INTRODUÇÃO
Inicialmente, as tentativas de tratamento das rugas eram baseadas em ressecções de
faixas de pele associadas a descolamentos teciduais amplos, com resultados efêmeros
e cicatrizes de qualidade ruim1-4. Com convicção, os
tratamentos do SMAS representaram uma ampla evolução no face-lift,
com a obtenção de resultados mais duradouros e de maior naturalidade1-4.
Continua incansável a busca por técnicas ou táticas operatórias de maior eficiência
com melhores resultados, sempre associados a uma maior segurança e menor incidência
de complicações a curto e longo prazo1,3-5.
Apesar do progressivo processo de aprimoramento, a complicação mais frequente do
face-lift continua sendo o hematoma que, quando de grandes
proporções, além de comprometer a vascularização do retalho, pode exigir reabordagem
cirúrgica de urgência (caso expansivo e/ou volumoso) e atrasar significativamente
a
recuperação do paciente. Também pode prolongar o tempo de edema e de equimoses com
risco de gerar necrose, discromias e irregularidades na pele após a
cicatrização6-9.
De acordo com a literatura, a incidência de hematoma em face-lifts
varia entre 0,2 e 8% dos casos, sendo que em homens tal incidência pode chegar a
12,9%8-10 (Tabela 1).
Tabela 1 - Incidência de hematomas requerendo evacuação cirúrgica pós-ritidoplastia
em ambos os sexos*
Autores |
Ano |
Número de casos apresentando
hematomas
|
Incidência (%) |
Antes de 1980† |
|
|
|
|
Serson-Nesto |
1964 |
170 |
2 |
1,2 |
Galozzi et al. |
1965 |
100 |
3 |
3,0 |
Conway |
1970 |
325 |
21 |
6,6 |
McGregor e Greenberg |
1971 |
524 |
42 |
8,0 |
McDowell |
1972 |
105 |
3 |
2,9 |
Webster |
1972 |
221 |
2 |
0,9 |
Pitanguy et al. |
1972 |
1600 |
89 |
5,5 |
Rees et al. |
1973 |
806 |
23 |
2,9 |
Barker |
1974 |
163 |
2 |
1,3 |
Black |
1976 |
1804 |
48 |
2,7 |
Baker et al. |
1977 |
1500 |
46 |
3,0 |
Stark |
1977 |
500 |
13 |
2,6 |
Leist et al. |
1977 |
324 |
19 |
5,9 |
Straith et al. |
1977 |
500 |
8 |
1,6 |
Thompson e Ashley |
1978 |
922 |
44 |
5,0 |
Lemmon e Hamra |
1980 |
577 |
5 |
0,8 |
Total |
|
10141 |
370 |
3,6 |
Após 1980‡ |
|
|
|
|
Matsunaga |
1981 |
427 |
1 |
0,2 |
Fodor |
1982 |
100 |
1 |
1,0 |
Owsley |
1983 |
435 |
6 |
1,4 |
Lemmon |
1983 |
1445 |
8 |
0,5 |
Shirakabe |
1988 |
738 |
9 |
1,2 |
Rees et al. |
1994 |
1236 |
23 |
1,9 |
Marchac e Sandor |
1994 |
412 |
17 |
4,2 |
Heinreichs e Kaidi |
1999 |
200 |
2 |
1,0 |
Kamer e Song |
2000 |
451 |
10 |
2,2 |
Grover et al. |
2001 |
1078 |
45 |
4,2 |
Total |
|
6522 |
122 |
1,9 |
Tabela 1 - Incidência de hematomas requerendo evacuação cirúrgica pós-ritidoplastia
em ambos os sexos*
Inúmeras medidas têm sido utilizadas com o intuito de reduzir esta incidência, tais
como controle dos níveis pressóricos no peri e pós-operatório, curativos, drenos,
cola de fibrina, gel de plaquetas, entre outros7,9,10. Ainda assim, o hematoma persiste como a
principal complicação do face-lift, sendo fundamental a constante
análise e estudo dos casos para melhor padronização das medidas de prevenção desta
importante complicação (Figuras 1A e 1B).
Figura 1 - A: Hematoma importante em pós-operatório;
B: Hematoma importante em pós-operatório.
Figura 1 - A: Hematoma importante em pós-operatório;
B: Hematoma importante em pós-operatório.
OBJETIVOS
Após análise da literatura vigente, da casuística e experiência pessoal do autor,
nosso objetivo com este trabalho é apresentar uma proposta de sistematização peri
e
pós-operatória que auxilie na prevenção da formação de hematomas em
ritidoplastias.
