ISSN Online: 2177-1235 | ISSN Print: 1983-5175
Uso de retalho cutâneo para reconstrução nasal após ressecção neoplásica: 102 casos
Skull, Face and Neck -
Year2012 -
Volume27 -
(3 Suppl.1)
Francisco Felipe Laitano; Lourenço Frigeri Teixeira; Evandro José Siqueira; Gustavo Steffen Alvarez; Pedro Djacir Escobar Martins; Milton Paulo de Oliveira
INTRODUÇÃO
A reconstrução tanto estética quanto funcional de defeitos nasais é um desafio ao cirurgião plástico, uma vez que existem diversas técnicas descritas disponíveis para os mais variados defeitos cutâneos. Burget e Menick revolucionaram a cirurgia de reconstrução nasal, uma vez que introduziram o conceito de subunidades estéticas do nariz baseadas nas diferenças de elasticidade, cor, contorno e textura da pele; contribuindo para o refinamento na reconstrução nasal.
OBJETIVO
Relatar a experiência de nosso Serviço na reconstrução de perdas de substâncias do nariz secundárias à ressecção oncológica, descrevendo os retalhos cutâneos mais utilizados para cobertura dos defeitos por subunidade anatômica.
MÉTODO
Foram analisados 103 retalhos cutâneos nasais utilizados para reconstrução de 102 perdas de substâncias secundárias à cirurgia oncológica, num total de 96 pacientes operados no Serviço de Cirurgia Plástica do Hospital São Lucas-PUCRS, no período de dezembro de 2008 a dezembro de 2011. As perdas de substâncias foram mapeadas de acordo com as subunidades anatômicas descritas por Burget e Menick: teto, dorso, lateral, ponta, asa e columela. Foi relatado o número de vezes que cada opção de reconstrução foi utilizada em cada subunidade. O estudo adotou os princípios de subunidades estéticas para reconstrução dos defeitos cutâneos introduzidos por Burget, em que o comprometimento de mais de 50% da subunidade estética implica na reconstrução de toda a unidade.
RESULTADOS
Do total de 96 pacientes, 49 (51%) eram do sexo masculino. A idade média foi 64,7 anos. O tumor mais encontrado foi o carcinoma basocelular (85,2%), seguido do carcinoma espinocelular (5,8%), ceratose actínica (3,9%), elastose solar (2,9%), hiradenoma nodular (0,9%) e acantoma (0,9%). Dos 103 retalhos cutâneos nasais utilizados para reconstrução das 102 perdas de substâncias as subunidades anatômicas mais envolvidas foram, em ordem de frequência: lateral e asa, com 25 (24,5%) casos cada uma; dorso com 22 (21,5%) casos; ponta com 13 (12%) casos; e teto com 3 (1,9%) casos. Catorze (13,7%) casos envolviam mais de uma unidade estética, sendo caracterizados como complexos. Não foi encontrado nenhum caso de neoplasia na columela. Houve envolvimento da pele em 91 casos, da pele e da cartilagem em 5 e da pele associada a cartilagem e mucosa em 6. Das 25 perdas de substâncias laterais, 18 casos foram reconstruídos com retalho de avançamento em V-Y, 4 casos com bilobado, 2 casos com glabelar e 1 caso com glabelar estendido. Das 25 perdas de substâncias na asa do nariz, 11 casos foram reconstruídos com retalho bilobado, 7 casos com V-Y, 6 casos com nasogeniano e 1 caso com frontal. Das 22 perdas de substâncias no dorso, 13 casos foram reconstruídos com retalho glabelar estendido, 4 casos com bilobado, 3 casos com romboide e 1 caso com retalho de avanço em V-Y e 1 caso com frontal. Das 13 perdas de substâncias na ponta, 6 casos foram reconstruídos com retalho bilobado, 4 casos com glabelar estendido, e 3 casos com frontal. Os 3 casos no teto nasal foram reconstruídos com retalho glabelar. Das 14 perdas de substâncias complexas, em 9 (64%) casos foi realizado retalho frontal, em 3 (22%) casos o glabelar estendido, em 1 caso glabelar e em 1 caso foram associados o retalho frontal ao retalho glabelar.
CONCLUSÃO
Neste estudo, apresentamos os mais variados tipos de retalhos utilizados para reconstrução de perdas de substâncias nasais nas mais variadas localizações. O cirurgião plástico deve ter o conhecimento dos variados tipos de retalhos cutâneos devido à crescente incidência de tumores cutâneos nasais. Este estudo e os demais algoritmos existentes na literatura podem auxiliar o cirurgião no sentido de indicar o tratamento cirúrgico mais adequado para a cobertura nasal, sem comprometer a função respiratória e sendo esteticamente aceitável para cada subunidade nasal. O contorno e a anatomia nasal devem ser sempre respeitados em uma reconstrução nasal.
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