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Body and Chest - Year2012 - Volume27 - (3 Suppl.1)

OBJETIVO

Analisar os casos de reconstrução mamária de resgate conduzidos pelos autores, nos últimos dez anos, identificando a idade das pacientes, qual a reconstrução inicial realizada, presença de fatores de risco para complicações, causas determinantes para a falha da primeira reconstrução, qual a nova reconstrução realizada, qual o intervalo de tempo entre os dois procedimentos e se a cirurgia de resgate foi realizada pelo mesmo cirurgião que realizou a primeira intervenção ou não.


MÉTODO

Foram revisados os prontuários das pacientes submetidas a reconstrução mamária pós-mastectomia por câncer de mama no período de março de 2002 a março de 2012, na clínica privada de cada um dos autores (O.M.C., M.C.C. e J.D.L). Foram incluídas no estudo as pacientes que já haviam sido submetidas a alguma forma de reconstrução mamária (pós-mastectomia por câncer de mama) e necessitaram de uma nova reconstrução, seja por motivos estéticos, desejo da paciente, complicações ou recidiva tumoral. Foram excluídas as pacientes que foram submetidas a pequenas correções de cicatrizes, enxertos, retalhos locais e de vizinhança, por não implicarem em uma revisão completa da primeira cirurgia, não caracterizando uma reconstrução mamária de resgate. Foram coletados os seguintes dados: idade, data da primeira cirurgia, tipo de reconstrução mamária realizada na primeira cirurgia, fatores de risco (comorbidades, tabagismo, obesidade, radioterapia e quimioterapia), causas da falha do primeiro procedimento (questão estética / desejo da paciente, infecção / exposição de implante, contratura capsular, necrose, recidiva tumoral ou outra), qual a nova reconstrução realizada, bem como a data da sua realização e se o cirurgião que realizou a reconstrução de resgate foi o mesmo que realizou o primeiro procedimento.


RESULTADOS

No período de março de 2002 a março de 2012, de um total de 1158 pacientes submetidas a reconstrução mamária pós-mastectomia por câncer de mama, 55 foram submetidas a reconstrução mamária de resgate, sendo que duas delas foram submetidas a 2 resgates, totalizando 57 casos. A idade média das pacientes na data da nova reconstrução foi de 51,03 ± 10,13 anos. Com relação à cirurgia inicial realizada, 20 (35,09%) delas foram realizadas com próteses, 16 (28,08%) com retalho miocutâneo do músculo reto abdominal (TRAM), 11 (19,30%) com expansores (temporários ou definitivos), 6 (10,52%) com cirurgias conservadoras e 4 (7,01%) com retalho miocutâneo do músculo grande dorsal (RGD) associado a implante, sendo que, do total, 45 foram unilaterais e 12 bilaterais. A presença de fatores de risco para complicações foi observada em 51 (89,50%) pacientes, sendo que o fator mais prevalente foi a quimioterapia, presente em 40 casos (70,18%), seguida da radioterapia em 32 casos (56,14%), comorbidades, como hipertensão, coronariopatia, hiper / hipotireoidismo e diabetes mellitus, em 15 casos (26,32%), tabagismo em 9 (15,80%) e obesidade em 4 (7,01%). A principal causa de falha das reconstruções foi por motivos estéticos e/ou vontade da paciente (19 casos), seguida de necrose (17 casos, sendo 10 casos de necrose de pele do retalho e 7 casos de esteatonecrose), contratura capsular (9 casos), infecção e/ou exposição de implantes (9 casos), necessidade de ampliação de margens cirúrgicas por comprometimento tumoral (2 casos) e recidiva tumoral (1 caso) (p = 0,8304). A reconstrução de resgate foi realizada em 27 casos (47,37%) com RGD associado a implante (p < 0,0001), 16 (28,08%) com TRAM, 9 (15,77%) com expansores e 5 (8,78%) com próteses. Todas as 12 reconstruções iniciais que foram bilaterais também foram resgatadas bilateralmente; três que foram unilaterais foram realizadas bilateralmente por recidiva na outra mama (2) ou profilaticamente (1). A nova intervenção foi realizada, em média, 24 meses (12; 40) após a cirurgia inicial. Em 57,9% dos casos (33), o cirurgião que realizou a reconstrução mamária de resgate não foi o cirurgião da reconstrução inicial (p = 0,500).


CONCLUSÃO

A maioria das cirurgias que falharam empregou materiais aloplásticos (próteses e expansores), sendo a principal causa o mal resultado estético. As reconstruções de resgate foram realizadas principalmente com retalhos miocutâneos e a maioria das novas intervenções foi realizada por profissionais diferentes da primeira cirurgia. Os retalhos miocutâneos, salvo contraindicações, têm boa aplicabilidade nas reconstruções de resgate, por fornecerem tecido sadio e bem vascularizado a uma área manipulada previamente, restaurando a anatomia e fornecendo volume à neomama. A técnica de reconstrução mamária deve ser indicada baseada em uma análise criteriosa, devendo o cirurgião plástico estar ciente dos riscos de complicações que podem levar a eventual falha, estando preparado com novas alternativas de tratamento.

 

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