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Skull, Face and Neck - Year2010 - Volume25 - (3 Suppl.1)

INTRODUÇÃO

Estudos têm demonstrado que a posição dos forames mandibulares (FMA) pode variar em diferentes grupos étnicos.


OBJETIVO

Avaliar a localização e a variação anatômica dos FMA em mandíbulas secas de brasileiros, correlacionando a posição desta estrutura com pontos de referência anatômica da mandíbula.


MATERIAL E MÉTODOS

Para o estudo do FMA, foram selecionadas 38 mandíbulas adultas humanas secas do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Bahia e do Departamento de Antropometria do Instituto Médico Legal Nina Rodrigues. Os dados mensurados foram área, comprimento e largura do FMA, bem como as seguintes distâncias: 1) língula - A; 2) vértice - A; 3) A - P; 4) língula - P; 5) língula - I; 6) vértice - I; 7) vértice - gônio (Go); 8) eixo - vértice; 9) vértice - plano oclusal; 10) I - (Go). Para o estudo do forame mentual (FME), a amostra foi constituída por 130 mandíbulas humanas adultas secas divididas em dois grupos (grupo 1 - mandíbulas dentadas, n = 107; grupo 2 - mandíbulas edentadas, n = 23). Foram realizadas mensurações das distâncias lineares horizontais e verticais entre os pontos de referência anatômica e o FME, bem como as dimensões verticais, horizontais e a área do forame mentual, em ambos os lados de cada mandíbula. Determinou-se, ainda, a posição do forame mentual em relação aos dentes e à direção do maior eixo do forame, classificando-a como horizontal, vertical, oblíqua ascendente e oblíqua descendente. As mandíbulas foram fotografadas com a utilização de câmera digital acoplada a um suporte estático. As imagens foram gravadas no formato JPEG (Joint Photographic Experts Group). As mensurações foram realizadas utilizando-se o software de domínio público ImageJ 1.42q.


RESULTADOS

Os resultados para a mensuração das áreas dos FMA direitos tiveram uma média de 38,90 mm2 (C 15,14), coeficiente de variação (CV) de 38,92%; já as áreas dos forames esquerdos tiveram uma média de 37,32 mm2 (±19,60) e coeficiente de variação (CV) 52,52%; demonstrando um coeficiente de correlação de Pearson (r) de 0,5586 e p = 0,5636. A medida das larguras dos forames direitos mostrou uma média de 5,87 mm (DP = 1,32; CV = 22,49%); enquanto para o lado esquerdo a média foi de 5,73 mm, com DP de 2,04 e CV de 35,6% (r = 0,4230; p = 0,0089). A medida da altura dos forames direitos mostrou uma média de 9,4 mm com DP de 2,15 e CV de 22,87%; as alturas dos forames esquerdos mostraram uma média de 9,73 mm, DP = 2,32 e CV = 23,84%, (r = 0,4829 e p = 0,3761). Para o FME avaliou-se a posição do forame mentual em relação à dentição nas mandíbulas dentadas. A posição mais prevalente de todos os FME foi abaixo do 2 pré-molar com 41,1%. Enquanto que nos forames do lado direito, especificamente, abaixo da região entre o 1 e 2 pré-molar foi a posição mais frequente, 39,2% dos casos. Para a variável eixo do FME, tanto nas mandíbulas dentadas como edentadas, o eixo horizontal foi o mais prevalente, com 63,1% e 91,3%, respectivamente. Nas mensurações realizadas, constatouse que não houve diferença estatisticamente significante entre o lado esquerdo e o direito das mandíbulas. Quando comparadas as medidas das mandíbulas dentadas com as edentadas, percebemse notórias discrepâncias. A mensuração MIM-MIA, tanto do lado esquerdo quanto do direito, são menores nos espécimes edentados do que nos dentados, confirmados em ambos (p<0,0001). Nas mandíbulas dentadas, os valores da FM-MIA esquerda e direita foram 11,76±5,75 e 11,01±3,9, respectivamente. No entanto, nas edentadas, FM-MIA esquerda e direita foram, respectivamente, 4,38±2,36 e 5,9±3,23. As diferenças encontradas entre o FM-MIA das dentadas e edentadas foi estatisticamente significantes nos dois lados (p<0,0001). A menor medida MIM-MIA das mandíbulas edentadas em relação às dentadas é resultado, principalmente, da diferença da medida FM-MIA entre os espécimes. Essa análise pode ser ratificada pela mensuração MIM-FM, que não resultou em diferenças estatisticamente significantes entre as dentadas e edentadas nos dois lados da mandíbula. Outras mensurações, cujas diferenças entre as mandíbulas dentadas e edentadas foram estatisticamente significantes em ambos os lados, foram a altura do FM e SM-MPR.


Figura 1 - I: ponto mais inferior da incisura mandibular; L: língula; V: vértice; Go: ponto mais inferior do ângulo mandibular; P - ponto posterior do ramo (determinado pelo tangeciamento da porção mais anterior da concavidade posterior do ramo mandibular por uma paralela à reta que passa pela porção posterior do côndilo e do ângulo mandibular). PO: plano oclusal dos molares. Eixo: determinado pela linha paralela à reta que passa pela porção posterior do côndilo e do ângulo que passa pelo ponto I.



CONCLUSÃO

Este estudo traz informações relevantes sobre a localização do FM e suas relações com estruturas adjacentes em brasileiros. A variabilidade encontrada reforça a necessidade do conhecimento anatomotopográfico do FM em cada grupo populacional, para evitar injúrias neurovasculares, facilitar bloqueios anestésicos e realizar procedimentos invasivos com segurança.

 

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