INTRODUÇÃO
Desde a introdução da mastectomia radical por Halsted1, a cirurgia oncológica das mamas sofreu uma grande evolução no século
passado, devido ao emprego de novas técnicas, tecnologias e o estudo biomolecular
desses tumores. Até a década de 70, o tratamento cirúrgico “padrão ouro”,
considerado um grande sucesso na época, era a mastectomia radical.
Porém, o medo da mutilação e de piora na qualidade de vida de muitas mulheres motivou
a busca por técnicas menos agressivas no controle locorregional da doença. Assim,
cirurgias como mastectomias radicais modificadas, mastectomias simples e cirurgias
conservadoras foram incluídas no tratamento oncológico, com resultados semelhantes
em termos de sobrevida livre de doença2, porém
imprimindo melhor percepção da qualidade de vida e imagem corporal das
pacientes3.
Paralelamente à evolução no tratamento ablativo das pacientes mastectomizadas, também
ocorreram avanços na cirurgia reconstrutora das mamas. As cirurgias com retalhos
autólogos tiveram grande avanço com o emprego da microcirurgia e pela descrição dos
angiossomas4 e dos retalhos baseados em
perfurantes, tornando-se ótimas opções para a reconstrução, promovendo um pequeno
ou
nenhum dano à área doadora. O advento e utilização de novos materiais, que foram
desenvolvidos durante os últimos anos, como os implantes anatômicos, expansores e
matrizes dérmicas acelulares, também contribuíram para o sucesso das reconstruções
mamárias.
Embora a reconstrução mamária possua um benefício evidente e impactante na qualidade
de vida das pacientes mastectomizadas5, mais
de 60% destas mulheres não se submetem ao procedimento6. A decisão pela reconstrução envolve diferentes variáveis e pode estar
ligada a fatores sociodemográficos, étnicos ou até condições clínicas. No Brasil,
desde 2013, existe uma lei que prevê que a toda mulher submetida à mastectomia pelo
Sistema Único Saúde deve ter sua reconstrução imediata garantida, quando houver
condições clínicas para tal7.
As mastectomias com reconstruções mamárias imediatas podem proteger a paciente de
um
período de estresse psicossocial, imagem corporal negativa e insatisfação sexual,
quando comparadas às reconstruções tardias8.
As reconstruções mamárias imediatas são geralmente realizadas com implantes ou
expansores, especialmente com a aumento de popularidade das mastectomias poupadoras
de pele, poupadoras do complexo areolopapilar e até das mastectomias profiláticas.
Estima-se em um aumento médio de 5% ao ano das reconstruções com implantes9, uma vez que é uma técnica com um índice
aceitável de complicações e comprovada segurança oncológica10.
O uso de matrizes dérmicas acelulares também contribuiu para o aumento das
reconstruções imediatas com implantes, uma vez que permite melhor cobertura dos
implantes, expansão da loja submuscular11 e
diminuição do índice de contratura capsular12. Porém, a maioria dos artigos publicados utiliza as matrizes de origem
humana como fonte de estudo. Como a legislação brasileira não permite a utilização
deste tipo de produto e o custo das matrizes dérmicas de origem animal ainda é alto
em nosso país, novos materiais foram utilizados na busca dos evidentes benefícios
estéticos proporcionados pelas matrizes.
O emprego de telas sintéticas em cirurgia já é amplamente estudado, mostrando-se um
material seguro, biocompatível, hipoalergênico e com baixo índice de
complicações13. Sendo assim, a utilização
desses materiais pode ser um bom substitutivo às matrizes dérmicas nas cirurgias de
reconstrução mamária com implante.
OBJETIVO
Relatar a experiência do autor na técnica de reconstrução mamária com implantes e
tela sintética como uma alternativa às matrizes dérmicas acelulares.
MÉTODO
Seleção de pacientes
Foi realizada uma análise retrospectiva de 12 pacientes consecutivas (20 mamas
reconstruídas) que foram submetidas à reconstrução mamária imediata ou tardia
pela técnica descrita com implantes e tela sintética entre novembro de 2015 e
dezembro de 2016.
