INTRODUÇÃO
O câncer de mama é afecção com graves repercussões na qualidade de vida da mulher
e
um dos tipos de neoplasia que mais avança no Brasil, trazendo significativo impacto
na saúde da mulher1,2. Como forma de minimizar os aspectos negativos
do tratamento oncológico na vida das pacientes, existem diversas opções de
reconstrução mamária, sendo as terapias imediatas as com melhores efeitos em curto
prazo para as pacientes e as mais utilizadas2,3. Todavia, a
reconstrução mamária é desafiadora por diversos motivos, desde a complexidade das
cirurgias, as diversas etapas necessárias e fatores intrínsecos de cada ser. O
cirurgião plástico deve, portanto, buscar devolver a paciente o mais próximo
possível da sua anatomia a fim de atingir resultados positivos em seus
procedimentos4,5. Nesse contexto, apresentamos a régua de
mamoplastia de Pessoa como forma de planejamento das marcações cirúrgicas nas
cirurgias de reconstrução mamária.
OBJETIVO
Apresentar a régua de mamoplastia de Pessoa como opção para cirurgias reparadoras
oncológicas de mama.
MÉTODO
Foi confeccionada régua de 22 cm em seu maior comprimento, 8 cm na sua maior largura
e pontos de referência internos com 6 cm e 4 cm de largura; distando estes a 4 cm
e
a 8 cm de comprimento do ponto P1 da régua (Figura 1). Foi demonstrada em paciente operada para simetria contralateral de
mama no mutirão nacional de reconstrução mamária promovido pela SBCP em setembro de
2018 (Figuras 2 e 5).
Figura 1 - Régua para mamoplastia de Pessoa. Legenda na imagem dos pontos P de
Pessoa.
Figura 1 - Régua para mamoplastia de Pessoa. Legenda na imagem dos pontos P de
Pessoa.
Figura 2 - Paciente com exemplo de planejamento inicial no pré e pós-operatório
de 6 meses.
Figura 2 - Paciente com exemplo de planejamento inicial no pré e pós-operatório
de 6 meses.
Figura 3 - Paciente com exemplo de planejamento inicial no pré-operatório e pós
de 6 meses, visão oblíqua.
Figura 3 - Paciente com exemplo de planejamento inicial no pré-operatório e pós
de 6 meses, visão oblíqua.
Utilizando a fórmula para o cálculo do volume do cone
V
=
π
.
r
2
3
.
h
, em que h será a distância do complexo
aréolo-papilar para o sulco mamário inferior e r a metade da base
mamária calculada a nível entre o 3º e 4º espaço intercostal e entre a linha axilar
anterior e a 1 cm da linha médio-esternal, chega-se à estimativa do volume da mama
atual. Dessa maneira, pode-se prever o novo volume mamário com a definição de uma
nova altura h após a mamoplastia (Figura 4).
Figura 4 - Exemplo de uso da marcação única com régua de Pessoa em paciente não
oncológica.
Figura 4 - Exemplo de uso da marcação única com régua de Pessoa em paciente não
oncológica.
RESULTADOS
Paciente submetida anteriormente a mastectomia direita e reconstrução de mama com
retalho de músculo grande dorsal e prótese mamária de 325 cc, perfil moderado,
desejava procedimento complementar de simetria da mama esquerda cujo volume estimado
era de 452,39 cc (h = 12 cm e r = 6 cm). Após
procedimento de mamoplastia redutora com as marcações conforme a régua, em que a
distância de P1 para o sulco mamário inferior ficou definida em 8cm (novo
h), chega-se a um volume estimado de 301,59 cc, volume esse
dentro dos valores considerados para uma mama esteticamente agradável5. A paciente, após 3 meses do procedimento,
mostra-se satisfeita com a mama apenas aguardando complementação com
micropigmentação na mama direita.
DISCUSSÃO
O planejamento baseado em cálculos matemáticos permite estratégias operatórias com
resultados mais previsíveis4,5. Para as pacientes com câncer de mama, isso
pode impactar positivamente na qualidade de vida, uma vez que o sucesso na
reconstrução traz esse incremento3.
Concordamos no que Spear, 1998, diz quanto a se valer de grande
arsenal de técnicas para a prática profissional6 e acreditamos que o uso da régua de mamoplastia permite um acesso à
mama respeitando a anatomia da paciente sem eliminar a possibilidade de uso dos
diversos tipos de retalhos e pedículos mamários descritos5.
Esse trabalho chama a atenção para a necessidade de uma aproximação menos baseada
na
subjetividade quando se aborda a cirurgia reparadora de mama, apesar dos dados ainda
preliminares de estudo maior em produção.
CONCLUSÃO
A padronização de marcação única permite maior segurança e previsibilidade para o
cirurgião plástico nessa complexa área da reconstrução mamária, potencializando o
objetivo de fornecer maior qualidade de vida às pacientes.
REFERÊNCIAS
1. Markovic A, Pessoa SGP. Análise da participação de hospital
universitário em um mutirão nacional de reconstrução mamária. Rev Bras Cir
Plást. 2018; 33(3):305-11.
2. Cammarota MC, Galdino MCA, Lima RQ, Almeida CM, Ribeiro Junior I,
Moura LG, et al. Avaliação das simetrizações imediatas em reconstrução de mama.
Rev Bras Cir Plást. 2017; 32(1):56-63.
3. Furlan VLA, Sabino Neto M, Abla LEF, Oliveira CJR, Lima AC, Ruiz
BFO, et al. Qualidade de vida e autoestima de pacientes mastectomizadas
submetidas ou não a reconstrução de mama. Rev Bras Cir Plást. 2013; 28(2):264-9.
DOI: https://doi.org/10.1590/S1983-51752013000200016
4. Bozola AR, Bozola AC. Indicações e limites da mamoplastia com
"cicatriz em L": experiência de 30 anos. Rev Bras Cir Plást. 2018;
33(1):24-32.
5. Pessoa SGP, Dias IS, Pessoa LMGP. Mastoplastia com marcação única:
uma abordagem pessoal. Rev Bras Cir Plást. 2009; 24(4):509-20.
6. Spear SL, Mijidian A. Reduction mammoplasty and mastopexy. Surgery
of the breast: principles and art. Philadelphia: Lippincott-Raven Publishers;
1998.
1. Hospital Universitário Walter Cantídio,
Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, CE, Brasil.
Endereço Autor: Lucas Machado Gomes de Pinho Pessoa
Rua Maria Tomásia, nº 170, apto 1803 Aldeota, Fortaleza, CE, Brasil CEP
60150-170 E-mail: lucaspessoa.md@gmail.com