MÉTODOS
O autor vem realizando face-lifts desde 1992 e, ao longo destes
anos, várias condutas foram alteradas como tentativa de aprimoramento dos resultados
e redução de complicações. A partir de 2015, o autor vem adotando a sistematização
completa, que será apresentada a seguir e está representada pelo Quadro 1. Os dados de todos os casos analisados
no presente artigo foram colhidos de prontuários da instituição, cujo diretor
clínico é o autor principal. A elaboração do artigo seguiu os princípios de
Helsinque.
Quadro 1 - Sistematização adotada para prevenção de hematomas em face-lifts.
Medidas pré-operatórias |
Ambiente Hospitalar |
Sondagem vesical de demora (até a alta hospitalar) |
Medidas intraoperatórias |
Anestesia Geral |
Compressão pneumática de MMII (para profilaxia de
TVP)
|
Infiltração de cerca de 100 mL por hemiface de solução
de lidocaína 0,375% +
|
adrenalina a 1:600.000 |
Hemostasia definitiva -
20 minutos por hemiface
|
Sob PAS 130mmHg (nunca
sob hipotensão)
|
Redução do espaço morto: oito suturas de Baroudi + uso
de cola de fibrina
|
Medidas pós-operatórias |
Cabeceira elevada |
Curativo com malha elástica pouco compressiva |
Compressas de soro fisiológico gelado + Bolsa de gel
congeladas (1/1h)
|
Antieméticos em horários fixos |
Controle rigoroso da PA (1h / 1h) - clonidina EV se PAS
140mmHg
|
Compressão pneumática de MMII durante toda a
internação
|
HBPM - iniciar na manhã seguinte à cirurgia |
Não deambular nas primeiras 24 horas (durante a
internação)
|
Alta hospitalar só na manhã seguinte à cirurgia e se PA
estiver controlada
|
Reavaliação ambulatorial em 48 horas |
Quadro 1 - Sistematização adotada para prevenção de hematomas em face-lifts.
Todos os face-lifts são realizados em ambiente hospitalar com
paciente submetido à anestesia geral, monitorização não invasiva da pressão arterial
(PA) e sondagem vesical de demora.
Realiza-se infiltração de cerca de 100 mL por hemiface de solução de lidocaína
0,375%, com adrenalina a 1:600.000. Apesar de alguns autores evitarem tal
infiltração pelo risco de vasodilatação rebote após o uso da solução com
adrenalina10, acreditamos que tal conduta
facilita o descolamento e a visualização de plano cirúrgico adequado, além de
minimizar o sangramento intraoperatório e facilitar a hemostasia definitiva7,8.
O tempo cirúrgico da hemostasia nunca é inferior a 20 minutos para cada hemiface e
sempre é realizada com valores de pressão sistólica igual ou superior a 130mmHg. A
hemostasia definitiva nunca deve ser realizada em hipotensão.
Em todos, realizamos pontos de adesão com sutura absorvível entre o retalho descolado
e o SMAS, semelhante às suturas de Baroudi nas abdominoplastias11,12.
Geralmente, são oito suturas distribuídas em cada hemiface que dificultam a expansão
de um eventual hematoma, além de reduzir o espaço morto e facilitar a adesão do
retalho (Figura 2).
Figura 2 - Pontos de adesão entre retalho descolado e SMAS.
Figura 2 - Pontos de adesão entre retalho descolado e SMAS.
Utilizamos rotineiramente cola de fibrina (Tessel®) na área
descolada da face e pescoço com a intenção de melhorar a adesão do retalho,
potencializar a hemostasia e prevenir hematomas (Figura 3).
Figura 3 - Uso da cola de fibrina em tecido descolado facial e cervical.
Figura 3 - Uso da cola de fibrina em tecido descolado facial e cervical.
Não utilizamos dreno e o curativo é feito com malha elástica de pouca compressão e
com compressas embebidas em soro fisiológico gelado que são renovadas de hora em
hora. Além disso, sobre as compressas colocamos bolsas de gel congeladas, que também
são renovadas sistematicamente a cada hora. O objetivo é gerar alguma vasoconstrição
nas primeiras horas e inibir sangramento.
Todo o curativo é retirado na manhã seguinte no momento da alta e os pacientes
continuam a usar as bolsas de gel congeladas sobre as hemifaces (sempre com proteção
da pele) em seu domicílio, 30 minutos de cada vez e com intervalos de 1 hora por um
período total de 48 horas (exceto à noite para dormir).