Todas pacientes foram operadas pelo autor, provenientes da clínica privada e do
núcleo de mama do Centro de Oncologia Integrado (COI), no Rio de Janeiro,
RJ.
A seleção de pacientes, indicação da técnica da mastectomia, posicionamento das
incisões e possibilidade da reconstrução mamária imediata com implantes foi
realizada em conjunto com a equipe da Mastologia.
Todas as pacientes foram submetidas à consulta pré-operatória com anamnese
detalhada, exames físico, laboratoriais e radiológicos. Dados demográficos das
pacientes foram obtidos como idade, história da doença atual, história de
comorbidades, tabagismo, quimioterapia neoadjuvante ou radioterapia prévia.
Registros fotográficos de pré-operatório também foram realizados.
O exame físico foi realizado pela palpação das mamas e aferição de medidas como
base, altura e projeção. A avaliação da mama contralateral (em caso de
reconstruções unilaterais) também foi realizada, além de presença de
assimetrias, ptose, formato do tórax e biotipo da paciente. Esses dados, somados
à técnica da mastectomia realizada, foram determinantes para a escolha do volume
dos implantes. Todas as pacientes foram submetidas à reconstrução com implantes
anatômicos texturizados Mentor® (Santa Barbara, CA) e tela
semiabsorvível ULTRAPRO® (Ethicon, a Johnson & Johnson company,
Amersfoort, The Netherlands).
Técnica Cirúrgica
O posicionamento e o tipo de incisão são discutidos em conjunto com a equipe da
mastologia, levando-se em conta a localização do tumor, formato das mamas,
presença de ptose e expectativa da paciente.
Ao término da mastectomia (poupadora de pele, poupadora de aréola ou
profilática), nos casos de reconstrução imediata, avalia-se o retalho cutâneo,
assim como o status oncológico da paciente. O retalho é avaliado clinicamente
pela coloração, enchimento capilar e espessura. Se houver sinais de sofrimento
vascular, a reconstrução imediata com implantes é abortada e opta-se pela
reconstrução em 2 estágios com expansor. A indicação intraoperatória de
radioterapia adjuvante, em casos de axila positiva, também é fundamental na
escolha da técnica empregada. Pela alta incidência de contratura capsular em
pacientes com implante submetidos à radioterapia, opta-se também pela
reconstrução com expansor.
A reconstrução inicia-se com descolamento do músculo peitoral maior através de
sua borda livre e sua desinserção do esterno e do sulco submamário, sem
seccioná-lo, mantendo-o aderido pela fáscia. O tamanho da loja subpeitoral é
calculada por meio do volume do implante desejado e da anatomia da paciente. Um
molde de volume do implante desejado então é inserido na loja submuscular
parcial para orientar o tamanho da fáscia do músculo serrátil anterior que
deverá ser levantada para acomodar a porção lateral do implante, onde a tela
será suturada.
Após a dissecção da fáscia do músculo serrátil anterior, pede-se para sentar a
paciente na mesa cirúrgica, quando mais uma vez o molde é inserido e a incisão é
fechada temporariamente com grampeador de pele. Nesse momento observa-se
simetria, contorno e posicionamento do sulco submamário e o implante ideal é
escolhido. A loja submuscular é então irrigada com solução antibiótica
(cefazolina + garamicina), um dreno de aspiração a vácuo e o implante são
inseridos.
A porção superolateral do músculo peitoral maior é suturada à fáscia do músculo
serrátil anterior com Vicryl 2-0 e a tela é inserida sobre a porção exposta do
implante. A tela então é suturada com fio de PDS 2-0 na borda lateral do músculo
peitoral maior e na fáscia do músculo serrátil anterior, promovendo o suporte
lateroinferior do implante (Figura 1).
