INTRODUÇÃO
De acordo com bases de dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de mama
é o tipo mais comum entre as mulheres no mundo e no Brasil, depois do câncer de
pele
não melanoma. O câncer de mama responde a cerca de 25% dos casos novos a cada
ano.
Dados da literatura internacional são semelhantes aos encontrados no nosso meio, além
de demonstrar que as taxas de mortalidade aumentam com a idade. De acordo com
os
dados da American Cancer Society, no período de 2002 a 2006, 95%
dos novos casos e 97% das mortes por câncer de mama ocorreram em mulheres com
40
anos ou mais1. Durante o mesmo ano, a média de
idade no momento do diagnóstico foi de 61 anos. Quanto à etnia, mulheres brancas
têm
maior risco de desenvolver câncer de mama quando comparadas à mulheres
afro-americanas2.
Não apenas identificando grupos de risco para câncer, como traçando o perfil genético
de um determinado tumor, podemos classificá-lo e delinear diferentes estratégias
de
tratamento. Assim, o câncer de mama pode ser dividido em subtipos com base nas
características moleculares de suas células. Cada um destes subtipos tem
propriedades, comportamento clínico e características de sobrevida diferentes1,3.
Os principais tipos de câncer são o carcinoma ductal in situ,
carcinoma ductal invasivo e carcinoma lobular invasivo. O carcinoma ductal
in situ consiste em um câncer de mama em fase inicial, que a
princípio, não teria capacidade de desenvolver metástase; o carcinoma ductal
invasivo constitui o tipo mais comum de câncer de mama e apresenta capacidade
de
desenvolver metástase; o carcinoma lobular invasivo é o segundo tipo mais comum
de
câncer de mama e está relacionado ao risco de desenvolvimento de câncer na outra
mama e também ao câncer de ovário, além de apresentar a possibilidade de desenvolver
metástase.
Entretanto, é importante ressaltar que existem lesões mamárias que predispõem ao
câncer, sendo elas o carcinoma lobular in situ ou neoplasia
lobular, hiperplasia ductal atípica e hiperplasia lobular atípica.
Em decorrência dessas desordens genéticas, pode-se inferir os principais sinais e
sintomas do câncer de mama, que incluem nódulo ou caroço fixo, de consistência
endurecida e indolor, pele de aspecto avermelhada ou retraída, alterações no mamilo,
pequenos nódulos em região axilar ou pescoço e descarga papilífera. A detecção
precoce do câncer de mama aumenta exponencialmente as chances de cura do mesmo.
Uma
vez, que torna possível a interrupção do processo de instalação do tumor, ainda
nos
estágios iniciais ou quando instalado, propicia técnicas de tratamentos
curativos.
Para fomentar a necessidade e importância da prevenção, o mês de outubro foi eleito
como epicentro para intensificação da campanha contra o câncer de mama. Outubro
Rosa
consiste em uma campanha de conscientização à sociedade e às mulheres sobre a
importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama.
Em analogia histórica, o movimento surgiu em 1990, na primeira Corrida pela Cura,
realizada em Nova York, recebendo continuidade na cidade. O nome remete à cor
do
laço que simboliza, mundialmente, a luta contra o câncer de mama e estimula a
participação da população, empresas e entidades.
Apesar do processo de globalização, que permite o alcance midiático da população e
de
medidas do Ministério da Saúde, as taxas de incidência fomentam a expressiva
quantidade de pessoas que ainda necessitam de esclarecimento. Para tal, é
imprescindível a realização de pesquisa para saber o grau de conhecimento entre
os
estudantes de medicina.
Uma vez que os mesmos constituem uma classe de futuros profissionais e formadores
de
opiniões, pontuando-se ainda a importância do conhecimento específico, não só
no
processo de prevenção e identificação, mas também no acolhimento, aconselhamento
e
encaminhamento a especialidades médicas distintas, responsáveis pelos variados
níveis de atenção e tratamento, para melhoria dos índices de cura e indicadores
de
saúde.