Durante a internação hospitalar, todos os pacientes são orientados a permanecer com
cabeceira elevada em cerca de 30 graus. Também prescrevemos medicações com horário
fixo para prevenção de vômitos e mantemos rigoroso controle pressórico com
reavaliações a cada hora. Quando a pressão sistólica chega a 140 mmHg, iniciamos
tratamento anti-hipertensivo geralmente com clonidina endovenosa.
Como estão sondados, os pacientes não se levantam durante toda a internação nem mesmo
para ir ao banheiro, pois acreditamos que a imobilização diminui a chance de
sangramentos. Para diminuir os riscos de trombose venosa profunda, todos utilizam
botas de compressão intermitente ao longo de toda a cirurgia e de toda a internação.
Além disso, iniciam o uso de heparina de baixo peso na manhã do dia seguinte à
cirurgia, antes da alta hospitalar.
Todos os pacientes pernoitam no hospital, recebem alta na manhã do dia seguinte à
cirurgia e são reavaliados no consultório 48h após a alta, quando já tem início a
drenagem linfática com a equipe de fisioterapia.
Para fins didáticos, consideramos hematomas apenas aqueles que necessitaram drenagem
em ambiente hospitalar com intervenções cirúrgicas, mesmo que pequenas, para sua
drenagem, como retirada de suturas ou novas incisões. Os mesmos provocam distorções
significativas na face, ameaçam a integridade dos retalhos de pele pela grande
distensão que provocam e demandam esvaziamento sem demora. As pequenas coleções
sanguíneas que eventualmente se formam no pós-operatório de maneira localizada e sem
causar prejuízo ao retalho foram desconsideradas. Comumente, são ocorrências
benignas e drenadas no consultório com punções, geralmente depois do décimo
dia, quando se liquefazem.
RESULTADOS
De janeiro de 1992 a março de 2018, período superior a 26 anos, o autor realizou
1.138 face-lifts - número próximo ao de Rohrich em 23 anos de
análise4,8. A partir de agosto de 2013, o autor passa a dedicar-se
exclusivamente a cirurgias plásticas da face.
Registros confiáveis sobre a ocorrência de hematomas se deram a partir de julho de
2011. Foram, portanto, incluídos na análise todos os prontuários datados desde
então.
De julho de 2011 a dezembro de 2014, período anterior à adoção da sistematização,
foram realizados 233 face-lifts, dos quais 8 evoluíram com hematoma
(incidência de 3,43%).
A partir de janeiro de 2015 adotamos a sistematização apresentada acima e tivemos,
até março de 2018, 6 casos de hematomas em 361 cirurgias (incidência de 1,66%).
Todos os hematomas aconteceram nas primeiras 48 horas após as cirurgias.
Desta forma, com a instituição das novas medidas, obtivemos uma redução de 48,4% em
nossos índices de hematomas. O Teste Exato de Fischer não demonstrou significância
estatística para estes resultados (p>0.05).
O conjunto de medidas adotadas parece ter levado a esta importante redução e
verificamos que a mesma segue ocorrendo. Nos últimos 19 meses incluídos na análise
foram realizados 177 face-lifts consecutivos, nos quais não foi
observada ocorrência desta complicação.
A Figura 4 demonstra a queda expressiva da
incidência dos hematomas após o início da aplicação da sistematização, apesar do
aumento progressivo do número de casos operados no mesmo período. Estes passaram de
52 em 2012, para 114 casos em 2017. Para evitar distorções, o gráfico contemplou
apenas os anos que apresentam dados coletados ao longo de seus 12 meses (Figura 4).
Figura 4 - Incidência de hematomas em face-lifts - A linha
laranja representa o início da aplicação da sistematização.
Figura 4 - Incidência de hematomas em face-lifts - A linha
laranja representa o início da aplicação da sistematização.
DISCUSSÃO
Vários são os fatores que podem ser relacionados à formação de hematomas em
face-lifts: tipo de anestesia, idade, sexo, técnica operatória,
combinação de procedimentos, uso de drenos, níveis pressóricos, etc9. O que se observa é que não existem dados
suficientes para determinar uma causa específica responsável pelos hematomas em
ritidoplastias9,10. Assim, um conjunto de medidas são
necessárias para sua prevenção.
Técnicas e cuidados adequados na anestesia são componentes vitais para prevenir
intercorrências per e pós-operatórias. Especificamente na prevenção de hematomas em
ritidoplastias, o controle dos níveis pressóricos, da frequência cardíaca, da
ansiedade, da analgesia e dos vômitos é fundamental13.