Anestesia local intramuscular com solução de buvipivacaína (20 ml) é realizada
para diminuir a dor pós-operatória. A pele é então suturada em 3 planos e o
curativo é realizado com Steri-Strip® (Figuras 2 e 3) e sutiã
cirúrgico.
Figura 1 - Demonstração da utilização da tela mista suturada entre o músculo
peitoral maior e músculo serrátil anterior.
Figura 1 - Demonstração da utilização da tela mista suturada entre o músculo
peitoral maior e músculo serrátil anterior.
Figura 2 - Vista lateral do perioperatório de uma paciente submetida à
adenomastectomia bilateral profilática com implante e tela
mista.
Figura 2 - Vista lateral do perioperatório de uma paciente submetida à
adenomastectomia bilateral profilática com implante e tela
mista.
Figura 3 - Vista lateral do perioperatório de uma paciente submetida à
adenomastectomia bilateral profilática com implante e tela
mista.
Figura 3 - Vista lateral do perioperatório de uma paciente submetida à
adenomastectomia bilateral profilática com implante e tela
mista.
Nos casos das reconstruções secundárias, a técnica sofreu pequenas alterações em
um caso, no qual não havia cobertura muscular suficiente. Assim, uma vez que o
músculo peitoral maior havia sido seccionado na cirurgia primária, a tela foi
suturada em sua porção inferolateral no músculo serrátil anterior e na
aponeurose do musculo reto abdominal e superiormente na pequena porção de
músculo peitoral maior remanescente (Figura 4). Capsulotomia ou capsulectomia também foram realizadas nesses
casos.
Figura 4 - Vista perioperatória de paciente submetida à reconstrução mamária
secundária. Pela falta de cobertura muscular, a tela foi suturada na
aponeurose do músculo reto abdominal inferiormente, lateralmente à
fáscia do músculo serrátil anterior e superiormente ao músculo
peitoral maior.
Figura 4 - Vista perioperatória de paciente submetida à reconstrução mamária
secundária. Pela falta de cobertura muscular, a tela foi suturada na
aponeurose do músculo reto abdominal inferiormente, lateralmente à
fáscia do músculo serrátil anterior e superiormente ao músculo
peitoral maior.
Pós-operatório
As pacientes recebem alta hospitalar entre 24-48h com antibióticos e recomenda-se
repouso de atividades moderadas por um período de 30-45 dias, assim como o uso
de sutiã cirúrgico.
As pacientes foram seguidas semanalmente durante o 1º mês de pós-operatório, com
3 e 6 meses de pós-operatório. Os drenos são retirados quando a drenagem diária
for menor do que 30 ml.
Com 6 meses de pós-operatório, as pacientes foram fotografadas e questionadas
sobre o grau de satisfação em relação à técnica cirúrgica empregada, atribuindo
notas de 0-10, orientadas por uma escala analógica visual (Figura 5). Foram avaliadas: sensibilidade, aparência,
palpação, simetria e qualidade da cicatriz. As pacientes também foram
questionadas se teriam optado por outra técnica cirúrgica, com opção de “sim”,
“talvez” e “não” como resposta.
Figura 5 - Escala Analógica Visual utilizada para a análise o grau de
satisfação das pacientes.
Figura 5 - Escala Analógica Visual utilizada para a análise o grau de
satisfação das pacientes.
Por fim, analisaram-se as complicações possíveis da técnica, que foram definidas
como infecção (necessitando de antibiótico venosos), necrose do retalho da
mastectomia ou do complexo areolopapilar (CAP), seroma, hematoma, deiscência de
sutura, rippling e contratura capsular.
RESULTADOS
Doze pacientes (20 mamas) foram submetidas à reconstrução mamária com tela mista e
implantes entre novembro de 2015 e dezembro de 2016. A média de idades das pacientes
foi de 55,6 anos (35-67anos) com índice de massa corporal (IMC) médio de 25,6
kg/m2 (19-29 kg/m2 ). As comorbidades mais comuns foram
hipertensão (16%) e hipotireoidismo (8%). Uma paciente declarou-se tabagista (8%),
duas possuíam história de radioterapia prévia (16%), uma paciente apresentava
história de quimioterapia neoadjuvante (8%) e três possuíam história de cirurgia
mamaria prévia (25%). O follow-up médio foi de 14 meses (Tabela 1).
