INTRODUÇÃO
O processo de envelhecimento é complexo e se apresenta desde o plano ósseo (com
reabsorção principalmente no bordo orbitário e região malar) e de estruturas mais
superficiais como ligamentos, estruturas musculoaponeuróticas e subcutâneas.
O primeiro relato da cirurgia de ritidoplastia com descrição de cunho científico foi
atribuído a Passot, em 1917. As primeiras técnicas consistiam em ressecção de
pele
na região pré-tragal1.
Desde a década de 60, diversos estudos e trabalhos vêm sendo apresentados com
diferentes técnicas e abordagens e é nesse período que solidifica-se a
ritidoplastia. Em 1970, os estudos sobre o músculo platisma dão impulso ao
facelift, com nomes como Skoog, Guerrero Santos, Connel, Aston
e Claudio Cardoso de Castro. Em 1976, Mitz & Payronie descreveram o
universalmente conhecido: SMAS (superficial muscular aponeurotic
system)1,2. Já é aceito que essa estrutura necessita ser
abordada, o que se discute hoje seria por qual técnica.
A ideia é volumizar áreas que sofreram reabsorção/atrofia e reposicionar os tecidos
que sofreram ptose devido à frouxidão de partes moles. O principal objetivo, além
do
rejuvenescimento, é a harmonização facial e de suas estruturas profundas. A tração
da pele torna-se apenas uma etapa da cirurgia, o acabamento final.
A estruturação se dá com esse reposicionamento do SMAS. O SMAS pode, basicamente,
ser
abordado de maneira mais conservadora, com plicatura e sem dissecção profunda
(até a
fascia parotídea) ou com dissecção, tração e reposicionamento da estrutura,
ampliando assim a eficácia da cirurgia2,3.
OBJETIVO
O objetivo deste trabalho é demonstrar a eficácia da tração do SMAS na definição da
linha da mandíbula e ângulo cervicofacial, com técnica de dissecção ampla e fixação
na região mastoide. O resultados são comprovados pela marcação de uma linha do
ângulo da mandíbula até o mento e outra linha tangenciando o jaw,
demonstrando a diminuição desse ângulo no pré e pós-operatório. Foram operados
25
pacientes no período de janeiro 2017 a junho de 2018. Em todos os casos foi feita
ampla dissecção do SMAS-platisma, com tração, rotação e reposicionamento do mesmo
para correção de ptose facial.
MÉTODO
Foram operadas 23 pacientes do sexo feminino e 2 pacientes masculinos, no período
de
janeiro 2017 a junho de 2018, na faixa etária de 44 a 72 anos. Os pacientes foram
operados pela mesma equipe e técnica. Todas as pacientes femininas foram operadas
sob sedação e anestesia local, infiltração de solução de lidocaína e adrenalina
1:250.000 e os pacientes masculinos foram operados com anestesia geral sob intubação
orotraqueal.
Realizada marcação pré-auricular e da área a ser descolada; após a infiltração e
incisão, em todos os pacientes foi identificado e dissecado o SMAS, ultrapassando
a
fáscia parotídea, com reposicionamento do mesmo. A primeira etapa é a fixação
do
retalho na mastoide, com tração importante dessa estrutura. O SMAS excedente é
reposicionado e fixado então em direção à região malar.
A última etapa da cirurgia é o reposicionamento cutâneo sem tensão, preservando a
costeleta e garantindo o lóbulo da orelha solto.
Todas as pacientes realizaram procedimentos complementares à cirurgia, que variam
entre enxerto gorduroso, toxina botulínica, ácido hialurônico,
peeling químico ou laser CO2.
RESULTADOS
Para demonstrar a elevação e definição da linha da mandíbula, (jaw)
foi traçada uma linha desde o ângulo da mandíbula até o mento e uma outra
tangenciando o jaws, formando um ângulo de aproximadamente 20 graus
(Figuras 1 e 3). No resultado pós- operatório comprovou-se a diminuição drástica
dessa angulação (Figuras 2 e 4).
