ISSN Online: 2177-1235 | ISSN Print: 1983-5175
Hérnia do implante glúteo: diagnóstico e tratamento
Body and Chest -
Year2013 -
Volume28 -
(3 Suppl.1)
Roberta Alvares Ferreira de Souza; José Horácio Aboudib; Cláudio Cardoso de Castro; Fábio Xerfan Nahas; Fernando Serra
INTRODUÇÃO
O primeiro relato de gluteoplastia de aumento ocorreu em 1969, com o uso de implantes mamários de silicone, e foi realizado por Bartels e colaboradores. Desde então, o contorno corporal passou a ser de grande interesse para os cirurgiões plásticos, principalmente nas últimas duas décadas. O conceito de glúteo com estética adequada engloba projeção máxima nas porções superior e média, prega infraglútea mínima ou ausente e adequada relação entre a cintura e o quadril. A gluteoplastia de aumento com implantes apresenta atualmente um crescimento de 42% ao ano, com um total estimado de 40 mil pacientes operadas até a presente data. O desenvolvimento da técnica intramuscular possibilitou importante melhoria dos resultados estéticos, associada à redução das taxas de complicação. As principais complicações são seroma e deiscência, que não provocam comprometimento estético. Em contrapartida, a hérnia do implante com incidência de 3% a 5% gera um resultado ruim, necessitando de reoperação para sua correção. O tratamento da hérnia do implante glúteo constitui um desafio ao cirurgião, que precisa decidir entre o tratamento em dois tempos cirúrgicos, mantendo a paciente sem implantes por 4 meses a 6 meses, ou em tempo único, correndo o risco de recidiva da complicação e reduzindo as chances de nova correção.
OBJETIVO
Propor um protocolo para avaliação e tratamento de pacientes acometidas de hérnia ou mau posicionamento do implante glúteo.
MÉTODO
A avaliação da posição do implante glúteo é realizada por meio de tomografia computadorizada ou ressonância nuclear magnética, com as pacientes em decúbito ventral. O principal fator no tratamento é a técnica utilizada na gluteoplastia primária. Pacientes submetidas a gluteoplastia com técnica subfascial ou submuscular devem ser reoperados com substituição dos implantes e utilização da técnica intramuscular. Os casos de hérnia secundários à técnica intramuscular deverão ser analisados de acordo com a espessura do músculo glúteo máximo remanescente subjacente ao implante. Musculatura com espessura > 2 cm permite a confecção de nova loja intramuscular profundamente à cápsula no mesmo tempo cirúrgico. O tratamento da cápsula é realizado com incisões radiais e sutura dos folhetos superficial e profundo, seguido de drenagem aspirativa da loja. Nos casos de músculo remanescente com espessura < 2 cm, está indicada remoção do implante e reoperação em 4 meses a 6 meses, pela técnica intramuscular.
RESULTADOS
Vinte pacientes foram tratadas seguindo essa metodologia. Obtivemos como complicações 2 (10%) casos de seroma da cápsula superficial e 1 (5%) caso de fístula cutânea da cápsula. Não foi identificado nenhum caso de hematoma. As pacientes operadas em tempo único foram submetidas a tomografia computadorizada de controle 3 meses após a cirurgia, revelando implantes intramusculares e estáveis em todos os casos.As pacientes submetidas a retirada do implante optaram por não realizar a segunda cirurgia em 50% dos casos.
CONCLUSÃO
Propomos um protocolo que oriente o diagnóstico e o planejamento cirúrgico para o tratamento da hérnia do implante glúteo. A utilização desse protocolo demonstrou-se eficaz para escolha do cirurgião por cirurgia em tempo único ou em dois tempos, apresentando evolução favorável para as pacientes tratadas.
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