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Body and Chest - Year2012 - Volume27 - (3 Suppl.1)

INTRODUÇÃO

O tronco é peculiar em relação ao tipo de reconstrução exigida nos casos de ressecção oncológica. O tronco pode ser dividido em tórax e abdome. O primeiro apresenta características que aliam proteção dos órgãos internos e capacidade de expansão para a respiração, através de um arcabouço esquelético flexível. A viga de sustentação posterior corresponde à coluna vertebral e à musculatura dorsal. A reconstrução das faces anterior e lateral do tórax deve ser rígida e flexível, de modo a não prejudicar a dinâmica respiratória. Já a face posterior necessita cobertura estável e robusta. A disposição muscular em leque permite o uso da musculatura local para cobertura de defeitos nessas regiões. O abdome, cuja parede é caracteristicamente músculo-aponeurótica, também apresenta a coluna vertebral como pilar de sustentação posterior, de onde se originam os músculos que vão compor as paredes laterais e anterior. A sustentação dos órgãos infradiafragmáticos e a continência mediante a pressão inspiratória devem ser consideradas no planejamento das reconstruções. O uso de material aloplástico, muitas vezes, é um aliado valioso para ambos, tórax e abdome. As dificuldades encontradas para o cirurgião plástico podem ser exposição de material protético de síntese ortopédica ou vascular, preenchimento de grandes espaços mortos, cobertura dos órgãos internos, correção de contraturas axilares, cervicais e inguinais. Nos casos de defeitos complexos dessa região, o arsenal do cirurgião plástico deve incluir recursos técnicos microcirúrgicos e criatividade para vencer os desafios de reconstrução funcional e estética.


OBJETIVO

Desenvolver um algoritmo de reconstrução em tronco através do uso de retalhos locais.


MÉTODO

Foram reconstruídos 45 pacientes, no período de janeiro de 2010 a julho de 2012, no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, sendo 53,4% do sexo feminino, com idades entre 17 e 86 anos. Os defeitos foram todos oriundos de reconstruções oncológicas. Os pacientes foram operados primariamente pela equipe de cirurgia oncológica em 75% dos casos. Seguimento foi de 10 meses em média. Caso Clínico 1: Paciente de 57 anos com terceira recidiva de sarcoma desmoplásico em tecido muscular paravertebral lateral esquerdo. Defeito de 25 por 13 cm em região periescapular. Utilizado retalho fasciocutâneo propeller de perfurante da terceira intercostal direita, com fechamento adequado da lesão. Caso Clínico 2: Paciente de 55 anos com sarcoma alto grau recidivado de 35 cm de diâmetro em dorso após 3 ressecções e radioterapia dose máxima. Foi ressecada uma peça de 4,3 kg com 8 cm de margem, gerando um defeito de 50 cm de diâmetro em região látero-dorsal em transição tóraco-abdominal direita, com ressecção de 4 arcos costais, hemidiafragma, defeito total de parede abdominal e torácica, com exposição do rim e pulmão direito, parte do fígado e do diafragma. A reconstrução foi com tela de polipropileno e 5 retalhos locorregionais: retalho fasciocutâneo propeller de artéria glútea inferior direita, retalho fasciocutâneo em V-Y da artéria glútea inferior esquerda, retalho fasciocutâneo propeller da perfurante da terceira intercostal esquerda superdrenado nos vasos lombares inferiores direitos, retalho musculocutâneo grande dorsal direito e retalho romboide torácico lateral direito. O defeito foi fechado completamente com a associação desses retalhos.


RESULTADOS

Todos os pacientes foram fechados com sucesso com uso de retalhos locais. Houve perda parcial dos retalhos em 5 casos, sendo necessário novo procedimento cirúrgico em 2. Houve perda total em 1 caso, sendo realizado novo retalho com sucesso.


CONCLUSÃO

As reconstruções dos defeitos oncológicos de tronco podem ser realizadas com retalhos locais e locorregionais na maioria das vezes. O refinamento da técnica e o uso do conceito de retalhos perfurantes podem aprimorar o desfecho com melhor resultado estético-funcional.

 

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