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Body and Chest - Year2013 - Volume28 - (3 Suppl.1)

INTRODUÇÃO

O advento da terapia cirúrgica para obesos mórbidos com toda sua evolução técnica e tecnológica beneficiou sobre maneira esses pacientes. Contudo, uma questão veio à tona: como resolver as deformidades geradas pelo emagrecimento? Toda aquela gordura perdida dá lugar a um excesso de pele em membros e tronco que gera grande desconforto e inconvenientes ao paciente. Sendo assim, os cirurgiões plásticos com todo o conhecimento especializado começaram uma árdua missão de se adaptar a mais essa evolução. Em 2001, foi idealizada a abordagem sem descolamento, para abdominoplastias em âncora, por haver abordagem cirúrgica por laparotomia com incisão vertical e com a evolução da técnica videolaparoscópica nossa abordagem evoluiu para o body lifting (abdominoplastia circunferencial) com descolamento mínimo (que se faz necessário para a plicatura dos músculos reto abdominais). Essa abordagem cirúrgica, doravante denominada body lifting, consiste em dermolipectomia circular com compensações vetoriais na parte baixa do tronco, de modo que a cicatriz se situe discretamente sob vestimentas, favorecendo o resultado estético e possibilitando o uso de roupas íntimas sensuais pelos pacientes.


OBJETIVO

Descrever a técnica de abdominoplastia circunferencial com descolamento mínimo preconizada para pacientes após grandes perdas ponderais (> 40 kg), discutir as indicações e os benefícios da técnica e apresentar a experiência do Serviço de Cirurgia Plástica do Hospital do Andaraí em realizar tais cirurgias em 95 pacientes, entre os anos de 2004 e 2012.


MÉTODO

Entre março de 2004 e janeiro de 2012, foram operadas 95 pacientes, sendo a característica principal o biotipo e o padrão de emagrecimento (dieta ou cirurgia videolaparoscopia) acima de 40 kg. Foram avaliadas intercorrências e complicações, assim como a satisfação com o resultado final. A marcação cirúrgica do volume de tecido a ser retirado foi realizada com um dia de antecedência à cirurgia, com técnica bimanual e bidigital. Nesse momento, há grande preocupação com o resultado final, abordando-se pontos estratégicos como o pubis, as raízes das coxas, as porções laterais e o final do sulco interglúteo. Após marcação inicial, uma simetrização com medidas graduadas (régua e compasso) é realizada para resultado estético satisfatório. O excesso delimitado é retirado com bisturi elétrico após incisão cutânea com bisturi convencional, nas linhas previamente definidas e marcadas, além de tatuagem dos pontos de referência. As feridas operatórias recebem curativo feito com gaze onfalomodeladora, após completa secagem da cola, quando presente, e cobertas por enfaixamento com ataduras de crepom. No dia subsequente, o curativo é aberto e, com ajuda da equipe, a cinta é vestida na paciente, que é posta para deambular precocemente. No segundo dia de pós-operatório, a paciente recebe alta, com orientações quanto a cuidados comportamentais, realização de curativos e manipulação/aferição dos drenos. Cerca de uma vez por semana é feita revisão, e os drenos são retirados quando se atinge débito de drenos < 50 ml em 24 horas (cada um em seu devido momento). Cerca de um mês após a aplicação da cola biológica, notamos descolamento gradual espontâneo; em momento adequado de cicatrização, a cola é plenamente removida.


RESULTADOS

Todos os pacientes foram submetidos a marcação na véspera, ressecção sem descolamento, com tempo cirúrgico médio de 3 horas, variando de 2,45 horas a 4 horas. Todos os pacientes sofreram plicaturas dos músculos reto abdominais. Não houve necessidade de transfusão sanguínea em nenhum caso. O número de intercorrências foi baixo(n = 5), todas elas deiscências cirúrgicas de pequeno porte.


CONCLUSÃO

A cirurgia de body lifting é um procedimento que requer equipe treinada, planejamento cirúrgico detalhado e rigor clínico na seleção do paciente. A técnica empregada possibilita a correção de grandes excessos de pele nas regiões supra e infraumbilical e no dorso, e a correção da ptose glútea e das deformidades circunferenciais do abdome, além de permitir previsibilidade do resultado cirúrgico.Avantagem de não haver descolamento reduz consideravelmente a morbidade, permite a associação de cirurgias combinadas, e mesmo com grandes volumes de ressecção não há sequestros significativos, portanto sem necessidade de transfusão.

 

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