INTRODUÇÃO
Abdominoplastia é um dos procedimentos cirúrgicos estéticos mais realizados, foi o
quarto mais comum em 2014 no Brasil e em todo mundo, de acordo com a Sociedade
Internacional de Cirurgia Plástica Estética1.
Pacientes com excesso de pele marcada, flacidez do sistema músculo aponeurótico
abdominal, com ou sem hérnia ou excesso de gordura abdominal são considerados
candidatos apropriados para abdominoplastia2,3.
Seroma é a complicação local mais comum associada com abdominoplastia, com taxas de
incidência variando de 1 a 57% e uma incidência média de 10%4,5. A maior
incidência de seroma pós-operatório ocorre no décimo primeiro dia de pós operatório,
sendo as fossas ilíacas os locais mais comuns de acúmulo do seroma6.
Ecografia abdominal é o método de escolha para o diagnóstico de seroma após
abdominoplastia5. Para reduzir a elevada
taxa de seroma no pós- operatório, algumas medidas preventivas foram descritas:
manipulação mínima do retalho de pele, pontos de tensão progressiva, redução no
tempo cirúrgico, uso de drenos e o uso de roupas de compressão por 30 dias no
pós-operatório7-8.
Dentre elas, as mais divulgadas foram as suturas para obliteração de espaço morto
descritas por Baroudi & Ferreira9 e a
utilização de drenos. Porém, a combinação de ambos os métodos simultaneamente não
acrescenta nenhuma vantagem e, quando comparadas, as duas apresentam a mesma
incidência de seroma10.
Novas técnicas de correção estética do abdômen surgiram ao longo dos anos na
tentativa de trazer melhores resultados estéticos com menos complicações, como a
lipoaspiração ou lipoabdominoplastia descrita por Saldanha11,12. Porém,
estudos anatômicos recentes questionam a necessidade da manutenção da fáscia de
Scarpa descrita na técnica de lipoabdominoplastia, descrevendo que em torno de 90%
do sistema linfático abdominal está no plano subdérmico e 10% em um sistema
linfático profundo justa-aponeurose abdominal13-15.
OBJETIVO
O objetivo deste trabalho é comparar a incidência de seroma na lipoabdominoplastia
sem preservação da fáscia de Scarpa com a abdominoplastia clássica, resultado
estético final, tempo de realização da cirurgia, tempo de confecção dos pontos de
Baroudi e complicações ocorridas no pós-operatório em nosso serviço.
MÉTODOS
Este estudo é uma coorte prospectiva, no qual foram analisados 40 pacientes
consecutivos que realizaram abdominoplastia ou lipoabdominoplastia no Hospital de
Clínicas de Porto Alegre, RS, entre abril de 2016 e maio de 2017. Todos pacientes
assinaram Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A pesquisa seguiu os
princípios de Helsinque. O critério de inclusão no grupo lipoabdominoplastia foi
lipodistrofia supraumbilical sendo indicada para melhora do contorno corporal.
Os critérios de exclusão foram pacientes pós-bariátricas ou índice de massa corporal
(IMC) acima de 35. Durante a cirurgia foram anotados o tempo de incisão, término da
cirurgia (não foi computado o tempo de lipoaspiração), tempo de início dos pontos
de
Baroudi e final (englobam o tempo da onfaloplastia) e quantidade dos mesmos. Todos
os pacientes permaneceram internados 24 horas após a cirurgia, banho permitido após
48 horas da cirurgia. Nenhum paciente recebeu antibioticoterapia pós-operatória,
malha compressiva é colocada ainda na sala cirúrgica e mantida por 30 dias após a
cirurgia.
Após a alta, realizarão reavaliações com 6 dias de pós-operatório, 13 dias, 20 dias,
30 dias, 2 meses, 3 meses e 6 meses, quando são realizadas as fotos. Todos foram
submetidos à ecografia de parede abdominal no 10o dia de pós-operatório, sendo
considerado seroma casos com 20ml ou mais de coleção. Todos exames foram realizados
pelo mesmo profissional, radiologista especialista em ecografia, cego para a técnica
cirúrgica. O resultado estético final será avaliado no retorno com 6 meses e por
fotos da mesma data, por um cirurgião plástico cegado quanto à técnica
realizada.
