Original Article -
Year2011 -
Volume26 -
(3 Suppl.1)
Júnia Lira Carneiro; Renato Rocha Lage; Rimária Hanako Alves Hara; Camila Nunes de Lima Cruzeiro; Cristiane Tavares Ferreira; Felipe Dias Sampaio
INTRODUÇÃO
A reconstrução do esôfago é uma tarefa desafiadora no tratamento de lesões após traumas, câncer, estenoses e outras doenças. Geralmente, o paciente apresenta comprometimento da laringe e da faringe, o que resulta em dificuldades de fala e respiração. A reconstrução ideal deveria permitir deglutição normal, boa fonação e restabelecimento das vias aéreas. Esse tipo de reconstrução não é possível com a tecnologia atual, portanto, a cirurgia nesses casos é considerada paliativa, devolvendo qualidade de vida ao paciente. Neste trabalho, relatamos o caso de um paciente com estenose cáustica de esôfago, submetido à reconstrução microcirúrgica, com transposição de segmento de íleo.
OBJETIVO
Demonstrar o retalho ileal livre microvascularizado como uma boa opção para reconstrução faringoesofagiana.
Figura 1 - Pré-operatório.
Figura 2 - Dissecção de vasos receptores cervicais.
RELATO DO CASO
Relato de caso de paciente com estenose cáustica do esôfago atendido pela Fundação Benjamin Guimarães - Hospital da Baleia, um dos centros de referêcia em microcirurgia em Belo Horizonte, MG. Paciente de 30 anos, sexo masculino, tentou autoextermínio em 2004, com ingestão de solução cáustica. Evoluiu com estenose de laringe, sendo realizadas esofagogastrectomia, esofagostomia, traqueostomia e jejunostomia. Em 2005, o paciente foi submetido a uma transposição de alça de íleo e cólon ascendente, que evoluiu com fístula cervical e desabamento da anastomose. Em 2007, o paciente é submetido a nova interposição de alça de jejuno, com microanastomose vascular, evoluindo com trombose de artéria e veia, levando a isquemia da alça interposta. Em 2008, o paciente foi submetido a nova reconstrução de esôfago, com transplante microvascularizado ileal livre. Apresentou estenose da anastomose cervical, sendo submetido a duas dilatações esofágicas bem sucedidas. Encontra-se atualmente em acompanhamento ambulatorial e com boa ingestão alimentar via oral.
Figura 3 - Segmento ileal (área doadora).
Figura 4 - Anastomose cervical: faringo-ileal com grampeador.
DISCUSSÃO
Há várias técnicas para reconstrução de esôfago após esofagectomia. Os métodos precoces incluem retalhos cervicais locais. Outros tipos de reconstrução incluem a transposição do estômago ou segmento de cólon transverso. Pode-se utilizar também o retalho miocutâneo do grande peitoral. A cirurgia microvascular expandiu muito as opções disponíveis para reconstrução faringoesofagiana. Os retalhos livres mais utilizados são o retalho radial de antebraço em forma de tubo e o retalho jejunal ou ileal.
CONCLUSÃO
O retalho ileal livre microvascularizado é uma ótima opção para reconstrução faringoesofagiana, como foi visto no presente relato de caso.
Figura 5 - Anastomose vascular cervical.
Figura 6 - Alça ileal interposta em região cervical.