Tabela 1 - Características das pacientes.
Idade |
55,6 anos (36-67 anos) |
IMC |
25,6 kg/m2 (19- 29 kg/m2).
|
Hipertensão |
n = 2 (16%) |
Hipotireoidismo |
n = 1 (8%) |
Tabagismo |
n = 1 (8%) |
Radioterapia prévia |
n = 2 (16%) |
Quimioterapia neoadjuvante |
n = 1 (8%) |
Cirurgia mamária prévia |
n = 3 (25%) |
Follow-up
|
14 meses (6-18 meses) |
Tabela 1 - Características das pacientes.
Do total de pacientes, 83% (n = 10) realizaram reconstrução mamária primária e 17%
(n
= 2) secundária. (Figura 6). As reconstruções
secundárias foram de pacientes submetidas à cirurgia conservadora por câncer de mama
e radioterapia adjuvante que apresentavam grave assimetria. Reconstrução bilaterais
corresponderam a 66% (n = 8) dos casos, enquanto 34% (n = 4) corresponderam às
reconstruções unilaterais. Considerando-se as reconstruções bilaterais, 75% (n = 6)
foram primárias e 25% (n = 2) secundárias. Das reconstruções primárias bilaterais,
66% (n = 4) foram mastectomias poupadoras do CAP por câncer de mama e 34% (n = 2)
profiláticas por pacientes com mutação do gene BRCA1.
Figura 6 - Distribuição das pacientes quanto ao tipo de reconstrução.
Figura 6 - Distribuição das pacientes quanto ao tipo de reconstrução.
As adenomastectomias profiláticas das pacientes portadoras de mutação gênica foram
associadas à ooforectomia bilateral videolaparoscópica. O tempo médio das cirurgias
foi de 100 minutos para as cirurgias unilaterais (80-120 min) e 180 minutos para as
cirurgias bilaterais (100-240 min). O volume médio dos implantes utilizados foi de
345 ml (270-415 ml). O tempo de internação médio foi de 36 horas (12-72h). O tempo
médio de permanência dos drenos foi de 12,2 dias.
As complicações estão listadas na Tabela 2.
Três mamas apresentaram algum tipo de complicação (15%), sendo consideradas
complicações menores. Uma paciente (5%) apresentou hematoma de moderado volume no
pós-operatório imediato que foi tratado conservadoramente com drenagem ambulatorial.
Outra paciente apresentou “rippling” no pós-operatório de 6 meses,
com melhora espontânea após 12 meses (Figuras 7
e 8). Por fim, uma paciente apresentou
epidermólise e deiscência da sutura após adenomastectomia unilateral e reconstrução
mamária com implante e tela. Esta paciente foi tratada com desbridamento cirúrgico
e
ressuturada por residir em outra cidade, não podendo ser acompanhada com maior
frequência.
Tabela 2 - Complicações pós-operatórias.
|
20 mamas |
Infecção |
0 |
Necrose do retalho |
0 |
Necrose do CAP |
0 |
Deiscência de sutura |
n = 1 (5%) |
Hematoma |
n = 1 (5%) |
Rippling
|
n = 1 (5%) |
Seroma |
0 |
Contratura capsular |
0 |
Total |
3 (15%) |
Tabela 2 - Complicações pós-operatórias.
Figura 7 - Follow-up de 6 meses paciente de 47 anos submetida à
adenomastectomia profilática esquerda após mastectomia direita por
carcinoma ductal invasivo, apresentando rippling em
mama esquerda.
Figura 7 - Follow-up de 6 meses paciente de 47 anos submetida à
adenomastectomia profilática esquerda após mastectomia direita por
carcinoma ductal invasivo, apresentando rippling em
mama esquerda.