Ao longo do acompanhamento foram registrados no prontuário médico destas pacientes
os
dados analisados: Idade, IMC, incidência de seroma, infecção, comorbidades,
complicações operatórias, tabagismo, tempo para a realização da técnica de Baroudi,
e tempo total do ato cirúrgico (excluindo o tempo de lipoaspiração no grupo
lipoabdominoplastia). Todos os dados foram colocados em uma tabela do Excel.
Foram realizadas avaliações descritivas para as variáveis utilizando o programa SPSS
versão 18.0.3., disponibilizado pelo Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Média e
o
desvio padrão são utilizadas como medida da dispersão para a variável idade. Para
as
variáveis quantitativas, foi utilizada a distribuição em quartis. Para as
qualitativas, frequência absoluta e relativa. Para verificar a distribuição das
variáveis e classificá-las como paramétricas ou não- paramétricas, foi utilizado o
teste de Shapiro-Wilk. A única variável paramétrica encontrada foi a Idade, para a
qual se utilizou o teste T. Para as outras variáveis, foi utilizado o teste de
Mann-Whitney. Para a avaliação das variáveis qualitativas, foi utilizado o teste
Chi-Squared de Fisher.
Técnica cirúrgica – Abdominoplastia Clássica
Marcações conforme a técnica clássica, antes da incisão realizada cefazolina 2g.
Incisão na marcação superior, realizado descolamento limitado até o apêndice
xifoide somente para realizar plicatura, preservando uma fina camada de tecido
frouxo areolar justa-aponeurose dos músculos abdominais, o tecido linfático
profundo13-15 (Figura 1).
Figura 1 - Descolamento com manutenção de tecido frouxo areolar.
Figura 1 - Descolamento com manutenção de tecido frouxo areolar.
Em posição de Fowler é realizada a ressecção do excedente de pele, confecção do
neoumbigo pela técnica em losango. Realizada plicatura da diástase do músculo
reto abdominal com Prolene 0 após sutura contínua do apêndice xifoide até a
cicatriz umbilical e abaixo da cicatriz umbilical até o púbis.
Fixada à cicatriz umbilical a aponeurose anterior do músculo reto abdominal com
Mononylon 3.0. Os pontos de Baroudi, com Vicryl 3.0, 4 na linha média acima da
cicatriz umbilical, 2 nas laterais da porção superior do retalho bilateralmente.
Abaixo da cicatriz umbilical, mais 4 pontos na linha média e 4 laterais
bilateralmente tracionando o retalho para medial com objetivo de melhorar
contorno corporal, em média 20 pontos são realizados. Fechamento com sutura em
três planos, com Monocryl 3,0 e intradérmico com Monocryl 4.0. Em nenhum caso
foram utilizados drenos. Todos os casos realizaram profilaxia antitrombótica
conforme rotina do serviço.
Técnica cirúrgica – Lipoabdominoplastia
A cirurgia inicia-se com a lipoaspiração, solução para infiltração com Ringer
Lactato 1 litro com uma ampola de adrenalina. Infiltrado 500ml em média no
retalho abdominal e 250ml para cada flanco, quando necessário. Realizada
lipoaspiração profunda com máquina em pressão de 600mmHg, sendo realizado
controle final da lipoaspiração com pinch test. Após, é
realizada lipoaspiração superficial nas transições musculares para um melhor
contorno corporal, favorecendo o aparecimento da definição muscular. Demais,
conforme técnica da abdominoplastia clássica. Em nenhum caso foi utilizado
dreno.
RESULTADOS
A avaliação foi realizada pela comparação entre as taxas de complicações após os
procedimentos, sendo a ocorrência de seroma pós-operatório a variável analisada com
exame de imagem. Do total de 40 pacientes, 20 foram submetidas à abdominoplastia
clássica (Figuras 2 e 3) e 20 à lipoabdominoplastia (Figuras 4 a 6). Todas pacientes
eram do sexo feminino. Nenhuma paciente com histórico de cirurgia bariátrica ou IMC
acima de 35 foi incluída no estudo. A idade média das pacientes foi 39,8 anos, IMC
médio de 24,3. Do total de pacientes, apenas 10% eram tabagistas, e 17% tinham
outras comorbidades.
