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                        Relato de caso: paraplegia após anestesia peridural em reconstrução mamária
                    
                    RESUMO
O carcinoma adenóide cístico é uma neoplasia maligna rara de crescimento lento, caracterizada por prognóstico reservado, devido a sua agressividade e grande potencial recidivante. Neste relato, apresentamos uma paciente portadora de carcinoma adenoide cístico em maxila, submetida a ressecção cirúrgica com margens amplas e reconstrução da maxila com tela de titânio. Evoluiu com deiscência de ferida e exposição de tela, sendo utilizado o retalho de musculo temporal para cobertura de defeito no terço médio da face. Devido a complexa configuração da maxila, a reconstrução dos defeitos pós-excisionais ainda representam um desafio para os cirurgiões plásticos e cirurgiões de cabeça e pescoco.
Palavras-chave: Carcinoma adenoide. Maxila. Cirurgia Reconstrutora. Músculo Temporal. Retalhos
INTRODUÇÃO
A cirurgia plástica é realizada sob várias formas de anestesia, e é uma preocupação dos pacientes que serão submetidos a procedimentos cirúrgicos1. Alguns procedimentos apresentam indicação variada de métodos anestésicos, e a escolha é realizada pelo anestesista no momento do ato operatório2.
A associação de agentes e técnicas anestésicas tem sido utilizada para diminuir os impulsos nociceptivos no intra e pós-operatório, diminuindo a morbidade e a mortalidade.3 Foi demonstrado que a analgesia peridural proporciona controle superior da dor em comparação com opioides intravenosos após grandes procedimentos cirúrgicos, e ressulta em menor tempo de hospitalização.4
O risco relativo de lesão neurológica permanente após peridural, diante de alguns estudos realizados, varia de 0 a 7,6:10.000 anestesias5.
OBJETIVO
O objetivo deste relato é apresentar a intercorrência de uma paciente com sarcoma de mama submetida à reconstrução mamária sob anestesia peridural, que evoluiu com paraplegia permanente associada a lesões por pressão.
RELATO DE CASO
Paciente M.R.S., sexo feminino, 79 anos, submetida à mastectomia à esquerda por sarcoma e reconstrução mamária com retalho latíssimo do dorso associada à prótese. Hipertensa, diabética, negava tabagismo e etilismo. Como história médica prévia, relatava fratura vertebral, colecistectomia laparatômica, cirurgia biliodigestiva, histerectomia total e dois partos vaginais.
Durante ato anestésico, o qual foi bastante laborioso, devido a presença de fratura em corpo vertebral T12, paciente apresentou lesão de canal medular (confirmado pela RM), evoluindo com paraplegia, parestesia e perda das sensibilidades tátil, de pressão e de temperatura nos membros inferiores.
Essa apresentação clínica motivou a avaliação imediata da Neurocirurgia e Radiologia. Após evidência de lesão neurológica, foi optado por laminectomia de T10 a L1.
Exames realizados em pós-operatório: tomografia de colunas torácica e lombar evidenciando aspecto semelhante com relação às RMs prévias sugerindo fratura crônica em T12; RM de colunas torácica e lombar demonstrando lesão do cordão medular distal.
Paciente permanece com o mesmo, evoluindo com lesões por pressão em regiões sacral e coccígea. Atualmente, mantém acompanhamento com serviços de Mastologia, Cirurgia Plástica e Neurocirurgia.
DISCUSSÃO
A paciente apresentada desenvolveu alterações neurológicas incomuns, fora da expectativa rotineira quanto à anestesia peridural.
A reconstrução mamária após mastectomia se tornou uma parte importante do tratamento integral de pacientes com câncer de mama, diminuindo deformidades e melhorando a qualidade de vida. A incidência varia de país e hospitais, sendo estimada, nos Estados Unidos, em 8,3% em um ano.
As ressecções mamárias associadas à reconstrução com retalhos musculocutâneos são cirurgias de grande porte, que exigem analgesia eficiente para controle da dor no pós-operatório4.
A segurança dos pacientes é uma preocupação sempre presente em todos os procedimentos anestésicos e cirúrgicos realizados. Isto, aliado à negativa de alguns pacientes frente à proposta de uma anestesia geral, faz pensar em um procedimento seguro para oferecer em substituição a esta técnica. A peridural tem sido realizada com sucesso para realização de procedimento cirúrgicos, diagnósticos e analgésicos, associada ou não a anestesia geral. Esta técnica tem benefícios marcantes no controle da dor, demonstrando ser uma técnica segura, porém não isenta de complicações.
CONCLUSÃO
Considera-se a anestesia peridural segura para cirurgias da parede torácica e abdominal, promovendo anestesia cirúrgica e analgesia importantes, sendo boa alternativa associada à anestesia geral; no entanto, não é isenta de complicações exigindo indicação precisa e cuidados ao realizar a técnica.
REFERÊNCIAS
1. Batista KT, Schwartzman UPy. Complicações anestésicas em cirurgia plástica e a importância da consulta pré-anestésica como instrumento de segurança. Rev Bras Cir Plást. 2013; 28(3):8.
2. Manica J, et al. Anestesiologia: príncipios e técnicas. 3 ed. Editora ArtMed; 2011.
3. Schnaier TB, Vieira AM, Castilho DG, et al. Analgesia em procedimentos cirúrgicos de câncer de mama com bloqueio interpleural. Rev Dor. 2010; 11(1):5-11.
4. Correl DJ, et al. Epidural analgesia compared with intravenous morphine patient controlled analgesia: postoperative outcome measures after mastectomy with immediate TRAM flap breast reconstruction. Reg Anesth Pain Med; 2001.
5. Souza RL, Andrade LOF, Silva JB, Silva LAC. Hematoma neuroaxial após bloqueio peridural. É possível prevenir ou detectar? Relato de dois casos. Reva Bras Anest. 2011; 61(2):221-4. doi: 10.1590/S0034-70942011000200011.
         1. Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de
      Fora, MG, Brasil.
         2. Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica,
      Minas Gerais, MG, Brasil.
Endereço Autor: Paula Valente da Silva Rua Luz Interior, 500/603, bloco 3, Estrela Sul - Juiz de Fora, MG, Brasil CEP: 36030-776 E-mail: paulavalentemedcp@gmail.com



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