ISSN Online: 2177-1235 | ISSN Print: 1983-5175

Previous Article Next Article

Articles - Year2019 - Volume34 - (Suppl.3)

http://www.dx.doi.org/10.5935/2177-1235.2019RBCP0162

RESUMO

Introdução: Opções para o rejuvenescimento facial tem sido um dos assuntos mais discutidos nas últimas décadas. O objetivo deste estudo é demonstrar uma abordagem na cirurgia da face, com conceitos mais conservadores, porém que atenda e solucione de forma efetiva e duradoura as solicitações dos pacientes, visando sempre um menor dano cirúrgico.
Método: Foram analisados o resultado de 50 casos de pacientes operadas pela técnica descrita, entre janeiro de 2005 a maio de 2019.
Resultados: Os pacientes obtiveram um alto grau de satisfação, um menor tempo de recuperação, retorno precoce as suas atividades habituais e baixos índices de complicações.
Conclusões: Procedimentos cirúrgicos pouco invasivos, menos extensos, com tempo de recuperação mais curto e minimização de complicações, têm atualmente sido mais solicitados pelos pacientes candidatos à ritidoplastia facial; e, a técnica descrita neste trabalho, mostrou-se segura e uma opção viável para o tratamento do envelhecimento facial.

Palavras-chave: Ritidoplastia; Envelhecimento da pele; Complicações pós-operatórias; Face; Rejuvenescimento; Retalhos cirúrgicos


INTRODUÇÃO

O crescente aumento da expectativa de vida mundial e a incessante busca por um envelhecimento saudável, com melhora da autoestima e qualidade de vida, tem resultado em uma procura cada vez maior por procedimentos de rejuvenescimento da face. Na última década tem-se observado uma procura cada vez maior por tratamentos complementares, como os preenchimentos, toxina botulínica, peeling, dentre outros; devido às suas pequenas taxas de complicações, resultados mais imediatos e tempo de recuperação mínimo. Todavia, a utilização de procedimentos estéticos não cirúrgicos não pode e nem deve substituir a cirurgia, uma vez que ambos apresentam particularidades nas suas indicações e vantagens distintas. Desta forma, procedimentos cirúrgicos pouco invasivos, menos extensos, com tempo de recuperação mais curto e minimização de complicações, têm atualmente sido mais solicitados pelos pacientes candidatos à ritidoplastia facial.

OBJETIVO

O objetivo deste estudo é demonstrar uma abordagem na cirurgia da face, com conceitos mais conservadores, porém que atenda e solucione de forma efetiva e duradoura as solicitações dos pacientes, visando sempre um menor dano cirúrgico. Para isto apresentaremos uma análise dos casos de 50 pacientes operados pela técnica de ritidoplastia sem descolamento resultante, associada ao descolamento tunelizado do retalho, utilizando divulsores bifacetados de Dilson Luz, para tratamento do envelhecimento facial.

MÉTODO

Trata-se de um estudo retrospectivo, descritivo e longitudinal; onde foram analisados retrospectivamente os resultados obtidos com 50 pacientes operados pela técnica proposta, entre 2005 e 2019.

Técnica cirúrgica

Todos os pacientes foram operados em centros cirúrgicos. Com o paciente em decúbito dorsal horizontal após a realização da anestesia geral, é realizada a infiltração local com solução padrão contendo lidocaína a 0,5% e adrenalina 1:200.000. Apenas quando indicado, inicia-se o procedimento com a lipoaspiração para melhor definição do contorno mandibular, com a confecção de três incisões para inserção da cânula de 2,0mm com dois furos unidirecionais, distribuídos em região retroauricular, pré-auricular e submentoniana.

Após a lipoaspiração, são realizadas as incisões na pele contornando-se as proeminências e chanfraduras das orelhas, com aprofundamento na região do tragus, para torná-lo mais evidente e estendendo-se cerca de 4cm posteriormente para a região capilar, unindo-se em uma linha imaginária horizontal na altura da linha dos olhos. O descolamento inicial é realizado de forma mais tradicional com tesoura, porém estende-se apenas em um raio máximo de quatro centímetros ao redor da orelha. A seguir, o descolamento do retalho facial do segmento médio e cérvico-mandibulares é realizado com divulsores bifacetados de números 1 e 2 (Figura 1), mantendo íntegra as conexões vásculo-nervosas da pele com o plano subjacente, porém promovendo grande mobilidade ao retalho devido à tunelização proporcionada pela passagem dos divulsores (Figura 2). Quando indicada a smasectomia pode ser realizada seguindo os conceitos da técnica convencional. Após isto, é realizada a ressecção da pele excedente, sem tensão, a fim de evitar retrações e cicatrizes hipertróficas.

Figura 1 - Descolamento tunelizado do retalho facial, utilizando dilatadores bifacetados de Dilson Luz.

Figura 2 - Aspecto final após o descolamento do retalho facial. Formação das tunelizações e manutenção de trabéculas contendo as estruturas vásculo-nervosas.

Procedimentos complementares como blefaroplastias, lobuloplastias, rinoplastias e autoenxertos de gordura quando indicados, podem ser realizados sem restrições.