Figura 2 - Paciente do grupo abdominoplastia clássica.
Figura 2 - Paciente do grupo abdominoplastia clássica.
Figura 3 - Paciente do grupo abdominoplastia clássica.
Figura 3 - Paciente do grupo abdominoplastia clássica.
Figura 4 - Paciente do grupo lipoabdominoplastia sem preservação da fáscia de
Scarpa.
Figura 4 - Paciente do grupo lipoabdominoplastia sem preservação da fáscia de
Scarpa.
Figura 5 - Paciente do grupo lipoabdominoplastia sem preservação da fáscia de
Scarpa.
Figura 5 - Paciente do grupo lipoabdominoplastia sem preservação da fáscia de
Scarpa.
Figura 6 - Paciente do grupo lipoabdominoplastia sem preservação da fáscia de
Scarpa.
Figura 6 - Paciente do grupo lipoabdominoplastia sem preservação da fáscia de
Scarpa.
Os grupos abdominoplastia clássica e lipoabdominoplastia tiveram distribuição
homogênea em relação às variáveis acima, não havendo diferença significativa entre
suas distribuições entre os grupos. A média de idade para o grupo de abdominoplastia
clássica era de 36,5 anos e o IMC médio de 24,16. No grupo de lipoabdominoplastia,
a
média de idade foi 43,5 anos e o IMC médio foi de 24,5 (Tabela 1).
Tabela 1 - Características clínicas dos pacientes.
|
Abdominoplastia Clássica (N = 20)
|
Lipoabdominoplastia (N = 20)
|
Total = (N = 40) (p >
0,05)
|
Idade média |
36,5 anos |
43,5 anos |
39,8 anos |
IMC médio |
24,16 |
24,5 |
24,3 |
Tabagistas |
10% |
10% |
10% |
Outras comorbidades (HAS, DM, dislipidemia) |
20% |
15% |
17% |
Tabela 1 - Características clínicas dos pacientes.
Após a realização de ecografia abdominal para controle de coleção pós-operatória,
verificou-se incidência de seroma (coleção líquida considerada como maior do que
20ml) de 5% no grupo de abdominoplastia clássica e de 10% no grupo de
lipoabdominoplastia, sendo o local mais comum descrito pelo radiologista, as fossas
ilíacas. Nos casos de seroma se realizou drenagem com agulha no consultório, sem
necessidade de outro procedimento.
Observou-se incidência de 15% de infecção da ferida operatória no grupo da
abdominoplastia clássica, ocorrendo em média no 10o dia de pós-operatório, com
melhora após início de antibioticoterapia via oral ambulatorial, sem necessidade de
outro procedimento, e nenhum caso no grupo da lipoabdominoplastia.
Em nenhum dos grupos se evidenciou outra complicação pós-operatória com necessidade
de intervenção farmacológica ou cirúrgica durante os 6 meses de pós-operatório
avaliados na pesquisa. As diferenças de incidência de seroma e infecção da ferida
operatória entre os grupos não foram estatisticamente significativas
(p > 0,05). Não houve casos de necrose do retalho, hematoma,
tromboembolismo venoso, disfunções pulmonares ou outras complicações na avaliação
pós-operatória (Tabela 2).
Tabela 2 - Incidência de complicações maiores no pós-operatório.
|
Abdominoplastia clássica |
Lipoabdominoplastia |
Total (p > 0,05)
|
Seroma |
5% |
10% |
7% |
Infecção FO |
15% |
0 |
7% |
Hematoma |
0 |
0 |
0% |
TVP |
0 |
0 |
0% |
Necrose do retalho |
0 |
0 |
0% |
Tabela 2 - Incidência de complicações maiores no pós-operatório.
O cirurgião plástico que avaliou as fotos com 6 meses de pós-operatório, cego para
qual técnica foi utilizada, creditou um melhor contorno corporal no grupo
lipoabdominoplastia do que no grupo da abdominoplastia clássica. Não se verificou
diferença significativa entre número de pontos de Baroudi realizados em cada grupo,
em média 20 pontos em ambos os grupos.
