ISSN Online: 2177-1235 | ISSN Print: 1983-5175
Atuação da Cirurgia Plástica no tratamento de feridas complexas em crianças
General -
Year2013 -
Volume28 -
(3 Suppl.1)
Thadeu Rezende Rangel Fernandes, Dimas André Milcheski, Hugo Alberto Nakamoto, Pedro Soler Coltro, Bernardo PinHeiro de Senna Nogueira Batista, Marcus Castro Ferreira
OBJETIVO
Relatar a atuação da Cirurgia Plástica no tratamento de feridas complexas em hospital terciário, no grupo pediátrico, analisando suas características, tipos de lesão e condutas adotadas, com ênfase no tratamento cirúrgico.
MÉTODO
Foi realizada análise retrospectiva dos pacientes em faixa etária pediátrica (0 a 19 anos), com feridas complexas, atendidos pela Cirurgia Plástica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (São paulo, SP), por meio de solicitações de consulta por todas as clínicas do hospital, incluindo o prontosocorro. Foram excluídos os tratamentos de feridas vistas em ambulatório. A análise foi realizada em um período de 3 anos, entre janeiro de 2010 e dezembro de 2012. Todos os pacientes estavam internados em alguma unidade do complexo Hospital das Clínicas (Instituto Central, Instituto do Coração, Instituto de Ortopedia e Traumatologia, Instituto da Criança e Instituto de Psiquiatria). Os dados foram coletados a partir dos atendimentos da Cirurgia Plástica, realizados em protocolo do próprio grupo, assim como pela análise dos registros de prontuário. Consideramos complexas as feridas ocasionadas por úlceras por pressão, as consequentes a necroses extensas, pós-infecção, feridas causadas por vasculites, úlceras venosas, feridas diabéticas e as traumáticas agudas, com perda extensa de partes moles. Os dados estudados de cada paciente foram idade, sexo, especialidade que originou o pedido de consulta e a clínica onde o paciente estava internado. Os dados das feridas complexas incluíram sua classificação, conduta adotada e operações realizadas. O tratamento cirúrgico foi indicado para as feridas extensas e/ou profundas, com exposição de tecidos nobres, relacionadas às superfícies ósseas de apoio, associadas a graves doenças sistêmicas ou infecções e nos casos de amputações digitais. Os procedimentos cirúrgicos foram agrupados em desbridamentos cirúrgicos e enxertos de pele, isolados ou associados a terapia por pressão negativa (sistema a vácuo), retalhos pediculados ou retalhos microcirúrgicos, e reimplantes digitais.
RESULTADOS
Durante o período de 3 anos, foram atendidos 134 pacientes em faixa etária pediátrica. A média geral de atendimentos no período foi de 3,72 interconsultas pormês.Amédia de idade dos pacientes foi de 10,7 anos (mediana de 11, desvio padrão de 6,36). Houve predominância do grupo etário entre 15 anos e 19 anos. Quanto à distribuição por sexo, houve predominância do sexo masculino (79 pacientes, 58,9%) em relação ao sexo feminino (55 pacientes, 41,1%). Provieram das especialidades cirúrgicas 92 (68,7%) pacientes e das especialidades clínicas, 42 (31,3%). Houve predomínio do tratamento cirúrgico (99 pacientes, 73,9%). Nos 134 pacientes submetidos a tratamento operatório, foram realizadas 345 cirurgias, com média de 2,57 procedimentos por paciente. Dentre os retalhos pediculados, os mais utilizados foram os retalhos locais de avanço, rotação, transposição e romboide, retalhos musculares, fasciocutâneos e perfurantes. Quanto aos retalhos microcirúrgicos, o mais utilizado foi o ântero-lateral da coxa. Tais pacientes ainda são acompanhados ambulatorialmente. O total de óbitos foi de 7 (5%) pacientes.
CONCLUSÃO
O cirurgião plástico demonstra ter importante atuação no tratamento das feridas complexas, não somente em adultos, mas também na faixa etária pediátrica. A adoção do tratamento cirúrgico precoce colabora para a efetiva resolução desses casos, diminuindo e desmistificando a angústia do tratamento das crianças.
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