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Prezado Editor,
Avaliei com entusiasmo o artigo intitulado “Série temporal das internações hospitalares por queimaduras em pacientes pediátricos na Região Sul do Brasil no período de 2016 a 20201”. Em minha opinião, é um excepcional manuscrito que será prestigiado cada vez mais pelos leitores.
O artigo evidencia e analisa os casos de hospitalizações por queimaduras na faixa etária de 0 a 14 anos, que ocorreram entre 2016 a 2020, nos estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná. Esse é um tema muito importante para debate, pois a prevenção de queimaduras em crianças deve ser feita por adultos, sejam eles os pais ou demais responsáveis.
Entretanto, gostaria de complementar em relação à pandemia da COVID-19, que se estabeleceu no ano de 2020 no Brasil, e a qual não foi elencada no artigo. Entre os anos analisados, o estudo demonstrou que o segundo maior número de internações hospitalares ocorreu em 2020, sendo que tal fato pode estar relacionado ao isolamento social ocorrido neste ano. Segundo uma revisão literária sobre o tema, a maior parte das queimaduras ocorrem em domicílio2. Nesse sentido, devido à quarentena, muitas creches e escolas foram fechadas, acarretando numa maior presença das crianças em suas casas. Além disso, dentre as medidas fornecidas pelo Ministério da Saúde, estava o estímulo ao uso de álcool para higienização de mãos e objetos3.
Contudo, conforme os próprios autores citaram, o álcool líquido é a segunda principal causa de queimadura na faixa pediátrica. Visto isso, também é importante salientar que a comercialização do álcool 70% no Brasil era vedada desde 2002. Todavia, frente ao estado de emergência de saúde vivido recentemente, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) autorizou que esse produto voltasse ao comércio4.
Espero que esta explicação tenha sido capaz de mostrar a provável influência da pandemia nos números de internações por queimaduras em 2020.
REFERÊNCIAS
1. Souza TG, Souza KMD. Série temporal das internações hospitalares por queimaduras em pacientes pediátricos na Região Sul do Brasil no período de 2016 a 2020. Rev Bras Cir Plást. 2022;37(4):438-44.
2. Cruz BF, Cordovil PBL, Batista KNM. Perfil epidemiológico de pacientes que sofreram queimaduras no Brasil: revisão de literatura. Rev Bras Queimaduras. 2012;11(4):246-50.
3. Oliveira WKD, Duarte E, França GVAD, Garcia LP. Como o Brasil pode deter a COVID-19. Epidemiol Serv Saúde. 2020;29(2):e2020044.
4. Silva SA, Ribeiro DRND, Guimarães GMS, Melo Neto DX, Braga PS, Cruvinel SS, et al. Impacto da quarentena pela COVID-19 no perfil epidemiológico de queimados em Minas Gerais, Brasil. Rev Bras Queimaduras. 2020;19(1):2-10.
1. Universidade do Sul de Santa Catarina, Tubarão,
SC, Brasil
Autor correspondente: Cintia de Souza Borges Av. José Acácio Moreira, 787, Dehon, Tubarão, SC, Brasil, CEP: 88704-900, E-mail: cintiabs014@gmail.com
Artigo submetido: 29/01/2024.
Artigo aceito: 08/02/2024.
Conflitos de interesse: não há.
Instituição: Universidade do Sul de Santa Catarina, Curso de Medicina, Tubarão, SC, Brasil.
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