Figura 8 - Follow-up de 12 meses paciente de 47 anos submetida à
adenomastectomia profilática esquerda após mastectomia direita por
carcinoma ductal invasivo. Nota-se a melhora do
rippling.
Figura 8 - Follow-up de 12 meses paciente de 47 anos submetida à
adenomastectomia profilática esquerda após mastectomia direita por
carcinoma ductal invasivo. Nota-se a melhora do
rippling.
A partir do 6º mês de pós-operatório as pacientes preencheram o questionário de grau
de satisfação. A média de satisfação com a aparência das mamas foi de 85 pontos.
Sensibilidade (58 pontos), palpação da mama (70 pontos), simetria (80 pontos) e
qualidade da cicatriz (83 pontos) também tiveram notas atribuídas. A média global
foi de 75,2 pontos (Figura 9). Apenas 1
paciente (6%) respondeu “talvez” quando questionada se teria optado por outra
técnica cirúrgica.
Figura 9 - Grau de satisfação em 5 quesitos das pacientes após o procedimento
cirúrgico.
Figura 9 - Grau de satisfação em 5 quesitos das pacientes após o procedimento
cirúrgico.
DISCUSSÃO
A reconstrução mamária imediata possui benefícios comprovados em relação à melhora
na
qualidade de vida em pacientes mastectomizadas, principalmente em pacientes
jovens14. O nível de estresse
psicossocial com a sensação de mutilação é aliviado em pacientes que são
reconstruídas de forma imediata8.
A grande vantagem da reconstrução imediata com implantes é porque pode ser realizada
em tempo único, o que pode representar uma menor morbidade à paciente, assim como
menores custos. Porém, uma seleção criteriosa dos pacientes é mandatória para o bom
resultado estético da cirurgia. A decisão por essa opção de reconstrução deve ser
tomada de forma multidisciplinar e deve levar em conta fatores pré-operatórios
importantes como o status oncológico da paciente, presença de comorbidades,
tabagismo, história prévia de mamoplastia, quimioterapia ou radioterapia
neoadjuvante15.
A avaliação do retalho da mastectomia também é de importância primordial no sucesso
cirúrgico. Esta avaliação pode ser feita de forma clínica, analisando padrões de
isquemia ou através de estudos de imagem intraoperatória16. Na indicação intraoperatória de radioterapia adjuvante,
deve-se preferir a reconstrução em 2 estágios com expansor, uma vez que a irradiação
dos implantes está relacionada com o aumento de complicações17.
O sucesso do resultado cosmético das reconstruções imediatas com implantes também
deve ser atribuído à evolução das mastectomias, principalmente as poupadoras de pele
e do CAP. As indicações primárias para este tipo de abordagem incluíam mastectomias
profiláticas ou tumores em estágios iniciais, porém hoje o espectro de indicações
vem aumentando, demonstrando-se um método com baixo índice de complicações e com
segurança oncológica, quando bem indicado, mesmo em pacientes com tumores localmente
avançados submetidos à quimioterapia neoadjuvante18.
A incorporação do uso das matrizes dérmicas acelulares em reconstruções mamárias
também possibilitou aos cirurgiões melhores resultados cosméticos através de menor
dissecção musculofascial, melhor controle do sulco inframamário com projeção do polo
inferior, assim como expansão da loja submuscular, possibilitando o uso de implantes
maiores com segurança19.
Apesar desses benefícios, no Brasil a utilização de matrizes dérmicas acelulares
ainda esbarra em políticas regulamentadas pela Anvisa, que proíbe a utilização de
material biológico humano (cadáver) em outros pacientes. As matrizes dérmicas de
origem animal, porcinas ou bovinas, que também poderiam ser utilizadas e que
apresentam resultados semelhantes20, possuem
outro fator limitador, o custo. Em termos gerais, estima-se um gasto entre 8-10
vezes maior com o uso das matrizes em relação às telas. Assim, a utilização de um
material sintético para mimetizar as matrizes biológicas vem sendo advogada na busca
pelo melhor resultado estético.
