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33ª Jornada Norte-Nordeste de Cirurgia Plástica - Year2018 - Volume33 - (Suppl.2)

http://www.dx.doi.org/10.5935/2177-1235.2018RBCP0121

ABSTRACT

Introduction: Patients with complex foot injuries were often amputated until 1981 when reconstructive microsurgery began in Fortaleza. The greater anatomy and advanced surgical techniques knowledge made possible a master's work in 2001, proposing the latissimus dorsi free flap as a way to change this reality. In these 17 years, advances and new options in microsurgical flaps management have led the authors to question what are the most commonly used flaps nowadays.
Objective: To review in literature the microsurgical flaps currently used in foot repair and to present results of nine patients operated in 2017.
Methods: We selected eight cases with foot injury in a weight bearing region operated in a tertiary hospital in 2017, excluding those with lesions in other regions of foot and lower limb and it was carried out bibliographic research selecting 14 works on the subject in last 6 years in Capes Journal.
Results: In 14 articles selected, 356 patients underwent foot reconstruction by microsurgery and the anterolateral thigh part was the most used, accounting for 55.61% of flaps. The nine cases operated by the authors were reconstructed with this flap.
Discussion: Surgical flap choice should consider, among several factors, total surgical time, and ability to tolerate pressure while walking, donor site morbidity, possibility of wearing shoes and the need for secondary refinements. In literature and in the series observed in the study, anterolateral thigh flap proved to be versatile and with many advantages among the cited ones.
Conclusion: Calcaneal and foot tissues are difficult to recover because there is no substitute that is completely adequate, which ultimately requires constant training by the plastic surgeon to be prepared for increasingly complex reconstructions, and in these, microsurgical flaps are strong allies.

Keywords: Microsurgery; Foot deformities, Acquired; Surgery, plastic; Perforator flap; Wounds and injuries.

RESUMO

Introdução: Pacientes portadores de lesões complexas do pé eram muitas vezes amputados até 1981 quando se iniciaram em Fortaleza as microcirurgias reparadoras. O maior conhecimento da anatomia e de técnicas cirúrgicas avançadas possibilitou trabalho de mestrado no ano 2001 propondo o retalho livre de músculo grande dorsal como forma de mudar essa realidade. Nesses 17 anos, os avanços e as novas opções no manejo dos retalhos microcirúrgicos levaram os autores a questionar quais os retalhos mais utilizados atualmente.
Objetivo: Revisar na literatura os retalhos microcirúrgicos utilizados atualmente na reparação do pé e apresentar resultados de oito pacientes operados em 2017.
Métodos: Foram selecionados 8 casos com lesão do pé em região de suporte de peso operados em hospital terciário em 2017 sendo excluídos aqueles com lesões de outras regiões do pé e membro inferior e realizada pesquisa bibliográfica selecionando 14 trabalhos sobre o tema nos últimos 6 anos no Periódicos Capes.
Resultados: Nos 14 artigos selecionados foram contabilizados 356 pacientes submetidos a reconstrução do pé por microcirurgia sendo o anterolateral da coxa o mais utilizado perfazendo 55,61% dos retalhos. Os 8 casos operados pelos autores foram reconstruídos com este retalho.
Discussão: A escolha pelo retalho adequado para a cirurgia deve considerar, dentre diversos fatores, o tempo cirúrgico total, a capacidade de tolerar pressão na deambulação, a morbidade da zona doadora, a possibilidade de usar calçados e a necessidade de refinamentos secundários. Na literatura e na série observada no estudo, o retalho anterolateral da coxa se mostrou versátil e com muitas vantagens dentre as citadas.
Conclusão: O tecido do calcâneo e do pé é de difícil recuperação pois não há um substituto totalmente adequado, o que acaba por exigir do cirurgião plástico constante formação e preparo para reconstruções cada vez mais complexas e nestas, os retalhos microcirúrgicos, são fortes aliados.

Palavras-chave: Microcirurgia; Deformidades adquiridas do pé; Cirurgia plástica; Retalho perfurante; Ferimentos e lesões.


INTRODUÇÃO

Pacientes portadores de lesões extensas e com importante perda de cobertura cutânea do pé eram muitas vezes submetidos à amputação até 1981 quando se iniciaram em Fortaleza as microcirurgias reparadoras. O maior conhecimento da anatomia e de técnicas cirúrgicas avançadas possibilitou trabalho de mestrado publicado no ano 20011 propondo o uso do retalho livre de músculo grande dorsal para a reconstrução do pé principalmente de sua região do calcâneo para mudar essa realidade. Nesses quase 20 anos, novos avanços no cuidado de tecidos e no manejo dos retalhos microcirúrgicos possibilitaram refinamentos nestes, o que levou os autores a questionar quais são os retalhos mais utilizados na atualidade.