Tendo em vista os aspectos pontuados acima, é imprescindível a existência de medidas
de prevenção e de identificação precoce do câncer de mama. Para tais, existem
exames
de rastreamento, que detectam o tumor antes de sintomas ou da percepção pela
paciente, destacando-se a mamografia, que em alguns casos pode ser complementada
com
ultrassonografia ou ressonância magnética das mamas.
Além disso, é de extrema importância a informação e execução do autoexame das mamas
no conhecimento do corpo e na detecção de alterações. No Brasil, a recomendação
do
Ministério da Saúde é a realização da mamografia para rastreamento (quando não
há
sinais, nem sintomas) em mulheres de 50 a 69 anos, a cada dois anos, de acordo
com a
base de dados do INCA.
No que tange ao tratamento, vale ressaltar a importância do acompanhamento com
profissional habilitado para cada momento da doença. Nesse contexto, podem estar
envolvidos em uma equipe multidisciplinar: mastologistas, oncologistas,
radioterapeutas, psicólogos, fisioterapeutas, odontólogos, cirurgiões plásticos,
geneticistas, entre outros.
O tratamento padrão para o câncer de mama em fase inicial é o cirúrgico, podendo ser
realizada a retirada de segmentos da mama ou até a mastectomia radical, estando
o
sucesso do tratamento também relacionado ao componente emocional das pacientes,
o
que inclui a reconstrução mamária imediata com reinserção da paciente
socialmente.
Em uma revisão sistemática da literatura4, a
taxa de reconstrução mamária é altamente variável, estando relacionada a dúvidas
quanto à terapia adjuvante, ou seja, se o paciente realizará quimioterapia ou
radioterapia após a cirurgia, pela indicação e crenças do médico assistente, acerca
do procedimento.
A reconstrução de mama envolve vários procedimentos realizados em múltiplos estágios,
podendo ser realizada simultaneamente à mastectomia, ou postergada até término
do
tratamento do câncer. Entre as técnicas descritas para a reconstrução de mama,
destacam-se o uso de tecidos autólogos e os implantes. Dos tecidos autólogos,
temos
os retalhos miocutâneos, que são transferidos tecidos de áreas adjacentes às da
mastectomia, podendo incluir pele, tecido celular subcutâneo e músculos, sendo
os
mais utilizados: o retalho do músculo grande dorsal e o transverso do músculo
reto
abdominal (TRAM).
As reconstruções com implantes podem ser em duas etapas, com auxílio de implantes
expansores, quando existe a necessidade de um “ganho” de pele, após mastectomias
radicais não poupadoras de pele, seguida pela substituição do expansor por implantes
de silicone, num segundo tempo cirúrgico.
Apesar do investimento em medidas de prevenção, por meios midiáticos, grande parte
da
população ainda não é esclarecida sobre aspectos da doença e sobre quais
especialidades médicas procurar. Para disseminar informações à população, é
necessário, primeiramente, a capacitação de profissionais de saúde, principalmente
estudantes de medicina e médicos generalistas, para que os mesmos possam encaminhar
de maneira correta às especialidades médicas competentes em cada etapa do
tratamento, sendo este o fator o que motivou essa pesquisa.
OBJETIVO
O objetivo geral é avaliar o grau de percepção dos estudantes de medicina sobre o
câncer de mama e reconstrução mamária. Dentre os objetivos específicos, pretendeu-se
avaliar o grau de conhecimento sobre importância do exame das mamas, de
reconhecimento de fatores de risco para o câncer de mama, de percepção sobre a
indicação de métodos de diagnóstico e tratamento do câncer de mama e sua
aplicabilidade, além de propor medidas para orientar sobre as especialidades
envolvidas no diagnóstico e tratamento do mesmo.
MÉTODOS
Trata-se de um estudo transversal piloto composto por alunos do 5º e 6º anos de
instituição privada de ensino superior do curso de medicina em Brasília - DF,
realizado no mês de maio de 2016, totalizando amostra de 120 voluntários, de um
total de 160 alunos, sendo excluídos 40 alunos do trabalho por falta de
resposta.
