INTRODUÇÃO
A epidemia de obesidade no mundo tem concorrido com a maior realização de cirurgias
bariátricas como maneira de auxiliar os pacientes na perda de peso e,
consequentemente, levado ao cirurgião plástico um número crescente de pacientes com
necessidade de lidar com as alterações particulares das grandes perdas ponderais em
velocidade acentuada.1,2 As alterações típicas que ocorrem na mama e no
abdome são as queixas mais comuns desses pacientes, mas também há excesso de pele
na
região crural, braquial e sinais de envelhecimento precoce na face1. A correção da flacidez mamária
está entre as solicitações mais frequentes na prática diária do cirurgião
plástico3. Diversas são as opções de
técnicas possíveis de serem utilizadas nas cirurgias mamárias pós-perda ponderal,
uma vez que cada paciente tem achados clínicos diferentes3,4. Nesse
trabalho, apresentamos os casos de três pacientes submetidas a mastopexia de aumento
pós-cirurgia bariátrica com técnica dual plane descrita por
Tebbetts5.
OBJETIVO
Apresentar resultados de três pacientes pós-cirurgia bariátrica operadas pela técnica
de mastopexia com prótese dual plane no HUWC-UFC no ano de 2018.
MÉTODO
Trata-se de estudo observacional retrospectivo do tipo série de casos consistindo
de
revisão de prontuários e do banco de imagens do serviço de Cirurgia Plástica e
Microcirurgia Reconstrutiva Dr. Germano Riquet do Hospital Universitário Walter
Cantídio da Universidade Federal do Ceará (HUWC – UFC) no período de janeiro a
dezembro de 2018; além de breve revisão de literatura no site da Revista Brasileira
de Cirurgia Plástica em janeiro de 2019.
RESULTADOS
No período de janeiro a dezembro de 2018, foram operadas três pacientes pela técnica
de mastopexia com prótese dual plane no HUWC-UFC. Duas pacientes
apresentavam IMC de 27, e uma paciente apresentava IMC de 30. Todas as pacientes
apresentavam pinçamento cutâneo de polo superior menor que 2 cm e ptose grau II de
Regnault. Das três pacientes, uma se mostrou plenamente satisfeita com o resultado,
referindo melhor qualidade de vida após o procedimento, uma alegou estar
parcialmente satisfeita, queixando-se apenas de discreta assimetria, e a última
paciente apresentou como complicação epidermólise parcial de aréola esquerda,
contribuindo para satisfação moderada com o procedimento (Figuras 1 e 2).
Figura 1 - Pré e pós-operatório de três meses de paciente com prótese de 275 cc
à direita e 300 cc à esquerda. Ambas em perfil moderado.
Figura 1 - Pré e pós-operatório de três meses de paciente com prótese de 275 cc
à direita e 300 cc à esquerda. Ambas em perfil moderado.
Figura 2 - Pré e pós-operatório de um ano de paciente com próteses de 250 cc,
perfil moderado bilateral.
Figura 2 - Pré e pós-operatório de um ano de paciente com próteses de 250 cc,
perfil moderado bilateral.
DISCUSSÃO
O posicionamento da prótese mamária em dual plane é definido por
três critérios: (1) a prótese se encontrar parte submuscular e parte retroglandular;
(2) ocorrer o reposicionamento de partes do músculo peitoral maior; e (3) readequar
a interface parênquima-músculo5. Para as
pacientes pós-cirurgia bariátrica com má qualidade tecidual e baixa espessura de
pele e parênquima no polo superior, essa readequação dos tecidos moles contribui
para melhor harmonia com a prótese mamária. Ocorre tratamento do polo superior vazio
e há prevenção ao rippling precoce, como na prótese subglandular, e
menor risco de formação de dupla bolha futura, como na prótese completamente
submuscular. Em contrapartida, permanece o risco de ptose mamária precoce3,4. Técnicas como o suporte à prótese com uso de telas e aloplásticos
especiais, por exemplo as matrizes dérmicas acelulares, podem complementar esses
procedimentos, porém elevam o custo total6,7. Sem dúvida, muitas
são as variáveis que devem ser consideradas no planejamento cirúrgico, não existindo
técnica única que se adeque a todos os pacientes e especial atenção deve ser dada
quando o cirurgião está no início da curva de aprendizado8.
CONCLUSÃO
A cirurgia da mama pós-bariátrica é desafiadora devido às diversas alterações
tissulares e metabólicas que essa população apresenta, o que exige do cirurgião
plástico maior arsenal de procedimentos para oferecer terapias que se adequem da
melhor forma à individualidade de cada paciente.
REFERÊNCIAS
1. Holanda EF, Pessoa SGP. Cirurgia plástica de contorno corporal
pós-bariátrica: revisão de literatura. Rev Bras Cir Plást. 2018;
33:16-8.
2. Holanda EF, Pessoa SGP. Perfil antropométrico e clínico de pacientes
submetidos à cirurgia plástica pós-bariátrica. Rev Bras Cir Plást. 2018;
33:52-4.
3. Rosique MJF, Rosique RG. Mamoplastia após grande perda ponderal. Rev
Bras Cir Plást. 2014; 29(3):375-83.
4. Kaluf R, Mendes WA, Guimarães Filho W, Araújo BGO, Borges YAV,
Teixeira LR. Sistematização e conduta do serviço de cirurgia plástica do
hospital geral de goiânia em mamoplastia pós perda ponderal nos últimos dez
anos. Rev Bras Cir Plást. 2013; 28(4):544-8.
5. Tebbetts JB. Dual plane breast augmentation: Optimizing implant -
soft-tissue relationships in a wide range of breast types. Plast Reconstr Surg.
2001; 107(5):1255-72. DOI: https://doi.org/10.1097/00006534-200104150-00027
6. Bozola AR. Mamoplastia pós-cirurgia bariátrica usando suporte
protético complementar de contenção glandular. Rev Bras Cir Plást. 2016;
31(3):299-307.
7. Spear SL, et al. Acellular dermal matrix for the treatment and
prevention of implant-associated breast deformities. Plas Reconstr Surg. 2011;
127(3):1047-58. DOI: https://doi.org/10.1097/PRS.0b013e31820436af
8. Coombs DM, et al. The Challenges of augmentation mastopexy in the
massive weight loss patient: technical considerations. Plast Reconstr Surg.
2017; 139(5):1090-9. DOI: https://doi.org/10.1097/PRS.0000000000003294
1. Serviço de Cirurgia Plástica e
Microcirurgia Reconstrutiva Dr. Germano Riquet, Hospital Universitário
Walter Cantídio, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, CE,
Brasil.
Endereço Autor: Lucas Machado Gomes de Pinho Pessoa
Maria Tomásia, nº 170 apto 1803 - Aldeota, Fortaleza, Ceará, Brasil CEP
60150-170 E-mail: lucaspessoa.md@gmail.com