Também não se verificou diferença significativa entre o tempo para realização dos
pontos de Baroudi, sendo a média 42 minutos (neste tempo está incluído o tempo para
a realização da onfaloplastia, que ocorre entre a realização dos pontos de Baroudi
superiores e inferiores). Também não houve diferença no tempo total cirúrgico, sendo
2 horas e 30 minutos de média em ambos os grupos, sendo que no grupo da
lipoabdominoplastia não foi computado o tempo de lipoaspiração. Quanto ao tempo de
internação, todos pacientes receberam alta em até 24 horas de pós-operatório.
DISCUSSÃO
As técnicas de lipoabdominoplastia, abdominoplastia clássica e lipoaspiração isolada
foram e estão sendo objeto de estudos comparativos quanto à eficácia, fatores de
risco para complicações e satisfação dos pacientes. Swanson15, em 2012, em um estudo prospectivo comparando lipoaspiração,
abdominoplastia clássica ou lipoabdominoplastia descreve alta taxa de satisfação com
os 3 procedimentos, sendo o desconforto da abdominoplastia clássica similar ao da
lipoabdominoplastia e o maior grau de satisfação após lipoabdominoplastia.
Fatores como idade, IMC e sexo masculino foram comprovados como fatores de risco
isolados a maiores complicações após procedimento16,17. Cirurgias
associadas também mostraram ter maiores taxas de complicações frente a procedimentos
isolados, com maior incidência de infecção de ferida operatória, maior taxa de TVP
e
maior taxa de dor relatada no pós-operatório16. Estes fatores são responsáveis por uma maior taxa de reinternação
hospitalar, principalmente em pacientes com comorbidades cardíacas ou pulmonares
prévias18.
Para reduzir a complicação de maior incidência na abdominoplastia, o seroma, Baroudi
& Ferreira9 descreveram as suturas para
obliteração de espaço morto; posteriormente, Polock & Polock8 as classificaram como suturas de tensão
progressiva, pois, além de reduzir o espaço morto, reduzem a tensão na ferida
operatória, melhorando a qualidade final da cicatriz infraumbilical.
Andrades et al.10, em um ensaio clínico duplo
cego randomizado, compararam a eficácia das suturas de tensão progressiva com o uso
de drenos ou a soma das duas técnicas e concluíram que as suturas de tensão
progressiva aumentam o tempo cirúrgico, reduzem a quantidade de drenagem, e têm a
mesma frequência de seroma quando comparadas ao uso de drenos sozinhos, tanto
clinicamente ou quando avaliado por ecografia abdominal. A combinação de ambos os
métodos simultaneamente não acrescenta nenhuma vantagem.
Saldanha preconizou como um importante ponto da lipoabdominoplastia a dissecção do
retalho mais superficial do que a abordagem clássica, preservando a fáscia de
Scarpa. Segundo Saldanha, esta opção permite manter íntegra a rede de linfáticos
abdominais que se encontram predominantemente abaixo da Scarpa, reduzindo as taxas
de seroma, além de prevenir maiores sangramentos, justamente por preservar os vasos
perfurantes inferiores. Além disso, Saldanha justificou a preservação como uma forma
de dar um suporte mais homogêneo ao retalho superior, que naturalmente é mais
delgado na sua porção caudal11,12.
Costa-Ferreira et al.19 publicaram em 2013 um
ensaio clínico randomizado acerca da preservação da fáscia de Scarpa, sua eficácia
e
segurança. Este estudo evidenciou que a preservação da fáscia de Scarpa reduz em
65,5% a quantidade de drenagem de secreção, podendo ser removidos os drenos mais
cedo do que o grupo sem preservação (3 dias antes). Períodos de longa permanência
dos drenos foram eliminados (períodos maiores que 6 dias) e a taxa de seroma foi
reduzida em 86,7%. Além dos resultados obtidos, a preservação da fáscia de Scarpa
foi considerada como não comprometedora do resultados estético final19.
