do que seria uma vulva
anatomicamente normal2. Em nossa prática,
buscamos uma visão conceituando como “plástica vulvar”, assim analisamos e tentamos
harmonizar cirurgicamente as estruturas que se relacionam com os pequenos lábios,
proporcionando uma abordagem mais ampla que ninfoplastia4,5 (Figuras 1 e 2). As pacientes desconhecem muitos aspectos da sua vulva e esta
abordagem parece permitir uma maior satisfação com o resultado, bem como nos
proporciona uma sistematização do procedimento visando minimizar complicações (Figuras 3 e 4) e insatisfação6,7.
Figura 1 - Exemplo de paciente que necessita de diversas correções.
Figura 1 - Exemplo de paciente que necessita de diversas correções.
Figura 2 - Aumento importante de tecido pré-clitoriano.
Figura 2 - Aumento importante de tecido pré-clitoriano.
Figura 3 - Paciente operada em outro serviço só com ressecção de ninfas e com
deiscência caudal unilateral.
Figura 3 - Paciente operada em outro serviço só com ressecção de ninfas e com
deiscência caudal unilateral.
Figura 4 - Deiscência em ressecção “em cunha” – candidíase.
Figura 4 - Deiscência em ressecção “em cunha” – candidíase.
OBJETIVO
Analisar prospectivamente uma casuística de cirurgias plásticas vulvares, avaliadas
e
operadas pela autora, utilizando sistematização e enquadramento na classificação de
Cunha, com ninfoplastia majoritariamente realizada por técnica de ressecção “em
cunha”6-8, todas sob anestesia peridural com sedação sem infiltração
local com adrenalina. Utilizado fio Catgut 4-0.
MÉTODO
Após a indicação e realização da cirurgia, 40 pacientes com idades entre 24 e 52
anos, tiveram avaliação presencial realizada aos 10 dias, 20 dias, dois meses e até
o sexto mês de pós-operatório. Após este período, as que não compareceram foram
inclusas em pesquisa de satisfação, pelo telefone, no décimo mês. Em todos os casos,
não foi realizada apenas ninfoplastia, havendo associações variando de tratamento
do
capuz pré-clitoriano, lipoenxertia de grandes lábios e ressecção dos grandes lábios,
e lipoaspiração de monte pubiano. No peroperatório, a infiltração e adrenalina foi
apenas na obtenção da gordura para enxertia.
RESULTADOS
Tivemos dois casos de edema prolongado (mais que 10 dias) em pacientes sem enxertia
de gordura que se resolveram sem intervenção, cinco casos de pequena deiscência, e
em apenas três casos foi necessário refinamento sob anestesia local. Em um dos
casos, a paciente no PO imediato apresentou
candidíase importante. Não houve hematoma. Em um dos casos de enxertia de gordura
houve absorção total após um ano e meio, sendo diagnosticada portadora de
hipotireoidismo; nova enxertia após dois anos, sem queixas após 15 meses. Todas as
pacientes se mostram satisfeitas com a aparência, conforto com as vestes e sem
queixas na atividade sexual, relatando melhora da mesma. Não houve queixa de perda
de sensibilidade, mesmo nas duas pacientes de técnica amputativa.
DISCUSSÃO
A abordagem vulvar e de suas relações estruturais permite melhor compreensão da
paciente sobre as possibilidades cirúrgicas. Nossos resultados são coerentes com os
da literatura1,3,5, que demonstram maior chance de deiscência nas ressecções “em cunha”.
O cuidado de posicionamento das incisões e a hemostasia sem uso de vasoconstrictor
são fatores que podem justificar a não incidência de hematomas, além do uso de
vestes íntimas mais compressivas no pós-operatório7. A satisfação das pacientes com o resultado nos motiva a continuar
aprimorando os estudos e as técnicas (Figura 5).
Figura 5 - Exemplo de resultado seis meses após ninfoplastia e enxerto de
gordura dos grandes lábios.
Figura 5 - Exemplo de resultado seis meses após ninfoplastia e enxerto de
gordura dos grandes lábios.
REFERÊNCIAS
1. Hunter JG. Labia minora, labia majora, and clitoral hood alteration:
experience-based recommendations. Aesth Surg J. 2015; 1-9.
2. Clerico C, Larry A, et al. Anatomy and aesthetics of the labia
minora: the ideal vulva? Aesth Plast Surg. 2017 Jun; 41(3):714-9. DOI
10.1007/s00266-017-0831-1. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28314908.
3. Wilkie G, Bartz D. Vaginal rejuvenation: a review of female genital
cosmetic surgery. Obst Gynec Sur. 2018; 73(5):287-92.
4. Ozer M, et al. Labiaplasty: motivation, techniques, and ethics.
Nature Rev Urol. 2018 Mar; 15:175-89.
5. Bucknor A, et al. Labiaplasty: indications and predictors of
postoperative sequelae in 451 consecutive cases. Aesth Surg J. 2018 may;
38:644-53.
6. Hamori CA. Aesthetic surgery of the female genitalia: labiaplasty
and beyond. Plast Reconstr Surg. 2014; 134:661.
7. Cunha FI, et al. Ninfoplastia: classificação e refinamentos
técnicos. Rev Bras Cir Plást. 2011; 26(3):507-11.
8. Daher M, et al. Ninfoplastia em estrela: técnica para redução dos
pequenos lábios vulvares. Rev Bras Cir Plást. 2015;
30(1):44-50.
1. Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica,
Minas Gerais, MG, Brasil.
Endereço Autor: Rosimara Moraes Bonfim
Rua Israel Pinheiro, nº1890 - Governador Valadares, MG, Brasil CEP 35020-220
E-mail: rosimarabonfim@yahoo.com.br