O tamanho da amostra para estimar a proporção de uma determinada característica em
uma população foi baseado em dois parâmetros: margem de erro e nível de confiança.
Para o presente estudo, a margem de erro foi de 5%, e um nível de confiança de
95%.
Para esses parâmetros, a amostra necessária para a pesquisa em um total de 160
matriculados no internato (5º e 6º ano) na instituição pesquisada foi de 114 alunos,
número este calculado pela fórmula (Figura 1):
Figura 1 - Fórmula para cálculo de tamanho de amostra.
Figura 1 - Fórmula para cálculo de tamanho de amostra.
Em que:
n = o tamanho da amostra a ser calculada
N = tamanho do universo (total de alunos matriculados no 5º e 6º ano)
Z = é o desvio do valor médio aceitado para alcançar o nível de confiança
desejado. Em função do nível de confiança ideal (95%), foi utilizado um
valor determinado que é dado pela forma da distribuição de probabilidade de
Gauss sendo Z = 1,96.
e = é a margem de erro máxima admitida, no caso 5%.
p = É a proporção que esperamos encontrar na população. No caso do seu
estudo, como não há uma proporção esperada, assume-se que p
= 50%, e consequentemente, (1-p) = 50%.
O instrumento utilizado neste estudo foi o questionário autoaplicável, com perguntas
elaboradas pelos pesquisadores. O mesmo era composto pelos seguintes temas:
Conhecimento do autoexame das mamas;
Fatores de risco para o câncer de mama;
Tipos de exames complementares para o diagnóstico;
Indicação de exame complementar por idade/predisposição;
Especialidades médicas envolvidas no tema - tanto no seguimento como no
tratamento;
Tipos de tratamentos;
Profissionais responsáveis por realizar a reconstrução mamária.
Esses questionários foram aplicados de forma anônima e a participação foi mediante
assinatura de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
A aplicação do questionário foi feita dentro das salas de aula da instituição para
os
alunos acima citados do curso de medicina, pois se tratando de perguntas pessoais,
o
método de aplicação aumenta a chance de as informações serem anônimas e válidas.
RESULTADOS
Dos 120 alunos entrevistados, do 5º e 6º ano, 58 (48,3%) são mulheres e 62 (51,3%)
homens.
A maioria dos estudantes 95 (79,16%) encontrava-se na faixa etária entre 22 a 28
anos. 98 (81,66%) são solteiros e 22 (18,3%) são casados e 17 (14,16%) apresentam
graduação superior anterior completa.
Do número total de alunos que foram entrevistados, 40 (33,33%) afirmaram realizar
o
autoexame das mamas e 80 (66,66%) negaram. Dos que afirmaram realizar o autoexame
das mamas, 36 (90%) eram mulheres. Entre os discentes que afirmaram realizar o
autoexame das mamas, 21 (52,5%) realizam o mesmo mensalmente, 10 (25%) realizam
anualmente, 8 (20%) realizam semanalmente e 1 (2,5%) diariamente. Dentre os que
negaram a realização do autoexame das mamas (n= 80), 16 (20%) justificaram não
considerar importante e 64 (80%) alegaram outros motivos.
Em questionamento sobre o significado do autoexame das mamas, do número total de
entrevistados, foram obtidos os seguintes resultados: para 74 (61,66%) significa
a
prevenção/diagnóstico do câncer de mama, para 28 (23,33%) significa conhecimento
do
próprio corpo, para 6 (5%) não é importante e para 12 (10%) tem outro significado.
Posteriormente, interrogou-se sobre a realização do exame clínico das mamas, sendo
que, dos 120 entrevistados, 53 (44,16%) já haviam sido submetidos ao exame clínico
das mamas dos quais 47 (88,67%) eram mulheres sendo que 34 (64,15%) efetua na
frequência anual, 8 (15,09%) semestralmente, 3 (5,66%) realiza no período de 2/2
anos e 8 (15,09%) com tempo superior a 3/3 anos.