O presente estudo utilizou telas sintéticas leves parcialmente absorvíveis de Prolene
(polipropileno) e Monocryl (poliglecaprone). A porção de Monocryl é absorvida entre
90-120 dias, integrando-se ao tecido. O uso de telas sintéticas em cirurgia plástica
não é novidade, inclusive autores brasileiros possuem trabalhos publicados e com
grande número de citações em técnicas de mastopexia com tela21,22. A
utilização deste material sintético em reconstruções mamárias também não é novidade
e, apesar de algumas diferenças técnicas entre os artigos publicados, demonstra-se
um método bastante seguro com baixo índice de complicações23,24.
A seleção criteriosa dos pacientes é mandatória para o bom resultado da cirurgia.
Foram selecionadas 12 pacientes consecutivas que possuíssem pelo menos 6 meses de
follow-up pós-operatório. Sabe-se que obesidade, tabagismo e
história de radiação podem aumentar o risco de complicações nessa cirurgia15. Por tratar-se de uma amostra muito pequena,
uma análise multivariada das características das pacientes como fator de risco para
complicações não foi realizada. Porém, na amostra estudada, as condições clínicas
ou
história de mamoplastia ou tabagismo das pacientes pareceram possuir menor impacto
no índice de complicações, sendo a viabilidade do retalho da mastectomia fator
primordial na presença de epidermólise e deiscência de sutura ocorrida.
As pacientes submetidas à adenomastectomias profiláticas bilaterais possuíam forte
história familiar e mutação genética do BRCA1, sendo indicado o procedimento em
conjunto com ooforectomia bilateral videolaparoscópica. A associação de uma cirurgia
abdominal também não pareceu influenciar no aumento de complicações, mesmo com o
aumento do tempo cirúrgico.
Todas as pacientes que realizaram procedimentos unilaterais com essa técnica haviam
sido submetidas à mastectomia prévia e reconstrução mamária com expansor ou retalho.
Na troca do expansor pelo implante definitivo ou em um segundo tempo, quando houve
indicação, essas pacientes eram submetidas à adenomastectomia profilática
contralateral e reconstrução com a técnica estudada. A paciente que evoluiu com
deiscência de sutura e precisou ser reabordada inclui-se nesse grupo. Em casos de
cirurgia profilática, é fundamental a percepção que o retalho das mastectomia deve
ter uma espessura segura, uma vez que a paciente não possui doença local,
evitando-se assim complicações isquêmicas.
Os casos de reconstruções secundárias possuíam o mesmo perfil. Pacientes que haviam
sido submetidas à cirurgia conservadora e radioterapia adjuvante que apresentavam
grande assimetria. Porém, uma paciente havia sido reconstruída com implantes na
ocasião, evoluindo com contratura capsular além da assimetria (Figuras 10 a 13).
Figura 10 - Vista pré-operatória de paciente com 52 anos submetida à cirurgia
conservadora por carcinoma ductal invasor em mama esquerda há 10 anos
com assimetria importante.
Figura 10 - Vista pré-operatória de paciente com 52 anos submetida à cirurgia
conservadora por carcinoma ductal invasor em mama esquerda há 10 anos
com assimetria importante.
Figura 11 - Vista pós-operatória (6 meses) de paciente com 52 anos após
reconstrução mamária bilateral com implante e tela e enxerto de
gordura.
Figura 11 - Vista pós-operatória (6 meses) de paciente com 52 anos após
reconstrução mamária bilateral com implante e tela e enxerto de
gordura.
Figura 12 - Vista pré-operatória de paciente com 47 anos submetida à cirurgia
conservadora por carcinoma ductal in situ em mama
esquerda há 8 anos com assimetria importante e contratura
capsular.
Figura 12 - Vista pré-operatória de paciente com 47 anos submetida à cirurgia
conservadora por carcinoma ductal in situ em mama
esquerda há 8 anos com assimetria importante e contratura
capsular.
