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O cenário da pesquisa e o pesquisador na modernidade
The research and researcher scenario in modern times
Grande parte do conhecimento na história da humanidade se deve às pesquisas com seres humanos. Entretanto, está repleta de casos de violação da dignidade humana e da integridade da pesquisa.
É uma atividade em franco crescimento, passou na modernidade de atividade amadora para universitária e industrial. No entanto, vários problemas têm surgido relacionados aos interesses dos patrocinadores, principalmente a indústria farmacêutica, que investe muito e, por isso, procura encurtar o caminho para obter lucro. Ademais, a modernidade é um período de grandes mudanças, em relação ao número de pessoas no mundo e às condições de desenvolvimento pessoal e social. Este rápido crescimento levou ao estresse e tensão, e, finalmente, à interrupção das ligações que unem a sociedade. É importante avaliar como a ciência tem afetado a vida das pessoas e como se têm percebido as mudanças1.
Estudos realizados no mundo desenvolvido, especialmente nos EUA, mostram que o público em geral percebe a ciência de forma positiva, todavia, revelam que conhece pouco sobre os detalhes do conhecimento científico quanto ao padrão complexo organizado no mundo, da dinâmica da ciência e tecnologia, das descobertas e inovações, da formação e gestão, das conexões e do impacto da ciência na sociedade1,2.
Os resultados apresentados durante a World Conference on Science1,3 mostram que a média mundial de gastos em pesquisa e desenvolvimento em termos de percentagem do produto interno bruto de cada região (PIB) alocado para a ciência é de 1,1%. Os Estados Unidos dedicam 2,5%, o Japão e os países recém-industrializados 2,3%, 1,8% na Europa Ocidental, a América Latina 0,3%.
Os gastos dos EUA em pesquisa e desenvolvimento representam 37,9% do total mundial, na América Latina é de 1,9%. Pesquisa da Battelle Memorial Institute revelou em que proporções cada setor econômico absorve os pesquisadores no mundo: 40% estão nas universidades, 39% na indústria (dos quais 25% trabalham em multinacionais), 14% em instituições de pesquisa e 7% em órgãos governamentais. Quanto às áreas de atuação, 54% deles trabalham em pesquisa aplicada; 23%, em pesquisa básica; 12%, em desenvolvimento primário; e 12% em consultoria e outras funções de apoio. Quando perguntados sobre qual o maior desafio às atividades de pesquisa e desenvolvimento no mundo hoje, a maioria dos pesquisadores respondeu que são os limites de fundos internos e externos1,4.
Os esforços de ciência e tecnologia nos países em desenvolvimento são direcionados para a resolução de problemas relacionados com a saúde, alimentação e nutrição, abrigo, etc.; elementos de infraestrutura, como energia, comunicações e transportes; e áreas relacionadas com as características e recursos do país1.
Definir o que pesquisar é influenciado por vários fatores, entre eles os interesses do pesquisador e os interesses coletivos. Em relação ao pesquisador, alguns fatores interferem na qualidade das pesquisas, a exemplo da disponibilidade de tempo, pois o pesquisador tem vários empregos e incorpora as atividades de pesquisas; o financiamento, a inserção social, o emprego, a condição socioeconômica e o pertencimento a uma comunidade científica específica4.
No Brasil 90% dos cientistas estão empregados em instituições de ensino superior e são responsáveis quase pela totalidade da produção científica. Existe o crescimento paralelo da pós-graduação e da ciência no país4. A ciência brasileira cresceu ao longo dos anos devido a vários motivos, todavia, principalmente em função do crescimento da indústria farmacêutica e das pesquisas com novos fármacos e biotecnologia.
Ao entrarmos no terceiro milênio, pretende-se que o desenvolvimento seja voltado para a "qualidade" da vida, em vez da "quantidade" da vida. Este é o desafio para a nossa civilização, para a cultura e para a ciência1.
REFERÊNCIAS
1. UNESCO. World Conference on Science: science for the twenty-first century: a new commitment. Paris: UNESCO, 2000 [Acesso 9 Ago 2016]. Disponível em: http://unesdoc.unesco.org/images/0012/001207/120706e.pdf
2. Beetlestone JG, Johnson CH, Quin M, White H. The Science Center Movement: contexts, practice, next challenges. Public Underst Sci. 1998;7(1):5-22.
3. Mayor Zaragoza F, Forti A. Science and power. Paris: Unesco Publishing; 1995.
4. Martelli-Junior H, Martelli DRB, Quirino IG, Oliveira MCLA, Lima LS, Oliveira EA. Pesquisadores do CNPq na área de medicina: comparação das áreas de atuação. Rev Assoc Med Bras. 2010;56(4):478-83.
KÁTIA TORRES BATISTA
Editor Associado - RBCP
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