Nesses estudantes, 38 (71,60%) dos exames foram realizados por médico ginecologista,
8 (15,09) por clínico geral, 5 (9,43%) por mastologista, 1 (1,88%) por cirurgião
plástico e 1 (1,88%) por outra especialidade. 67 estudantes (55,83%) negaram terem
sido examinados.
Devido à incidência do câncer de mama, foi interrogado aos voluntários se os mesmos
poderiam ter câncer de mama em algum momento da vida, 109 (90,83%) responderam
sim e
11 (9,16%) negaram a possibilidade. Em análise dos fatores de riscos, relacionados
ao câncer de mama, 102 (85%) estudantes afirmaram o conjunto de história familiar
em
parentes de primeiro grau, hábitos de vida, idade avançada e nuliparidade; 11
(9,16%) estudantes relacionaram somente a história familiar em parentes de primeiro
grau, 3 (2,5%) relacionaram a hábitos de vida, 1 (0,83%) a idade avançada e 3
(2,5%)
a outros fatores a não serem esses.
Em contrapartida, foi questionado se o câncer de mama tem cura e de forma unânime
(100%), a resposta foi sim. Para tal, foi questionado sobre um bom método para
descobrir o câncer de mama, enquanto o mesmo ainda for bem pequeno, e obtidas
as
seguintes respostas: 93 (77,5%) elegeram a mamografia, 13 (10,83%) o autoexame,
11
(9,16%) a ultrassonografia e 3 (2,5%) o exame clínico. Interrogou-se a melhor
idade
para fazer a mamografia em pacientes com risco aumentado para câncer de mama,
com
história familiar em parentes de primeiro grau e 78 (65%) dos estudantes responderam
a partir dos 35 anos, 31 (25,83) responderam antes dos 35 anos e 11 (9,16) acima
de
40 anos.
Em análise de interrogação sobre a especialidade médica mais preparada para
acompanhar e tratar pacientes com câncer de mama, 65 (54,16%) alunos afirmaram
a
mastologia, 43 (35,83%) oncologia, 8 (6,66%) cirurgia plástica, 3 (2,5%) ginecologia
e 1 (0,83%) outras especialidades. Para os entrevistados, foi questionado sobre
o
melhor tratamento para o câncer de mama e 67 (55,84%) marcaram a mastectomia,
22
(18,33%) quadrantectomia, 14 (11,66%) quimioterapia e radioterapia e 17 (14,16%)
nenhuma das anteriores.
Para avaliar o grau de conhecimento não só de diagnóstico, mas também de tratamento,
foi questionado se há possibilidade de reconstrução mamária após a mastectomia,
sendo que de forma unânime (100% dos entrevistados), a resposta obtida foi sim.
Para
melhor caracterização, foi perguntado se a reconstrução pode ser feita no mesmo
momento da mastectomia, 69 (57,5%) estudantes marcaram sim e 51 (42,5%) negaram
a
existência da possibilidade (Figura 2). Em
análise à parte cirúrgica, foi perguntado se os mesmos conhecem alguma técnica
de
reconstrução mamária, sendo que 49 (40,83%) responderam que sim e 71 (59,16%)
negaram (Figura 3).
Figura 2 - Gráfico sobre possibilidade de reconstrução cirúrgica no mesmo
momento da mastectomia.
Figura 2 - Gráfico sobre possibilidade de reconstrução cirúrgica no mesmo
momento da mastectomia.
Figura 3 - Gráfico sobre conhecimento de técnica de reconstrução
mamária.
Figura 3 - Gráfico sobre conhecimento de técnica de reconstrução
mamária.
