RESUMO
INTRODUÇÃO: A reconstrução microcirúrgica de cabeça e pescoço costuma ser a primeira indicação para grandes perdas teciduais. A equipe cirúrgica deve ter um arsenal de opções técnicas para qualquer dessas perdas. Além disso, é importante conhecer o manejo de cada complicação. O objetivo deste estudo é avaliar as condutas de reconstrução e as complicações de pacientes submetidos a reconstruções com retalhos livres.
MÉTODO: Foi realizado estudo retrospectivo de pacientes com perda de substância em cabeça e pescoço, submetidos a reconstruções microcirúrgicas imediatas ou tardias, no período de março de 2010 a março de 2012.
RESULTADOS: Foram analisados 60 pacientes que receberam retalhos livres, dos quais 31 (52,7%) eram mulheres e 39 (65%), caucasianos. As reconstruções foram imediatas em 65% dos casos. Os tumores malignos foram o diagnóstico mais comum, representando 86,7% dos casos. A frequência dos retalhos foi a seguinte: fíbula, em 36,7% dos casos; reto abdominal, em 23,3%; ântero-lateral da coxa, em 23,3%; antebraquial, em 11,7%; e grande dorsal, em 5%. O tempo cirúrgico médio foi de 8,6 ± 2,1 horas. O tempo de isquemia foi de 107,5 ± 27,6 minutos. Foram observadas complicações em 45% dos casos: deiscência em 18,3%, fístula salivar em 16,7%, infecção em 16,7%, óbito na primeira semana pós-operatória em 5%, e extrusão de material de síntese em 1,7%. Dos 60 retalhos, houve reintervenção em 20 (33,3%) e perda de 13 (21,7%) reconstruções. A trombose venosa foi a causa mais comum de reintervenção e de perda. Foram realizados 6 retalhos de resgate, 3 de peitoral pediculado e 3 de músculo grande dorsal, sendo 2 microcirúrgicos.
CONCLUSÕES: Os retalhos microcirúrgicos têm grande importância em reconstrução de cabeça e pescoço, podem ser superiores aos pediculados na maioria das situações, e determinam, quando bem-sucedidos, diminuição da morbidade, aceleração da reabilitação e diminuição de custos.
Palavras-chave: Microcirurgia. Cabeça/cirurgia. Pescoço/cirurgia. Retalhos cirúrgicos.