Figura 13 - Vista pós-operatória (6 meses) de paciente com 47 anos após
reconstrução mamária bilateral com implante e tela e enxerto de
gordura.
Figura 13 - Vista pós-operatória (6 meses) de paciente com 47 anos após
reconstrução mamária bilateral com implante e tela e enxerto de
gordura.
Outro fator determinante na diminuição das complicações é a posicionamento das
incisões. Essas devem ser discutidas e planejadas a partir da experiência do
mastologista, da localização do tumor (em casos de neoplasias) e pela presença ou
não de cicatrizes prévias. No presente estudo as incisões foram realizadas pelo
sulco submamário, incisões inferiores em “vírgula” (Figura 14), incisões periareolares com prolongamento lateral (Figura 15) e incisões de mastoplastias
clássicas.
Figura 14 - Incisão em vírgula.
Figura 14 - Incisão em vírgula.
Figura 15 - Incisão perarieolar superior com prolongamento lateral.
Figura 15 - Incisão perarieolar superior com prolongamento lateral.
Incisões que envolvam a aréola parecem estar mais ligadas a complicações isquêmicas
do CAP25. Assim, pacientes com maior risco de
necrose do CAP após a mastectomia, como tabagistas ou com história de mastoplastia
prévia, podem fazer autonomização da aréola de forma ambulatorial26 na busca por uma melhor vascularização
local. Entretanto, nenhuma paciente do presente estudo realizou este procedimento.
É
de suma importância que o retalho da mastectomia esteja bem vascularizado,
principalmente quando utilizamos incisões visando a elevação do CAP.
Uma das queixas principais das pacientes no período pós-operatório imediato é de dor,
principalmente pela grande dissecção musculofascial. Assim, a utilização de
bupivacaína intramuscular visou o controle da analgesia, diminuindo a necessidade
do
uso de opiáceos no pós-operatório. O uso de bupivacaína liposomal tem demonstrado
resultados promissores27, porém sua
utilização ainda não está liberada no Brasil. Estudos recentes que analisam a
reconstrução mamária imediata com implantes envoltos em matrizes dérmicas em posição
pré-peitoral também visam menor dor pós-operatória e diminuição de complicações como
a hiperanimação muscular, porém ainda são frutos de grande polêmica28.
Apesar da pequena amostra no estudo, o índice de complicações da reconstrução com
implantes e tela mostra-se compatível com outras grandes séries29,30. O grau
de satisfação das pacientes foi medido por meio de uma escala analógica visual
compreendendo 5 quesitos. O melhor método de avaliação na análise do grau de
satisfação da qualidade de vida das pacientes submetidas a reconstrução mamária
seria através de um questionário validado e traduzido, como o Breast-Q31. Porém, é um questionário longo e de difícil
adesão por pacientes em clínica privada, não sendo utilizado no estudo.
A principal insatisfação das pacientes foi em relação à sensibilidade, porém como
o
questionário foi aplicado com 6 meses de pós-operatório, provavelmente algum grau
de
melhora essas pacientes podem referir em um follow-up mais tardio.
Apesar da avaliação da palpação apresentar um bom grau de satisfação no
questionário, algumas pacientes relatam sentir a superfície da tela, principalmente
em retalhos finos. Entretanto, após o período de absorção do PDS, que é utilizado
na
síntese da tela à parede muscular, e da porção de Monocryl da tela, essa queixa não
é frequente. O grau de satisfação das pacientes com o resultado estético também
demonstrou resultados encorajadores para a manutenção da técnica (Figuras 16 a 19).
Figura 16 - Vista pré-operatória de paciente, 47 anos, com história de carcinoma
ductal in situ de mama esquerda. A: Visão
frontal; B: Visão oblíqua esquerda; C: Visão
oblíqua direita.
Figura 16 - Vista pré-operatória de paciente, 47 anos, com história de carcinoma
ductal in situ de mama esquerda. A: Visão
frontal; B: Visão oblíqua esquerda; C: Visão
oblíqua direita.
