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Skull, Face and Neck - Year2012 - Volume27 - (3 Suppl.1)

INTRODUÇÃO

A orelha em abano, ou orelha proeminente, é a deformidade mais comum da região da cabeça e pescoço. Sua incidência é estimada em 5% na população caucasiana, sem predileção por sexo. Normalmente, não está associada a outras anormalidades ou síndromes, não traz prejuízo fisiológico e funcional, mas é considerada uma deformidade estética de grande importância, com consequências psicológicas, emocionais e comportamentais em crianças. Suas causas são desconhecidas, tem padrão de herança autossômica dominante e até 8% dos pacientes apresentam história familiar. Em 61% dos casos, o diagnóstico pode ser feito ao nascimento. Seu tratamento cirúrgico constitui um dos procedimentos mais gratificantes e com menor índice de complicações na Cirurgia Plástica. A orelha em abano pode, potencialmente, afetar diversos aspectos da qualidade de vida dos pacientes, como autoimagem, autoestima e convívio social. Nos últimos anos, muitos instrumentos de avaliação desses aspectos vêm sendo largamente utilizados em escala mundial, incluindo estudos internacionais multicêntricos. Individualmente, podem ser utilizados para determinar a gravidade de doenças, sua evolução, fatores etiológicos e o sucesso terapêutico.


OBJETIVO

Avaliar a autoestima de pacientes após correção cirúrgica de orelhas em abano.


MÉTODO

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de São Paulo e todos os pacientes consentiram em participar da pesquisa, assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Trata-se de um estudo prospectivo, que avalia a autoestima de pacientes após a correção cirúrgica de orelhas em abano. Foram incluídos 60 pacientes de ambos os sexos, sendo 35 do gênero feminino e 25 do gênero masculino. A idade variou entre 18 a 49 anos, com média de 27,16 anos. Todos pacientes tinham orelhas em abano com indicação de correção cirúrgica bilateral. Foram excluídos pacientes com história de cicatrização hipertrófica, queloide ou cirurgia auricular prévia. A coleta de dados foi feita entre junho e setembro de 2007 e os pacientes foram incluídos por ordem de chegada. O acompanhamento dos pacientes foi realizado no ambulatório de Cirurgia Plástica do Hospital São Paulo. A cirurgia foi padronizada, e todas realizadas pela mesma equipe cirúrgica. O procedimento foi realizado em centro cirúrgico, sob anestesia local. Após a cirurgia, o paciente permaneceu com um curativo oclusivo tipo capacete por quatro dias. Os pontos foram retirados no sétimo dia pós-operatório. Técnica operatória: Foi marcado um segmento em forma de hélice no nível do sulco retroauricular. Após a infiltração de xilocaína 2% com adrenalina 1:200.000, foi realizada ressecção cutânea da área demarcada. Foi, então, realizado descolamento suprapericondral da face posterior da concha e anti-hélice. Pela face anterior, através de manobra digital pressionando a hélice, a anti-hélice foi projetada e foram marcados os locais onde seriam realizados pontos de fixação. Novamente pela face posterior, a cartilagem da anti-hélice foi escarificada com lâmina de bisturi e foram realizados os pontos para projetá-la com nylon 4-0 incolor. Foi realizada a fixação da concha ao periósteo da mastoide com ponto de nylon 3-0. A porção inferior da cartilagem da hélice foi fixada ao tecido fibromuscular retroauricular com ponto de nylon 4-0 incolor para evitar a projeção do lóbulo. A pele foi então suturada com sutura contínua de nylon 5-0. Para avaliar a autoestima, utilizou-se a Escala de Autoestima Rosenberg UNIFESP/EPM, que foi traduzida, adaptada culturalmente e validada para uso no Brasil. É um questionário específico para avaliação de autoestima, com 10 frases afirmativas, e quanto maior a pontuação, pior a autoestima. Para a escala de autoestima, apenas um valor é obtido, que varia de zero a 30, sendo zero a melhor autoestima e 30 a pior autoestima. Os instrumentos foram autoaplicados, no pré-operatório e 60 dias após a cirurgia.


RESULTADOS

Em relação à autoestima, foi verificada diminuição nos escores em ambos gêneros, refletindo melhora na avaliação. Analisando-se os dados obtidos, houve diferença estatística.


CONCLUSÃO

A correção cirúrgica de orelhas proeminentes promoveu melhora na autoestima dos pacientes do estudo.

 

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