Figura 1 - Foto pré-operatória: ângulo formado entre a linha mandibular com
linha tangenciando o jaw.
Figura 1 - Foto pré-operatória: ângulo formado entre a linha mandibular com
linha tangenciando o jaw.
Figura 2 - Foto pré-operatória: ângulo formado entre a linha mandibular com a
linha tangenciando o jaw.
Figura 2 - Foto pré-operatória: ângulo formado entre a linha mandibular com a
linha tangenciando o jaw.
Figura 3 - Foto pós-operatória 6 meses: coincidência entre as linhas e
apagamento do ângulo.
Figura 3 - Foto pós-operatória 6 meses: coincidência entre as linhas e
apagamento do ângulo.
Figura 4 - Foto pré-operatória: ângulo formado entre a linha mandibular com
linha tangenciando o jaw.
Figura 4 - Foto pré-operatória: ângulo formado entre a linha mandibular com
linha tangenciando o jaw.
Em todos os pacientes houve elevação do terço médio da face, com melhora acentuada
do
pescoço. O tratamento do SMAS-platisma promoveu grande definição tanto no ângulo
cervicofacial quanto na linha da mandíbula (jaws).
Não houve caso de hematoma, lesão nervosa ou cicatriz alargada.
DISCUSSÃO
No passado, a principal preocupação era a tração da pele, o que produzia efeitos
pouco duradouros, estigmatizados e com alargamento de cicatriz. A partir da década
de 70, com a descrição do SMAS, o facelift sofreu uma verdadeira
revolução1,4.
Antes de discutir o que fazer na ritidoplastia, hoje se discute o que é belo: o
formato “ideal” de um rosto harmônico e jovem. A necessidade das noções de
proporcionalidade. Um jogo de relevos que percorre os altos e baixos da face
considerada bela.
A partir desses conceitos apenas tracionar a pele seria inútil. Faz-se necessário
o
reposicionamento das estruturas profundas, músculos e ligamentos frouxos sendo
novamente tracionados. É aí que a dissecção, rotação e reposicionamento do SMAS
se
faz fundamental para devolver o volume que falta onde foi perdido e tracionar
a
flacidez que está em excesso. De acordo com o que se pretende, a extensão e
localização das incisões variam, assim como a amplitude da dissecção do SMAS.
CONCLUSÃO
A cirurgia de facelift hoje continua evoluindo, principalmente
associando-se aos procedimentos minimamente invasivos, devolvendo volume e
melhorando a qualidade da pele (colágeno) a esses pacientes. Mas um ponto que
não
gera mais discussão e se tornou unânime é a abordagem do SMAS-platisma. A máxima
“cirurgias menores trazem resultados menores” se aplica neste trabalho, em que
acreditamos que para um verdadeiro tratamento das estruturas profundas há
necessidade de rotação e reposicionamento do SMAS-platisma e que esse resultado,
na
maioria das vezes, só pode ser atingido com a ampla dissecção dessa estrutura.
REFERÊNCIAS
1. Castro CC. Ritidoplastia: Arte e Ciência. Rio de Janeiro: Di Livros;
2006.
2. Letizio NA, Anger J, Baroudi R. Ritidoplastias: smasplastia
cervicofacial mediante sutura de vetores. Rev Bras Cir Plást. 2012;27(2):266-71.
DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S1983-51752012000200016
3. Baker DC. Complications of cervicofacial rhytidectomy. Clin Plast
Surg. 1983;10(3):543-62. PMID: 6627843
4. Mitz V, Payronie M. The superficial musculo-aponeurotic system
(SMAS) in the parotid and cheek area. Plast Reconstr Surg.
1976;58(1):80-8.
1. Instituto Dr. José Frota, Fortaleza, CE,
Brasil.
Endereço Autor: Juliana Paula Costa
Montenegro Carvalho
Rua tenente Benevolo nº 2211, apto 602 - Meireles
Fortaleza, CE, Brasil CEP 60160-041
E-mail: julianacarvalho2@gmail.com