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Letters to the Editor - Year2014 - Volume29 - Issue 1

http://www.dx.doi.org/10.5935/2177-1235.2014RBCP0031

Prezado Editor,

Ricardo Baroudi - Editor-chefe da Revista Brasileira de Cirurgia Plástica

A respeito do artigo "Modelo prático para treinamento de anastomose microvascular"1, de autoria de Fraga et al., publicado na edição 27(2 ) da Revista Brasileira de Cirurgia Plástica, gostaríamos de acrescentar algumas informações sobre a avaliação objetiva do treinamento cirúrgico microvascular baseado em simulação.

Nos últimos anos, o modelo Halstediano de formação cirúrgica ("see one, do one, teach one") vem sendo substituído por uma metodologia de desenvolvimento de competências cirúrgicas baseado em simulação ("do one, teach one")2. Neste contexto, além do empenho notável de diversas instituições para o aprimoramento de diferentes modelos de bancada (ou simuladores) que permitam o aperfeiçoamento de habilidades cirúrgicas, como por exemplo, o modelo confeccionado com peças cirúrgicas descartadas de abdominoplastias, reportado pelos autores1, é necessário ressaltar a importância da avaliação da aquisição simulada de competências cirúrgicas3.

No modelo Halstediano, os residentes aprendiam e treinavam habilidades em pacientes sob a supervisão de um preceptor, que determinava, subjetivamente, quando eles alcançavam a proficiência técnica3. Já no ensino simulado das habilidades cirúrgicas, a observação por preceptores deve ser realizada com critérios fixos (avaliação objetiva)3. Deste modo, os programas de treinamento cirúrgico devem ser capazes de avaliar, objetivamente, a aquisição de habilidades técnicas de todos aqueles (p. ex., médicos residentes) que estão em formação3. Diversas ferramentas foram descritas com este propósito3, existindo, inclusive, escalas específicas para a mensuração de habilidades microcirúrgicas4-6, como: Structured Assessment of Microsurgery Skills (SAMS)4; University of Western Ontario Microsurgical Acquisition / Assessment (UWOMSA)5 e a Objective Structured Assessment of Technical Skills (OSATS), adaptada para avaliação de anastomose microvascular6.

Com estas ferramentas4-6 é possível avaliar o nível de habilidade e identificar deficiências para fornecer um feedback, com o intuito de melhorar a formação microcirúrgica, tanto de habilidades isoladas (p.ex., manuseio do instrumental cirúrgico, nós e suturas) quanto de procedimentos complexos, como a confecção de anastomoses microvasculares descrita pelos autores1. Para isto, utilizando estas escalas4-6, os preceptores podem aplicar uma avaliação objetiva, durante e ao final de todo o processo de treinamento, para cada habilidade microcirúrgica específica, a fim de mensurar o nível de aquisição das competências ensinadas e acompanhar, nas sessões subsequentes, o ganho de habilidades dos médicos residentes, sempre identificando os pontos específicos dentre aqueles avaliados (variável de acordo com a escala utilizada4-6) que merecem maior atenção. Esta avaliação pode ser realizada em tempo real ou as performances podem ser gravadas, para que se efetue uma avaliação posteriormente e um feedback, construtivo, possa ser fornecido sem prejuízo para os resultados4,5.

Agradecemos aos autores pela contribuição em relação ao treinamento das habilidades microcirúrgicas baseado em simulação.


REFERÊNCIAS

1. Fraga MF, Perin LF, Green AC, Zacarias R, Faes JC, Tenório T, et al.Modelo prático para treinamento de anastomose microvascular. Rev Bras Cir Plást. 2012;27(2):325-7.

2. Picarella EA, Simmons JD, Borman KR, Replogle WH, Mitchell ME. "Do one, teach one" the new paradigm in general surgery residency training. J Surg Educ. 2011;68(2):126-9.

3. Memon MA, Brigden D, Subramanya MS, Memon B. Assessing the surgeons technical skills: analysis of the available tools. Acad Med. 2010;85(5):869-80.

4. Chan W, Niranjan N, Ramakrishnan V. Structured assessment of microsurgery skills in the clinical setting. J Plast Reconstr Aesthet Surg. 2010;63(8):1329-34.

5. Temple CL, Ross DC. A new, validated instrument to evaluate competency in microsurgery: the University of Western Ontario Microsurgical Skills Acquisition/Assessment instrument. Plast Reconstr Surg. 2011;127(1):215-22.

6. Nimmons GL, Chang KE, Funk GF, Shonka DC, Pagedar NA. Validation of a task-specific scoring system for a microvascular surgery simulation model. Laryngoscope. 2012;122(10):2164-8










Instituição: Divisão de Cirurgia Plástica, Departamento de Cirurgia, Faculdade de Medicina, Universidade de Marília (UNIMAR), Marília, SP, Brasil.

Autor correspondente:
Rafael Denadai, M.D.
Paula Fabiana Tudela, 161 - Esmeralda
17516-707 Marília - São Paulo - Brazil
Phone / Fax +55 14 3453-5456
E-mail: denadai.rafael@hotmail.com

Artigo submetido: 29/10/2012
Artigo aceito: 20/11/2012

 

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