No pré-operatório imediato, os pacientes recebem benzodiazepínicos com o intuito de
reduzir a ansiedade e potencializar a medicação sedativa. Apesar de bons resultados
alcançados por alguns autores com o uso de anestesia local associada a sedação
intravenosa9, optamos por realizar sempre
estas cirurgias sob anestesia geral, por julgarmos que assim os pacientes permanecem
melhor monitorizados e controlados, com via aérea assegurada durante os movimentos
da cabeça e com sistema fechado para entrega do oxigênio, o que permite uso seguro
do eletrocautério8,13.
Ainda durante o preparo para a cirurgia, realizamos infiltração de solução de
lidocaína 0,375% com adrenalina a 1:600.000 em cada hemiface - alguns autores
preferem não realizar tal procedimento pelo risco potencial de vasodilatação
rebote10. Entretanto, assim como a maior
parte dos cirurgiões, acreditamos que tal conduta otimiza o descolamento e a
visualização do plano cirúrgico adequado, além de minimizar o sangramento intra e
pós-operatório, o que facilita muito a hemostasia definitiva6-13.
De todos os fatores que são responsáveis pela formação de hematomas em ritidoplastias
a hipertensão é, sem dúvida, o principal deles, fato este já bem documentado por
diversos autores como Baker, Knize, Ramanadham e Rohrich7-13.
Independentemente da conduta perioperatória proposta por cada autor, há sempre
concordância de que controles rigorosos dos níveis pressóricos no intra e no
pós-operatório estão relacionados à redução dos índices de hematomas em
face-lifts
7-13. Baker documentou em seu estudo dos hematomas em homens que o
controle rigoroso da PA reduziu sua incidência de 8,7% em 1977 para 3,97% em
20059,13,14.
Níveis pressóricos pouco abaixo do normal ou mesmo hipotensões leves são tolerados
durante o descolamento do retalho facial para minimizar o sangramento
perioperatório. Entretanto, nunca se deve realizar a hemostasia definitiva sob
hipotensão pelo risco de que tal atitude mascare vasos perfurantes lesados que
poderiam sangrar significativamente no pós-operatório após o aumento rebote esperado
da PA7-16. Rotineiramente, realizamos a hemostasia após aumento da PA
sistólica para níveis iguais ou superiores a 130mmHg.
Rohrich e outros autores preconizam o uso de adesivo transdérmico de clonidina a 0,1
a 0,2mg por dia a ser aplicado antes da entrada na sala operatória e mantido por até
7 dias no pós-operatório4,7,8,13,14. Rohrich justifica este uso prolongado ao
afirmar que os picos hipertensivos são mais comuns no período pós-operatório do que
no intra ou no pós-operatório imediato8.
Em nossa rotina, fazemos uso de clonidina endovenosa durante o período de internação
hospitalar quando a pressão sistólica atinge 140mmHg. Consideramos que o uso
constante de adesivo transdérmico de clonidina aumenta o risco de hipotensão nos
primeiros dias de pós-operatório e, consequentemente, aumenta o risco de quedas e
consequentes traumas.
Além do exposto acima, outros fatores como ansiedade, dor, retenção urinária, náuseas
e vômitos estão diretamente relacionados ao aumento da PA e, consequentemente, à
formação de hematomas7-15. Estes devem ser adequadamente prevenidos.
Em nossa rotina, é usada medicação antiemética com horário fixo, iniciada antes
mesmo do despertar anestésico dos pacientes, conduta também adotada por Baker e
Rohrich9,13,14. Todos
os pacientes recebem sondagem vesical de demora durante toda a internação.
Em todos os casos realizamos pontos de adesão entre a derme do retalho descolado e
o
SMAS - consideramos tal etapa importante por reduzir o espaço morto (melhorando a
adesão do retalho) e limitar a disseminação de algum hematoma que porventura se
forme. Tais pontos são similares às suturas de Baroudi das abdominoplastias e já
foram descritas por este mesmo cirurgião para as ritidoplastias11,12.
Além destes pontos de adesão, fazemos uso da cola de fibrina
(Tessel®) com a intenção de gerar melhor adesão ao retalho
descolado e tracionado, além de prevenir a formação de hematomas. O uso das colas
de
fibrina e outros mecanismos de adesão do retalho é controverso. Selantes de fibrina
têm demonstrado boa eficácia para controle de sangramentos lentos e focais ou de
sangramentos difusos9,17,18. Enquanto alguns autores como Marchac & Sándor19 relataram que, após uso de cola de fibrina
em aerossol sob o retalho descolado, houve queda da incidência de hematomas, outros
como Fezza et al.20 relatam apenas redução do
edema e da equimose, sem diferenças estatisticamente significativas na incidência
de
hematomas. O gel selante à base de plaquetas é uma alternativa, mas ainda carece de
estudos para que se defina seu potencial na prevenção de hematomas17.