Porém, a preservação da fáscia de Scarpa vem sendo motivo de discussão no meio
científico. Tourani et al.13 e Razzano et
al.14 publicaram em 2015 e 2016,
respectivamente, estudos anatômicos questionando a necessidade da preservação da
fáscia de Scarpa com objetivo de manter o sistema linfático abdominal.
Tourani et al.13, a partir de um mapa
radiográfico dos vasos linfáticos da parede abdominal em cadáveres, descrevem que
o
principal meio de drenagem linfática ocorre por coletores cutâneos superficiais que
se originam em um plano subdérmico no abdômen e correm superficialmente a fáscia de
Scarpa, sendo responsáveis por em torno de 90% do sistema linfático abdominal, e
justa-aponeurose dos músculos abdominais se encontram em um tecido frouxo areolar
os
vasos linfáticos profundos, responsáveis por cerca de 10% do sistema linfático
abdominal.
Razzano et al.14, por meio da análise
histopatológica de peças de abdominoplastia, relatam achados similares aos de
Tourani et al.13. Ambos descrevem que de
acordo com seus achados não haveria necessidade de manter todo o tecido adiposo
abaixo da fáscia de Scarpa para preservação do sistema linfático abdominal.
Tourani et al.13, Razzano et al.14e Swanson15 concordam que o fator mais importante na prevenção de seroma
pós-operatório seria a manutenção desta fina camada de tecido frouxo areolar, junto
com a tentativa de redução de espaço morto e a realização de descolamento reduzido
lateral do retalho abdominal. A manutenção deste tecido justa-aponeurótico nas
abdominoplastias foi primeiramente descrita por Avelar & Illouz, em 198620.
Portanto, a preservação da fáscia de Scarpa não justificaria por si só a redução na
taxa de seroma encontrada por Costa-Ferreira et al.19.
Os resultados obtidos demonstraram uma equivalência em relação aos resultados
apresentados na literatura. A taxa de seroma na literatura varia entre 1-57%, com
uma média de 10% aceita pela maioria dos autores6. Em nossa análise, ambos os procedimentos se mostraram aceitáveis como
correção cirúrgica estética do abdômen.
A abdominoplastia clássica apresentou maior taxa de infecção de ferida operatória,
sem significância estatística para demonstrar uma diferença efetiva entre os grupos,
sendo todos os casos tratados com antibiótico por via oral, sem necessidade de
reoperação. O local mais prevalente de coleção líquida foi nas fossas ilíacas,
concordando com o resultado apresentado por estudos prévios6.
A idade das pacientes foi maior no grupo lipoabdominoplastia, o que está descrito
na
literatura como um fator de risco para seroma e todas outras características
avaliadas foram homogêneas. Neste estudo a idade não foi fator decisivo para um
aumento de seroma no grupo da lipoabdominoplastia, o que ressalta a necessidade de
avaliar o conjunto de fatores de risco dos pacientes e não um isoladamente.
A importância de se realizar estudos prospectivos para análise de complicações e
satisfação dos pacientes em procedimentos estéticos é bem reconhecida15. Tanto a experiência exposta pela paciente
quanto a análise dos resultados são mais confiáveis e preferíveis nestes
estudos15. Este tipo de estudo nos
permitiu um melhor segmento com melhor avaliação das pacientes no pós-operatório.
A
importância de um mesmo ecografista realizar a análise contribuiu com uma maior
fidedignidade da amostra avaliada, mantendo um padrão de análise ecográfica.
A realização da sutura interna por pontos de Baroudi permite uma redução do espaço
morto que poderia ser responsável pela baixa taxa de seroma21. A soma da dissecção do retalho abdominal mantendo essa fina
camada de tecido frouxo justa-aponeurose dos músculos abdominais aos pontos de
Baroudi e ao uso de malha compressiva durante 30 dias de pós-operatório estão de
acordo com a recente revisão sistemática realizada por Janis et al.22 sobre estratégias para prevenção de seroma
pós-operatório.
