ISSN Online: 2177-1235 | ISSN Print: 1983-5175

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Body and Chest - Year2013 - Volume28 - (3 Suppl.1)

INTRODUÇÃO

A depressão no polo superior das mamas reconstruídas prejudica a estética do resultado e tem sido motivo para muitas opções de tratamento, como lipoenxertia, implantes de material aloplástico, como Aloderm®, e implantes de silicone gel. Nas reconstruções com retalho de músculo grande dorsal e prótese, preenchemos a região deprimida utilizando segmento de tecido adiposo confeccionado no prolongamento do retalho miocutâneo, que passamos a denominar retalho mioadipocutâneo por ter três segmentos com funções diferentes: muscular, para cobertura do implante; adiposo, para preencher o polo superior da mama; e cutâneo, para restaurar a falta de pele na região mamária. Hokin, em 1983, propôs a reconstrução da mama com retalho do grande dorsal incluindo o tecido adiposo disposto sobre o músculo acima e abaixo do segmento cutâneo, sem utilização de prótese, que denominou extended latissimus dorsi flap. Utilizamos apenas o compartimento de tecido adiposo na porção inferior ao segmento cutâneo, denominado lumbar fold, descrito por Bailey, em 2010, para preencher a depressão no polo superior da neomama, que frequentemente não é preenchida pela prótese ou pelo volume muscular do grande dorsal.


OBJETIVO

Avaliar a utilização de compartimento de tecido adiposo na porção inferior ao segmento cutâneo (lumbar fold) para preenchimento da depressão no polo superior da neomama, frequentemente não preenchida pela prótese ou pelo volume muscular do grande dorsal.


MÉTODO

Utilizamos o retalho mioadipocutâneo do músculo grande dorsal em 7 pacientes em reconstrução mamária tardia. Demarcamos a área a ser excisada ou incisada na região mamária para a colocação do segmento cutâneo e a área da depressão no polo superior da neomama. Demarcamos o segmento cutâneo do retalho miocutâneo do grande dorsal e, abaixo deste, no segmento denominado lumbar fold, transpusemos a medida da área a ser preenchida no polo superior da neomama. Esse segmento variou entre 4 x 10 cm e 7 x 12 cm. Após infiltração com solução de soro e adrenalina a 1:1.000.000 nas linhas de incisão, incisamos até a fáscia de Scarpa, quando iniciamos o descolamento inferiormente à ilha de pele, confeccionando o prolongamento de tecido adiposo planejado. O isolamento do músculo é iniciado por sua borda anterior, continuando o descolamento no plano muscular inferiormente à área adiposa até quase a inserção na crista ilíaca. Incisa-se a borda inferior do músculo e libera-se no sentido cranial para uma migração para a região mamáriasem tensão. O descolamento é sempre realizado apenas sob a área muscular e o túnel de passagem do retalho é feito o mais alto possível e com a menor extensão para diminuir o espaço morto e preservar a drenagem da região. No fechamento da área doadora, aplicamos pontos de adesão e drenagem a vácuo. A ferida foi fechada por planos, com cuidado para compensar a diferença de espessura entre os retalhos superior e inferior. Na confecção da neomama, posicionamos a parte inferior do retalho na parte superior da região mamária, com fixação do músculo à fascia peitoral, e espalhamos sua porção adiposa ocupando a área do polo superior da neomama.Após colocação do implante foi feita sutura da borda muscular à fascia peitoral e da ferida em dois planos. Os volumes dos implantes variaram entre 270 cc e 435cc.


RESULTADOS

Das 7 pacientes submetidas a reconstrução mamária tardia com o retalho mioadipocutâneo do grande dorsal e acompanhadas pelo período de 2 meses a 12 meses, não houve qualquer perda do retalho, com manutenção da projeção do polo superior da neomama. Ocorreram 2 (28%) casos de epidermólise na junção da borda inferior do retalho com a pele do polo inferior da mama. Em um deles havia uma cicatriz de mastoplastia redutora prévia e no outro, a área fora submetida a radioterapia. Para a cicatrização foi empregado tratamento tópico. Na área doadora, observamos diferença de espessura entre os retalhos superior e inferior, resultante da retirada de gordura do retalho inferior. As pacientes foram informadas quanto a essa diferença, sendo feita lipoaspiração do retalho superior em uma das pacientes. Ocorreu seroma na área doadora em 2 pacientes (28%), resolvido com apenas duas sessões de punção.


CONCLUSÃO

A utilização do compartimento de gordura da área lombar como prolongamento do retalho miocutâneo do grande dorsal é uma tática eficiente e imediata para o preenchimento da depressão do polo superior da neomama nas reconstruções mamárias pós-mastectomia.

 

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