Ainda na sala operatória, logo após a cirurgia, os pacientes são posicionados com
cabeceira elevada a 30 graus e é iniciado o uso de compressas geladas na face, as
quais são trocadas sistematicamente a cada 30 minutos, com o objetivo de gerar
vasoconstrição. Orientamos, após a alta hospitalar, a manutenção rigorosa da terapia
com gelo a cada 30 minutos por 48 a 72 horas.
Segundo a literatura, a incidência de hematomas em face-lifts ocorre
em 0,2 a 8% dos casos, sendo que em homens tal incidência pode chegar a 12,9%8-16.
Antes da adoção de nossa sistematização em 2015, observamos incidência de 3,43% e,
após implantada, de 1,66% - expressando uma queda de aproximadamente 48,4% na
incidência desta complicação. O índice atual encontra-se próximo aos limites
inferiores da literatura. Com os dados analisados, não atingimos significância
estatística. No entanto, é importante ressaltar que a incidência continua caindo,
já
que nos últimos 177 casos analisados não houve incidência de hematomas.
CONCLUSÃO
Após análise da nossa casuística e dos dados da literatura, pôde-se perceber que com
o uso da padronização proposta houve redução expressiva da incidência de hematomas
pós-ritidoplastias ao longo dos anos. O conjunto de medidas propostas atua de modo
sinérgico na redução desta grave complicação. Em nossa opinião, nenhuma destas
medidas isoladamente seria capaz de atingir tamanha redução no índice de
hematomas.
Apesar da insuficiência amostral para comprovação de significância estatística
(p>0.05), temos a convicção de que os números são
promissores. Mesmo sendo a complicação mais frequente neste tipo de cirurgia, a
ocorrência frente ao número de cirurgias é relativamente pequena, o que torna a
ampliação da casuística essencial para que obtenhamos dados mais sólidos. Contudo,
cabe reforçar que a sistematização tem se consolidado em nosso serviço de maneira
progressiva, sendo fundamental que se mantenha rigidez sobre a aplicação do
protocolo e sobre a coleta adequada dos dados, sempre com o objetivo de se obter o
melhor desfecho possível para o paciente.
COLABORAÇÕES
TCTC
|
Análise e/ou interpretação dos dados; aprovação final do manuscrito;
coleta de dados; conceitualização; concepção e desenho do estudo;
gerenciamento de recursos; gerenciamento do projeto; investigação;
metodologia; realização das operações e/ ou experimentos; redação -
preparação do original; redação - revisão e edição; supervisão;
visualização.
|
WFFJ
|
Análise e/ou interpretação dos dados; aprovação final do manuscrito;
concepção e desenho do estudo; gerenciamento do projeto; investigação;
redação - preparação do original; redação - revisão e edição;
visualização.
|
CEGL
|
Análise e/ou interpretação dos dados; aprovação final do manuscrito;
concepção e desenho do estudo; gerenciamento do projeto; metodologia;
redação - revisão e edição; supervisão.
|
FXC
|
Análise e/ou interpretação dos dados; análise estatística; aprovação
final do manuscrito; coleta de dados; concepção e desenho do estudo;
redação - preparação do original; redação - revisão e edição.
|
LML
|
Análise e/ou interpretação dos dados; análise estatística; aprovação
final do manuscrito; coleta de dados; concepção e desenho do estudo;
redação - revisão e edição.
|
LRL
|
Análise e/ou interpretação dos dados; análise estatística; aprovação
final do manuscrito; coleta de dados; concepção e desenho do estudo;
redação - revisão e edição.
|
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1. Cló & Ribeiro Cirurgia Plástica, Belo
Horizonte, MG, Brasil
2. Clínica Leão, Belo Horizonte, MG,
Brasil
3. Universidade Católica de Minas Gerais,
Faculdade de Medicina, Betim, MG, Brasil
4. Fundação José Bonifácio Lafayette de Andrada,
Faculdade de Medicina de Barbacena, Barbacena, MG, Brasil.
Autor correspondente: Ticiano Cesar Teixeira
Cló Alameda Oscar Niemeyer, nº 1268 - Vila da Serra, Nova Lima, MG,
Brasil CEP 34006-065 E-mail: ticianoclo@gmail.com /
felipeclo@hotmail.com
Artigo submetido: 31/8/2018.
Artigo aceito: 11/11/2018.
Conflitos de interesse: não há.