OBJETIVO

O objetivo deste trabalho é revisar na literatura quais os retalhos microcirúrgicos mais utilizados atualmente na cirurgia reparadora do pé e apresentar resultados de oito pacientes operados no ano de 2017.

MÉTODO

Foram selecionados oito casos de pacientes com lesão traumática do pé em região de suporte de peso submetidos à reconstrução com retalho livre em hospital terciário da cidade de Fortaleza, Ceará no ano de 2017. Foram excluídos aqueles com lesões de outras regiões do pé e do membro inferior e os que não foram submetidos à microcirurgia.

Além disso, foi realizada pesquisa bibliográfica selecionando 14 trabalhos sobre retalhos livres para cirurgia reconstrutiva do pé nos últimos 6 anos no Periódicos Capes. Trata-se de trabalho retrospectivo, observacional do tipo série de casos e com revisão de literatura sobre o tema.

RESULTADOS

Os oito pacientes eram do sexo masculino, vítimas de acidentes motociclísticos na cidade de Fortaleza no período de março a dezembro de 2017. Sete pacientes sofreram lesões no calcâneo e um teve lesão na região plantar medial. Todos foram submetidos ao retalho livre fasciocutâneo do anterolateral da coxa e apenas um paciente apresentou complicação que foi epidermólise de pele da região distal.

Esta complicação foi tratada com desbridamento e fechamento por segunda intenção, não levando a prejuízo no longo prazo. O período de acompanhamento dos pacientes foi de 6 meses a 1 ano e neste período todos retornaram à deambulação. Em todos os pacientes se procedeu à marcação pré-operatória, conforme a Figura 1, e se demonstra os seguintes registros fotográficos nos Figuras 2, 3, 4 e 5.

Figura 1 - Marcação do retalho com identificação da perfurante.

Figura 2 - Demonstração de coxim adequado e sem sinais de úlcera de pressão.

Figura 3 - Detalhe da possibilidade de uso de calçados normais após recuperação.

Figura 4 - Detalhe da possibilidade de uso de calçados normais após recuperação.

Figura 5 - Cobertura de região médio plantar.

Nos 14 artigos selecionados para revisão foram contabilizados 356 pacientes submetidos à reconstrução do pé por microcirurgia2-15, sendo o anterolateral da coxa o mais utilizado, perfazendo 55,61% dos retalhos, com 198 casos. O retalho de grande dorsal totalizou, somando-se os retalhos musculares e os quiméricos, 28 casos, ou 7,86% do total. Pode-se citar outros retalhos livres com proporções diversas, como o retalho sural livre, o retalho de músculo grácil, o retalho livre de médio plantar, o retalho de perfurante da epigástrica inferior nenhum ultrapassando 10% de utilização.

DISCUSSÃO

A escolha pelo retalho adequado para a cirurgia deve considerar, dentre diversos fatores, o tempo cirúrgico total, a capacidade de tolerar pressão na deambulação, a morbidade da zona doadora, a possibilidade de usar calçados e a necessidade de refinamentos secundários1,2. Na literatura e na série observada no estudo, o retalho anterolateral da coxa se mostrou versátil e com muitas vantagens dentre as citadas, visto que tem pouca morbidade para a zona doadora, pode promover cobertura adequada e geralmente pode ter seu volume adequado à necessidade da zona receptora permitindo o uso de calçados normais sem maiores adaptações ou refinamentos2,3,6,14.

Comparando o uso atual do anterolateral da coxa com o retalho livre de músculo grande dorsal sugerido no trabalho de Pessoa1, pode-se ver que preservar o retalho livre de músculo para reconstruções mais complexas traz a vantagem de preservar um músculo, além de não exigir mudanças de decúbito e diminuir a necessidade de cirurgias secundárias para refinamentos2. Ainda assim, pela diversidade de retalhos disponíveis e suas indicações, não se deve ver nenhum retalho como panaceia.

CONCLUSÃO

O tecido do calcâneo e do pé é de difícil recuperação, pois não há um substituto totalmente adequado, o que acaba por exigir do cirurgião plástico constante formação e preparo para reconstruções cada vez mais complexas e, nestas, os retalhos microcirúrgicos são fortes aliados.

REFERÊNCIAS

1. Pessoa SGP. O uso do retalho microcirúrgico do músculo grande dorsal em reconstrução do pé - Preceitos e resultados [Dissertação de mestrado]. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará - Faculdade de Medicina/Departamento de Cirurgia; 2001.

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1. Universidade Federal do Ceará, Hospital Universitário Walter Cantídio, Fortaleza, CE, Brasil.
2. Instituto Dr. José Frota, Fortaleza, CE, Brasil.

Endereço Autor: Lucas Machado Gomes de Pinho Pessoa
Rua Maria Tomásia, nº 170, apto 1803
Fortaleza, Ceará, Brasil CEP 60150-170
E-mail: lucaspessoa.md@gmail.com

 

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