Esta baixa incidência de complicações sugere que a lipoabdominoplastia é uma técnica
tão segura quanto a abdominoplastia, não agregando risco ao procedimento mesmo sem
preservar a fáscia de Scarpa. Entretanto, proporciona um maior refinamento estético
nos casos de lipodistrofia supraumbilical, podendo ser realizada com segurança com
rotina cirúrgica similar à abdominoplastia clássica. Uma limitação do estudo é não
ter sido avaliado o tempo total de lipoaspiração no grupo lipoabdominoplastia, sendo
um viés na avaliação das complicações gerais e seroma.
CONCLUSÃO
Estes resultados neste grupo de pacientes mostram que é possível realizar a
lipoabdominoplastia sem preservação da fáscia de Scarpa mantendo um percentual de
seroma dentro dos descritos na literatura nacional e internacional. Demais
complicações não tiveram diferença com significância estatística entre os grupos.
Não houve diferenças significativas entre o tempo de recuperação dos pacientes. A
lipoaspiração associada permite um refinamento nos casos com lipodistrofia
localizada.
COLABORAÇÕES
JM
|
Análise e/ou interpretação dos dados; análise estatística; concepção e
desenho do estudo; gerenciamento do projeto; investigação; metodologia;
realização das operações e/ ou experimentos; redação - preparação do
original; redação - revisão e edição.
|
ACO
|
Análise e/ou interpretação dos dados; aprovação final do manuscrito;
conceitualização; gerenciamento do projeto; supervisão.
|
CPP
|
Análise e/ou interpretação dos dados; gerenciamento do projeto; redação -
revisão e edição.
|
MF
|
Realização das operações e/ou experimentos.
|
MR
|
Coleta de dados; investigação.
|
TS
|
Coleta de dados.
|
DD
|
Análise e/ou interpretação dos dados; coleta de dados; realização das
operações e/ou experimentos.
|
MVMC
|
Análise e/ou interpretação dos dados; aprovação final do manuscrito;
conceitualização; concepção e desenho do estudo; gerenciamento do
projeto; supervisão; visualização.
|
REFERÊNCIAS
1. International Society of Aesthetic Plastic Surgery - ISAPS. 2015
Global Statistics [acesso 2017 Nov 18]. Disponível em: https://www.isaps.org/medical-professionals/isaps-global-statistics/
2. Prado A, Andrades PR, Benitez S. Abdominoplasty: the use of
polypropylene mesh to correct myoaponeurotic-layer deformity. Aesthetic Plast
Surg. 2004;28(3):144-7. DOI: http://dx.doi.org/10.1007/s00266-004-3124-4
3. Ramirez OM. Abdominoplasty and abdominal wall rehabilitation: a
comprehensive approach. Plast Reconstr Surg. 2000;105(1):425-35. PMID: 10627012
DOI: http://dx.doi.org/10.1097/00006534-200001000-00071
4. van Uchelen JH, Werker PM, Kon M. Complications of abdominoplasty in
86 patients. Plast Reconstr Surg. 2001;107(7):1869-73. DOI: http://dx.doi.org/10.1097/00006534-200106000-00037
5. Stocchero IN. Ultrasound and seromas. Plast Reconstr Surg.
1993;91(1):198. PMID: 8416535 DOI: http://dx.doi.org/10.1097/00006534-199301000-00050
6. Di Martino M, Nahas FX, Kimura AK, Sallum N, Ferreira LM. Natural
evolution of seroma in abdominoplasty. Plast Reconstr Surg.
2015;135(4):691e-8e.
7. Baxter RA. Controlled results with abdominoplasty. Aesthetic Plast
Surg. 2001;25(5):357-64. DOI: http://dx.doi.org/10.1007/s00266-001-0010-1
8. Pollock T, Pollock H. Progressive tension sutures in abdominoplasty.
Clin Plast Surg. 2004;31(4):583-9.
9. Baroudi R, Ferreira CA. Seroma: how to avoid it and how to treat it.
Aesthet Surg J. 1998;18(6):439-41. PMID: 19328174 DOI: http://dx.doi.org/10.1016/S1090-820X(98)70073-1
10. Andrades P, Prado A, Danilla S, Guerra C, Benitez S, Sepulveda S, et
al. Progressive tension sutures in the prevention of postabdominoplasty seroma:
a prospective, randomized, double-blind clinical trial. Plast Reconstr Surg.
