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Banco de Pele de Porto Alegre: produtividade e perfil dos doadores
General -
Year2013 -
Volume28 -
(3 Suppl.1)
Daniel Pinheiro Macha do da Silveira; Darwin Lizot Rech; Angelo Syrillo Pretto Neto; Anna Luiza Melo Martins; Pedro Bins Ely; Eduardo Mainieri Chem
INTRODUÇÃO
O Banco de Pele Dr. Roberto Corrêa Chem, situado na Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre (Porto Alegre, RS), é responsável pela captação, preservação, armazenamento e disponibilização de pele humana alógena. Inaugurado em junho de 2005, o Banco de Pele de Porto Alegre foi o primeiro a ser criado no Rio Grande do Sul e o segundo no Brasil, embora, por muito tempo, tenha sido o único em funcionamento efetivo. Em 2006, começaram as doações de pele de pacientes submetidos a abdominoplastia. Com o início das doações, o processamento para conservação e posterior liberação desse tecido tornou-se rotina no Banco de Pele. Em 2007, foi obtida autorização legal do Ministério da Saúde para captação de pele a partir de doador de múltiplos órgãos, e também foi assinada e publicada no Diário Oficial da União, em março de 2007, a Portaria 101, que autoriza o funcionamento de bancos de pele e a utilização desse tecido para tratamento de pacientes com grandes defeitos cutâneos. Em 2008, foi realizada a primeira captação de pele de doador de múltiplos órgãos; a partir de então, não foram mais realizadas doações de pacientes submetidos a abdominoplastias. Os doadores de pele dividem-se basicamente em duas categorias: doadores em morte encefálica, que são os doadores de múltiplos órgãos e compreendem a quase totalidade de doadores do Banco de Pele, e doadores em parada cardiorrespiratória. Para a efetivação do processo de doação de pele é necessário o cumprimento de algumas exigências, como triagens clínica e sorológica favoráveis, além da aceitação familiar para a doação. Ao longo dos anos, percebemos que ocorreu aumento do número de doadores e uma mudança do perfil dos doadores.
OBJETIVO
Analisar as estatísticas do Banco de Pele Dr. Roberto Corrêa Chem em relação ao aumento da produtividade e às mudanças do perfil dos doadores, no período de 2008 a 2012.
MÉTODO
Para análise de produtividade do Banco de Pele, realizou-se consulta aos relatórios mensais, cujo preenchimento periódico faz parte da rotina do Banco de Pele. Nesses relatórios constam informações como número de doadores, número de envios de pele, área de pele captada (cm2), área de pele disponibilizada (cm2) e área de pele doada (cm2). Para análise do perfil de doadores, realizou-se um levantamento de dados dos prontuários de doadores, que contemplam informações como sexo, idade, causa primária do óbito e data da doação.
RESULTADOS
O Banco de Pele tem apresentado crescimento gradual da produtividade ao longo dos anos. No ano de 2012, a equipe realizou captação de pele de 40 doadores, obtendo produtividade mensal estimada de 3.094 cm2 de pele disponibilizada e beneficiando receptores em todo o Brasil, com 30 envios de pele para transplante. Em relação ao ano de 2011, o Banco de Pele aumentou em 54% o número de captações realizadas, em 75% a quantidade de pele em cm2 disponibilizada e em 43% o número de envios de pele para receptores. A pele disponibilizada pelo Banco de Pele nesses 5 anos beneficiou mais de duas centenas de pacientes, a maioria vítima de queimaduras graves. A análise dos prontuários de doadores permitiu constatar que, no período de 2008 a 2010, o número de doadores do sexo feminino era maior que do sexo masculino; em 2011, o número de doadores de ambos os sexos foi igual; e em 2012, o número de doadores do sexo masculino superou em 50% o número de doadores do sexo feminino. Constatou-se também que, no período de 2008 a 2012, a média de idade dos doadores ficou na faixa de 40 anos a 50 anos. Com relação às causas primárias do óbito de doadores, realizou-se uma análise do período de 2010 a 2012 e observou-se que a principal causa de óbito é o acidente vascular encefálico, principalmente o tipo hemorrágico, enquanto o trauma cranioencefálico vem em segundo lugar. Pela análise da distribuição sazonal mensal de doadores no período de 2009 a 2012, observa-se aumento substancial do número de doações nos meses de janeiro e agosto, e queda relativa do número de doadores nos meses de abril, junho e setembro.
CONCLUSÃO
Na rotina de trabalho, o Banco de Pele Dr. Roberto Corrêa Chem objetiva disponibilizar aloenxertos de pele para tratamento de pacientes em diferentes centros do território nacional. A busca constante pela desmistificação do tema é parte fundamental no processo de aumento progressivo do número de doadores. É preciso divulgar, com força cada vez maior, a importância da doação de pele, e é função da equipe prestar esse tipo de informação de maneira ética e respeitosa. Cabe a todos os profissionais que trabalham nesse processo o contínuo esforço para manter e melhorar cada vez mais os resultados.
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