RESULTADOS

Foram operados pela técnica cirúrgica apresentada, 50 pacientes, no período de janeiro de 2005 a maio de 2019. Destes pacientes 3 eram do sexo masculino e 2 eram tabagistas. A idade média oscilou entre 47 e 66 anos, com média de 56,5 anos. O tempo médio de transoperatório foi de 3 horas. Não foram observados casos de paralisia de ramos do nervo facial, necrose ou infecção de pele. Desta forma, observou-se que os pacientes submetidos à ritidoplastia sem descolamento resultante apresentaram um menor tempo cirúrgico e uma melhor recuperação pós-operatória, com menor tempo de internação e menores taxas de complicações.

A complicações observadas neste estudo, foram 2 casos de hematoma leve e 1 caso de epidermólise leve em pele de região retroauricular em paciente tabagista. Nenhuma das complicações citadas tiveram a necessidade de abordagem cirúrgica (Figuras 3 e 4).

Figura 3 - Ritidoplastia sem descolamento resultante. Imagens sequenciais em visão frontal de pré-operatório, 1 mês de pós-operatório e 1 ano de pós-operatório.

Figura 4 - Ritidoplastia sem descolamento resultante. Imagens sequenciais em visão de perfil direita de pré-operatório, 1 mês de pós-operatório e 1 ano de pós-operatório.

Observamos uma evolução pós-operatória mais confortável, com menor área de equimose e diminuição no período de edema. O retorno as atividades habituais variaram de 8 a 14 dias, com média de 11 dias. A sensibilidade em região pré-auricular foi percebida em torno do 14º dia de pós-operatório. Outro ponto destacado foi a preservação do trofismo e da viscosidade da pele após o procedimento.

Notamos também uma boa preservação da satisfação das pacientes com o resultado estético, com o seguimento de controle de 5 anos após o ato cirúrgico, conforme exemplificado nas Figuras 5 e 6.

Figura 5 - Ritidoplastia sem descolamento resultante. Imagens de pré-operatório e 5 anos de pós-operatório.

FIGURA 6 - RITIDOPLASTIA SEM DESCOLAMENTO RESULTANTE. IMAGENS DE PRÉ-OPERATÓRIO E 5 ANOS DE PÓS-OPERATÓRIO.

DISCUSSÃO

A extensa procura e divulgação dos procedimentos de cosmiatria, tem revelado um perfil crescente de pacientes que buscam resultados satisfatórios com técnicas cada vez menos “agressivas” e menos invasivas. A proposta cirúrgica descrita vai ao encontro desta tendência mundial por se tratar de uma técnica mais conservadora, porém não limitar as abordagens complementares da ritidoplastia tradicional, pois permite a tração e plicatura do SMAS e platisma, tratamento da cauda do supercílio, lipoaspiração e/ou lipoenxertia, quando necessário.

Esta técnica se baseia no fato de o tecido subcutâneo facial ser dividido por septos em subunidades que possuem irrigação e inervação independentes, sendo assim importante, a conservação desta vascularização e inervação para uma perfeita irrigação e sensibilidade da face no pós-operatório imediato. Desta forma, o descolamento efetivo do retalho com o uso de divulsores, minimiza a ruptura vásculo-nervosa e promove ampla mobilidade do retalho e diminuição efetiva do sangramento e do sofrimento da pele.

CONCLUSÃO

A ritidoplastia sem descolamento resultante, destaca-se como uma opção reprodutível no tratamento cirúrgico para o rejuvenescimento facial, com baixos índices de complicações e resultados estéticos satisfatórios e duradouros. A técnica proposta usa conceitos conservadores, com resultados naturais, além de permitir diminuir o tempo cirúrgico, e proporcionar uma melhor recuperação com retorno precoce do paciente ao convívio social e suas atividades laborais.

REFERÊNCIAS

1. Guimarães GCG, Guimarães MG. Ritidoplastia com tunelização associada a lipoaspiração e descolamento reduzido. Rev Bras Cir Plást. 2017;32(4):472-9.

2. Daher M. Lipofacelift: plástica facial com descolamento mínimo da pele. Rev Bras Cir Plást. 2009;24(4):479-87.

3. Menezes MVA, Abla LEF, Dutra LB, Junqueira AE, Ferreira LM. Avaliação dos resultados do mini-lifting modificado: estudo prospectivo. Rev Bras Cir Plást. 2010;25(2):285-90.

4. Luz DF, Wolfenson M, Figueiredo J, Didier JC. Full-face undermining using progressive dilators. Aesthetic Plast Surg. 2005 Apr;29(2):95-9. DOI: http://dx.doi.org/10.1007/s00266-003-0131-9

5. Saldanha OR, Azevedo SFD, Saldanha Filho OR, Saldanha CB, Chaves LO. Ritidoplastia com descolamento composto. Rev Bras Cir Plást. 2010;25(1):135-40.











1. Universidade Federal do Ceará, Benfica, Fortaleza, CE, Brasil.
2. Hospital Universitário Walter Cantídio, Rodolfo Teófilo, Fortaleza, CE, Brasil.

Endereço Autor: Alana D’Avila Rebelo, Rua Prof. Costa Mendes, 1608, 3º Andar, Bloco Didático, Rodolfo Teófilo, Fortaleza, CE, Brasil. CEP: 60430140. E-mail: Alanads@hotmail.com

 

Previous Article Back to Top Next Article

Indexers

Licença Creative Commons All scientific articles published at www.rbcp.org.br are licensed under a Creative Commons license