No que se refere ao encaminhamento à especialidade médica mais preparada para
acompanhar e realizar a reconstrução mamária, 93 (77,5%) discentes elegeram a
cirurgia plástica e 26 (21,66%) elegeram a mastologia (Figura 4). Perguntou-se se existe a possibilidade de reconstrução de
mama em pacientes que farão radioterapia após a cirurgia (radioterapia adjuvante),
sendo que 66 (55%) discentes responderam sim, 51 (42,5%) não e 3 (2,5%) não souberam
responder (Figura 5). Em questionamento mais
objetivo, foi interrogado se existe essa possibilidade mesmo em pacientes com
implantes de silicone, 59 (49,16%) responderam que sim, 3 (2,5%) responderam que
não
e 58 (48,33%) afirmaram não saber sobre o assunto.
Figura 4 - Gráfico sobre especialidade mais preparada para realizar reconstrução
de mama.
Figura 4 - Gráfico sobre especialidade mais preparada para realizar reconstrução
de mama.
Figura 5 - Gráfico sobre possibilidade de reconstrução de mama em pacientes com
radioterapia adjuvante.
Figura 5 - Gráfico sobre possibilidade de reconstrução de mama em pacientes com
radioterapia adjuvante.
Foi avaliado se a reconstrução de mama teria impacto positivo na qualidade de vida
das mulheres submetidas à mastectomia e, de forma unânime (100%), os entrevistados
responderam sim. Foi perguntado se os mesmos conhecem alguém que tenha feito
reconstrução de mama e 23 (19,16%) afirmaram conhecer e 97 (80,83%) negaram. Na
amostra de pessoas que afirmaram conhecer pessoas submetidas à reconstrução mamária,
foi perguntado qual a especialidade médica do profissional que realizou tal
procedimento, como resposta, 17 (73,91%) afirmaram ter sido realizada por cirurgião
plástico e 3 (13,04%) por mastologista e 3 (13,04%) em conjunto por mastologista
e
cirurgião plástico.
DISCUSSÃO
Este é um dos trabalhos pioneiros na literatura nacional que avalia a percepção dos
profissionais de saúde e principalmente de alunos de medicina.
Quanto ao grau de conhecimento dos estudantes de medicina sobre importância do exame
das mamas, mais da metade (66,66%) não faz o autoexame das mamas e, desses, 20%
por
não o considerarem importante, sendo que a literatura nos mostra a importância
da
realização do mesmo, sendo um exame fácil, de baixo custo, podendo ser executado
por
médico ou enfermeiro treinado e apresenta 57 a 83% de sensibilidade entre mulheres
entre 50 e 59 anos de idade e em torno de 71% nas que estão entre 40 e 49, segundo
dados do INCA de 2016.
Quanto ao reconhecimento de fatores de risco para o câncer de mama, a maioria dos
estudantes conhecem sua importância e a necessidade de avaliá-los na história
clínica de suas pacientes.
Quanto à percepção sobre a indicação de métodos de diagnóstico e tratamento do câncer
de mama e sua aplicabilidade, os estudantes reconhecem a importância da mamografia
como método de escolha no rastreio, prevenção e diagnóstico do câncer de mama,
bem
como a idade e periodicidade de realização do exame. Cerca de 57% dos estudantes
reconhecem a possibilidade da reconstrução mamária imediata após a mastectomia.
Já a
respeito de técnicas de reconstrução mamária, apenas 49 (40,83%) estudantes já
ouviram falar sobre o assunto, o que pode ser foco de medidas da Sociedade
Brasileira de Cirurgia Plástica no sentido de orientar sobre essas técnicas e
de
nossa especialidade como a mais preparada para a realização das mesmas.
No trabalho, os estudantes reconhecem que à especialidade médica mais preparada para
acompanhar e realizar a reconstrução mamária seria a cirurgia plástica, 77,5%,
contra 21,66% da mastologia, porém podemos supor que a mastologia vem ganhando
espaço na reconstrução de mama, inclusive no meio acadêmico devido ao alto
percentual de resposta de que a mesma seria mais preparada do que a cirurgia
plástica para a reconstrução mamária.
