Open Access Revisão por pares

Body and Chest - Year2010 - Volume25 - (3 Suppl.1)

Análise de 19 casos de reconstrução de mama operados no HU-USFC no ano de 2009

INTRODUÇÃO

O câncer de mama é um dos mais temidos pelas mulheres, afetando desde jovens até idosas, com alta frequência principalmente após os 35 anos de idade. São amplamente reconhecidos os benefícios psicológicos e a melhora da qualidade de vida das mulheres submetidas à reconstrução da mama.


OBJETIVO

Avaliar as cirurgias realizadas no Hospital Universitário da UFSC para reconstrução de mama no ano de 2009, analisando tipos de cirurgias realizadas e seus resultados.


MATERIAL E MÉTODOS

Foram avaliados, por meio de estudo retrospectivo, prontuários dos pacientes submetidas à reconstrução da mama no Hospital Universitário da UFSC através das técnicas de retalho miocutâneo abdominal transversal (TRAM), uso de expansor/prótese (E/P) e retalho miocutâneo com o músculo grande dorsal e prótese (GD), no período de janeiro de 2009 a dezembro de 2009. Os dados analisados foram: idade, tratamentos prévios, cirurgia para reconstrução da mama com seus fatores de risco, resultados, complicações e tempo de internação.


RESULTADOS

Foram realizadas 19 reconstruções; 9 (47,34%) com o TRAM, 5 (26,33%) com uso de E/P e 5 (26,33%) com GD. Idade média das pacientes foi de 50,48, sendo no TRAM 46,8 anos, GD 49,18 anos e na colocação de expansor foi de 53,46 anos. Tempo de internação médio de 4,2 dias. Treze (75%) pacientes fizeram tratamento coadjuvante pré-operatório. As mamas operadas foram: lado esquerdo 5 (24%) pacientes, lado direito 11 (58%) pacientes e reconstrução de mama bilateral 3 (17%) pacientes. Nas reconstruções com TRAM, 3 (33,3%) tiveram complicações; 1 necrose parcial de retalho, 1 epidermólise de pele irradiada previamente e 1 necrose gordurosa da neomama. Foi usada tela de polipropileno no abdome em 100% dos casos para fechamento da aponeurose. O tempo médio de internação foi 7,6 dias. A idade média foi de 46,8 anos e 66,6% pacientes fizeram tratamento neoadjuvante. Nas reconstruções com uso de E/P, não houve complicações digna de nota. Duas pacientes fizeram a mastectomia e colocação de expansor no mesmo tempo operatório. O tempo médio de internação foi de 1,6 dias e a idade média dos pacientes foi de 53,46 anos; 66% dos pacientes fizeram tratamento neoadjuvantes; 4 (80%) pacientes já realizaram a troca do expansor por implante definitivo, sendo o intervalo médio de 131,25 dias. Nas reconstruções com GD, foram observadas 3 (60%) complicações? 1 (20%) necrose de pele, 1 (20%) seroma em dorso + infecção de ferida operatória do retalho, 1 (20%) epidermólise da neomama. O tempo médio de internação foi de 3,40 dias e dos casos com complicações foi de 3,66 dias. A idade média dos pacientes foi de 49,18 pacientes e, em 100% dos casos, foi realizado tratamento coadjuvante. Quatro pacientes do total das reconstruções realizaram procedimentos complementares como reconstruções do complexo aréolo-papilar, "refinamentos" ou simetrizações nas reconstruções unilaterais. A maioria das pacientes recebe tratamento adjuvante à mastectomia antes da reconstrução. A técnica de reconstrução com GD teve um índice maior de complicações (60%), seguido de reconstrução de TRAM (33,3%) e reconstrução com E/P sem complicações dignas de nota. O tempo de internação foi maior nas pacientes operadas pela técnica de TRAM, com 7,6 dias contra 3,4 dias na técnica de GD, e 1,6 dias na técnica de E/P. Em 100% dos casos operados por TRAM, foi colocada tela de propileno. Perda parcial do retalho, necrose gordurosa da neomama e epidermólise da pele previamente irradiada em área doadora foram as complicações após a reconstrução com TRAM. Necrose de pele previamente irradiada e seroma na área doadora associado à infecção de ferida operatória e também uma epidermólise da neomama foram as complicações na reconstrução com GD. Nas reconstruções por E/P, nesta amostra, não houve complicações dignas de nota, mostrando-se um procedimento com baixa morbidade e um tempo de internação curto. Foram anotadas apenas 2 (6%) reconstruções imediatas e 17 (94%) tardias. Apenas quatro pacientes foram submetidos a procedimentos complementares, como reconstruções do complexo aréolo-papilar, "refinamentos" ou simetrizações nas reconstruções unilaterais, atribui-se a isto o curto tempo de seguimento pósoperatório, sendo estes procedimentos normalmente realizados no serviço em um prazo mais longo.


CONCLUSÃO

No HU-UFSC, durante o ano de 2009, predominaram as reconstruções de mama com a técnica de TRAM (47,34%) e colocação da tela de polipropileno para auxiliar no fechamento da parede abdominal, sendo operadas pacientes com idade média de 50,48 anos. Houve predomínio das reconstruções tardias. A maioria dos pacientes (75%) realizou tratamento coadjuvante no pré-operatório. A maior incidência de complicações (60%) foi na técnica de reconstrução com GD. A reconstrução com E/P foi a que apresentou o menor tempo médio de internação (1,6 dias) e a menor incidência de complicações, porém com necessidade de tratamento subsequente para colocação do implante definitivo, num intervalo médio de 131,25 dias.