Figura 17 - Vista pré-operatória de paciente, 47 anos, com história de carcinoma
ductal in situ de mama esquerda. A: Visão
frontal; B: Visão oblíqua esquerda; C: Visão
oblíqua direita.
Figura 17 - Vista pré-operatória de paciente, 47 anos, com história de carcinoma
ductal in situ de mama esquerda. A: Visão
frontal; B: Visão oblíqua esquerda; C: Visão
oblíqua direita.
Figura 18 - Vista pré-operatória de paciente, 53 anos, com história de carcinoma
ductal invasor de mama direita.
Figura 18 - Vista pré-operatória de paciente, 53 anos, com história de carcinoma
ductal invasor de mama direita.
Figura 19 - Vista pós-operatória (6 meses) de paciente, 53 anos, com história de
carcinoma ductal invasor situ de mama direita submetida à reconstrução
com grande dorsal e implante e mama direita e adenomastectomia
profilática à esquerda e reconstrução com implante e tela.
Figura 19 - Vista pós-operatória (6 meses) de paciente, 53 anos, com história de
carcinoma ductal invasor situ de mama direita submetida à reconstrução
com grande dorsal e implante e mama direita e adenomastectomia
profilática à esquerda e reconstrução com implante e tela.
Apesar de se tratar de um estudo retrospectivo, com um número restrito de casos, os
resultados demonstram uma tendência de que a técnica de reconstrução empregada, com
implantes e tela mista, possui um baixo número de complicações quando comparada a
outras técnicas de reconstrução imediata com implantes com cobertura muscular total
ou com o uso das matrizes dérmicas.
Estudos com a colocação de implantes com cobertura muscular total apresentam taxas
de
complicações de até 40%, principalmente em relação ao mal posicionamento dos
implantes, assimetria do sulco submamário e contratura capsular30. Portanto, as limitações dessa técnica baseiam-se em uma
loja submuscular restrita, o que impede a colocação de implantes de maior volume e
dificultam a criação de uma mama natural e um sulco submamário definido. O uso da
tela auxilia na expansão da loja e melhor controle do posicionamento do implante,
assim como uma maior expansão do polo inferior da mama.
Existe a necessidade de um estudo prospectivo, randomizado e controlado para comparar
o uso de tela com as matrizes dérmicas acelulares. As taxas de complicações
relacionadas às matrizes geralmente estão associadas à infecção e seroma, com dados
que variam de 6 a 29%32,33. O índice de complicações de nosso estudo
foi de 15%, sendo apenas complicações menores. Portanto, um estudo de
custo-efetividade poderia ser importante na comparação dos diferentes materiais.
CONCLUSÃO
A reconstrução mamária com implantes e tela sintética se mostrou uma técnica com
baixo índice de complicações, alto grau de satisfação das pacientes com o resultado
estético e com menores custos em relação ao uso de matrizes dérmicas acelulares.
Porém, a seleção criteriosa de pacientes, o planejamento das incisões e um retalho
bem vascularizado após as mastectomias são de vital importância para o sucesso da
cirurgia.
COLABORAÇÕES
DGL
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Análise e/ou interpretação dos dados; análise estatística; aprovação
final do manuscrito; concepção e desenho do estudo; realização das
operações e/ou experimentos; redação do manuscrito ou revisão crítica de
seu conteúdo.
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REFERÊNCIAS
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1. Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, São
Paulo, SP, Brasil.
2. Américas Centro de Oncologia Integrado, Rio de
Janeiro, RJ, Brasil.
3. Hospital Federal de Ipanema, Rio de Janeiro,
RJ, Brasil.
Autor correspondente: Daniel Gouvea Leal, Rua Redentor, 26 - Rio de
Janeiro, RJ, Brasil. CEP 22421-030. E-mail:
danileal.rlk@terra.com.br
Artigo submetido: 5/6/2017.
Artigo aceito: 7/8/2017.
Conflitos de interesse: não há.