Todos os estudantes reconhecem a reconstrução mamária como opção pós-mastectomia,
porém grande parte (42,5%) acredita não é possível a realização simultânea à
mastectomia, e mais da metade (59,16%) dos entrevistados desconhece técnicas de
reconstrução mamária. Além disso, muitos (42,5%) desconhecem a possibilidade de
radioterapia pós-reconstrução, inclusive em reconstruções com prótese de
silicone.
Um estudo realizado por Al-Ghazal et al. apud Maluf et al.5 constatou que 68% das pacientes submetidas à
reconstrução imediata disseram-se muito satisfeitas com o resultado estético da
cirurgia e, quando comparadas com grupo de reconstrução tardia, notou-se no segundo
grupo um grande nível de sofrimento psíquico e rebaixamento das funções psíquicas
aliados a uma baixa autoimagem.
Sabemos também que o tratamento completo da paciente com a reconstrução da mama
contribui para a qualidade de vida dessas mulheres, representando a preservação
da
autoimagem, do senso de feminilidade e do relacionamento sexual, proporcionando
um
processo de reabilitação menos traumático6,
sendo por isso tão importante que graduandos tenham conhecimento sobre o assunto,
a
fim de orientar adequadamente as pacientes na busca por especialistas que possam
oferecer tratamento adequado.
CONCLUSÃO
Estudantes do 5º e 6º ano de uma faculdade de medicina do Distrito Federal apresentam
boa percepção quanto ao câncer de mama no que se refere a exames físico e de imagem,
fatores de risco e possibilidades terapêuticas, porém necessitam de mais informações
e orientações nos quesitos de reconstrução mamária pós-mastectomia e especialidades
envolvidas, de modo a poderem atuar com seus futuros pacientes e encaminhá-los
a
profissionais adequados que favoreçam os mesmos com as possibilidades de tratamento
que agregam qualidade de vida ao paciente oncológico.
Estudos adicionais são necessários, porém esse trabalho serve de base para incentivar
a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica com medidas informativas junto aos
estudantes de medicina sobre o importante papel da cirurgia plástica na reconstrução
mamária.
COLABORAÇÕES
LDPB
|
Análise e/ou interpretação dos dados; análise estatística; aprovação
final do manuscrito; concepção e desenho do estudo; realização das
operações e/ou experimentos; redação do manuscrito ou revisão crítica de
seu conteúdo.
|
DBP
|
Aprovação final do manuscrito.
|
VSD
|
Realização das operações e/ou experimentos.
|
JRN
|
Concepção e desenho do estudo; realização das operações e/ou
experimentos; redação do manuscrito ou revisão crítica de seu
conteúdo.
|
GCS
|
Redação do manuscrito ou revisão crítica de seu conteúdo.
|
DASS
|
Redação do manuscrito ou revisão crítica de seu conteúdo.
|
REFERÊNCIAS
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[acesso 2018 Maio 25]. Disponível em: https://www.cancer.org/content/dam/cancer-org/research/cancer-facts-and-statistics/breast-cancer-facts-and-figures/breast-cancer-facts-and-figures-2009-2010.pdf
2. Allred DC. Assessment of Prognostic and Predictive Factors in Breast
Cancer by Immunohistochemistry ER. Breast, p. 2005- 2006, 2005.
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2002;9(2):95-9.
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reconstruction in women with breast malignancy--systematic review. Eur J Surg
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6. Almeida RA. Impacto da mastectomia na vida da mulher. Rev SBPH.
2006;9(2):99-113.
1. Hospital Daher Lago Sul, Brasília, DF,
Brasil.
Autor correspondente: Diogo Borges
Pedroso
SEP/ Sul, 709/909, Centro Médico Julio Adnet, Clínica 20
Brasília, DF, Brasil CEP 70390-095
E-mail: dpedroso@gmail.com
Artigo submetido: 20/11/2016.
Artigo aceito: 17/05/2018.
Conflitos de interesse: não há.