RESUMO
INTRODUÇÃO: Cirurgia reconstrutiva em cabeça e pescoço representa desafio ao cirurgião plástico e requer amplo arsenal técnico, no qual a microcirurgia figura papel essencial. O objetivo é analisar retrospectivamente as reconstruções microcirúrgicas em cabeça e pescoço realizadas na Pontifícia Universidade Católica de Campinas no período de dois anos.
MÉTODOS: Pacientes submetidos à reconstrução microcirúrgica após cirurgia de cabeça e pescoço, entre junho de 2014 e outubro de 2016, tiveram seus prontuários revisados para avaliação do retalho utilizado, comprimento do pedículo vascular, vasos receptores, anastomoses microvasculares, duração da cirurgia, tempo de internação, complicações e índice de sucesso.
RESULTADOS: Foram realizadas 30 reconstruções microcirúrgicas com três tipos de retalhos: anterolateral da coxa (n = 15), antebraquial radial (n = 8) e fíbula (n = 7). Vasos receptores: artéria facial (70%) e veia facial (50%), sendo que 92,4% das anastomoses microvasculares foram término-terminais. As cirurgias duraram, em média, 10,1 horas. O tempo médio de internação hospitalar foi de 10,7 dias. Houve perda de dois retalhos por trombose arterial, levando à taxa de sucesso de 93,3%.
CONCLUSÕES: As reconstruções microcirúrgicas analisadas foram eficazes na reparação dos defeitos complexos, restaurando parcialmente forma e função dos tecidos acometidos. Foram observadas complicações em menos da metade dos casos, porém com morbidade elevada. O índice de sucesso foi semelhante ao de grandes centros de microcirurgia reconstrutiva. A curva de aprendizado é longa, mas tende a melhorar com o treinamento da equipe e aquisição de experiência ao longo do tempo.
Palavras-chave: Procedimentos cirúrgicos reconstrutivos; Microcirurgia; Neoplasias de cabeça e pescoço; Retalhos cirúrgicos.