2007;120(4):935-46. DOI: http://dx.doi.org/10.1097/01.prs.0000253445.76991.de
11. Saldanha OR, Pinto EBS, Matos Jr. WN, Lucon RL, Magalhães F, Bello
EML, et al. Lipoabdominoplastia - Técnica Saldanha. Rev Bras Cir Plást.
2003;18(1):37-46.
12. Saldanha OR, Federico R, Daher PF, Malheiros AA, Carneiro PR,
Azevedo SF, et al. Lipoabdominoplasty. Plast Reconstr Surg. 2009;124(3):934-42.
PMID: 19730314 DOI: http://dx.doi.org/10.1097/PRS.0b013e3181b037e3
13. Tourani SS, Taylor GI, Ashton MW. Scarpa Fascia Preservation in
Abdominoplasty: Does It Preserve the Lymphatics? Plast Reconstr Surg.
2015;136(2):258-62. PMID: 26218375 DOI: http://dx.doi.org/10.1097/PRS.0000000000001407
14. Razzano S, Gathura EW, Sassoon EM, Ali R, Haywood RM, Figus A.
Scarpa Fascia Preservation in Abdominoplasty: Does It Preserve the Lymphatics?
Plast Reconstr Surg. 2016;137(5):898e-9e. PMID: 27119952
15. Swanson E. Prospective outcome study of 360 patients treated with
liposuction, lipoabdominoplasty, and abdominoplasty. Plast Reconstr Surg.
2012;129(4):965-78. PMID: 22183499 DOI: http://dx.doi.org/10.1097/PRS.0b013e318244237f
16. Winocour J, Gupta V, Ramirez JR, Shack RB, Grotting JC, Higdon KK.
Abdominoplasty: Risk Factors, Complication Rates, and Safety of Combined
Procedures. Plast Reconstr Surg. 2015;136(5):597e-606e. PMID:
26505716
17. Hurvitz KA, Olaya WA, Nguyen A, Wells JH. Evidence-based medicine:
Abdominoplasty. Plast Reconstr Surg. 2014;133(5):1214-21. PMID:
24776552
18. Massenburg BB, Sanati-Mehrizy P, Jablonka EM, Taub PJ. Risk Factors
for Readmission and Adverse Outcomes in Abdominoplasty. Plast Reconstr Surg.
2015;136(5):968-77. PMID: 26505701 DOI: http://dx.doi.org/10.1097/PRS.0000000000001680
19. Costa-Ferreira A, Rebelo M, Silva A, Vásconez LO, Amarante J. Scarpa
fascia preservation during abdominoplasty: randomized clinical study of efficacy
and safety. Plast Reconstr Surg. 2013;131(3):644-51. PMID: 23446574 DOI:
http://dx.doi.org/10.1097/PRS.0b013e31827c704b
20. Avelar J, Illouz YG. Lipoaspiração. Rio de Janeiro: Hipocrates;
1986.
21. Saldanha OR, Azevedo DM, Azevedo SFD, Ribeiro DaV, Nagassaki E,
Gonçalves Junior P, et al. Lipoabdominoplastia: redução das complicações em
cirurgias abdominais. Rev Bras Cir Plást. 2011;26(2):275-9. PMID: 17524650 DOI:
http://dx.doi.org/10.1590/S1983-51752011000200014
22. Janis JE, Khansa L, Khansa I. Strategies for Postoperative Seroma
Prevention: A Systematic Review. Plast Reconstr Surg. 2016;138(1):240-52. PMID:
27348657 DOI: http://dx.doi.org/10.1097/PRS.0000000000002245
1. Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Porto
Alegre, RS, Brasil
2. Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
Porto Alegre, RS, Brasil.
Autor correspondente: João Maximiliano
Ramiro Barcelos, nº 2350, 6ºandar - Porto Alegre, RS, Brasil CEP 90035-007
E-mail: jmaximilianopm@gmail.com
Artigo submetido: 24/4/2018.
Artigo aceito: 11/11/2018.
Conflitos de interesse: não há.