INTRODUÇÃO
Ao longo da história da cirurgia plástica, várias técnicas de mamoplastia redutora
e
mastopexia foram descritas. No início do século XX, Lexer (1912) e Kraske (1923)
iniciaram a prática da redução das mamas, por meio de ressecções em bloco. Em
1925,
Passot aplicou o método de grande descolamento e transposição do complexo
areolopapilar (CAP)1. Tal procedimento foi
adaptado para mamas menores, por Gilles e McIndoe (1939). O grande avanço, contudo,
ocorreu quando Schwartzman publicou, em 1930, um novo conceito para realização
de
mamoplastias redutoras, de modo a preservar a derme periareolar - mantendo assim
a
vascularização da aréola. A partir da década de 1950, a mamoplastia redutora vive
sua época áurea com Arie (1956), Stromberck (1960), Pitanguy (1961),
Dufoumentel-Moly (1961), Skoog (1963)2. Em
1975, Ribeiro, et al., iniciaram as mamoplastias realizadas por
meio da técnica de pedículos com base inferior, contribuindo assim muito para
o
avanço das mastopexias. A partir de então, outros procedimentos foram sendo
aperfeiçoados para a redução e pexia das mamas3.
Sobre a mastopexia/mamoplastia redutora com abordagem vertical, o conceito de
ressecção de pele e de tecido mamário pode ser considerado tridimensional:
unidimensional se referindo à remoção de pele periareolar; bidimensional incluindo
os componentes periareolar e vertical; ou tridimensional ao incluir os componentes
periareolar, vertical e horizontal (cicatriz em T, J, L ou T longa)4.
OBJETIVO
O objetivo do presente estudo é realizar uma revisão da técnica de mastopexia e
redução mamária pela técnica vertical, inicialmente descrita por Arie, avaliar
os
resultados a médio e longo prazo, e sistematizar o procedimento.
MÉTODO
Pesquisa nas bases de dados Pubmed, Bireme e Scielo.
Sistematização da técnica cirúrgica:
1) Marcação
2) Infiltração
3) Desepitelização
4) Lipoaspiração
5) Excisão cirúrgica e criação de uma nova elevação mamária
RESULTADOS
De acordo com a sistematização da técnica e da pesquisa em bancos de dados, os
autores puderam observar uma boa evolução pós-operatória e satisfação das pacientes
(conforme Figuras 1, 2 e 3).
Figura 1 - Foto de pré-operatório, à esquerda. Pós-operatório de 1 ano à
direita.
Figura 1 - Foto de pré-operatório, à esquerda. Pós-operatório de 1 ano à
direita.
Figura 2 - Foto de pré-operatório, à esquerda. Pós-operatório de 1 ano à
direita.
Figura 2 - Foto de pré-operatório, à esquerda. Pós-operatório de 1 ano à
direita.
Figura 3 - Foto de pré-operatório, à esquerda. Pós-operatório de 1 ano à
direita.
Figura 3 - Foto de pré-operatório, à esquerda. Pós-operatório de 1 ano à
direita.
DISCUSSÃO
A mamoplastia redutora com abordagem vertical, usando o pedículo superior ou inferior
de Liacyr, tem a vantagem de uma melhor projeção de longo prazo das mamas, como
também deixa menos cicatrizes em comparação com as técnicas de redução de mama
em T
invertido5. Acreditamos que é a ressecção
em cunha inferior do tecido mamário redundante que contribuiu para a ptose de
mama e
subsequente sutura dos pilares mediais e laterais que resultam em cone da mama
e são
responsáveis pela forma a longo prazo.
Três medidas devem ser avaliadas em cada visita pós-operatório: a menor distância
entre a borda inferior da clavícula e a posição pós-operatória planejada da borda
superior do CAP; a menor distância entre a borda inferior da clavícula e o mamilo;
e
a distância entre o sulco inframamário e a borda inferior do CAP6. Comparado com as marcações da pele no
pré-operatório, o CAP foi localizado significativamente mais alto tanto no
acompanhamento a curto prazo quanto no acompanhamento a longo prazo. Podemos
atribuir o movimento superior do complexo areolopapilar à excisão de tecido mamário
dos polos central e inferior, o que reduz a força exercida pelo tecido mamário
remanescente, incluindo o CAP, e permite o recolhimento elástico da pele do polo
superior. Além disso, a sutura dos pilares medial e lateral produz remodelagem
da
mama e empurra o mamilo superiormente. Após 3 anos, a distância entre o sulco
inframamário inferior e a borda inferior do CAP foi significativamente menor,
confirmando que não ocorre pseudoptose após mamoplastia de redução com abordagem
vertical7.
CONCLUSÃO
A técnica de mamoplastia redutora com abordagem vertical apresenta boa
aplicabilidade, tanto em mamas de volume expressivo, bem como para correção de
mamas
com volumes menores. O presente estudo ressalta a importância do diagnóstico
pré-operatório para a adequada indicação e abordagem cirúrgica. A manutenção do
preenchimento do colo mamário por mais tempo pode ser atribuída à utilização do
pedículo inferior (pedículo de Liacyr tipo I).
REFERÊNCIAS
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an inferior dermal pedicle. Plast Reconstr Surg. 1977 Jan;59(1):64-7. PMID:
831241 DOI: https://doi.org/10.1097/00006534-197701000-00011
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pedicle technique. An alternative to free nipple and areola grafting for severe
macromastia or extreme ptosis. Plast Reconstr Surg. 1977 Apr;59(4):500-7. PMID:
847026 DOI: https://doi.org/10.1097/00006534-197704000-00004
3. Georgiade NG, Serafin D, Morris R, Georgiade G. Reduction
mammaplasty utilizing an inferior pedicle nipple-areolar flap. Ann Plast Surg.
1979 Sep;3(3):211-8. DOI:
https://doi.org/10.1097/00000637-197909000-00003
4. Saldanha OR, Maloof RG, Dutra RT, Luz OAL, Saldanha Filho O,
Saldanha CB. Mamaplastia redutora com implante de silicone. Rev Bras Cir Plást.
2010;25(2):317-24.
5. Bezerra FJF, Moura RMG, Silva Júnior VV. Mamoplastia redutora e
simetrização de mama oposta em reconstrução mamária utilizando a técnica de
pedículo inferior. Rev Bras Cir Plást. 2007;22(1):52-9.
6. Wallace WH, Thompson WO, Smith RA, Barraza KR, Davidson SF, Thompson
JTII. Reduction mammaplasty using the inferior pedicle technique. Ann Plast
Surg. 1998 Mar;40(3):235-40. DOI:
https://doi.org/10.1097/00000637-199803000-00007
7. Arié G. Una nueva técnica de mastoplastia. Rev Latinoam Cir Plast.
1957;3(1):23-31.
1. Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre,
Independência, Porto Alegre, RS, Brasil.
2. Universidade Federal de Ciências da Saúde de
Porto Alegre, Centro Histórico, Porto Alegre, RS, Brasil.
Endereço Autor: Thiago Melo de Souza, Rua Campos
Velho, Bairro Cristal, Porto Alegre, RS, Brasil. CEP 90820-000. E-mail:
thiagosouza.md@gmail.com